quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Coisas que detesto nos canais de televisão


Também detesto estar muito tempo sem dizer nada mas teve que ser. Perdi um montão de apostas por causa de boxe e nem conseguia pensar em mais nada senão em maneiras de arranjar o dinheiro para pagar. O pior nem eram as apostas com o Gary que eram 10€ ou um casaco de couro. O pior foi mesmo quando me pus a apostar contra o Júlio Facadas e contra o Ramalho Drogas, que esses se não lhes pagasse ameaçavam-me com maratonas de «O Sexo e a Cidade» ou obrigavam-me a ver o programa do Goucha de manhã e o do Malato à tarde e à noite apresentar-lhes um resumo do que se tinha passado nos programas. Ver tanta televisão fez-me pensar finalmente num tema. Eis o que detesto em canais de televisão:



  • Discovery Channel: parece que gozam com as pessoas. Um canal que devia ser de descobertas científicas e da Natureza e dá um programa chamado «Caçadores de leilões»? Mas que merda é esta? Isto é alguma descoberta? Ainda por cima aquilo é tudo feito, que é daqueles programas que eles comentam as coisas em estúdio, como se fosse em tempo real mas já aconteceu tudo. Por outro lado, tem também um programa excelente sobre mineiros, mas o dos leilões estraga tudo;

  • Canal História: no outro dia, estava farto das modernices dos casacos floridos do Goucha e mudei para o Canal História, podia ser que estivesse a dar um documentário qualquer dos Incas ou dos Romanos para descontrair. Mas eis que apanho a dar documentários a prever o futuro e a falar sobre tecnologias recentes. Mas onde está a história nisto? Parece o canal da Maya, de prever o futuro das pessoas e do mundo;

  • Touro Bravo: estou eu à espera de um canal sangrento, em que se vissem mesmo os touros a combater entre eles ou a encontrarem pessoas na rua e a desfazê-las e está sempre a dar a mesma coisa! Um anúncio a dizer «Quer este canal? Então ligue para o 800 e tal, 800 e qualquer coisa, 800 e não sei quê». Grande porcaria de canal!

  • Odisseia: pensei eu que seria um canal de escape à realidade, que retratasse mundos paradisíacos ou sociedades perfeitas. Mas não, aquela porcaria só tem programas reais, com pessoas reais e problemas reais. Fala de superpopulação, do mundo do sexo e dessas porcarias todas do dia-a-dia. Grande mentira de canal. E ainda por cima dá sempre coisas de chineses e de outras nacionalidades que não são chineses mas toda a gente lhes chama chineses;

  • Zone Reality: este é o oposto do «Odisseia». Num canal em que devia esperar coisas reais, vidas reais, de pessoas reais, é tudo inventado e tudo feito, parece o «Hollywood 2». Onde é que eles fazem os castings para aquelas pessoas que vêem para a televisão dizer que viram fantasmas ou onde é que eles alugam aqueles carros da polícia para entrarem pela casa das pessoas dentro e bater-lhes? É assim, tinha a sua piada se visse isso no «Hollywood» mas num canal que supostamente retrata a realidade, ver coisas inventadas faz-me detestar o canal;

  • Canal Panda: uma das maiores desilusões que já tive. Pensei que fosse mesmo um canal de pandas, sei lá, tipo um panda a apresentar as notícias e um urso pardo como o moço da meteorologia. Depois tinha painéis de comentadores com ursos polares, cangurus e koalas. Um programa de culinária e alimentação saudável com raposas e orangotangos. Isso sim tinha piada e era um verdadeiro canal de pandas. Ou de animais. Não interessa, agora só dá bonecada e os animais dos desenhos animados ou são polvos gigantes ou cães, não há mais nada;

  • Baby TV: bela maneira de fugir à polícia esta. Penso eu que há um canal dedicado a bebés, para os manter entretidos e é um canal para os drogados, para aqueles tipo o sobrinho da Edite da papelaria, que vai para aquelas festas, compra as drogas ao Ramalho Drogas e depois chega a casa e em vez de ir dormir vai ver televisão, o Baby TV. Ele e os amigos dele. Depois chamam aquilo uma «after-hours» ou lá como é, a verem quadrados amarelos transformarem-se em bolas vermelhas enquanto um lagarto verde desce pelo lado direito do ecrã;

  • Chelsea TV: é assim, eu não gosto de pornografia porque acho que nos aumenta demasiado as expectativas em relação às moças e todos queremos arranjar alguma que seja tão atraente como as que aparecem na maioria dos filmes, mas não deixo de gostar de ver as moças que aparecem nesses filmes. Uma vez o Teófilo falou-me numa actriz pornográfica chamada Chelsea. Disse-me ele que passou um mês fechado em casa a ver os filmes todos dela e sabia as falas de cor. Quando vi que o meu pacote de televisão tinha este canal pensei que era um canal dela, que mostrasse fotografias, vídeos e a biografia dela. Mas não, aquela porcaria é só futebol, reportagens e sempre sobre o mesmo clube. Que porcaria. 





P.S.: Curiosamente, destes todos, tenho visto mais vezes o Chelsea TV. Até comecei a gostar dos gajos por ver tantas vezes o canal deles. Depois de um dia a ver o Goucha de manhã e o Malato de tarde, sabe bem voltar a sentir-me homem e já que o canal não é de uma actriz pornográfica, ao menos é de futebol. Tenho é que telefonar para a assistência técnica porque eles falam uma língua esquisita e ainda por cima não vem legendas, como vem no Hollywood ou na Fox.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Às vezes penso que me corre tudo mal


Surpreendidos por me verem outra vez em tão pouco tempo? Pois, também eu. Mas tive que voltar aqui para desabafar com vocês. É com vocês ou convosco? Ou estão as duas certas? Nunca fui muito bom a Português, tirei sempre 3. O meu irmão tirou 4, teve sorte por eu já ter feito Português para mim e já sabia a matéria toda, quando fiz por ele consegui tirar 4. Mas porque vim desabafar com vocês? É simples, uma vez tive um diário e o meu irmão andava sempre a lê-lo, além disso o meu pai e o meu tio davam-me sempre grandes coças porque diziam que o diário era coisa de miúda adolescente. Também já disseram que quem escreve num blog é paneleiro, mas já falei falei com o Gary sobre isso e não é bem verdade. Tirando o Ramiro, esse sim, tem um blog e é homossexual.

Escrevo então por uma coisa muito simples: finalmente convenci o meu tio a dar uma vista de olhos pelo blog para conhecer os meus amigos e ver que até tenho amigos divertidos. Fiz isso porque ele tem um amigo que tem um bar e se ele achasse piada, podia falar ao amigo e o Gary ia lá contar umas piadas. Pelo menos o meu tio diz que sempre que vai lá ao bar sai de lá com um sorriso na cara, por isso pensei que o Gary podia tentar a sorte dele. Pedi-lhe a primeira vez e ele espetou-me um soco na cara. Pedi-lhe a segunda e ele deu-me um pontapé nas costelas. À terceira vez não ouviu porque estava ao telemóvel com uma tal de Carla, que trabalha lá no bar e o meu tio pediu-lhe para desta vez ser mais agressiva. Devia ser especialista em humor negro, o Gary também é muito bom nisso.

À quarta vez ele pediu-me 40€ para ver o blog. Ainda hesitei mas dei-lhe. Ele disse-me que graças a mim sabia que se ia divertir mais logo, no bar. Fiquei mesmo entusiasmado, de certeza que ele ia falar ao Gary para lá ir depois de ler os textos dele. Mas o pior veio depois: mal lhe abro o blog vejo um texto sobre pornografia e ser actor pornográfico. O meu tio começou-me logo a olhar de lado. Sugeri passar esse à frente e ele concordou. Mas o que veio a seguir ainda foi pior... Falava de ter herpes ou ser preto. Aí o meu tio perdeu a paciência e deu-me uma grande coça. O meu irmão ia a passar para a cozinha para ir lanchar mas viu aquilo e também foi ajudar o meu tio. 

Quando eu pensei que não podia piorar, o meu irmão passou ao próximo texto, que era o meu. Leram duas linhas e disseram que eu não tinha piada nenhuma. Tentei explicar-lhes que isso era só a introdução, para preparar as pessoas para o que vinha a seguir, que isso sim era o que tinha piada. Enquanto o meu irmão me espetava outra grande coça a perguntar quem é que eu pensava que era para lhe estar a ensinar como se escreve um texto quando ele teve melhor nota que eu a português, o meu tio foi lendo. Parou a meio e pediu ao meu irmão para parar de me bater. Fiquei entusiasmado, talvez o meu tio tivesse achado piada ao meu texto!

Depressa percebi que estava enganado. O meu tio espetou-me uma coça ainda maior que a que o meu irmão me estava a dar. A razão, segundo ele, era que eu trabalhava no talho e nunca fui capaz de lhe dizer que o meu ex-patrão encavava moças em cima dos rosbifes congelados. «Por isso é que aquela merda me sabia mais a pimenta!» ou «E garantias-me tu que eram fresquíssimos!» foram coisas que me dizia enquanto me batia. Mas nesta última tive que o interromper, ele estava errado. Claro que os rosbifes eram fresquíssimos. Se eram congelados, mais frescos não podiam ser. Mas o meu tio não percebeu isso e continuo a espetar-me grande coça. Só parou quando lhe ligaram lá do bar com a tal Carla a dizer que o espectáculo ia começar mais cedo. Ainda pensei perguntar se podia ir ver que tipo de humor se usava mais no bar, mas não achei que ele estivesse na melhor disposição.

O meu irmão foi lanchar, o meu tio foi para o bar e eu fui à casa de banho passar um bocado de Betadine nas feridas e ler uma revista, por acaso nisso gosto de viver cá em casa, tem sempre revistas na casa de banho e dá para uma pessoa se distrair um bocado. Para verem como me distraio com as revistas, tinha acabado de levar duas grandes coças e nem me lembrei disso por estar a ver o que ia acontecer ao Coronel Geôncio quando a Firmina descobrisse que ele tinha comprado o anel de diamantes ao Justino, o filho do Tenente Pereira, o grande rival da família de Firmina. Adoro esta novela. Pena nunca a ter visto sem ser na revista, porque a única vez que vi aquilo na televisão já sabia o que ia acontecer e perdeu a piada toda. 





P.S.: Continuo sem trabalho. É verdade. Candidatei-me para ser segurança numa loja mas quando fui lá e disse que me ia candidatar para segurança riram-se de mim e mandaram-me embora. Ainda me obrigaram a comprar alguma coisa para não terem prejuízo comigo. Também me candidatei a ser porteiro de um prédio mas ainda ninguém me disse nada. Pensando bem, espero que não digam, estar sempre a abrir e a fechar a porta, num movimento repetitivo, 8 horas por dia, ia ter que gastar um montão de dinheiro em pomadas para os pulsos e fazia entorses num instante. Que saudades do talho ... Quero voltar a trabalhar num talho! E vou voltar a trabalhar num talho! Tenho saudades de andar com um cutelo no bolso. Ainda no outro dia só não me assaltaram porque o meu irmão me mandou ir nu buscar uma encomenda aos correios.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Como me tornar um actor pornográfico?


Eu sei que disse que variávamos as temáticas aqui no blog só que hoje apetece-me falar de pornografia. Mas já agora, desde quando é que alguém liga ao que eu digo? Pensei que tinha perdido a credibilidade quando disse que achava que o Capitão Iglo metia a pila em todas as caixas de douradinhos. Se não a perdi na altura, sou capaz de a ter perdido agora, mas adiante. Já me disseram que não aprendo com os erros, mas ninguém aprende. Se eu tivesse aprendido com os erros, hoje sabia a tabuada toda mal.

Não sei bem o que é isso de aprender com os erros. Mas sei bem o que é aprender com a pornografia. Basicamente, a pornografia é como os desenhos animados: está carregada de mensagens implícitas e metáforas. Claro que a diferença para os desenhos animados é precisamente a quantidade de coisas explícitas na pornografia, além de que as vacas, os porcos e as cabras são muito mais humanas na figura e muito mais animais nos comportamentos.

Mas uma dúvida me tem assaltado ultimamente sobre a pornografia: como é que alguém tem a sorte (sim, a sorte, ainda que dependa do tipo de filme que se faz) de se tornar actor pornográfico? Eis algumas das minhas dúvidas:


  • Há castings para se ser actor pornográfico? E se há, onde estão publicitados? É que os castings para as moças existem ao pontapé mas e para moços? Parece um circuito muito fechado e com poucas oportunidades para um moço normal, com sonhos e ambições;

  • Como é que se entra no meio? É por cunha ou por tradição familiar, tipo o pai ter sido actor pornográfico ou um tio? Será que é preciso cartas de recomendação das moças que já encavei e é necessário apresentar certificados de qualidade?

  • Se eu quiser investir numa carreira no ramo tenho que fazer um portefólio com fotos minhas e vídeos a encavar moças? Vocês fazem ideia do difícil que é convencer uma moça a deixar-se filmar? E depois mandava para quem? Alguém conhece algum realizador pornográfico por acaso? É que assim fazia o portefólio para nada ...;

  • Enquanto actor pornográfico devia ser um agente livre ou procurar uma pessoa que me agenciasse e me abrisse as portas do meio? E o meu agente tinha que ser um ex-actor pornográfico ou podia ser um familiar ou um amigo meu?

  • Que investimentos teria de fazer para me manter actualizado em relação ao meio da pornografia? Ter uma mentalidade no ginásio, adquirir sempre as versões mais actuais do KamaSutra, pagar a mensalidade da PlayBoy e do Venus TV, ver os episódios todos do «Rancho das Coelhinhas» e ser membro registado do «Brazzers» chega? Ou precisava de mais?

  • Existe um sindicato específico aos actores pornográficos para salvaguardar os seus interesses? Ou é o mesmo dos outros actores todos? Qual é a acção do sindicato? Paga-se mensalidade? Faz-se greves e protestos? E quem é o líder do sindicato, alguém do meio pornográfico ou um burocrata experiente e bom negociador?

  • O que se punha num currículo para me apresentar no meio? A quantidade de filmes pornográficos que já vi? O número de moças que já encavei? Fotos e vídeos das moças, com testemunhos delas sobre o meu desempenho? Lista das posições em que me saía melhor e hetero-avaliações? E o currículo tinha de ser modelo europeu, modelo internacional ou podia ser personalizado da maneira que eu quisesse?

  • Há workshops para enriquecer o currículo? São acessíveis ou pagam-se fortunas para lá ir e nem sequer ajudam no alojamento? Estes workshops têm muita componente prática ou são daqueles seca em que só se fala e se vê Power Points? Existem workshops desses em Portugal ou é só no estrangeiro?

  • A sociedade discrimina um actor pornográfico ou trata-o bem? É que no outro dia vi o Ricardo Carriço a comprar 2 garrafas de azeite no supermercado e quando ia a pagar a da caixa disse que não era nada! E o Tolentino já viu o Nicolau Breyner a tomar uma meia de leite e uma torrada num café e o dono, no fim, ofereceu. Tudo regalias! Também é assim para os actores pornográficos?




Uma vez disseram-me que eu era infantil. Foi uma ex-namorada minha. Na altura não usou argumentos, só disse que eu era infantil, por isso não acreditei. Outra disse-me que eu fazia muitas perguntas e parecia que ainda estava na idade dos porquês. Mas esta não é uma ex-namorada, já ia ser a mais. Agora que penso até foi a mesma que disse. Mas não interessa, porque uma coisa é certa, quero ver quem é que me vai chamar infantil quando me responderem a estas perguntas e eu me tornar um actor pornográfico. Depois bem me podem pagar um armário como eu vi oferecerem ao José Raposo quando ele foi ao IKEA.





P.S.: Se alguém me responder a estas perguntas e estiver no meio da pornografia, que me deixe o endereço de e-mail para eu lhe mandar o meu «book». Já tenho algumas fotos no Facebook desse ensaio que fiz com o João Rôlo, quando ele disse que eu podia ser a nova cara do «The Famou's Grouse». Claro que isto foi antes de eu descobrir que ele devia 50 contos ao Rebelo da mercearia e de me ter afastado dele. Claro que depois de me afastar dele ninguém me convidou para nada, só o João Rôlo me convidou para a festa de anos dele, em que a entrada na festa era 50 contos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O que é que ter herpes e ser preto têm em comum


Já aqui falamos de racismo. Hoje não vamos falar bem disso mas mais ou menos. Não se podem queixar da repetição de temáticas aqui no blog porque até vou variando. Menos naquela vez que foram 4 ou 5 textos seguidos sobre cinema, aí admito que não houve muita variedade, mas era só para chatear o Tolentino. Se se quiserem queixar de alguma coisa podem-se queixar do texto do Jorge Abel, que era só linhas e linhas, sem pontinhos para arejar o panorama. Depois vem-se queixar que ninguém leu, mas alguém tem paciência para ler tanta coisa? Parece que estamos em Português, a dar os «Lusíadas» ...

Mas adiante que falar do texto do Jorge Abel enerva-me. Nem me avisou que ia escrever para eu alertar as pessoas. Só me ligou a dizer que já tinha escrito um texto e para eu fazer os sublinhados e partilhar. Parece aquelas pessoas que dizem «não leves a mal o que te vou dizer mas és um grande filho da puta». Obrigadinho por avisarem! A sociedade não evoluiria se não fossem pessoas como vocês a avisarem dos actos que iam cometer. O Jorge Abel fez igual, mas pior, porque não me envolveu só a mim mas também ao Tolentino, ao Teófilo (apesar de tudo ainda o considero um colaborador) e às pessoas que vêm ler.

Não me posso enervar tanto que ainda volto a ter uma úlcera. E sempre que tenho uma úlcera dá-me uma reacção alérgica que me rebentam feridas nos lábios, que toda a gente diz logo que é herpes mas não é. O que me fez pensar que ter herpes e ser preto deve ser mais ou menos a mesma coisa. Vejam lá porquê:


  • Quando uma pessoa tem herpes (ou outras feridas no lábio que parece herpes mas não é!) é tão julgada pela aparência como se fosse preto. Num caso as pessoas pensam logo que és promíscuo, no outro pensam que és burro ou criminoso;

  • Quer se tenha herpes ou se seja preto, qualquer pessoa que passe por ti na rua que não tenha uma coisa, nem seja a outra se sente automaticamente superior a ti e pensa que te pode passar à frente nas filas dos bancos ou que não te pode apertar a mão com risco de apanhar doenças;

  • Quando se tem herpes, as pessoas não sabem nada sobre ti mas enquadram-te logo num estereótipo: és um badalhoco. Ao menos nisso, ser preto é mais completo porque há uma gama muito mais ampla de estereótipos associados mesmo sem saberem nada de ti além da cor da pele;

  • Independentemente do que se seja ou faça, quer se tenha herpes ou se seja preto, as pessoas que não te conhecem de lado nenhum acreditam plenamente que não vales nada, não fazes nada de jeito e és um lixo da sociedade;

  • Quando se tem herpes as pessoas que passam por ti na rua pensam que nunca se envolveriam com uma pessoa como tu, com herpes. Nisto ser preto é um bocadinho pior, porque além de pensarem que não se envolveriam contigo, desejam que os filhos também nunca se envolvam e que ia ser o maior desgosto da vida;

  • Quando se tem herpes ou se é preto as pessoas sentem repugnância em falar contigo, em olhar para ti ou em tocar-te. Apertam a mão ao arrumador que lhes pede um cigarro e dão beijos ao cão, mas não querem correr o risco de apanhar a mesma doença que tu (mesmo que não seja herpes e seja só uma reacção a uma úlcera!);

  • Consegues facilmente ver que uma pessoa sente nojo de ti quando tens herpes ou quando és preto por algumas expressões faciais impagáveis e que davam excelentes fotografias para o Cartão do Cidadão (em vez daquelas tipo passe que parece que foram tiradas na cadeia). Mesmo que as pessoas digam que não faz qualquer diferença, só o fazem para não serem consideradas discriminadoras;

  • Quando se tem herpes ou se é preto, o discurso é o mesmo: «Volta para a tua terra!». Em ambos os casos não sei bem de que terra falam, se há uma espécie de «Planeta dos Pretos» ou «País do Herpes» em que vivam lá todas as pessoas que sejam uma coisa ou tenham a outra. O certo é que essa terra pode ser em qualquer lado menos no mesmo sítio que essa pessoa que disse essa frase;

  • Quando se tem herpes ou se é preto é-se distinguido por essa característica. Ninguém se refere a ti pelo teu nome, profissão ou talento mas por «aquele teu amigo que tem herpes» ou, mais popular, «aquele teu amigo preto»;

  • Por último, quer se tenha herpes ou se seja preto, o rótulo é igual: é uma pessoa diferente. Uma ferida no lábio ou uma cor de pele é o suficiente para se considerar isso como uma característica da personalidade.


Como vêem, não sou preto mas sei bem o que eles sofrem, porque graças à merda das úlceras, tive uma reacção que me provocou umas aftas no lábio, que rebentaram, e toda a gente pergunta se tenho herpes. E os que não perguntam é porque o assumem e tentam não me tocar ou não falar comigo para eu não lhes pegar através do olhar. Quase que dizia que eu e os pretos estamos no mesmo patamar mas não é bem assim. Eles têm a «Liga contra o Racismo», no futebol estão sempre a ameaçar que castigam as equipas se houver racismo e uma pessoa pode ir presa se for racista. Quer dizer, pelo menos se matar um preto acho que vai presa e isso é ser racista. Mas ninguém vai preso por me discriminar por causa das feridas que tenho no lábio que toda a gente pensa que é herpes mas não é!




P.S.: Usei muitas vezes a palavra «preto» no texto mas isso não é ser racista. Racista era dizer «escarumba», «barrote queimado», «diferente», «ser inferior», «coitadinho» ou «chocolate». Racista também era dizer que o único motivo pelo qual tenho herpes é porque existem pretos no mundo. Mas não sou humorista, não podia mandar piadas destas. Também não sou racista, pelo contrário, sei o que eles sofrem e até estou do lado deles, como podem ver por este texto. Claro que esta ferida me vai passar daqui a 2 ou 3 dias e nunca mais me lembro disto, mas o que interessa é o aqui e agora e, neste momento, estou do lado dos pretos.


sábado, 19 de janeiro de 2013

Não sei se se lembram de mim mas vou arriscar.


Parece que o Gary agora só é amigo do Tolentino não é? Mas eu também existo. Até fico chateado quando chego aqui e vejo histórias deles os dois a apostar em combates de boxe. Não por não me terem convidado, porque convidam. Eu também não percebo nada de boxe, vale socos mas não vale pontapés nem cabeçadas. Uma vez tive um combate na rua e o moço com quem lutei usou socos, pontapés, cabeçadas e cotoveladas. Ainda percebia menos que eu de boxe mas a verdade é que me ganhou e ainda me levou a carteira no fim.

Mas bem, decidi voltar aqui agora que tenho mais um tempinho livre. Andei a trabalhar numa coisa que nunca pensei que fosse fazer na vida mas que ao fim e ao cabo era o meu emprego de sonho. Trabalhei num talho. Comecei por ser só moço de recados, que ia levar os sacos pesados a casa das pessoas. Quanto mais as pessoas me conheciam mais parecia que pediam mais carne para os sacos irem mais pesados. O pior é que às vezes chegava a casa das pessoas e via lá marmanjões, com muito mais cabedal que eu, que podiam muito bem ir buscar os sacos ao talho, mas não, mandavam-me a mim lá. E ainda por cima esses nunca davam gorjeta. Nisso gosto das velhinhas, essas dão sempre uma moedinha, ainda que exijam sempre um beijinho.

Depois passei a ajudar no talho. Cortava a carne, fazia as encomendas, atendia as pessoas quando o patrão ia encavar uma moça para a arca frigorífica, vendia rissóis e ia aos supermercados buscar molho de francesinha para vender lá no talho como se fosse nosso. Adorei esta fase. Não tanto como o patrão que todas as semanas era uma moça nova, não sei onde é que ele conhecia tantas moças mas de certeza que não era no Facebook, que eu tenho isso há 3 anos e nunca conheci nenhuma moça por lá. O que eu gostava mais era que podia levar o meu cutelo do talho para casa para lavar com detergente e tirar as manchas de sangue.

Isto de levar o cutelo para casa era uma coisa maravilhosa. Não houve um único gandulo que me viesse arreliar. Mal passasse algum a olhar para mim com aquele ar de que me vai assaltar, sacava do cutelo e ameaçava-o logo. Era vê-los a correr, os cobardes. Um dia antes de levar o cutelo comigo fui assaltado por aquele moço que não sabia as regras do boxe, desde que levei o cutelo nunca mais o vi nas ruas. Dizem-me que o moço não era daqui da cidade e só veio cá assaltar pessoas, mas eu cá acho que foi por causa do cutelo. Ninguém quer ser cortado como um vitelo ou um porco. Quem me disse isto foi lá o Paulo que trabalhava comigo, que uma vez a cortar fiambre cortou dois dedos e teve mais dores do que quando foi remover o apêndice.

Sim, eu disse «trabalhava». Infelizmente já não trabalho lá. Não deixei de trabalhar lá por ceder à pressão do meu irmão que dizia que eu passava o dia «a mexer em carne ao dependuro». Eu não achava piada aquilo mas os amigos dele achavam um piadão. A isso e a espancarem-me sempre que eu chegava do trabalho. Com estes não podia usar o cutelo. Aliás, se o meu irmão descobrisse que eu andava com o cutelo do talho no bolso ainda me tirava quando eu tivesse a dormir e ia brincar aos Faquires. Ele tem a mania de brincar a isso já desde miúdo. Uma vez obrigou-me a pôr uma maçã em cima da cabeça e a ficar quieto para ele atirar uma faca e acertar na maçã, só que acertou-me na perna. Aquilo deu-me umas dores inacreditáveis, agora pensem se fosse com o cutelo do talho ...

Tenho saudades do talho. Também tinha saudades de escrever aqui mas tenho mais saudades do talho. Primeiro porque era um bom talho, com bons preços, boa qualidade da carne, ainda que o patrão encavasse sempre as moças em cima dos rosbifes congelados. Ele dizia que assim o sabor do bacon ficava mais intenso. Nunca percebi bem o que ele fazia com as moças mas elas pareciam gostar que iam lá quase todos os dias à mesma hora. Era um talho que vendia gelados, rissóis, lombinhos de pescada, ou seja, dava para todos os gostos. Infelizmente a inspecção fechou aquilo não sei bem porquê. Depois também tenho saudades do talho porque agora que estou desempregado (e nem sequer me deixaram ficar com o cutelo ...) o meu irmão e o meu pai voltaram a dar-me cargas de porrada por estar desempregado e não andar a trabalhar. Mas ao menos voltei a escrever no blog! Não da maneira que vocês estão habituados, como o Gary faz, com aqueles pontinhos todos para facilitar a leitura, mas também não podem pedir muito mais, já não escrevia cá há meses.





P.S.: Se algum de vocês que lê o blog tiver algum trabalhinho para mim diga-me, por favor. Não sou habilitado a grande coisa mas sou esforçado e não me queixo muito. Só peço que me paguem alguma coisinha, me emprestem um cutelo para andar na rua e que me dêem meia horita para almoçar, é o que demoro para comer a minha taça de Chocapic Duo. O meu tio tem razão, é muito melhor que Chocapic. Mas continuo a achar que veio depois do Chocapic, porque senão o Chocapic Duo é que se chamava Chocapic e o Chocapic chamava-se para aí «Chocapic 2».

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nomes para canais de televisão


Sim, sou eu a voltar aqui. Tendo em conta o tempo que demorei a escrever um texto novo não tenham expectativas muito elevadas em relação a este. Até porque nem eu tenho. Só me apetece carregar já ali no botão que diz «Publicar» e pronto, já está feito, escusam de me andar a pressionar no Facebook para escrever coisas novas. Aqui está uma coisa nova. Satisfeitos?

Mas antes de ir ali ao «Publicar» há uma coisa que tenho que partilhar com vocês. Hoje é dia 11 de Janeiro. Na última semana o texto mais lido aqui no blog foi um que escrevi a 20 de Dezembro em que escorria sobre as letras do Tony Carreira revelarem a luta dele contra a esquizofrenia. A minha pergunta é: o texto está assim tão bom ou não posso voltar a andar na rua sossegado sem ter a possibilidade de ser atacado por um fã do Tony Carreira? Ou vai ser o Tony Carreira a pôr-me em tribunal? De qualquer maneira não quero saber, agradeço é as visualizações. Isto para as estatísticas é fantástico.

Bem, já que escrevi dois parágrafos mais vale pensar em alguma coisa para escrever aqui. Não me lembro de nada por isso vai ao calhas. Pode ser a pensar em canais de televisão com nomes como o Canal Panda ou Touro Bravo. E se houvesse mais? Qual seria a programação? Bem, este é o meu delírio de hoje:


  • Canal Pinguim: para aqueles que vêem a vida a preto e branco. Também tem uma programação talhado para aqueles que não sabem bem o que são, tal e qual os pinguins, que não se sabe se são aves ou mamíferos. Quer dizer, voam, nadam e também têm coisas de mamíferos. Porra, que indecisos;

  • Urso Polar TV: este é um daqueles canais de televisão claramente racistas mas que passa em claro e ninguém faz nada para o mudar. Tudo é branco, não há espaço para mais cores, é uma superioridade clara do branco e nada mais interessa. Tem uma audiência constante e elevada;

  • Ratazana Gorda: não é um programa recomendado para os mais sensíveis. É um canal conhecido por fazer programas no meio do lixo, mostrando-se como se pode fazer um bom aproveitamento dos restos. Normalmente corre bem, mas ocasionalmente pode acabar em porrada entre alguns dos intervenientes, a lutarem por uma lata de atum a meio;

  • TV Abutre: tem um dos programas com maior audiência no mundo desta televisão delirante que eu inventei agora mesmo. Esse programa baseia-se em pessoas que vão para a televisão mostrar como se aproveitaram dos restos e das coisas de amigos, conhecidos ou desconhecidos. Ainda o episódio de ontem foi um que denunciou o primo, que era traficante, o primo foi para a cadeia e ele ficou com a mulher dele;

  • Canal Dinossauro: aquele canal espectacular para adormecer e para ver quando não está a dar mais nada de jeito na televisão. Maioritariamente, a programação centra-se em factos da história mas ocasionalmente também pode haver alguns programas futuristas, mas desses ninguém quer saber. Reconstituições históricas e programas em que aparecem dinossauros é que vale a pena;

  • Bird Channel: um canal de música, em que não se percebe o que se canta, aprecia-se a melodia e escusa-se de se ouvir Lady Gaga ou Justin Bieber. E os videoclips são mais agradáveis de se ver;

  • Chita TV: também com bastante audiência, principalmente ao fim de semana quando são os Grandes Prémios. Basicamente, o canal resume-se aos programas de corridas de animais como se fossem corridas de carros ou de motas, mas entre animais. Dá os Grandes Prémios e os jogos da Taça, que é quando se fazem as corridas mais improváveis tipo ouriço contra raposa;

  • Canal Zoo: toda a gente critica este canal mas a maior parte do mundo o vê. Basicamente só tinha um programa, em que se visitavam Zoo's de diferentes cidades do Mundo, um por cada 6 meses. Colocavam-se câmaras e microfones em todas as partes do Zoo, todas as semanas havia uma gala de nomeações e ao domingo uma de expulsão. Quando houvesse um vencedor ia-se para outro Zoo;

  • Canal Tigre: para os amantes da caça este era o canal perfeito, onde podiam ver um bando de tigres a caçar zebras, javalis, búfalos, gazelas, letões (da Letónia) e pessoas. E às vezes com programas em directo, o que aumentava ainda mais a audiência;

  • Texugo Channel: este canal surge em resposta ao «Urso Polar TV», sendo direccionado para os indivíduos segregados por esse outro canal. Mostra a sua cultura, os seus costumes e é visto pelos seus elementos e por outros que só querem ver o canal para terem material para os enxovalhar.


Um canal exclusivamente só para vacas ou cabras não se justificaria, a oferta já é vastíssima na televisão, seja nos canal de sinal aberto, seja nos do cabo. Para bois há menos oferta na televisão mas há uma secção na Internet especialmente dedicada a ver os bois fazerem o que querem e o que lhes apetece das vacas. Mas adiante, que não vamos falar de pornografia hoje. Pelo menos hoje, se me começar outra vez a faltar assunto para escrever é sempre um tema com vários pontos de vista. E quando digo pontos de vista não estou a falar das posições sexuais, pervertidos da merda. Já parecem aqueles que chegam aqui ao blog através de pesquisas tipo «gordinha de fato de treino». 



P.S.: Satisfeitos? Escrevi contra a minha vontade, sem inspiração nenhuma e sem pensar muito. Saiu isto, por isso não me critiquem a dizer que este texto está fraquinho. Claro que está! Se nem quando penso nas coisas sai em condições, quanto mais assim à toa, só mesmo para vos fazer a vontade. Não queria acabar esta nota final sem dizer o seguinte: Tony Carreira, se foste uma daquelas pessoas que inundou o blog para ler o texto que escrevi sobre ti a 20 de Dezembro, e me achaste piada, podes sempre contratar-me para alegrar o início dos teus espectáculos. Como as pessoas no fim vão chorar e vão, sempre se podem rir antes um bocadinho. Tens de começar a não ser tão cruel senão começas a não encher os pavilhões para os teus concertos ...

sábado, 5 de janeiro de 2013

A semi-amiga chata que muita gente tem


Ninguém achou piada ao meu programa de televisão. Não vos censuro, é natural haver gente a gostar mais do Goucha ou de telefonar para a Maya ler o vosso futuro. E só não digo que gostam dos Morangos com Açúcar porque isso já acabou. Assim, embalado por estes programas, fiz «O Rancho dos Bois», que se enquadra bem na definição de televisão: dar notoriedade a anónimos, entreter pessoas cujo sonho é serem famosos através de algum programa de televisão, criar um programa vazio de conteúdo e em que, ao fim e ao cabo, tudo fosse dar  ao sexo. Se fosse o da Endemol a criar isto era um génio, mas como foi um perturbado mental ninguém liga.

Mas adiante que não vou falar de televisão hoje. Nem sequer vou falar no moço do Cazaquistão que voltou a fazer das suas no boxe, ou seja, arrumou com uma grande pêra um húngaro e o Tolentino teve que me pagar mais 10€. Também não vou falar de filmes nem escorrer sobre o porquê de haver canais com nomes de animais, tipo Panda e Touro Bravo. Vou sim falar de algo concreto, real e que me acontece quase todos os dias. Para não perderem o interesse aqui, digo que aposto que também vos acontece.

De que será que vou falar então? Simplesmente da semi-amiga (porque não passa disso mesmo, não há ligação entre nós) chata, teimosa e insistente que muita gente tem, inclusive eu. Falo obviamente da Vodafone. Leiam lá os argumentos:


  • Nunca lhe dei o meu número, não me lembro sequer de ter trocado o número com ela numa noite em que estivesse mais bêbado, mas ela tem o meu número e manda-me sempre mensagens;

  • Nunca lhe respondi às mensagens mas mesmo assim não me consigo livrar dela. Volta e meia lá vem uma mensagem da Vodafone, à qual eu nunca passo cartão. Aliás, mal vejo que é da Vodafone apago logo;

  • Tenho sempre a sensação que as mensagens que me manda não são personalizadas. Além de ser chata, manda sempre daquelas mensagens correntes para a lista toda;

  • Sempre que me manda mensagem trata-me por tu, como se me conhecesse bem e tivéssemos uma grande relação. E faz-me perguntas do género «alguma vez perdeste o teu telemóvel?», mesmo a meter-se na minha vida e a querer saber mais do que deve;

  • Acredito sinceramente que quando me manda mensagens com informações pense que está a ser útil para mim, mas não! Só chateia e é impertinente;

  • Quando estou à espera de uma mensagem importante ou da resposta de outra pessoa, vou de gás ver quem me mandou mensagem e lá está, mensagem da Vodafone. Parece que adivinha esses momentos e faz de propósito;

  • Todos os meses me vem com a mesma conversa e manda-me uma mensagem de uma coisa que eu nem sei o que é, a falar-me da factura electrónica ou lá o que é aquilo. Deve ser tipo aquelas coisas do Clube Jamba, que querias o toque polifónico do Crazy Frog e quando davas por ti já tinhas saldo negativo;

  • Às vezes tenta seduzir-me e convida-me para ir ao cinema, diz que nem preciso de pagar. Uma vez o Jorge Abel recebeu uma igual e feito burro foi ter ao cinema e quando chegou lá viu mais uns 500 moços na fila. Além de chata é desesperada;

  • Volta e meia faz aquilo que eu conheço pela carta do desespero clássica: convida-me para festas. Claro que eu nunca vou e nem lhe respondo;

  • Nunca a vi pessoalmente, nunca tive sequer uma conversa com ela por mensagens, mas acredito que seja uma moça extremamente necessitada e que precise de agarrar as pessoas à força.


Para entenderem como eu estou correcto, basta verem como esta tal de Vodafone se acha importante. No outro dia recebi uma mensagem (outra vez, foi para aí a 5ª em 2 semanas) e quis responder para lhe dizer que não queria saber do que ela achava e para não me chatear mais. Mas não consegui responder porque não tinha número! Só aparecia o nome «Vodafone» e sem número atribuído... E depois, pior que isso, é necessitada o mês todo, até me convida para o cinema e tudo, mas volta e meia vem com ameaças, que se eu não carregar o telemóvel no prazo de 5 dias me corta a comunicação. Digam-me lá se isto não é o desespero a falar mais alto? É assim que conquista as pessoas, através de ameaças? Queria-te ver a ameaçares o Júlio Facadas, isso é que era bonito. A tua sorte é que ele é TMN.





P.S.: Este post não foi feito com o intuito de alguma moça vir aqui, achar-me piada e pedir o meu número só porque sou 91 e por isso as mensagens são grátis. Mas, caso essa possibilidade aconteça, pode sempre deixar o número nos comentários porque, já que eu sou o único a lê-los, não há possibilidade de mais ninguém ficar com o número. E prometo que mal veja apago logo, que assim o Tolentino ou o Jorge Abel escusam de ficar com o número e fazerem-se passar por mim.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Rancho dos Bois


É isto o novo ano? Está tudo igual! Pensei que mudasse alguma coisinha, tipo o Verão começar a 6 de Março ou toda a gente ficar com um terceiro olho, tipo o que o Tenshinan tinha no DragonBall. Mas só durante um ano, para o ano acontecia outra coisa. Assim só mudam os números. Que porcaria de ano novo, igual ao ano passado. Deve ser isto que sente um habitante do Lesoto, todos os dias iguais, nada muda, sempre medíocres e sempre incógnitos. É melhor nem falar mais do suposto novo ano senão ainda começo a sentir compaixão pelo Lesoto e não quero nada disso.

Outra coisa que não gosto na altura do ano novo é que não dá nada de jeito na televisão. Os filmes são todos moralistas com mensagens bonitinhas sobre o que é a bondade e supostas lições de vida que agoniam qualquer pessoa. Depois há as missas, os concertos de ano novo, os programas especiais, as revistas do ano passado, sempre a mesma coisa e nada que se aproveite. Por isso, qual foi o meu espanto, quando apanhei finalmente um programa de jeito na televisão chamado «O Rancho das Coelhinhas». Basicamente é pornografia pura e dura mas como dá na televisão em sinal aberto pode-se ver à vontade sem se ser julgado.

Certo é que o raio do programa fez-me pensar. E se existisse um rancho das coelhinhas mas para moças, ou seja, quem trabalhava lá eram moços? Então, o sítio só se poderia chamar «O Rancho dos Bois» e eis as principais características observadas nesse programa:


  • Nos tempos livres iam estar todos a fazer torneios de PlayStation ou de Poker e sempre que a campainha tocasse por uma cliente nova ninguém ia logo, havia sempre dois que ficavam a acabar o jogo ou não apareciam porque ainda estava a meio;

  • No programa das moças elas estão sempre a entrar e a sair, estão lá 2 semanas ou um mês e saem e vem outra. No dos moços, quem entrasse ali só saía passados para aí 5 ou 6 anos. E era um emprego de sonho. As moças não, só vão ali passar um bocado de tempo e ganhar dinheiro;

  • Sempre que aparecesse uma esquisitóide ou uma daquelas que só ali poderia acalentar as esperanças de ter uma relação sexual, toda a gente ia tentar esquivar-se a isso e passar a tarefa para o outro, não ia ser como as moças do outro programa que se fazem a tudo o que lá aparece só para ganharem mais;

  • Após o final das relações sexuais, fosse o pedido qual fosse, os moços vestiam-se, desejavam o resto de um bom dia e iam tomar um banho rápido para voltar aos torneios de PlayStation, de poker ou de sueca. Não iam fazer como as moças, ficar ali para aí meia hora a conversar sobre o que fazem os pais do cliente ou onde vive;

  • Enquanto que no programa das moças elas ficam histéricas e adoram quando chega o dia de receberem mais brinquedos e geringonças para brincarem no sexo, os moços iam ter a mesma reacção quando lá fosse o responsável pela manutenção do ginásio, levar novas máquinas, mostrar novos exercícios e fazer novos planos de treino;

  • Os temas de conversa entre os moços quando não estavam a trabalhar era sobre futebol, sobre os torneios de PlayStation e quem ficou em último, sobre as moças que encavaram antes de chegarem ao Rancho dos Bois e sobre as moças que encavaram já no Rancho. Não havia nada de intrigas e de alianças pelas costas, ao menos nisso o programa das moças é mais rico;

  • Sempre que o gerente estivesse fora 2 ou 3 dias, chegava e via a casa cheia e os moços todos nos quartos com moças. Já estava a esfregar as mãos a ver o lucro mas depois reparava que as moças que estavam lá tinham ido para uma festa organizada pelos que trabalhavam lá e não pagaram nada;

  • Volta e meia, 3 ou 4 não conseguiam aparecer nos alinhamentos quando aparecia uma cliente nova numa manhã porque estavam de ressaca depois de apanharem grande farda na noite anterior. O problema é que isto acontecia sempre com os mesmos 3 ou 4 para aí uma vez por semana. Depois às vezes lá mudavam os que ficavam na cama, a ressacar, sem se poderem mexer;

  • Enquanto as moças no outro programa rezam para que vá lá um homem que só queira o serviço normal, os moços do Rancho dos Bois não se importam que vá lá uma moça que queira fazer tudo. Desde que não venha com aquelas coisas esquisitas de derreter velas ou pôr máscaras de latex, tudo bem;

  • O programa das moças já vai para aí na décima temporada. O programa dos moços só ia ter uma temporada, não ia ter audiência nenhuma porque os próprios moços, no programa deles, iam para a sala de convívio ver «O Rancho das Coelhinhas» nos intervalos dos torneios de PlayStation.



Sei que o texto não foi grande coisa mas queriam o quê? Isto é ano novo mas continua tudo igual, logo não vou investir na qualidade dos meus textos e vou continuar a fazê-los fraquinhos. Sabem o que é que era espectacular? Se cada um tivesse um ano diferente, ou seja, em vez de o Verão começar a 6 de Março para toda a gente começava só para alguns. Havia muitos inícios de ano diferentes e no ano a seguir mudava. Depois dava para fazer como os cromos, se saísse um início de ano repetido a alguém trocava com outro que não tinha tido isso. Pensamento muito complexo? Eu sei, acabei com os anti-psicóticos outra vez ...




P.S.: Não me julguem pelos programas de televisão que vejo, isso não é correcto. Julguem-me antes pela roupa que visto ou pelo estilo musical que ouço, isso é muito mais comum e mais generalizado. Ou pelos penteados que uso. Roupa e penteados chega bem para julgar uma pessoa e, se a isso, se juntar o género musical temos o quadro completo. Basta ver aqueles punks, os penteados deles e as roupas cheias de caveiras e a ouvir aquela música que é só barulho. Isso sim! Agora julgar alguém por ver um programa de televisão em que é só nudez e sexo explícito não é nada...