Depois de ter inventado protótipos de séries, provérbios para uma franja da população e para o mundo animal e revelado sinopses de filmes e trajectos turísticos em países aleatórios, senti que nem me lembrava que tinha sugerido inventar tanta coisa. Se me tivesse aplicado assim em Físico-Química hoje sabia a diferença entre um Ampere e um Volt. O meu professor de Físico-Química mandava sempre uma piada para não confundirmos uma carga de volts com uma carga de voltas a França. Ainda no outro dia vi que estava a dar Volta a França na televisão. Nunca percebi isso das «Voltas». Do que eu aprendi, dar uma volta acontece quando se começa o percurso num ponto, se segue por vários caminhos e no fim se volta ao mesmo ponto. Mas eles lá nas voltas no ciclismo começam sempre num ponto e acabam noutro e chamam-lhes «Voltas». Se eu fizesse isso num teste tinha negativa.
Mas adiante. Esta ideia já me surgiu há algum tempo, até escrevi sobre ela aqui no blog, mas voltei a lembrar-me dela ontem, quando estava a dar uso à canalização da Paulinha, na casa de banho dela. As casas de banho das casas das moças têm um problema: têm demasiados cremes e loções corporais e depois uma pessoa não tem revistas para ler, põe-se a abrir e a cheirar os cremes. Eu sai de lá com uma mão a cheirar a alperce e outra a cheirar a papaia. Parecia um iogurte. Ainda parecia mais já que há uns tempos atrás uma companhia de iogurtes fez um com sabor a Aloé Vera. Já não bastava as moças se empanturrarem de cremes, agora também os iam comer.
Então, que ideia é essa, perguntam os mais curiosos e sem saber que os 3 parágrafos de introdução são a minha imagem de marca. É simples: antes ou depois de qualquer Campeonato do Mundo, realizava-se o Campeonato do Mundo de equipas que nunca na vida vão chegar a um verdadeiro Campeonato do Mundo. Com o tempo, alguém iria dar um nome à competição para que não fosse assim grandão. A organização funcionava por convites às selecções que nunca sequer estiveram perto de entrar num Mundial a sério e sempre que alguma dessas começasse a evoluir, deixava de ir a estes Campeonatos do Mundo. Vejam lá como seria organizado:
- Numa primeira edição, à imagem dos Campeonatos do Mundo a sério, ia ter menos equipas. Podia-se começar com apenas 16, divididas em 4 grupos de 4 selecções cada. Mas, contrariamente aos Mundiais a sério, os cabeças-de-série nesta competição iam ser as equipas que menos hipótese tivessem de realmente disputarem um Mundial a sério. Nesse sentido, já tenho 4 cabeças-de-série pensados: Quirguistão, Turcomenistão, Nepal e Gâmbia;
- No segundo pote, ou seja, as equipas que não são tão fracas como as cabeças-de-série mas que podiam bem ser, na primeira edição estavam Tonga, Burundi, Bangladesh e Antígua e Barbuda. Eventualmente, as Ilhas Fiji seriam colocadas neste pote, mas como eles se podiam lembrar de levar para lá a selecção de rugby, é melhor não arriscar;
- O pote 3 continha aquelas selecções que sabiam que 4-4-2 era uma táctica e não um indicativo de telefone de um país ou de um gang. Assim, para este grupo penso por exemplo no San Marino, em Barbados, no Malawi e na Namíbia;
- Por último, o pote 4 era o extremo oposto dos cabeças-de-série, ou seja, eram aquelas equipas que conseguiam fazer 3 passes seguidos sem ser à sorte e que tinham um treinador que não ia para os treinos com um apito só porque ia a seguir ter ensaio do rancho folclórico. Assim, aqui podiam ficar, por exemplo, Luxemburgo, Ilhas Faroé, Serra Leoa e El Salvador;
- O sorteio era feito à sorte, às vezes selecções do mesmo pote ficavam no mesmo grupo porque o que estava a fazer o sorteio se enganava a tirar as bolas mas não havia problema. Servia-se álcool, havia aparições de humoristas e um combate de boxe no fim. Assim, as pessoas assistiam a um espectáculo divertido e acabava-se com o estereótipo que na FIFA só há gente manipuladora, demasiado séria e calculista;
- A organização da prova ficava a cargo de um país que tivesse participado no Mundial a sério. Eventualmente até podia ser no mesmo país que organizou o Mundial a sério, para as pessoas poderem ver mais futebol de selecções e se rirem mais um bocadinho. O objectivo era animar a vida das pessoas e dar a oportunidade a alguns países de disputarem um Mundial, ainda que não fosse a sério, como o outro;
- Durante as transmissões dos jogos, os espectadores tinham a possibilidade de responder a perguntas sobre os intervenientes. Por exemplo, durante o Quirguistão x Barbados, surgia a seguinte pergunta no ecrã: «Antes de ser padeiro, Ceri Daho, médio esquerdo de Barbados, trabalhava num talho, num supermercado ou a vender máquinas de lavar louça?». Depois, no fim do jogo ou ao intervalo, consoante a pergunta surgisse na 1ª ou na 2ª parte, as pessoas sabiam se tinham acertado ou não. Não ganhavam prémios, só a consolação de terem acertado. Quer dizer, podiam ganhar, bastava terem feito uma aposta com alguém que estivesse a ver o jogo com eles;
- As flash-interviews no fim dos jogos não iam ter a formalidade que têm as dos Mundiais a sério. Por exemplo, o jornalista presente no Luxemburgo x Malawi podia perguntar ao avançado do Luxemburgo se alguma vez tinha conseguido ter relações sexuais com uma moça enquanto namorava com a irmã gémea dela. Ou perguntar ao treinador do Malawi se era verdade que o guarda-redes suplente ao pequeno-almoço pegava sempre em 3 Bolicaos e levava para o quarto para comer a meio da noite quando lhe desse a fome.
Como vêem, ia ser algo que juntava futebol, Mundial e humor. Não havia melhor! Inicialmente, grande parte da população-alvo seriam desempregados, pessoas que consumissem substâncias psicotrópicas, viciados em apostas, alcoólicos, idosos ou aqueles moços que não sabem como passar o tempo entre o fim do Mundial a sério e o início dos campeonatos nacionais. Assim, viam mais Mundial mas um Mundial para rir e onde o tempo passava a voar. Mas depois, com o tempo, ia chamar a atenção de muito mais gente. Além disso, lembrei-me agora de uma regra, mas que não vou criar um ponto ali em cima só porque me lembrei agora: sempre que uma equipa empatasse 0-0 somavam 0 pontos, já que tinha sido isso que tinham somado à vida das pessoas: 0 golos, 0 emoção. Se uma equipa perdesse um jogo 2-1 ou 3-2, ganhava 1 ponto, enquanto a outra ganhava 3 e empates de 2-2 para cima dava 2 pontos, em vez de 1. Tudo bem que eu sonho vezes demais com marisco, mas é impossível dizerem-me que isto não dava milhões de euros à FIFA
P.S.: Quando estava a dizer que sonhava vezes demais com marisco não era uma crítica. Podia parecer, mas não é. Eu gosto de sonhar com marisco, se pudesse sonhar sempre com marisco adorava. Mas infelizmente nem tudo o que uma pessoa adora acontece. Basta pensar em como nunca vai haver um Mundial para equipas que nunca na vida vão a um Mundial. Não só porque ninguém vai partilhar da minha capacidade visionária de facturar milhões de euros à custa de países fraquinhos no futebol, mas também porque não tenho um nome para esta ideia. E ainda por cima não me sai nada, só me sai porcaria como «Mundial B» ou «Mundial dos Pequeninos» ou então títulos grandões como «Campeonato do Sub-Mundo Futebolístico». Relativamente aos títulos que tenho para esta ideia, sinto-me o Jorge Abel a fazer títulos para os textos dele.
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