Pássaros. Depois dos peixes e das cabras eis a terceira classe animal de que vamos falar aqui no blog. Assim sendo, os ... O quê? Nunca falei de cabras? Falei, pois. Naquela vez, naquele post, falei de cabras. Aliás, estou sempre a falar de cabras no dia-a-dia. Houve uma vez que uma cabra aproveitou que eu disse que pagava o que ela consumisse no café, durante o nosso encontro, e pediu um Bailleys. Então já não falei nisso? Claro que falei de cabras ...
Mas adiante. Quando falei às pessoas que ia escrever sobre pássaros perguntaram-me muita coisa. Primeiro perguntaram-me se ia chover amanhã. Depois perguntaram-me se eu tinha algumas galochas de tamanho 43 que não estivesse a utilizar de momento. E depois perguntaram-me se eu gostava assim tanto de animais, se a National Geographic me está a pagar para fazer publicidade aos animais. Apesar de o blog não dar muita publicidade, se algum senhor desses me quiser pagar, terei todo o gosto em fazer uma publicação sobre bois-almiscarados. Certamente teria muito a dizer sobre isso.
Depois de ter dito que era capaz de chover e de ter dito que as minhas galochas eram o 42, disse que não. Apenas pensei durante 3 minutos em como alguns nomes de pássaros eram esquisitos. Além disso, os pássaros devem ser o animal mais amaricado que há. Tal como o estereótipo clássico do homossexual, os pássaros comunicam entre si através do canto e de musicais. E para impressionar a fêmea, o macho faz altas danças de acasalamento e coreografias com as penas ...
Felizmente o nome 'Gaivota' foge a esta festa da libertinagem que é a passarada toda. A gaivota rouba, ataca, alimenta-se dos mortos e, em grupo, faz um barulhão e impõe respeito a toda a gente. Pensando bem somos os romenos dos pássaros, ninguém gosta de nós em lado nenhum e andamos sempre de um lado para o outro, a comer restos e lixo. Além disso, o nome Gaivota é o que há mais, é como o Silva ou o Santos em Portugal. Eu chamar-me Gaivota é tão normal e banal como ser-se travesti em Bangock. Ou é Banguecoque? Com esta porcaria de aportuguesar os nomes das cidades e dos países nunca sei escrever. De qualquer modo, sei disto porque foi o Matthew Praias que me disse, que ele esteve lá e sabe dessas coisas. Não se pode dizer que os meus pais tenham sido propriamente originais no nome.
Mas além de Gaivota, eis outros nomes de pássaros que podem dar que pensar a moços que, tal como eu, não têm mais nada para fazer da vida nem moças com quem se entreter, sem ser pensar em coisas estúpidas sobre as quais escrever para gáudio dos nossos quatro assíduos leitores, aos quais qualquer dia vou ter que pagar um Bollycao e um Ucal. O Bollycao é dos simples e eu fico com os cromos, aviso já. Mas vamos lá aos nomes dos pássaros:
- Garça: aquela senhora idosa do fundo da rua, extremamente amável, que te deseja um 'Bom dia' sempre de forma efusiva e que, volta e meia, quando passas pela janela dela te oferece para entrares e comeres bolinhos acabados de fazer por ela. Anda sempre de avental e os seus destinos na rua estão previamente definidos: mercearia, padaria, talho, peixaria e cemitério;
- Pardal: aquele gajo que sempre que passas por ele está com uma postura de arrogante e a fazer pose. Deve ter treinado a pose anos a fio. Tudo o que faz, faz cheio de manias, seja a fumar, a ler um livro, a cuspir para o lenço ou a contar as histórias de como era invencível no xadrez quando era mais novo;
- Albatroz: o pássaro grunho. Ou é grunho ou é daqueles calmeirões que, mesmo sem nunca te terem feito nada, te assustas de os encontrar na rua, à noite, quando estás sozinho. Normalmente anda sempre com um amigo muito mais pequeno que ele, que tem uma voz 200 vezes mais fina do que o seu vozeirão que assusta mesmo que te esteja a dizer bom dia. Provavelmente trabalha no talho como o moço que leva as encomendas a casa das velhinhas, numa oficina como mecânico ou na construção civil. Se não trabalhar, é porque é grunho;
- Periquito: o amigo caga-tacos e até mesmo irritante do Albatroz. Quando está com ele, é o maior mauzão, só quer armar problemas. É daqueles que se vira para ti e pergunta «estás a olhar para onde?» e, por qualquer motivo dirige-se a ti com um «tás-te a mandar oh mano?». Quando não está com o Albatroz anda na rua a tentar passar despercebido para ver se ninguém lhe enfia um banano a aproveitar a ausência do amigo calmeirão;
- Rouxinol: o afável funcionário da mercearia, que faz fiado, tem o livro para as pessoas de confiança, quando vão lá, dizerem «ponha na minha conta» e, volta e meia, ainda se oferece para te ir levar os sacos a casa quando estão muito pesados. Nunca percebes bem como é que ele tem lucro na mercearia a oferecer tanta coisa aos clientes habituais, mas o que é certo é que já tem a mercearia há várias gerações e já o pai dele era igual;
- Melro: o bonitão que tem sucesso com as moças, mas apenas como amigo. É o típico «fofinho», que todas gostam de ter como amigo mas nenhuma o quer para namorado porque é um excelente ouvinte, grande companhia e, ao contrário dos outros pássaros, não se atira às moças. Se houvesse uma friendzone nos pássaros, o melro era sem dúvida o símbolo, tendo em conta que as moças o tratam todas por «Melrinho» ou então «amiguinho». Triste vida;
- Andorinha: o pássaro que toda a gente goza e humilha. É aquele pássaro que no primeiro dia de escola apareceu lá de sandálias e aparelho a dizer que o futebol era para imbecis e que quando se apresentou à turma disse que o que mais gostava de fazer nos tempos livres era ler e ouvir música clássica. Claro que quando crescer é capaz de ter um emprego de respeito e ganhar o triplo dos outros, mas os colegas de escola, quando passam por ele na rua continuam a dar-lhe cachaços e a dizer coisas do género «então Andorinha, ainda te continuas a mijar nas cuecas?» mesmo que já tenham passado 25 anos;
- Bico Grossudo: é daqueles moços que tu, ao longe, não sabes bem se é macho ou fêmea e que põe anúncios nos jornais a dizer que vai fazer de ti o escravo do prazer dele/dela;
- Coruja: aquele ancião que tem sempre altos conselhos para te dar. É aquele que passa por ti, diz que estás muito crescido, que estás um homenzinho e depois te diz sempre algum conselho ou frase filosófica no fim de cada conversa. Ao contrário de outros que fazem o mesmo, não te tenta impingir Bíblias ou enciclopédias, mas apenas te dá conselhos e filosofias de vida pelo prazer da partilha do conhecimento;
- Corvo: o intruja, aquele dos esquemas. Organiza os maiores esquemas e estratégias e consegue safar-se sempre. Quando alguém se quer safar de alguma coisa vai falar com o Corvo. Se for de confiança ele faz o favor, se não for de confiança finge que não é nada com ele para não ser apanhado. Escusado será dizer que o Corvo quer é distância das gralhas;
- Gralha: o queixinhas. Na escola é aquele que diz sempre à professora quem é que fez as coisas quando ninguém se acusa. No mundo do trabalho é aquele que dá ao patrão as listas com os que vão fazer ou fizeram greve. E no mundo familiar é aquele que nunca participa nas brincadeiras e ainda denuncia aos adultos quem é que fez o quê. Claro que faz isto acompanhado de uma voz estridente que só dá vontade de o espancar ininterruptamente;
- Tucano: o emigrante exótico que ao princípio toda a gente na tua rua olha de lado, mas depois de ver que é de confiança até o convidam para as festas, ou porque canta bem ou porque sabe contar boas piadas. Se não fizer nem uma coisa nem outra bem, só é convidado porque nunca roubou ninguém apesar de ser imigrante;
P.S.: Quanto aos bois-almiscarados, já que falei neles ali em cima há uma palavra que gostava de deixar em relação a esse animal: são bois. Até deixei duas, por isso estou extremamente generoso no que toca a animais ... Menos com as cabras.
ressalva...foste mais contido com os bois do que com as cabras...deixaste muitas mais palavras para elas, mas merecem, regra geral, reconheço...
ResponderEliminarPrometo, à semelhança do que fazem 95% de blogs cujos autores são moças, fazer uma publicação só a falar de bois num futuro próximo.
EliminarAh...boa tarde, já agora...não custa ser educada...
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