sábado, 30 de junho de 2012

Os signos

Dizem que discriminar é rotular as pessoas por alguma característica que têm e enxovalhá-las e atacá-las por isso mesmo. Dizem que discriminar é juntar um conjunto de características e atribuí-las a determinadas pessoas por possuírem algo que as distingue de todas as outras mas que as aproxima e une a outras que partilham isso. Dizem que discriminar é afirmar que uma pessoa transporta algo consigo desde o dia em que nasce e que é indissociável de si, independentemente da personalidade da pessoa. Discriminar é tratar o mesmo conjunto de pessoas como se fossem todos iguais.


Há a discriminação e depois há os signos. Os signos funcionam como aquelas pessoas que dizem que detestam pessoas que fumam, mas elas próprias são fumadoras. As pessoas dizem que é errado discriminar, mas depois conhecem alguém que faz anos em Abril, e pressupõem logo que são teimosas e determinadas porque são «Touro». Depois ainda há aqueles que vão mais longe e dizem que não podem namorar contigo porque és Caranguejo e és incompatível com o signo dela. E depois ainda há aqueles que vão mais longe do que estes e ligam para a Maya ou para o Professor Bambo para que estes lhes diga como vai ser o ano todo só através do signo.


Para mim, enquanto comido do cérebro, acreditar nos signos é pior que acreditar no Pai Natal ou que no Jorge Abel. Mas isto dos signos ainda se torna pior perante os nomes que estes têm. Alguns podem mesmo causar situações embaraçosas. Ora vejam lá porquê:




  • Caranguejo: o que é que acontece se eu for caranguejo? Vou gostar mais de marisco ou só estou impedido de entrar em marisqueiras sob pena de ter a tendência de ir para os aquários? E quem foi o génio que, ao inventar os signos, se lembrou de escolher um animal que claramente deve muito à inteligência para definir o destino e as características de uma pessoa? Oh, esperem, se calhar isto é a metáfora perfeita para quem acredita nestas coisas ...

  • Escorpião: Quer dizer, se eu tiver um escorpião em casa como animal de estimação sou um tarado e ninguém acha piada nenhuma, se alguém for na rua e vir um escorpião foge ou tenta matá-lo através do método mais eficaz de sempre: a pisadela. Mas se se nascer num determinado mês e se for «Escorpião» é fofinho e é fixe ...

  • Aquário: Já vi muitos usos para os aquários. Desde porem peixes lá dentro, a encherem aquilo de gomas para as festas dos miúdos, a guardarem clips lá dentro. Só faltava mesmo usarem isto para rotularem as pessoas sob a forma de signo. «És aquário!» parece uma frase tão aleatória como «és churro!»;

  • Gémeos: para mim gémeos são aqueles moços que têm outro igual a ele sem ser como naquela novela «O Clone» em que a Jade se apaixonou pelo Léo e o Léo era o clone. Enfim... Para outros moços como o Matthew Praias, quando se fala em gémeos pensam logo no músculo da perna e em 20 exercícios para definir o gémeo. Não sei bem o que se pretendeu com este signo, talvez fosse mesmo a mensagem de que «se nasceram neste mês são todos iguais»;

  • Capricórnio: o que é um capricórnio? É que eu procuro no google e só me fala na porcaria dos signos e que os capricórnio são pessimistas e materialistas. Mas depois vejo bem e o Capricórnio é uma Cabra. Quer dizer, não há mal em chamar-se «carneiro» ou «touro» a um signo, mas se for «Cabra» passa para Capricórnio ...

  • Leão: Este é o primeiro de três signos que vou falar que pode facilmente ter implicações sexuais. Se alguém entrar na sala quando uma moça está a dizer para a outra «o meu namorado é leão», pensa logo imediatamente que está ali a haver uma espécie de partilha apenas possível com melhores amigas ou com quarentões tarados em chats duvidosos. E mais, outra coisa que não percebo nos signos é não existir qualquer regra em relação à concordância com o género: «o meu namorado é leão. A minha irmã é leão». Se eu escrevesse isto numa composição do 4º ano tinha que escrever «leoa» 50 vezes;

  • Virgem: Bem, dizer que alguém é virgem adquire um novo significado com os signos. A maior oferecida (estamos num blog, não lhe ia chamar puta!) pode ser Virgem e partilhar essa característica com aquele moço que só sabe o que é o amor entre um homem e uma mulher porque tem acesso ilimitado a sites pornográficos da especialidade. Aliás, a pergunta: «és virgem?» adquire um significado ambíguo que requer à pessoa pensar bem antes de responder, pois pode-se estar a falar de signos, de experiência sexual ou de azeite. Já agora, o azeite virgem é aquele que é recolhido em Setembro? Nunca percebi isso do azeite virgem...

  • Touro: Se eu dissesse uma frase do género «tenho um amigo que é touro», num mundo normal pensariam que eu via muitos desenhos animados ou que então era maluquinho e precisava de estar internado. Ou então simplesmente pensavam que eu era um solitário de merda que só tinha amigos touros e canários. Noutro mundo normal, dizer que o meu amigo é touro é basicamente chamar-lhe corno. No mundo triste em que vivemos, 90% das pessoas compreende isto como eu estar a falar de signos. 

  • Carneiro: Aqui consigo descobrir o primeiro aspecto positivo em relação aos signos. Posso virar-me para alguém e dizer «tu és é um grande carneiro!» e quando a pessoa me perguntar porquê, eu posso sempre perguntar: «não nasceste a 5 de Abril?». Ou seja, posso insultar as pessoas à vontade e depois vir com a desculpa dos signos. Porquê é que apesar disto continuo a ser totalmente contra os signos? A partir do momento em que vou ao google e escrevo 'carneiro' e as primeiras páginas são relacionadas com signos é como se escrevesse 'mulheres' no google e as primeiras que aparecessem fossem a Júlia Pinheiro e a Teresa Guilherme ...

  • Peixes: Já falamos aqui no blog sobre os peixes. Se me dissessem que eu de signo era «Pargo» até ficava contente. A minha assinatura ia ser «Pargo» só porque tinha isso como signo. Mas não, é «Peixes». Quer dizer, todos os outros signos têm algo específico: ou são caranguejo, ou são carneiro, ou são touro. Este não. Como não queriam ter trabalho pronto, vai «peixes» no geral. Se todos os signos fossem assim havia de ser bonito: peixes, quadrúpedes, voadores, bípedes, carnívoros, herbívoros, anfíbios, batráquios, vertebrados, invertebrados e mamíferos. Pronto, estavam os 11 signos com categorias gerais como «peixes»;

  • Balança: Acredito sinceramente que, depois de terem os signos todos e só faltar um, quem inventou isto estivesse desinspirado depois da complexidade inerente a inventar nomes como «peixes», «carneiro» ou «aquário». Vai dai, um deles olhou em redor e disse «cortinas!» mas ninguém achou piada. Outro olhou e disse «relógio de cuco!» mas toda a gente achou o nome muito grande. Curiosamente ninguém se lembrou de «relógio» porque até imagino as pessoas a dizerem «nasci a 30 de Setembro, sou relógio». Portanto ficou «balança» que foi o que o dono da casa disse e toda a gente concordou porque ainda não tinham almoçado e era ele que ia oferecer. Claro que isso levantou a questão se os signos não deveriam ser atribuídos por uma questão de peso e não pela data de nascimento, mas ficou balança e não há mais nada a dizer, mais um nome bastante complexo;

  • Sagitário: Muita gente diz que «os últimos são os primeiros». Não percebo porquê. É uma parvoíce dizer isso. Se é o último é porque é o pior, se não não era o último, era o penúltimo ou o antepenúltimo. O último é sempre o pior e o mais fraco. Neste caso também. Sagitário. Se os signos já são maus, quem é Sagitário e quem inventou o nome ainda é pior. Se os signos já são exclusivamente para mulheres e moços com tendências esquisitas, o nome sagitário agrava essa tendência. Se os signos fossem coisas para um homem, Sagitário trocava de nome para Minotauro ou para Camião-TIR.


Portanto, se algum dia saíres com uma moça que te começa a falar de signos e de como vocês são compatíveis, não ligues, são todas assim, é uma característica comum a todas as moças. Mas, (e isto é mais para as moças) se um dia saíres com um moço que te comece a falar de signos e de como vocês são compatíveis, foge, porque dali não vem nada de bom.



quarta-feira, 20 de junho de 2012

A diferença entre ser engraçado e pensar que se é engraçado

Andei a ganhar coragem para fazer um post novo, tendo em conta que após o último, muita gente me disse «olha oh Gaivota, agora não sei se acredito em ti». Só não digo que se virou o feitiço contra o feiticeiro porque eu não percebo nada dessas merdas de feitiçaria e nunca vi nenhum filme do Harry Potter. Aliás, simplesmente não ia ver um filme que se chamava «o prisioneiro de Azkaban» sabendo que envolvia magia e não assassínios em série ou torturas ou o Van Damme. Isso é que são filmes à homem.


Outra coisa que me afastou aqui do blog foi uma moça com quem ando a sair. Se ela descobrisse que eu tenho um blog destes deixava de sair comigo imediatamente. Aliás, eu até lhe disse que me chamava Alexandre só para ela não me associar ao nome deste gajo que escreve aqui no blog. Claro que ela agora se vier ler isto vai acabar comigo à mesma, mas já tive encontros que chegue, por isso, Paula, se leres isto, eu sou o Alexandre e sou um comido do cérebro.


Agora perguntam vocês os três (ouvi dizer que um dos 4 desistiu de vir aqui após tanto tempo sem haver publicações. É verdade? Alguém me pode confirmar isto? Ou foi só o Teófilo a armar-se em espertinho só para que eu o trate com mais importância porque agora só são 3 a contar com ele?) porque é que eu não disse que tinha um blog em que escrevia cenas que num dia em que vocês fumem muita erva até dão para rir? Perguntam-me ainda se o sentido de humor não é uma característica altamente valorizada pelas moças, até mais que o tamanho da pila. Deve ser, mas preferi assumir a postura de moço sério, do que tentar ser engraçado e fazer aquelas figuras que aqueles moços que pensam que são engraçados fazem.


E agora vocês perguntam (e se não perguntam vocês, pergunto eu por vocês): Mas oh Gary, qual é a diferença entre ser engraçado e pensar que se é engraçado ? E eu respondo:



  • Quando és engraçado, os outros lembram-se do que disseste. Quando pensas que és engraçado, os outros só se lembram do que disseste ou fizeste porque alguém pôs um vídeo no Youtube que é dos mais vistos de sempre e até fazem bonecos na televisão a gozar contigo por seres um cromo;

  • Quando és engraçado, as pessoas falam contigo naturalmente e riem-se do que dizes. Quando pensas que és engraçado, sempre que as pessoas  falam contigo é para te pedirem para dizeres/fazeres algo estúpido que as faça rir. E tu fazes sempre;

  • Quando és engraçado, as pessoas no geral, acham piada ao que dizes, quer estejam a ouvir, quer alguém depois conte a tua piada ou as tuas histórias. Quando pensas que és engraçado só os teus amigos se riem do que dizes e fazes. E alguns destes amigos fazem-no por pena ou então só te estão a passar graxa porque lhes dás alguma coisa tipo emprestar a PlayStation;

  • Quando és engraçado, conquistas as moças pelo teu humor e é uma característica que apreciam em ti. Quando pensas que és engraçado passas melhor imagem junto às moças quando estás calado;

  • Quando és engraçado, dizes algo com piada porque é a tua forma genuína de ser. Quando pensas que és engraçado, sempre que dizes algo que pensas que tem imensa piada olhas em redor a ver se mais alguém se riu e se alguém sequer te está a ouvir;

  • Quando és engraçado, admites que tens humoristas que aprecias mais e tens um estilo de humor parecido. Quando pensas que és engraçado contas as piadas que ouves como se tivesses sido tu a inventá-las;

  • Quando és engraçado, acabas por fazer figurinhas, mas fazes os outros rir. Quando pensas que és engraçado, fazes sempre figuras tristes e os outros acabam por abanar a cabeça em sinal de reprovação;

  • Quando és engraçado, os outros querem-te bater por terem inveja de ti. Quando pensas que és engraçado os outros querem-te bater porque já não te aguentam mais;

  • Quando és engraçado vês humoristas, dependendo do teu estilo de humor achas piada ou não. Quando pensas que és engraçado, qualquer humorista que vejas pensas sempre que farias muito melhor que ele;

  • Quando és engraçado, os outros incentivam-te para criares um  blog e, quando o crias, as pessoas aderem em massa e recebes toneladas de críticas positivas. Quando pensas que és engraçado crias um blog e um dos teus colaboradores é o Jorge Abel.

Por isso, Paula, desculpa lá, mas tu pensas que és engraçada e já me andas a meter um nojo que nem te consigo olhar de frente. Espero que leias isto, descubras que eu, Alexandre, sou afinal o Gary Gaivota e põe-te a milhas, por favor. Ah, e para não dizeres que eu sou insensível, vou-te deixar um conselho para o futuro: dizeres que o fígado não consegue ver bem ao longe porque está baço, não é uma piada, só é uma parvoíce! 




P.S.: Infelizmente, descobri há bem pouco tempo que a piada do burro e do rissol, que achei ser a minha obra-prima e o meu legado enquanto ser humano era estúpida e isso deprimiu-me profundamente. No entanto, o que me retirou do blog este tempo todo foi mesmo a Paula. A moça pensava que era engraçada, isso chateava um bocado, mas era muito boa no que era mais importante, ou seja, fazia uns panados bem fritos mas sequinhos, sem saber a óleo. E no dia a seguir, comiam-se frios, no pão, e estavam bem bons ainda. Que saudades que vou ter dos panados da Paula ....


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Porque razão não devemos acreditar naquilo que os outros dizem

Simplesmente porque as pessoas não estão bem com a palha. Eu também não estou. Uma vez comprei um daqueles chapéus de palha porque me diziam que dava estilo e eu acreditei e aquilo fazia uma comichão do carago. Já para não falar que ainda hoje tiro farpas de palha da minha cabeça a pensar que são cabelos louros. É louros ou loiros? É que loiro parece um bocado para o chique e louro parece mais à sucateiro. Fica louro. Bem, eu comprei aquele chapéu em 1998 ...




Adiante. Passada aquela parte que as pessoas dizem que é «a parte de encher antes de pores os exemplos, que é a parte fixe» vou só dizer-vos que só há uma pessoa em quem eu acredito na minha vida. Não, não é Deus. Não, não é o Teófilo. Não, não é o tio do Jorge Abel. É o Matthew Praias. Aquele gajo conta a pior história do mundo que lhe aconteceu de forma tão natural como conta a melhor história do mundo que lhe aconteceu. Se calhar mente nas duas, mas não quero saber, eu gosto das histórias dele. Pena já não saber dele para aí desde Março.




Pronto, então, para vocês os quatro, que devem ser três visto que o Teófilo anda doente. Uma virose disse-me ele. Cá para mim é sífilis e ele não quer dizer a ninguém. Quando alguém tem uma doença sexualmente transmissível e não quer dizer a ninguém, diz que é uma virose. É como aqueles moços que quando estão num encontro e querem ir à casa de banho dizem «espera só um momento», como se ninguém soubesse que ele vai cagar! Se não fosse para isso dizia «vou só à casa de banho». Bem, então para vocês os três, alguns exemplos do quotidiano que mostram como não devemos acreditar naquilo que os outros nos dizem:




  • Quando estudam, dizem 'estudar faz-me comer duzentas vezes mais, não comia tanto se não fizesse nada'. Se estão desempregados, dizem 'quem me dera estudar que assim não comia duzentas vezes mais';

  • Quando têm uma namorada dizem 'a minha namorada é linda, mas as loiras ....'. Arranjam uma loira e dizem 'a minha namorada é loira, mas as morenas .....';

  • Têm uma namorada normal e dizem 'gostava era de ter uma moça com umas mamas grandes !'. Conseguem isso e dizem 'eu gostava era de ter uma namorada inteligente ...';

  • São capazes de andar sempre a dizer 'se tivesse tempo livre passava o tempo a ler!'. Quando têm tempo livre, lêem um livro e dizem que já estão fartos de ler;

  • 'Mal tenha dinheiro vou logo comer uma francesinha!'. Quando têm dinheiro dizem que não vão gastar em francesinhas';

  • 'Eu preciso de tempo para fazer desporto' dizem as pessoas. Quando estão de férias não fazem desporto porque querem 'aproveitar o tempo';

  • 'Faz-me tanta falta ter alguém ao meu lado para ser feliz' dizem os solteiros inocentemente. Quando começam a namorar dizem que afinal 'a vida de solteiro é que me deixava feliz e eu não sabia';

  • 'Quando tiver um cão vou-lhe dar um nome normal, nada desses nomes todos abichanados'. Quando têm um cão chamam-lhe de 'Bolinhas';

  • 'Se algum dia visse o Jorge Abel na rua espancava-o', dizem eles. Mas depois vêm aqui ao blog ler os posts dele e até acham piada;

  • 'A próxima vez que sair vou apanhar grande bebedeira!'. Quando saem contigo dizem que não podem beber porque estão com o carro;

  • 'Para a semana, sem falta, ligo-te a combinar qualquer coisa'. Passados três meses ainda não sabes nada da pessoa;

  • 'Este é o último cigarro que fumo!', dizem as pessoas de forma convincente. Passado meia-hora estão a comprar um maço novo e a fumar como se já não o fizessem há para aí dois anos;

  • Garantem que quando tiverem tempo criam um blog com qualidade. Ficam cheios de tempo e fazem esta porcaria de blog.


Portanto, o conselho que tenho para vocês neste momento é: se os posts forem muito fraquinhos podem mandar o vosso feedback por e-mail ou deixar nos comentários a cada post, não poupem nas palavras e sejam incisivos porque independentemente do que vocês disserem, tenho todos os motivos para não acreditar naquilo que vocês dizem. Basta ler este post para perceber o porquê.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O que é que a música que ouves diz sobre ti

Toda a gente ouve música. Uns mais que outros. Digo isto porque há gente que ouve os pássaros de manhã, quando sai de casa, grava no telemóvel, faz um CD com isso e chama-lhe de música «chill out». Para mim, «chill out» é o que eu faço na casa de banho sempre que como chili. Aqueles mexicanos fazem a comida deles muito picante. Se as mulheres deles fossem assim, eles não eram tão bons traficantes de droga, mas ocupavam-se mais com as moças deles.


O Teófilo também não gosta de música. A paixão dele agora é a estatística, disse-me ele no outro dia. Conseguiu descobrir a pass do e-mail dele. Aparantemente, o primeiro animal de estimação dele era o «Fluffy» e era um ratinho de peluche com quem o Teófilo dormiu à noite até aos 16 anos. Fiquei entusiasmadíssimo e comentei que finalmente ele ia voltar a escrever aqui. Só que a ideia do Teófilo agora é outra: só vem aqui ver as estatísticas e informar-me sobre elas como se eu não soubesse ler e como se eu quisesse saber dessa porcaria para alguma coisa. Que comido este Teófilo. Por isso é que continua ali ao lado como colaborador: é o moço das estatísticas e é um comido do cérebro.


Mas voltando ao tema que era suposto focar-me ... Até porque já me disseram que eu era distraído. O Teófilo disse-me que 90% das pessoas do Mundo já se distraíram alguma vez na sua vida, que ele agora só quer estatísticas. Mas voltando ao tema, eis o que as pessoas, no geral, vão pensar de ti se ouvires ...



  • Metal / Punk: és um arruaceiro, de cabelo grande, cheio de tatuagens e que vais para os concertos só para fazer mochada. Além disso, toda a gente vai achar que consomes heroína, que és satânico e que o teu maior fã é o Marilyn Manson;

  • Música dos anos 80: és um saudosista que, se pudesse, vivia para sempre nos anos 80. Chateias as pessoas a falar do festival de Woodstock quando isso já foi há mais de 30 anos. Além disso, não ouves mais nada sem ser RFM e M80, ainda fumas ganzas como fazias nos anos 60 e acreditas num mundo livre;

  • Hip-hop: se fores preto, é um cliché, só podias gostar desse tipo de música. És o 'nigga gangsta da street' e o 50 Cent é o teu ídolo; se fores branco és o 'wanna be nigga', queres ser como o Eminem e ir a 'battles' com os outros branquelas que só querem ser niggas. Só usas termos como 'yo', 'bro', 'props', a falar fazes sempre rimas e ainda choras com a morte do Tupac;

  • Música Popular: és um parolo, bêbado, que não tem gosto musical e que só pensa em sexo e em fazer trocadilhos de cariz sexual como o Quim Barreiros, a Rosinha ou o Leonel Nunes. Deves ter bigode (ou sonhar ter), ser gordo e rapar todas as festas populares que existem;

  • Clássica: és um tone, um nerd, que anda sempre de camisa apertada até cima. Além disso, és espancado pelos da tua turma ou colegas de trabalho e nunca deste um beijo a ninguém, mulher ou homem;

  • Brasileira: só queres festarola, só queres tchu tcha tcha e fazer o le le le. Os teus amigos são o Clóvis e o Leónidas, que praticam capoeira contigo e estão sempre a falar em 'pegar mininas'. Só comes picanha e chamas os teus dois amigos de 'viado'. Além disso, o teu concerto de sonho é 'Calcinha Preta', esperas ansiosamente que o real substitua o euro como moeda e só queres andar de sunga na praia para te sentires ainda mais brasileiro;

  • Cigana: ainda és mais parolo do que os que ouvem música popular; vão dizer que nem tu percebes o que eles cantam e que ouves música cigana mas quando vês algum cigano a pedir esmola dizes que eles cheiram mal e deviam ser todos expulsos do país. Menos aqueles que vendem nas feiras, que esses são importantes;

  • Techno: és drogado, só mandas ácidos e a música que ouves parece que é feita à base de cortar árvores com uma motoserra. Estás sempre metido em todas as after-hours que existem, estás cheio de piercings, o teu lábio inferior já não existe, tens alguma doença sexualmente transmissível e não acabaste o 9º ano (isto mesmo que já tenhas um curso superior, basta gostar deste tipo de música);

  • Trance: são como os do techno mas mais fraquinhos. São os meninos de coro das festas de techno, são os cócós que fogem do techno por ser «muito agressivo». Mesmo assim, precisam de ácidos e outras drogas para gostarem da música que ouvem, a música que ouvem é à base de barulho sem melodia e também não devem ter acabado o 9º ano;

  • House: se os do trance são fraquinhos, estes são os 'betinhos da música electrónica'. Também ouve este tipo de música aquelas moças que gostam de ir a discotecas, aquelas frescas que vão para lá para se envolverem sexualmente com todos os que lhe aparecerem pela frente e aqueles moços que vão às discotecas para tentar engatar estas moças;

  • Dubstep: gosto deste tipo de música quem não gosta de mais nada e precisa de alguma coisa para dizer que ouve. Pronto, é tudo o que há para dizer sobre estes.


P.S.: Há muitos outros tipos de música mas que como não interessam a ninguém não vale a pena estar a falar sobre eles ou sobre o que as pessoas acham sobre os moços que ouvem esse tipo de músicas. Já sei que se algum moço que goste de baladas românticas ler isto e me encontrar na rua me vai incomodar. Mas sei que não me vai bater porque alguém que gosta de baladas simplesmente não mete medo nem respeito a ninguém.