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terça-feira, 29 de julho de 2014
Já não escrevia há 19 dias mas já vão perceber porquê
Olá. Pode parecer estranho ter ficado tanto tempo sem vir aqui mas já vão perceber porquê. De facto, tenho que dar razão ao Gary, é mesmo complicado chegar aqui passado um montão de dias sem dizer nada e estar para aqui com explicações sem fazer disto o meu diário e sem dizer logo tudo nas primeiras 3 linhas e depois ficar sem mais nada para dizer. Mais vale fingir que ainda ontem estive aqui a fazer um texto e ignorar o facto de não ter dito nada durante 19 dias. O Venâncio disse-me que essa é uma técnica muito utilizada por moças de forma a induzir as saudades nos moços, que os leva a fazerem gestos mais românticos para as ter de volta. O Venâncio também me disse que essa técnica tem resultados muito maiores quando já houve actividade sexual entre o moço e a moça. Já o meu tio sempre me disse o contrário, que mal se tenha actividade sexual com uma moça deve-se acabar o romantismo, porque já não é preciso para nada.
Por falar em romantismo, acho que estou apaixonado pela Vera. Antigamente chamava-lhe Vera da Contabilidade mas ainda esta semana estava a falar com o Venâncio sobre ela e ele disse-me que chamar-lhe «Vera da Contabilidade» era como se tivesse uma irmã chamada Vera ou, pior ainda, como se andasse a sair com outra moça chamada Vera e então tivesse que as diferenciar pelo ramo em que trabalhavam. Ia ser-me estranho chamar-lhe só «Vera». O Sebastião disse-me que quando namorava raramente chamava a moça pelo nome, ou lhe chamava «amor», «bebé», «princesa», «gominha» ou «fadinha». Depois disse-me que se arrependia de ter chamado esses nomes todos e que se soubesse o que sabia hoje chamava a moça pelo nome, de modo a não conseguir parecer um autêntico homossexual mesmo que andasse a namorar com uma moça. Acho que nunca chamei a Vera por nenhuma alcunha. Quem gosta disso é a Xana da cantina, que sempre me disse que lhe podia chamar o que eu quisesse. Já que ela me deixou escolher optei por lhe chamar «Xana da cantina», que assim no dia em que conhecer outra Xana, pelo menos sei que não é «a da cantina», essa é outra.
Mas adiante que tenho mais coisas para contar e ainda não contei quase nada. Eu conheço muita coisa da Vera. Sei que o jogo preferido dela é o Candy Crush, sei que se estiver à espera do autocarro para ir para casa mais do que 3 minutos vai logo começar a jogar, sei que a actriz preferida dela é a Charlize Theron porque ela põe sempre 'Gosto' nas fotografias dela no Facebook e sei que a cor preferida em écharpes é roxo. Nesta parte tenho que dar crédito ao Venâncio que me disse que as moças detestam moços que dizem «cachecóis» em vez de «écharpes» porque revela insensibilidade e desconhecimento do universo feminino. Eu há muita coisa que desconheço do universo feminino, mas mais vale começar por algum lado. O meu tio nisto não foi grande ajuda porque me disse que as únicas coisas que devemos conhecer do universo feminino é como lhes dar prazer e como evitar ficar a conversar muito tempo com elas no pós-sexo. Certo é que apesar de saber muito sobre a Vera não estava preparado para o que ela me propôs no outro dia: convidou-me para ir para a praia.
Lembro-me que uma vez a Xana da cantina me disse que se eu alguma vez a levasse para a praia que levasse uma toalha e uma garrafa de vinho e depois o resto era por nossa conta. Isso não me ajudou nada. Hoje em dia vejo aqueles moços na praia de cuecas, outros vão para lá com aqueles calções que parecem boxers e outros vão com aqueles calções grandões. E eu não sei o que levar. A Xana da cantina dizia-me que nem precisava de levar nada, que a toalha cobria-nos, mas ao contrário dela eu não conheço nenhuma praia de nudistas nem me parece que a Vera quisesse ir para uma logo na primeira vez que íamos os dois para a praia. Além disso, o Venâncio sempre me disse para ter cuidado porque a fronteira entre mostrar o que valemos e o exibicionismo é muito ténue e por isso é que ele deixou de andar de gabardina, que sempre que passava em parques públicos era olhado de lado e com desconfiança. Quando disse ao Sebastião que a Vera me tinha convidado para ir à praia com ela ele perguntou-me se a Vera usava bikini ou fato de banho. Disse-lhe que não sabia e o Sebastião disse-me que era importante saber isso, porque se ela fosse de fato de banho ia estar toda a gente a olhar para ela porque quem usa fato de banho na praia são as cinquentonas ou as nadadoras salvadoras. Aquilo intrigou-me ainda mais.
O meu tio disse-me que não gosta de ir à praia, que para olhar para moças despidas que não pode tocar mais valia ir para Amesterdão, que ao menos aí podia-se fumar ganza à vontade e se oferecesse dinheiro a uma dessas moças ela não levava a mal e ainda ia para a cama com ele. Quando partilhei as minhas preocupações com o Venâncio ele disse-me que ir para a praia com uma moça num dos primeiros encontros é sempre significativo porque vamos vê-la quase nua e ela a nós. Perguntei ao Venâncio se o que importava não era o convívio e ele disse-me que para «só conviver», convivíamos numa esplanada, vestidos e sem estarmos deitados um ao lado do outro. Aquilo assustou-me. Nunca tinha pensado na praia como numa prova de fogo que as moças nos faziam passar para avaliarem se seríamos bons amantes ou não. Sempre pensei que o que contava era a personalidade. E pensar que todas aquelas vezes que guardei lugar à Vera na mesa da cantina enquanto ela ia lavar as mãos ou na quantidade de mensagens que lhe enviei ou nas horas que fiquei por dormir por estar a trocar mensagens com ela à noite podia ir tudo por água abaixo no momento em que eu tirasse a camisola na praia ou que levasse uns calções ou demasiado curto ou demasiado compridos. A Vera quer ir à praia no sábado. Até lá, vou ser consumido por estas preocupações.
P.S.: Disse no título e na primeira linha do texto que vocês iam perceber porque é que não escrevia há 19 dias. Podiam pensar que tinha sido por causa do convite da Vera para ir à praia com ela mas não foi, isto foi uma coisa recente. Primeiro, descobri recentemente que sei jogar poker. O Lino convidou o pessoal lá da fábrica para ir a casa dele jogar um torneio. Ele faz sempre isto em Julho e Agosto, quando maior parte está de férias, para ninguém se descair e a polícia saber que ele organiza estes torneios. A primeira vez fui lá para beber uma cerveja e estar com o pessoal, já que agora é Verão e o pavilhão está fechado e então já não jogamos. Mas descobri que sei jogar mais ou menos bem e então tenho ido bastantes vezes. Com isso, durmo menos horas e depois em vez de vir aqui escrever prefiro ir dormir. O Gary diz que é o que eu faço melhor. É bom ter um amigo como o Gary que se preocupa com o meu bem-estar por dormir menos do que estou habituado. Mas quanto ao assunto da Vera, se alguém tiver alguma sugestão, por favor deixe nos comentários. Ajudem-me. Obrigado.
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