segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Às vezes penso que me corre tudo mal


Surpreendidos por me verem outra vez em tão pouco tempo? Pois, também eu. Mas tive que voltar aqui para desabafar com vocês. É com vocês ou convosco? Ou estão as duas certas? Nunca fui muito bom a Português, tirei sempre 3. O meu irmão tirou 4, teve sorte por eu já ter feito Português para mim e já sabia a matéria toda, quando fiz por ele consegui tirar 4. Mas porque vim desabafar com vocês? É simples, uma vez tive um diário e o meu irmão andava sempre a lê-lo, além disso o meu pai e o meu tio davam-me sempre grandes coças porque diziam que o diário era coisa de miúda adolescente. Também já disseram que quem escreve num blog é paneleiro, mas já falei falei com o Gary sobre isso e não é bem verdade. Tirando o Ramiro, esse sim, tem um blog e é homossexual.

Escrevo então por uma coisa muito simples: finalmente convenci o meu tio a dar uma vista de olhos pelo blog para conhecer os meus amigos e ver que até tenho amigos divertidos. Fiz isso porque ele tem um amigo que tem um bar e se ele achasse piada, podia falar ao amigo e o Gary ia lá contar umas piadas. Pelo menos o meu tio diz que sempre que vai lá ao bar sai de lá com um sorriso na cara, por isso pensei que o Gary podia tentar a sorte dele. Pedi-lhe a primeira vez e ele espetou-me um soco na cara. Pedi-lhe a segunda e ele deu-me um pontapé nas costelas. À terceira vez não ouviu porque estava ao telemóvel com uma tal de Carla, que trabalha lá no bar e o meu tio pediu-lhe para desta vez ser mais agressiva. Devia ser especialista em humor negro, o Gary também é muito bom nisso.

À quarta vez ele pediu-me 40€ para ver o blog. Ainda hesitei mas dei-lhe. Ele disse-me que graças a mim sabia que se ia divertir mais logo, no bar. Fiquei mesmo entusiasmado, de certeza que ele ia falar ao Gary para lá ir depois de ler os textos dele. Mas o pior veio depois: mal lhe abro o blog vejo um texto sobre pornografia e ser actor pornográfico. O meu tio começou-me logo a olhar de lado. Sugeri passar esse à frente e ele concordou. Mas o que veio a seguir ainda foi pior... Falava de ter herpes ou ser preto. Aí o meu tio perdeu a paciência e deu-me uma grande coça. O meu irmão ia a passar para a cozinha para ir lanchar mas viu aquilo e também foi ajudar o meu tio. 

Quando eu pensei que não podia piorar, o meu irmão passou ao próximo texto, que era o meu. Leram duas linhas e disseram que eu não tinha piada nenhuma. Tentei explicar-lhes que isso era só a introdução, para preparar as pessoas para o que vinha a seguir, que isso sim era o que tinha piada. Enquanto o meu irmão me espetava outra grande coça a perguntar quem é que eu pensava que era para lhe estar a ensinar como se escreve um texto quando ele teve melhor nota que eu a português, o meu tio foi lendo. Parou a meio e pediu ao meu irmão para parar de me bater. Fiquei entusiasmado, talvez o meu tio tivesse achado piada ao meu texto!

Depressa percebi que estava enganado. O meu tio espetou-me uma coça ainda maior que a que o meu irmão me estava a dar. A razão, segundo ele, era que eu trabalhava no talho e nunca fui capaz de lhe dizer que o meu ex-patrão encavava moças em cima dos rosbifes congelados. «Por isso é que aquela merda me sabia mais a pimenta!» ou «E garantias-me tu que eram fresquíssimos!» foram coisas que me dizia enquanto me batia. Mas nesta última tive que o interromper, ele estava errado. Claro que os rosbifes eram fresquíssimos. Se eram congelados, mais frescos não podiam ser. Mas o meu tio não percebeu isso e continuo a espetar-me grande coça. Só parou quando lhe ligaram lá do bar com a tal Carla a dizer que o espectáculo ia começar mais cedo. Ainda pensei perguntar se podia ir ver que tipo de humor se usava mais no bar, mas não achei que ele estivesse na melhor disposição.

O meu irmão foi lanchar, o meu tio foi para o bar e eu fui à casa de banho passar um bocado de Betadine nas feridas e ler uma revista, por acaso nisso gosto de viver cá em casa, tem sempre revistas na casa de banho e dá para uma pessoa se distrair um bocado. Para verem como me distraio com as revistas, tinha acabado de levar duas grandes coças e nem me lembrei disso por estar a ver o que ia acontecer ao Coronel Geôncio quando a Firmina descobrisse que ele tinha comprado o anel de diamantes ao Justino, o filho do Tenente Pereira, o grande rival da família de Firmina. Adoro esta novela. Pena nunca a ter visto sem ser na revista, porque a única vez que vi aquilo na televisão já sabia o que ia acontecer e perdeu a piada toda. 





P.S.: Continuo sem trabalho. É verdade. Candidatei-me para ser segurança numa loja mas quando fui lá e disse que me ia candidatar para segurança riram-se de mim e mandaram-me embora. Ainda me obrigaram a comprar alguma coisa para não terem prejuízo comigo. Também me candidatei a ser porteiro de um prédio mas ainda ninguém me disse nada. Pensando bem, espero que não digam, estar sempre a abrir e a fechar a porta, num movimento repetitivo, 8 horas por dia, ia ter que gastar um montão de dinheiro em pomadas para os pulsos e fazia entorses num instante. Que saudades do talho ... Quero voltar a trabalhar num talho! E vou voltar a trabalhar num talho! Tenho saudades de andar com um cutelo no bolso. Ainda no outro dia só não me assaltaram porque o meu irmão me mandou ir nu buscar uma encomenda aos correios.


Sem comentários:

Enviar um comentário