O blog chegou hoje às 10 mil visualizações. A princípio nem quis acreditar, pensei que era daquelas ilusões de óptica como naquela vez em que pensei que estava a lutar contra um boi-almiscarado e no fim é que percebi que estava a cortar um bife. Não sei como raio atingimos as 10 mil visualizações, tendo em conta o que para aqui se faz. Não é por mim, acredito que as 9850 visualizações dos meus textos até são poucas para a qualidade dos mesmos, mas não sei como é que os textos do Jorge Abel conseguiram atrair 150 visualizações. Nem quando numa aula de Educação Física o puseram a correr de cuecas ele teve tantas visualizações como agora. Claro que as turmas naquele tempo eram de 23, 24 alunos, não é como agora que cada turma, para ir numa viagem ocupa um autocarro inteiro.
Claro que turmas grandes tinham as suas vantagens. Por um lado, potencialmente podia copiar por mais pessoas. Na minha altura, copiava sempre pelo Gregório, que era o meu colega de carteira. Menos no 9º ano, que tive que ficar ao lado da Georgina, que era uma repetente. A Georgina era daquelas repetentes feias e que ainda por cima não compensam a falta de beleza com simpatia. Logo, era tudo mal na Georgina. Pior que isso, quando eu lhe chamava Geórgia, Tiblisi ou Kaladze (que era um jogador da Geórgia) ela levava a mal e fazia queixa à professora. Ao início ainda levei recados por causa dela, mas depois ela interrompia as aulas tantas vezes para fazer queixa de mim que foi ela que foi lá para fora. Lembro-me perfeitamente dessa aula, em Geografia, quando estávamos a dar as capitais e eu passei a aula a dizer que conhecia bem Tiblisi.
Tendo em conta as 10 mil visualizações, lembrei-me que devo ter chamado Geórgia à Georgina para aí umas 10 mil vezes. O que me levou, tendo em conta a minha capacidade superior de associar factores, a pensar neste texto e dizer-vos coisas que eu fazia 10 mil vezes (e facilmente!):
- Ver o Godzilla. Mas o original! Não me ia pôr cá a ver sequelas nem outros filmes de baixo orçamento a imitar o Godzilla mas a darem outro nome tipo «O Dinossauro Nuclear». Ainda não cheguei às dez mil vezes a ver o filme, só me faltam 9819. Quem quiser apostar comigo um milhão de euros que não consigo ver o Godzilla dez mil vezes, que deixe a morada, número do Cartão de Cidadão e a conta do Facebook nos comentários para eu ter a certeza que um dia me paga;
- Dizer palavras como «atum», «frigideira» ou «flamejante». Uma vez disse «flamejante» 56 vezes seguidas e fiquei a gostar ainda mais da palavra. Depois, descobri que à custa dessas 56 vezes o Tolentino não pode ouvir ninguém a dizer «flamejante» que perde logo a postura toda. Já nem sequer podemos ir comer ao Abílio das francesinhas porque uma vez um moço que estava a comer na mesa ao lado pediu pudim flan para a sobremesa e o Tolentino pensava que ele ia dizer «flamejante» e virou a mesa ao contrário;
- Beber Capri-Sones de Frutos Exóticos e dizer mal dos Capri-Sones de laranja, que são amargos. No outro dia fui à mercearia do Rebelo comprar 8 Capri-Sones para passar a noite em casa da Paulinha e ele só tinha lá uns novos, frutos do Safari. Ainda pensei que fossem frutos novos, mas eram só frutos que já existem, mas misturados de uma maneira diferente que não são nem exóticos, nem tropicais, mas de safari. Por acaso o sumo é bom, o que mostra que eles devem ter feito os de laranja a saber mal de propósito;
- Fazer um ar reprovador a moços que foram apanhados no metro pelos picas sem pagar, a moças que estão na caixa do supermercado a comprar toneladas de gelado de chocolate, a pessoas que fazem cagada a conduzir ou a moços que saem à rua com camisas com flores. Basicamente é não dizer nada, apenas olhar com ar reprovador e abanar a cabeça em sinal de desaprovação. Uma vez fiz isso a uma moça que tinha acabado de atropelar uma criança e ela desatou imediatamente a chorar. É um gesto poderoso;
- Comer polvo com gosto, degustar e apreciar demoradamente e criticar aqueles moços que gostam de lulas, comem lulas frequentemente mas que dizem que não conseguem sequer cheirar o polvo. Era como se uma moça comesse às caixas de Milka e dissesse que não conseguia comer Côte d'Or. Uma vez queria oferecer à Paulinha uma caixa de chocolates e reparei que os mais caros são os que têm referências a animais. A Milka é uma vaca, a Côte d'Or é um elefante e ainda há aqueles das conchas que são mais caros que duas tortas Dan Cake;
- Jogar jogos de Playstation de futebol ou de luta contra moços que são muito mais fracos que eu mas que pensam que vai ser uma disputa equilibrada e ganhar com uma vitória tão esmagadora que não há qualquer margem para dúvidas que eu sou melhor. Por outro lado, uma vez fui a casa do Hélio, que era um moço da minha turma no 7º ano, e ele ganhou-me 4x0 no Fifa 2000 e eu cuspi no bolo de aniversário dele e mijei para dentro da garrafa de Trina Limão. Nunca ninguém descobriu que fui eu que fiz isso, mas toda a gente me viu a atirar o comando da PlayStation à cabeça do Hélio;
- Sonhar com criaturas marítimas. Ainda no outro dia tive um sonho espectacular em que eu tinha ido viver para o quilómetro 632 este do Oceano Atlântico e fui a uma entrevista de emprego para trabalhar na Máfia do Mar. A princípio pensei que «Máfia do Mar» era nome de uma peixaria, mas isso era o disfarce deles. Quem me fez a entrevista foi um mexilhão, que me perguntou se eu sabia a diferença entre um cardume de arenques e dois pargos. Disse-lhe que não se conseguia pôr um cardume todo numa só pizza mas que se conseguia pôr dois pargos numa só travessa. Depois ele encaminhou-me para um escritório onde estava lá um congro, que era o rei do crime e que despejava os corpos em sítios onde sabia que iam passar barcos, que pensavam que tinham pescado aquilo mas estavam era, sem saber, a impedir que a Polícia Marítima descobrisse os corpos e investigasse os homicídios;
- Inventar nomes de jogadores das selecções de países que nunca vão ganhar nada no futebol, a não ser que façam aquele Mundial de equipas que nunca na vida vão ao Mundial que eu defendo porque fui eu que inventei. Olhem se esta selecção do Uganda não vos enganava se vissem na Eurosport ou na Sportv: Kiethella, Russamba, N'kalat, Popetka e Wawala; Zamton, Mitiek e Ashlarta; Kunol, Tetteymo e Janga. O treinador era Arnold Munschffansen, que os treinadores das equipas africanas são todos alemães ou franceses;
- Ir aquelas convenções que costumo ir sobre factos históricos que nunca aprendi na escola e que tinha muito mais interesse aprender do que saber os cognomes dos reis de Portugal ou a história da padeira de Aljubarrota. A mim interessa-me, por exemplo, saber que sempre que o rei de Espanha vinha almoçar a Portugal se chateava porque pedia «pollo» e os portugueses percebiam «polvo» e traziam-lhe sempre isso. No fim até lhe sabia bem, mas vir a Portugal era sempre uma violação de expectativas do rei de Espanha, porque vinha com a intenção de comer frango e comia sempre polvo. Por isso é que depois os espanhóis nos invadiram um porradão de vezes.
Neste momento, algum de vocês mais preocupado com a minha pessoal, particular e privada (mesmo que não tenha nada a ver com isso, não sou nenhuma figura pública, nem sou vosso amigo, nem familiar. Porque raio estou a escrever em parêntesis? Nem sei porque abri os parêntesis. Se calhar vou fechar e continuar o raciocínio como se não tivesse feito este parêntesis. Não é por isso que se usam os parêntesis, para não interromper o texto principal?) perguntará «Porque é que não puseste que conseguias estar 10 mil vezes com a Paulinha ou que conseguias fazer amor com a Paulinha 10 mil vezes?». Para fazer amor com a Paulinha 10 mil vezes, alguém teria de inventar um nome como se inventou para «hattrick» ou «poker». Assim, quando chegasse às 10 mil vezes, podia dizer que tinha feito um «nome ainda por inventar mas que eu sei que vai ser inventado para eu poder chegar às 10 mil vezes». Até lá, não ponho nesta lista.
P.S.: Espero que daqui a uns tempos não me obriguem a fazer um texto sobre coisas que fazia 20 mil vezes. Por isso, espero que venham aqui cada vez menos pessoas, cada vez menos vezes e me deixem a falar cada vez mais sozinho. Podem vir ver os do Jorge Abel, que depois ele vem-me dizer todo contente que 5 pessoas lerem o texto dele, mas os meus não precisam de vir. Até vos agradeço. Ou isso, ou então podem continuar a vir aqui frequentemente, ler os meus textos todos, comentar e criticar mas sem se lembrarem disto das 20 mil vezes. Senão ou vou ter que encerrar o blog ou vou ter que mentir e dizer sempre que ainda só vai nas 16 mil visualizações .... para sempre.
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