segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Fenómenos típicos da restauração


Voltei, voltei. Acho que havia uma música popular portuguesa que era assim. Estamos em Agosto, é perfeitamente normal que enquanto português saiba músicas populares, visto que não passa outra coisa na televisão, na rádio e nas festas dos concelhos e freguesias. Claro que também passa Pitbull, aquela moça da casa dos segredos e Lucenzo, mas isso não interessa a ninguém.

Fiz umas férias do blog. Primeiro por andar sem inspiração (ainda menos que habitualmente, sim). Segundo, porque fiquei abatido por dizerem que o último post estava fraquinho. Foi o Teófilo. Pois é, afinal não vem só ver as estatísticas, também vem ler e criticar os amigos. Ou ex-amigos ou amantes, não sei bem o que sou para ele. Ele para mim é só o moço das estatísticas que, volta e meia, é amigo. Mas não sei porque estou a dizer isto, pareço uma adolescente a escrever no diário.

Tenho ido comer fora algumas vezes. Não, não sou rico, quando digo comer fora digo para a minha varanda. Mas também fui uma ou duas vezes ao restaurante nestes últimos dias. Digo-vos, há tanta coisa que acontece em restaurantes que podia fazer um post sobre isso! E é basicamente o que estou aqui a fazer. 

Fenómenos então que podes encontrar facilmente num restaurante:

  • Casa de banho de um restaurante que se preze tem que ter algo escrito na porta e nas paredes. O problema é que depois do clássico «Lá fora és o Rambo, mas aqui dentro cagas-te todo», parece que a imaginação destes putos acabou. Agora só escrevem coisas tipo «Namorada puta» ou «Faço bicos» ou «Melhor anal» ou «serei a tua escrava do prazer» ou ainda «farei de ti o meu escravo do prazer» e seguido de um número de telemóvel, normalmente 91. Pergunto-me se há mesmo gente que pensa que isto é verdade e liga para esses números. É que se houver o mundo está mesmo perdido;

  • O que eu mais gosto nos restaurantes é das entradas. Polvo à lagareiro, bifinhos com cogumelos, bifes, bacalhau, em todo o lado servem isso. Agora, de restaurante para restaurante, as entradas mudam sempre: pode ser patê de sardinha ou de atum, queijo curado ou de cabra, rissóis de camarão ou de carne, croquetes ou chamuças, torradas ou tostinhas, camarões ou bolinhos de bacalhau, manteigas ou presunto. Pode ser tudo! E uma pessoa delicia-se com as entradas e vai querendo comer ao longo da refeição. Só que acontece aquele momento em que quando te servem o prato te levam as entradas, mesmo que ainda sobrem. E quando tu notas já é tarde demais e agora só te podes contentar em comer a porcaria do prato que pediste ...

  • Uma coisa que sempre me incomodou nos restaurantes foi os acompanhamentos. É filetes de pescada com arroz e legumes. É alheira com arroz e batata frita. É carapau assado com batata cozida. E se eu não quiser alheira com batata frita??? Nesse caso sou estúpido, mas se quiser uma salada a acompanhar o carapau pago mais 2,50€ pela merda de uma salada. E porquê? Porque o restaurante é que manda que o carapau seja só com batata cozida, o resto é pago à parte. Ou, como eles chamam, a «guarnição». Que parvoíce! Então o cliente não pode pedir o que quiser? E depois, se aceitas pagar mais pela salada, ainda tens que levar com a cara de incompreensão do empregado, como se fosse uma coisa do outro mundo pedir salada a acompanhar o carapau em vez de batata cozida;

  • Está provado cientificamente pelo senso comum que os empregados de mesa são as pessoas mais observadoras do mundo. Conseguem superar mesmo os poetas, que esses perdem muito da observação quando estão a escrever. Isto para dizer que, quando entras num restaurante com uma moça muito boa, todos olham de soslaio para ti e comentam entre eles que ou és muito rico ou levas uma acompanhante de luxo para pareceres bem em público. No entanto, se apareceres no mesmo sítio com uma miúda assim para o feiinha, comentam que ou estás   a fazer algum favor a uma amiga ou um estás num encontro às cegas que correu mal. E fazem sempre interpretações negativas quanto ao homem (falem lá de igualdade agora ...);

  • Se querem falar de factos provados cientificamente, este não é, mas podia ser. Todas as pessoas das outras mesas, quer estejam de saída ou quer estejam a encaminhar-se para aquela que será a «sua» mesa,  olham sempre para o teu prato e para os dos que estão contigo, para ver o que estás a comer e se tem bom aspecto;

  • Muitas vezes questiono-me se alguém respondeu negativamente à pergunta da praxe que um empregado faz sempre, mais ou menos a meio da refeição, quando se dirige à mesa e pergunta «está tudo bom?». Ele está ali a dar a cara por uma coisa que não foi ele que fez e fá-lo como se tivesse sido ele próprio a confeccionar os pratos. Acredito que em 99% dos casos as pessoas respondam «sim, sim, tudo óptimo!» e que desses 99%, pelo menos em 60% alguém esteja descontente com alguma coisa. «O peixe está muito salgado!» diz-se na mesa, mas quando o empregado chega e faz a pergunta, responde-se no segundo a seguir «Sim! Sim! Tudo óptimo!». Claro que depois ou não se volta lá mais ou não se pede o mesmo prato ou, se se pedir, diz-se «da última vez que pedi o carapau, estava muito salgado». Mas nunca se diz isso (que eu veja, atenção!) quando o empregado faz a pergunta;

  • Sou só eu que sou totalmente contra e me sinto completamente desconfortável quando vou a algum restaurante em que é o empregado que me faz o prato e me enche o copo? Só faltava que me limpasse a boca também ou me cortasse o bife em quadradinhos ... Às vezes pergunto-me se o bife custa 12,50€ mas naquele restaurante custa 17€ porque o empregado me faz o prato e me enche o copo. Claro que, apesar de completamente desconfortável com isso, nunca lho digo directamente e tenho que levar com isso até ao fim da refeição;

  • Para acabar, um dos maiores dilemas em ir comer fora é o da gorjeta. Deixar ou não deixar? Quando estaciono o carro em que um arrumador só me indica o lugar e depois fica à espera de moeda, dê 20 cêntimos ou dê 1 euro, sei que tenho que dar, sob a pena de me riscar o carro. E quer dê 20 cêntimos ou 1 euro, ele agradece e não me faz nada ao carro. Num restaurante não é bem assim. Quando se confronta directamente o empregado e se diz «aqui está a gorjeta», ele diz sempre «oh, não era necessário!». Mas quando não se deixa nada, à saída, és fulminado com o olhar reprovador dele. E se voltares a ir lá depois de não teres deixado gorjeta ou és servido de forma mais rude ou então é outro que te serve e esse empregado, sempre que passa, olha para ti de lado. E tudo isto por algo que, segundo ele, não era necessário ...

Bem, e chego ao fim da minha reflexão. Olha Teófilo, se não gostares deste também, escusas de me dizer, guarda para ti, que deprimido já eu estou e não preciso de ti para isso. Quanto aos outros, obrigado por chegarem até aqui ao fim, mesmo que fosse a fazer 'Page Down' sem ler e pensarem que ia fazer uma conclusão que resumisse tudo o que está escrito para trás. Quanto aos que leram tudo até chegar aqui ... Tenho pena de vocês. Admiro-vos, mas tenho pena. É como admirarmos aquele alpinista que subiu aquela montanha mesmo grande mas ficou sem o nariz. Admiro-o, mas tenho pena dele.



P.S.: Continuo a pensar que aquela coisa de «vou fazer de ti o meu escravo do prazer» não li na casa de banho de um restaurante mas num anúncio de jornal, daqueles manhosos que só moços como o Teófilo nas suas horas de maior solidão telefonam. Mas já agora, lembrei-me assim de repente, porque é que em alguns restaurantes, o famoso «WC» é trocado pela palavra «Lavabos»? Nunca percebi bem porquê, mas fica mais chique. WC é para os tascos, Lavabos é para restaurante da pinta ...



1 comentário:

  1. oh homem...lavabos é porque tâm bidé...dahhhh, podes tratar da tua higiene pessoal...

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