domingo, 26 de agosto de 2012

A essência da fruta


Não, não vou fazer publicidade a nenhum sumo. Nem vou dizer de que fruto gosto mais ou quantas vezes por dia como fruta. Vou sim, tal como fiz com os peixes e com os pássaros, dizer-vos o que significa verdadeiramente o nome das frutas. Ando sem originalidade eu sei, mas pelos vistos estas coisas fazem os nossos 4 assíduos leitores rir, então faço-lhes a vontade. Sempre me sai mais barato do que lhes oferecer Bollycaos tal como tinha prometido.

Outra coisa que me fez lembrar de frutas foi o facto de ser uma das coisas que fazemos diariamente e que também podemos encontrar em montões de filmes pornográficos. Seja o acto de comer uma banana como aquelas moças fazem nos filmes, seja partilhar morangos com uma moça (ou com um moço, sei que também há quem o faça), seja fazer bouquets de fruta quando não se tem nada que fazer (se bem que quem faça isto revele bem as suas tendências sexuais). Poucas coisas que acontecem em filmes pornográficos são tão encontradas na realidade como a nossa relação com a fruta (ainda que algumas pessoas me tentem convencer que os jardineiros conseguem mesmo encavar aquelas mulheres ricas que têm o marido fora).

Assim, explicado que está o porquê de me focar na fruta (ainda que o segundo parágrafo seja um bocado desculpa para a falta de originalidade da minha parte, em fazer o mesmo às frutas que fiz para os peixes e para os pássaros), vou mostrar a outra interpretação que podes retirar de alguns frutos e enquadrá-los numa interpretação desta nossa realidade neo-clássica:


  • Maçã: toda a gente já comeu maçã. É aquele tipo de moça fácil, acessível, que está mesmo à mão de semear. Mesmo assim há vários tipos de maçã, as maçãs não são todas iguais, não generalizemos. Há aquela que mesmo sendo mação é mais valiosa (Golden), há as mais rosadinhas, as mais verdes e aquelas que se demoras muito tempo a comê-las ficam todas secas;

  • Pêra: é aquele moço normalíssimo, o mais banal do mundo. Daquele tipo de pessoas que não tens outra forma de o definir além de «é um moço porreiro». Não há mais nada que sobressaia, nem positivo nem negativo. É «pêra», nada mais que isso. Não levanta grandes ondas, é low-profile, o que faz dele apenas e só «um moço porreiro»;

  • Kiwi: Aquele teu amigo, que é teu amigo, mas que come com os cachaços todos e é o que leva sempre com as consequências das brincadeiras que o grupo prepara. Apesar de ser um moço porreiro (ainda que mais um bocadinho que a pêra porque tens outras características a juntar a essa), sempre que se apresenta, as pessoas gozam com ele por causa do nome. É como aqueles moços que são excelentes pessoas mas se chamam Gualdino;

  • Damasco: é aquele tipo de gajo que acha que é importante só porque tem um nome de cidade ou país. Tipo aqueles que acham que é uma coisa extraordinária chamar-se Fernando Porto, Sara Lisboa, António Roma, Francisco Holanda ou Nuno Quirguistão. Este último não sei se existe, mas dava mais pinta que os outros todos;

  • Banana: olha para a banana e vejo aquele típico moço alto, meio curvado, com cara de tone, em 60% dos casos com óculos e que tem uma voz mesmo à ... banana. Toda a gente faz dele uma cabaça, todos gozam com ele e ele nunca responde e ainda se ri para disfarçar que está a ficar envergonhado. A banana não é como o kiwi, que a esse gozam por ele fazer parte do grupo, a banana nunca faz parte do grupo, embora pense ou deseje intensamente que sim;

  • Amora: é daquelas moças que tu desejas: linda, com um corpo escultural e com cabeça. Mas a maior parte delas só tem as duas primeiras características e as raras que conseguem conjugar as três coisas são quase inacessíveis e estão rodeadas por silvas impenetráveis. Magoas-te mais para chegar até essas amoras do que a felicidade que vais ter com elas quando as atingires;

  • Papaia: aquele fruto exótico que várias pessoas querem experimentar e outras já experimentaram e recomendam. Na vida real são como aqueles moços que anseiam envolver-se com uma asiática ou aquelas moças que anseiam envolver-se com um preto ou vice-versa. Ou então que já se envolveram e recomendam a quem ainda não o fez;

  • Melancia: aquela moça histérica, que fala muito alto e sempre com uma voz estridente. Podes estar a 40 metros que ouves perfeitamente o que está a dizer. Tem sempre reacções claramente excessivas face ao que lhe acontece e quando parece que alguém a está a arrancar uma perna sem anestesia, só lhe estão a fazer uma trança no cabelo. Ocasionalmente tem alguma procura por parte do sexo oposto, mas que acaba a partir do momento em que esta característica se torna demasiado saliente;

  • Meloa: aquela amiga tímida da melancia, que está sempre com ela mas nunca ninguém ouviu a sua voz ou lhe conheceu um ponto de vista. Aparece em 90% das fotografias da melancia e anda sempre com ela, é considerada pela melancia como a «minha grande melhor amiga». Nunca se lhe conheceu qualquer namorado ou relacionamento amoroso, embora a melancia a tente impingir, a todo o custo, moços que conhece;

  • Melão: o típico moço que é afectado pela calvície, possuindo umas entradas de respeito. Normalmente tem a testa reluzente, deixando a dúvida se é brilho natural ou se lhe passa algum tipo de lustro ou brilhantina, como se ainda tivesse cabelo. Normalmente trabalha em profissões liberais, do tipo advogado ou corrector de seguros e nas frases utiliza sempre conectores como «consequentemente», «visto que», «efectivamente» ou «se bem que»;

  • Pêssego: aquele amigo das mocas, com quem não partilhas sentimentos mas sim noites de farra. Sempre que estás com ele é impossível que bebas água, segundo ele, beber água faz mal. Com ele acabas sempre por apanhar as maiores fardas, que sempre juraste que nunca seria possível apanhares, fazes as piores figuras e, claro, tiram-te as fotografias mais comprometedoras da tua vida. Sempre que sais com ele, apanhas uma ressaca enorme e juras que nunca mais te metes noutra. Mas passados 3 ou 4 dias já estás a sair com ele outra vez e a fazer o mesmo.

Pessoalmente, já fui acusado pelo Teófilo de ser o pêssego dele. Não sei se ele com isto estava a tentar levar-me para a cama ou se estava a dizer que eu era o amigo das mocas dele. Fica um bocado confuso um moço chamar pêssego a outro, ainda que seja mais confuso manter o contacto visual com um moço enquanto se come uma banana. Realmente, sempre que estou a comer uma banana olho para as paredes, para a televisão ou para os meus braços, para não correr o risco de fazer contacto visual com algum moço, ainda que seja sem querer.



P.S.: Não falei de laranja de forma propositada. Há um desenho animado de uma laranja que chateia os outros todos que acabam feitos em picadinho ou em sumo para gáudio dessa laranja. As laranjas já têm protagonismo que chegue à custa dessa série. E pensando bem a laranja só serve mesmo para fazer sumos ou para acompanhar com o cabrito e é só mesmo para acompanhar, ninguém come a laranja que vem com o cabrito. Basicamente, as laranjas são o Jorge Abel da fruta: falam, falam, falam, pensam que têm protagonismo, mas no fundo não servem para grande coisa.

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