segunda-feira, 30 de junho de 2014

Outra carta que tive que enviar para aquele moço que trabalha na CapriSonne


Sendo eu um picheleiro honesto e competente, se há coisa que me deixa chateado, revoltado e fora de mim é faltas de consideração. Por exemplo, ainda no outro dia mudei todos os autoclismos e ainda arranjei dois lavatórios em casa de um cliente e ele só me quis pagar o arranjo dos autoclismos porque não me tinha pedido para arranjar os lavatórios. Ainda lhe expliquei que por brio e ética profissional de um picheleiro honesto, num dos lavatórios apenas apertei o parafuso de uma das torneiras e que, por isso, só teria que me pagar o arranjo de um desses lavatórios. Ele pagou todo mal-disposto e ainda me perguntou se tinha tentado seduzir a mulher dele, porque o electricista que lá tinha estado no mês passado foi para a cama com ela. Essa atitude, quer do cliente, quer do electricista, fez-me lembrar de outra falta de consideração que recebi nos últimos dias e por alguém que eu achava que estava à distância de um bife e de uma festa de anos para ser meu amigo. Por isso, optei por escrever outra carta, ainda que não tenha recebido resposta à última:



«Viva,


Recorro novamente a esta saudação precisamente por marcar a distância equilibrada entre um cumprimento efusivo e que demonstre proximidade e uma total ausência de cumprimentos que a situação em si justificaria. No entanto, como não faz parte da minha formação enquanto pessoa e enquanto picheleiro, deixo uma saudação e a confissão de que esta é já a segunda carta que escrevo, tendo em conta que na primeira escrevi «Boa tarde» e só reparei depois de escrever 4 ou 5 linhas. Se causa estranheza estar a escrever esta carta de tarde, apenas o faço porque tive um serviço de manhã e aproveitando o facto da minha mulher ter ido trabalhar de tarde, optei por ocupar este período do dia pré-lanche a redigir esta carta. Ainda que muita gente considere que as emoções como a raiva tirem a fome, a mim tem o efeito contrário. Até acho que vou comer dois pães com queijo ao lanche, em vez de comer só um, algo que faria caso não escrevesse qualquer carta.



Mas adiante, que ainda não somos amigos para estarmos a discutir o tipo de lanches que fazemos, ainda que ultimamente me tenha rendido ao poder dos lanches especiais, quando em toda a minha vida só tinha comido lanches normais e apenas em 6 ocasiões. Entre comer um lanche e comer uma torrada sempre preferi a segunda, daí que esta nova etapa da minha vida em que como lanches especiais seja algo novo para mim. Por esta altura, ao receber esta carta, deves estar a focar-te em dois pontos: primeiro, deves estar a lamentar-te por não me teres respondido à última carta que te enviei. Se o fizeste e houve algum extravio nos Correios lamento profundamente ter tirado esta conclusão precipitada. Filosofia nunca foi o meu forte, principalmente naquelas partes dos raciocínios indutivos e dedutivos. Tirava positiva, mas nunca eram positivas altas. Ainda bem que quando fui para o curso profissional de picheleria não havia Filosofia lá, ainda que já tenha apanhado clientes que gostam de filosofar um bocado enquanto estamos a fazer o nosso trabalho. O segundo ponto em que te deves estar a focar é: qual o motivo desta carta que estou a escrever. E eu digo: não é um, mas são dois.



Ontem passei por um super-mercado, na companhia da minha mulher, para comprar coisas para o lanche, visto que não era dia de nos rendermos aos encantos de um lanche especial. Compramos o que queríamos comer e dirigimo-nos para a secção dos sumos. Depois do fiasco do CapriSonne de laranja, que motivou a minha última carta, decidimos optar por um fórmula de sucesso: CapriSonne de Frutos do Safari (continuo sem achar piada aos nomes em inglês; para mim é «Frutos do Safari» e não «Safari Fruits»). No entanto, quando chegamos à parte dos CapriSonnes reparamos em dois sabores que nunca tínhamos visto nem ouvido falar: Power Team e Cola Mix. Porque raio não me falaste nisto? Foste despedido? Andas distraído no trabalho? Só queres saber lá dos moços novos que trabalham na secção do CapriSonne de laranja? Ou estes dois novos sumos são feitos no piso de cima e tu por acaso nunca passas por lá? E se é assim, não almoçam todos na mesma cantina? Não conseguias ouvir conversas e informar o consumidor, sendo teu amigo ou não?



Movido pela curiosidade e pela sede, trouxemos sumos dos dois novos sabores que nunca tínhamos provado nem sequer ouvido falar. Grande coisa alguém que trabalha na CapriSonne me escrever cartas quando nem sequer me avisa de uma novidade destas. E logo em dose dupla! Estava mesmo ansioso por experimentar os sabores novos, a minha mulher até me tirou o CapriSonne das mãos antes que eu o abrisse antes de chegar à caixa. Entretanto, aguentei até chegar a casa mas quando cheguei a casa bebi logo o «Cola Mix». O sabor é bom, parece daqueles gelados de cola, mas chateou-me ver que na embalagem, em baixo de «Cola Mix» tinha lá a dizer «Koffenfrei» e a embalagem era toda escrita em alemão. Porque raio vendem isto assim em Portugal? O que é que vocês andam a fazer no trabalho que vêm as embalagens escritas em alemão mesmo para uma pessoa não perceber nada. Olha outra coisa que vinha lá «Zitroenlimonade mit cola». É suposto perceber isto?  Mas pior mesmo era lá a mensagem que vinha no fim: «No preservatives ever». Esta já põem em inglês. Tudo o que for para favorecer a libertinagem e os comportamentos de risco já não precisa de vir em alemão, sim senhor. Tudo bem que o sexo é melhor ao natural, mas não pode ser com qualquer pessoa, tem que haver confiança e conhecimento, não é assim à toa, beber um CapriSonne de Cola Mix e ter relações sexuais desprotegidas. Até porque não troco o meu CapriSonne de Frutos do Safari por este, apesar de ser bom.



O mesmo não posso dizer do outro CapriSonne que bebi. Para não ter o sabor do Cola Mix quando bebesse o outro, deixei passar umas horas. «Power Team», que raio de nome. Eu se fosse trabalhar para a CapriSonne ia ser visto como um visionário e um iluminado, porque arranjava nomes muito melhores que esse. «Power Team», «Cola Mix», mas andamos a brincar aos nomes? Por isso é que hoje em dia já quase ninguém ouve falar dos CapriSonnes, é por causa disto e por causa dos CapriSonnes de laranja. Mas disso já falei muito, agora vou focar-me neste «Power Team». Aquilo começou logo mal na embalagem. Passamos de dragões e de leões para moços a andar de skate e de patins com um graffiti indecifrável por trás? Isto apela a quê? A que a criançada ande para aí a praticar desportos perigosos e a fazer graffitis no mesmo sítio onde anda de skate? E estudar, não? Eu sei que isso parece vida boa mas depois chegam aos 30 anos e não sabem nada desta vida, só fazer graffitis e andar de skate. Eu pensei que a embalagem era má mas depois começo a beber ... e foi uma desilusão total. Tinha um sabor todo esquisito a cereja, parecia aqueles doces de Natal, os que ficam sempre para último. O pior é que aquilo diz lá que tem sumo de laranja, limão, lima e uva, mas só sabe a cereja. Aposto que puseram lá aquilo nos ingredientes só para enganar. Por brio pessoal bebi o meu CapriSonne até ao fim, mas a custo. O sabor da desilusão superou o da cereja.



Não sei se desta vez me vais escrever ou se me vais deixar sem resposta, outra vez. Volto a dizer que se essa ausência de resposta se deveu a um extravio nos Correios ou a algum problema logístico, peço desde já as minhas desculpas. Se essa ausência de resposta se deveu a algum problema de saúde, não é desculpa, que uma vez escrevi uma carta à Bom Petisco quando estava na sala de espera do dentista, que fui lá para ele me tirar um dente do siso que me começou a dar problemas. Antes de terminar, queria só dizer que ainda ontem comi uma salada de fruta que tinha lá, entre outras frutas, kiwi e laranja. Juntei para aí cinco vezes pedaços de kiwi e laranja e comi e aquilo soube-me mesmo bem. Imaginei porque nunca fizeram um sumo daquilo. Sempre era melhor do que um sumo com sabor a cereja e que na embalagem tivesse um moço a andar de skate e um graffiti por trás.



Do teu não-amigo mas que te aconselha a abrires os olhos lá na CapriSonne, porque me parece que desde que foste aumentado te começaram a ocultar algumas coisas ou então pagaram-te mais precisamente para seres tu a ocultar aos outros ou a fechares os olhos a determinadas coisas que eles fazem, tal como dar nomes como «Power Team» a um sumo,



Lucindo Sampaio de nascença, Lucindo Sampaio Bonifácio desde o feliz dia em que perdi o meu apelido, mas ganhei uma nova luz na minha vida e alguém com quem partilhar os bons CapriSonnes (como o dos Frutos do Safari) e criticar os maus CapriSonnes (como este último que nem vou voltar a dizer o nome para não me enervar ainda mais e em vez de comer 2 pães com queijo ao lanche comer 3).»

sábado, 21 de junho de 2014

Parece que ando desaparecido mas não é bem verdade


Olá, sou o Jorge Abel. Sei que o meu nome aparece ali em baixo mas há muita gente que lê a pensar que é o Gary só porque é ele que escreve aqui mais vezes e depois nem lêem o nome das pessoas que escrevem. Eu já disse ao Gary que o nome de quem escreve devia vir no início e não no fim mas ele disse-me que se as pessoas vissem logo de quem era o texto nem sequer faziam «Page Down» como o Teófilo faz sempre e fechavam logo o separador da Internet com o texto e continuavam a ver a pornografia ou a fazer comentários às fotos no Facebook de moças. Depois perguntei-lhe o que é que faziam as moças que vinham aqui ler os textos e ele disse que nenhuma moça vinha a um blog chamado «Comidos do Cérebro» e que quanto muito iam a um blog chamado «Bolos e Enfeites» ou «Bouquets de Fruta e Arranjos Florais». A Vera da Contabilidade disse-me que acha que o Gary é machista e homofóbico, eu só acho que ele gosta demasiado dos estereótipos. Há aqueles moços que lutam pela não extinção das baleias, o Gary luta pela não extinção dos estereótipos.



A minha vida anda como aqueles carrosséis em que toda a gente quer andar um dia mas que quando passa por lá só vê os outros a andar e comenta com os outros que deve ser uma excitação e deve ser preciso muita coragem para andar naquele carrossel. Estas não são palavras minhas, só achei piada quando o Venâncio disse isso sobre o casamento quando estava a falar no outro dia, na pausa do café. Na altura, o Lino, que é aquele calmeirão que organiza os jogos entre o pessoal da fábrica e que dá muitas cargas de ombro, disse que se o casamento fosse como um carrossel ele estava bem arranjado que tem altura para entrar em todos. Toda a gente se riu menos o Saraiva que se divorciou há duas semanas e ainda não se refez do choque. O Venâncio disse-me depois que não era por causa do Saraiva que a metáfora dele deixava de fazer sentido, pelo contrário, que o Saraiva tinha andado no carrossel mas tinha enjoado, tinha saído mais cedo e quando chegou cá fora pôs-se a vomitar os pães com chouriço e todas as coisas boas que tinha comido antes de entrar no carrossel.



O meu tio sempre me disse que estar casado é como estar preso, a diferença é que o maior problema não é apanhar o sabonete no banho. Depois perguntei-lhe se isso se aplicava para o casamento gay e ele disse-me que não sabia nada disso e que eu também não devia saber. Mas depois lá pensou mais um bocado e disse-me que o casamento gay também era como estar preso mas onde o companheiro de cela era o mesmo que nos fazia apanhar o sabonete no banho, logo, isso deixava de ser problema. Quando partilhei esta metáfora com a Vera da Contabilidade ela disse-me que o meu tio era mesmo porco e homofóbico. Já era a segunda vez que usava a mesma palavra para caracterizar duas pessoas diferentes. Quando eu fazia isso nas composições em Português a professora descontava-me logo e eu achava injusto. Agora vejo que é mesmo injusto, porque o meu tio e o Gary não têm nada a ver um com o outro, até se dão um bocado mal porque supostamente uma vez o meu tio comprou duas grades de SuperBock na mercearia do Rebelo e pôs na conta do Gary, e a Vera da Contabilidade usou a mesma palavra para os descrever. Disse supostamente porque o meu tio jurou a toda a gente que o Gary lhe disse que lhe oferecia duas grades de SuperBock se a Coreia do Norte fosse ao Mundial da África do Sul mas o Gary nunca confirmou isto.



O Sebastião disse-me que a Coreia do Norte é uma ditadura e que nas ditaduras há sempre um clube de futebol que ganha mais títulos porque é o clube do ditador. Eu nunca conheci um ditador, apesar do meu tio sempre me ter dito que quando vai para a cama com uma moça ele é que manda e elas só têm que cumprir as ordens que ele dá. Acho que os ditadores também são mais ou menos assim. O Gary uma vez disse-me que os reis também eram ditadores só que eram pessoas mais alegres porque contratavam bobos e palhaços para os fazerem rir enquanto os ditadores eram pessoas sisudas e sérias. Agora que me lembro dessa conversa, perguntei à Xana da cantina se ela gostava mais de reis ou de ditadores e ela disse-me que gostava era que fizessem dela uma escrava e a obrigassem a fazer tudo o que quisessem dela. Aproveitei a boa disposição da Xana para lhe pedir para me oferecer um Santal de frutos tropicais, que estava calor e não me apetecia água. Ela disse-me que se eu quisesse podia ir a casa dela depois do trabalho, que também ia estar calor e ela podia oferecer-me mais que um Santal. Foi pena que me tivesse convidado logo no dia em que tinha combinado ir ao cinema com a Vera da contabilidade.



O Venâncio sempre me disse que as moças são como aqueles jogos de porrada da PlayStation: dizem sempre que não querem jogar ou que nunca jogaram mas quando pegam no comando parece que são profissionais e só querem distribuir pancada. Quando disse à Xana da cantina que ia ao cinema com a Vera da Contabilidade ela começou-me logo a dizer que a Vera já tinha dormido com o patrão quando ele ainda era casado e que pedia sempre batata frita quando almoçava na cantina, logo, daqui a 10 ou 15 anos ia estar um pote, enquanto ela era saudável e por cada relação sexual queimava 750 calorias. Eu não sabia porque é que ela me estava a dizer aquilo tudo quando a Vera só me tinha dito que achava que a Xana era perita em fazer-se a tudo o que mexia. O meu tio sempre me disse que satisfazer uma moça é uma tarefa árdua, mas que satisfazer duas moças sem que nenhuma das duas saiba da existência da outra é uma ciência e um dom. Agora sim compreendo-o. Nesse dia, a Xana serviu-me mesmo pouquinho ao almoço e quando ia a tirar uma sobremesa ela disse mesmo alto «ou é fruta ou é sobremesa, não é as duas». Depois fui ao cinema com a Vera da contabilidade, disse-lhe o que se tinha passado e ela deu-me um beijo. Não consegui agradar às duas, só a uma. 







P.S.: Encontrei o Tolentino na rua e estive a falar com ele para aí uma hora. Entretanto fui embora porque lhe ligou um primo e ele tinha que o ir buscar ao aeroporto, que ele chegava naquele dia do Cazaquistão. Depois encontrei o Sebastião e ele disse-me que um português no Cazaquistão só podia ser político, vendedor de aspiradores ou jogador de futebol. Perguntei-lhe se o Cazaquistão era uma ditadura mas o Sebastião disse-me que só sabia que eles não iam a este Mundial. Depois contei-lhe que tinha ido ao cinema com a Vera da Contabilidade e que ela me tinha dado um beijo e tinha mandado uma mensagem a dizer que estava a gostar muito de me conhecer. O Sebastião perguntou-me que filme fomos ver e eu não me lembrava. Nunca me tinha acontecido! Se o Gary sabe disto nunca mais me convida para ver uma maratona do Blade em casa dele. Já não faz isso desde 2011, mas nunca se sabe quando vai voltar a fazer.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Porque é que detesto estudantes Erasmus


Ok, o Teófilo voltou, grande coisa. Se fôssemos a fazer uma festa sempre que alguém voltava aqui parecia que éramos todos amigos e que estávamos a festejar os aniversários uns dos outros, todos os anos e sempre da mesma forma. Detesto aniversários, principalmente quando é o meu. Ando o dia todo a atender telefonemas de toda a gente como se gostassem muito de mim. E o pior é quando tenho que desejar «bom aniversário» a pessoas que conheço e, se não lhes disser para terem «um excelente dia» ainda levam a mal. Mas adiante, que não é de aniversários nem do Teófilo que vou falar hoje. Hoje vou abordar outro assunto que me chateia bastante: os estudantes Erasmus. E não é por ser xenófobo. Vejam lá porquê:




  • Se falamos com eles em português dizem que não percebem quase nada. Se falamos na língua deles (principalmente em espanhol) pedem-nos para falar português porque se querem habituar ao idioma. Incoerentes da merda;

  • Sempre que vou a uma festa Erasmus há mais portugueses que estrangeiras;

  • Nunca sabes ao certo de onde são porque falam todos em inglês. Ás vezes, até entre eles do mesmo país falam em inglês, para os outros perceberem. Deve ser lá uma solidariedade entre Erasmus;

  • Percebo o quão mau sou a inglês quando falo com eles. Mesmo pensando que até era bom a inglês porque via filmes sem legendas e entendia o que diziam nos jogos de computador, vou falar com um Erasmus e não percebo metade ou então não sei dizer 5 palavras seguidas;

  • São estrangeiros mas não são «turistas», nem «estudantes». São «Erasmus», só para serem diferentes dos turistas e dos outros estudantes;

  • Contrariamente ao estereótipo propagado, a maior parte das miúdas vem de Erasmus mas sem estar solteira e depois chegam cá e dizem que gostam muito do namorado e não entram em aventuras. Mas se gostavam assim tanto do moço, que ficassem lá no país dele em vez de fugirem para cá!

  • Eu só vejo os Erasmus a passear e a sair à noite mas depois voltam para os países deles com altas notas;

  • Se eu sair à noite e me fizer a uma miúda, ela diz que sou um porco e um parvalhão. Mas se for um estudante Erasmus a fazer-se à mesma miúda é engraçado porque é estrangeiro;

  • Os Erasmus podem dar erros de português ou dizer palavrões sem ninguém gozar com eles ou ficar escandalizado. Pelo contrário, até acham piada;

  • Quando os Erasmus se embebedam e andam aos tombos pela rua não são irresponsáveis, são «Erasmus». E isso desculpa tudo;

  • Para terminar, maior parte dos Erasmus chegam aqui todos branquelas mas vão embora mais bronzeados que eu, que ando aqui todos os dias durante todo o ano. 




E pronto, já está. Já tinha pensado em escrever sobre os Erasmus quando me levaram para uma festa deles em que tinha de pagar 5€ enquanto os Erasmus só pagavam 3€ e eu fiquei logo furioso porque a haver discriminação que fosse ao contrário, ou seja, nós a discriminar-nos os estrangeiros e não ao contrário. Nisso o Gary tem razão, o Mundo é muito pior quando as pessoas querem violar os estereótipos à força. Depois eventualmente acalmei-me e nem pensei mais neste texto, mas depois vem-me para aqui o Teófilo falar de russos e de americanos e fez-me lembrar logo dos estrangeiros e dos Erasmus e pronto, fiquei enervado outra vez.









P.S.: No outro dia vim aqui ver o que andavam a escrever e vi a carta que aquele moço mandou para o Sr. Lucindo de comerem um bife ou de convidarem um ao outro para a festa de anos de não sei quem. É assim, eu não conheço o Sr. Lucindo de lado nenhum, mas acho muito estranho quando um homem nos convida por carta a ir comer um bife, sendo que esse mesmo homem nos pede para o tratarmos por um nome de moça. Eu não vou dizer nada ao Sr. Lucindo, que não tenho essa confiança com ele porque como não faço festa de anos não o posso convidar para isso, mas o Gary devia fazer qualquer coisa em vez de andar aqui a promover regressos de desaparecidos. 


quarta-feira, 11 de junho de 2014

O saber não ocupa lugar

Ao contrario do ilustre D.Sebastião, aqui estou eu, de volta. É verdade que na altura em que mais precisava de apoio, o Gary nem sequer foi capaz de me emprestar uns míseros 10€, e fiquei eu numa embrulhada a dever 7,80€ ao Sr. Arabites, o dono do talho daqui da minha rua, de quem toda a gente desconfia de usar o talho como um disfarce para um centro de crime organizado, mas como ouvi dizer que te magoei os sentimentos Gary, aqui estou eu. 

Durante a minha ausência alargada, devido a problemas técnicos (deviam melhorar o sistema de recuperação de passwords, quem anda a desenvolver estas questões de segurança? O nome de solteira da minha mãe? Por favor...), fui-me apercebendo de algumas paixões minhas, uma das quais referente à grandiosa área da História Contemporeânea. 


Como o primo da minha vizinha de baixo costumava dizer, "Temos de olhar para o passado para prever o futuro." Infelizmente ele acabou por ir à falência por acreditar que se jogasse no Euromilhões sempre com a chave da semana anterior ia ganhar. Obviamente não ganhou e agora é meu vizinho também porque foi viver à custa da tia, o que não invalida o mérito da sua observação.


Assim sendo, tenho passado uma grande parte do meu tempo a instruir o meu irmão, que por ter insistido em manter-se anónimo, será futuramente nomeado de Alcântara, neste magnífico campo de conhecimento. Um dia ele disse-me "Serias um professor mesmo fixe", e eu pensei, "porque não partilhar todo este conhecimento com todos aqueles que nele demonstrarem interesse suficiente para o procurarem no Google?". 


Pensei então iniciar pelo fascinante acontecimento histórico que viria a ser conhecido como a Guerra Fria, porque estava bastante calor, e a refrescante cerveja trouxe com ela pensamentos da Guerra Fria



- Nem sequer foi uma guerra.


- Foi entre os EUA e os comunistas.


- Ainda durou alguns anos.


- Faziam competições em outras guerras a ver quem era mais forte.


- Acho que ainda chegaram a morrer algumas pessoas... Talvez.


- Teve qualquer coisa a ver com o ditador dos russos, o Estaline. Parece que era pessoa ruim.


- Havia uma conversa qualquer sobre mísseis ou isso.


- Uns falavam inglês e outros russo, por isso entendiam-se mal.


- Sei que mandaram um muro qualquer abaixo.


- É basicamente isto. Foi um mau período.



Para me antecipar à corrente infindável de comentários de agradecimento, lembrem-se, sou como vocês. Se eu consigo saber tanto, qualquer um de vocês consegue também. Com esforço e extensivo estudo e pesquisa, claro, mas acreditem que conseguem. (Dito isto, se alguém quiser aulas privadas, entrem em contacto, 43€ por sessão. Vale a pena.)


Gary, mais uma vez peço desculpa pela minha ausência, mas para a próxima, aprende a ler entre as linhas. Já me andava a fazer aos 10€ há semanas e tu nada. Quando alguém te diz que foi assaltado e lhe roubaram 10€ e que agora está em perigo de ser apanhado à noite pelo Sr. Arabites por lhe dever 7,80€, está, na verdade, a pedir ajuda para não ser brutalmente espancado.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Empregos que eu não me importava de ter


Estou desempregado. Inicialmente por opção, depois por gosto e, ultimamente, por falta de opção. Cheguei aquele momento em que quando encontro algum conhecido ou semi-amigo que já não vejo há algum tempo e me perguntam o que tenho feito, a primeira frase que digo é «estou desempregado». Não sei porque o digo quando nem sequer foi essa a pergunta que me fizeram, mas reparei que o faço automaticamente, tal como outros conhecidos e semi-amigos me dizem quando lhes pergunto o mesmo, numa mesma situação. Acho que é uma prática comum entre desempregados de longo termo que nem sequer nos apercebemos mas que fazemos.



Para verem como encarnei mesmo o papel de desempregado até falei como se fosse «nós» e como se fosse tomar café com outros desempregados de longo termo daqui da zona e falássemos de como o governo mente na taxa de desemprego, de como as formações do centro de emprego são enfadonhas ou partilhávamos histórias de primos que tinham trabalho a contrato em empresas e que depois quando vieram embora ficaram sem subsídio de desemprego. Não sei se é isto que os outros desempregados a longo termo fazem, mas é o estereótipo vigente e, como sabem, sou grande amante de estereótipos e quando não sei nada sobre uma situação guio-me pelos estereótipos sociais, que normalmente estão certos.



Por isso, fugindo ao estereótipo social do que fazem os desempregados, não pensei em formas de arranjar emprego mas em empregos que eu não me importava de ter. Como as ter não sei, apenas vou pensar como seria se as tivesse, como bom desempregado a longo termo que sou:




  • Guarda-Florestal: à parte de ter que andar com uns calções que até os escuteiros me podiam gozar, ia ser um emprego do qual ia gostar. Além de chatear casais que estivessem a criar clima em plena floresta, até esconder-me e atirar pedras a moços que fossem a correr só para os arreliar, passando ainda pela possibilidade de inventar mitos e piadas com ursos pardos. Por exemplo, quando visse um casal quase a passar dos beijinhos para a penetração, interrompia-os para avisar que andava um urso pardo à solta e que para segurança deles, tinham que sair dali imediatamente. Mal eles fossem embora partia-me a rir e já tinha o dia ganho;

  • Empresa de fogo-de-artifício: adoro fogo de artifício. É uma das coisas que me aproxima a 90% da população. Sou daquelas pessoas que quando apanha fogo de artifício por casualidade, pára e fica a ver. E quando sei que vai haver fogo de artifício em algum lado procuro ir ver. Sempre que vejo fogo de artifício penso em duas coisas: 1) como gostava de trabalhar numa empresa de fogo-de-artifício e passar o dia todo a testar cenas novas e a mandar fogo para o ar e assustar os pássaros; 2) como é genial aquele filme de zombies em que os humanos usavam o fogo-de-artifício para distrair os zombies e irem buscar comida ou fugirem deles. Essa é muito boa, mas o meu truque para fugir de zombies era andar sempre com bocados do frango que eu não gostasse e quando eles viessem atrás de mim atirava-lhes o frango e eles ficavam para trás a comer, que eles comem tudo;

  • Gasolineiro: adorava ser gasolineiro. A melhor parte era quando algumas pessoas menos informadas me perguntassem «fazes gasolina?» e eu respondesse: «Não. Meto-a pelos outros e ainda recebo gorjetas por isso». Uma vez estava a falar com o Lucindo e ele disse-me que adorava pôr gasolina e que se arranjasse 10 pessoas que lhe pagassem para ele ir pôr gasolina, deixava de ser picheleiro e fazia isso. Nesse momento, senti uma grande afinidade com o Lucindo de modos que me senti obrigado a convidá-lo para a minha festa de anos. Mais tarde, vim a saber que esse era o critério dele para ser amigo de alguém, tal como é um dos meus;

  • Actor Pornográfico: já falei muito sobre actores pornográficos e sobre as minhas dúvidas de como entrar para esse mundo. A verdade é que eu adorava ser actor pornográfico. Não era actor, porque há diferenciação entre actores e actores pornográficos, nem sequer almoçam na mesma mesa da cantina, pagavam-me para encavar moças com atributos reforçados e, além disso, quando saísse à noite, a minha frase para as moças ia ser imbatível: «Miúda, eu contigo não fazia um filme, fazia um romance»;

  • Videoclube: aqui, o grande atractivo, além de estar rodeado de dvd's, filmes e séries, era o de ser pago para ver e estar informado sobre filmes e séries, de modo a poder recomendar os mais adequados aos clientes ou conversar sobre isso com os mais habituais ou com amigos que soubessem que eu trabalhasse lá e fossem lá só para passarem tempo. Basicamente, podia continuar a fazer o que faço agora (ver o Hollywood e o Fox Movies ininterruptamente) mas com um objectivo laboral;

  • Loja de electrodomésticos: toda a gente tem conhecimento, o mínimo que seja, sobre electrodomésticos e como funcionam. E, quando não se sabe mais do que o básico, basta ler um livro de instruções na pausa de almoço ou ir pelo estereótipo social e faz-se um bom trabalho. Porém, o grande atractivo deste emprego é que qualquer coisa que eu dissesse ao cliente, em 90% dos casos, ia contar como a «opinião de um especialista». Não é todos os dias nem em todos os empregos que se tem disso;

  • Livraria: pouca gente vai às livrarias e, dos poucos que vão, muitos deles sabem o que querem, logo, não precisam da ajuda do funcionário. Podia continuar sossegado atrás do computador a fingir que estou a actualizar os stocks quando estou no Facebook a falar no chat com gente que esteja online porque está desempregada ou porque tem um trabalho que lhe permite isso. Além disso, ninguém desarruma livros para os experimentar como fazem nas lojas de roupa ou de calçado e ainda dá pinta dizer a uma moça «trabalho numa livraria». Dá um ar de intelectual mesmo que não perceba nada de livros;

  • Departamento de Marketing: o lado mais apelativo de trabalhar num departamento de marketing é que podia dizer o que me apetecesse e a maior estupidez que me lembrasse. Porquê? Simples: dizem que em marketing não há ideias estúpidas ou más, só existem ideias mais aceites e consensuais. Por isso, ia ser fácil demais trabalhar nesta área e o segredo é simples: desde que dissesse alguma coisa nunca era despedido. Claro que volta e meia tinha que dar ideias em condições senão começavam-me a topar.




Como vêem, em qualquer uma destas possibilidades sentia-me feliz e bem-estar no local de trabalho. Eventualmente, quando encontrasse algum semi-amigo na rua e ele me perguntasse «então, que tens feito?» eu dizia-lhe que andava a ser feliz no meu local de trabalho. Quer dizer, agora que leio o que escrevi acho que não dizia isto, que parece-me demasiado alegre e revelador e todos sabemos que algo «alegre e revelador» é sinónimo de «gay», ainda que hoje em dia não possa dizer isto porque sou discriminado por ser discriminador. Mas pronto. Destes todos trabalhava em qualquer um. Só não trabalhava era na fábrica de tintas onde está o Jorge Abel, que ia ter que ir para o trabalho com ele todos os dias porque vivemos perto e se o pessoal da fábrica nos visse a chegar separados começava logo «então vocês vivem nem a 5 minutos um do outro e não vêm juntos? Que estranho». E toda a gente evita ser «o estranho» no local de trabalho.









P.S.: Além de não querer trabalhar na fábrica de tintas do Jorge Abel também não queria ser urologista, podologista, dentista, cozinheiro, nadador salvador, actor, empreiteiro, administrador do condomínio nem jardineiro. Um dia destes explico os motivos para cada uma dessas profissões. Mas é um dia destes, não vai ser hoje, aqui, no final de um texto sobre empregos que não me importava de ter. Depois eu é que sou o comido que digo e faço coisas sem sentido. 


segunda-feira, 2 de junho de 2014

A carta que tive que enviar para o moço que trabalha na CapriSonne


O facto de andar a tomar a medicação que o Dr. Romão me recomendou, de forma regular, aliado ao facto de andar cheio de trabalho e com clientes novos impediu-me de investir no universo da escrita de cartas. No entanto, não pensem que deixei de ter críticas e questões a colocar a algumas empresas e instituições. Por exemplo, no outro dia fui fazer um serviço a casa de um cliente, cujo nome não vou divulgar de forma a manter o sigilo profissional que um picheleiro deve obedecer, e este, além de ter uma canalização toda obsoleta e um cifão da cozinha podre, tinha uma Black & Decker que passados 20 segundos avariou. Enfim. Só não fiquei furioso com a Black & Decker porque nesse dia levei um CapriSonne de laranja fiado no que o moço que trabalha na CapriSonne me escreveu. E fiquei tão furioso que optei por escrever esta carta a esse moço:



«Viva,



Digo «viva» e não «bom dia», «boa tarde» ou «boa noite» para marcar uma posição, em que o «Viva» mostra um descomprometimento e ausência de qualquer relação pessoal mas mantendo a postura educada e politicamente correcta que sempre me caracterizou a mim e à classe dos picheleiros honestos que tanto prezo e que tanto procuro que tanto procuro que se mantenha activa e com o maior número de elementos possível. Infelizmente, ainda há muitos picheleiros que preferem uma vida de lucro a uma vida de honestidade. Assim como há outros trabalhadores que preferem uma vida de não-verdades a uma trajectória de honestidade. E com esta última frase dirijo-me a si.




Provavelmente, referir-me-ia a si como «tu» pelo facto de ter sido o único a responder-me à carta que enviei à CapriSonne e por, além disso, se ter lembrado de mim após uma despedida de solteiro que o fez reflectir sobre a condição da vida. No entanto, isso não nos torna amigos. O que nos tornava amigos era convidares-me para a tua festa de anos e não me dizeres mentiras. Estou tão revoltado que vou esquecer o tratamento na 3ª pessoa e vai mesmo na segunda pessoa. Nunca percebi isso de segunda e de terceira pessoa. Imagina que estamos num grupo de três pessoas, vou chamar «tu» à segunda pessoa e «você» à terceira? E como se atribui o critério? Por ordem de chegada, de importância ou pela relação pessoal que se tem com cada uma dessas pessoas?



Mas adiante, que não foi sobre as incongruências do nosso idioma que te escrevi. Apesar de, um dia no futuro, na eventualidade de ultrapassarmos este diferendo e de eu ser convidado para a tua festa de anos, podermos eventualmente falar sobre isso. Escrevo-te por causa daquilo que disseste sobre o departamento responsável pelo CapriSonne de laranja estar com moços novos e mais alegres e que, por isso, os sumos iam sair melhores e menos azedos. Comprei um CapriSonne de laranja por tua recomendação no outro dia e bebi-o entre trabalhos. Adivinha: soube-me horrivelmente. Antigamente eram só azedos, agora sabiam-me mesmo mal. O primo do Ilídio e os brasileiros até podem ser bons moços mas de certeza que o ambiente no trabalho é tão bom que até lhes dá para a bandalheira e não ligam nada ao que estão a fazer. Disso eu percebo, que antigamente tinha um ajudante, o Joca, que era filho do meu amigo Monteiro e ele era certinho e bom trabalhador. Mas um dia deixou-me sozinho a desentupir uma fossa de um restaurante enquanto estava a ter relações sexuais com a proprietária do restaurante. Depois o marido descobriu e disse-me que nunca mais me ia contratar. Por acaso, passados uns anos ele casou com uma amiga da minha mulher, que por acaso não se chama Marília, e voltou a contratar-me porque passou a acreditar em segundas oportunidades desde que o segundo casamento lhe correu melhor que o primeiro. 



Voltando ao assunto, para veres que estou tão chateado com isto e contigo que nem me perdi nem me pus para aqui a divagar eternamente: das duas uma, ou deixas de te responsabilizares pelo que os teus parceiros lá do departamento do CapriSonne de laranja fazem ou então, se quiseres voltar a impingir-me CapriSonnes de laranja, fá-lo só depois desses moços terem ido aprender com os que fazem os CapriSonnes de Safari Fruits ou até mesmo com os que fazem os Multivitamínicos. Nem precisam de saber fazer um sumo tão bom como os que fazem lá os Frutos do Safari, apenas melhor do que andam a fazer nos de laranja. E sim, disse Frutos do Safari, que acho que ficava muito melhor e ia ter muito mais saída aqui em Portugal do que se dizer em inglês. Por isso é que as pessoas compram os sumos de laranja, porque não se lembram do nome em inglês e o «multivitamínico» é uma palavra de 7 sílabas e nem toda a gente tem essa capacidade.



Agora, para acabar esta carta, digo-te que tenho todo o gosto em ir comer um bife contigo e enquadrar-me no teu critério da amizade, até porque gosto bastante de bifes. Uma vez escrevi lá num blog que me convidaram para participar que os bifes têm sempre formas de países ou de continentes e essa é sempre uma conversa que revela conhecimentos geográficos. Eu, por exemplo, não sei quem é que foram os reis de Portugal nem sei quem é que ganhou as Guerras Mundiais, mas sei as capitais da Europa todas, os rios todos de Portugal e a tabuada até aos 12 de cor. Mas devido à tua mentira quanto aos CapriSonnes de laranja e já que não sei onde arranjar cobras para te mandar pelo correio e nem sei se os portes me iam ficar caros ou não, prefiro mandar esta carta. Se deixares de dizer mentiras, se deixares de me impingir os CapriSonnes de laranja e me deixares ser feliz com os frutos do safari, se me convidares para a tua festa de anos e se formos comer um bife está tudo resolvido entre nós. Quem sabe até te posso fazer o desconto para amigos em serviços de picheleria, que até agora só fiz ao Gary e ao meu sogro.



Do teu não-amigo ou amigo por confirmar e que ainda está bastante chateado por ainda ter resquícios daquele sabor do CapriSonne de laranja que bebi naquele dia e que demorou a sair porque fui logo ao café comprar qualquer coisa para me tirar o sabor da boca mas eles só tinham Compal de pêra, o que agravou ainda mais os sentimentos de raiva pela situação, apesar de não ser totalmente culpa tua e, por isso, ainda poderes ir a tempo de emendares o erro,



Lucindo Sampaio de nascença, Lucindo Sampaio Bonifácio desde o feliz dia em que o meu sogro pagou a boda que me roubou o apelido mas que me deu a melhor pessoa que tenho ao meu lado e com quem partilho o gosto por CapriSonne Safari Fruits e o ódio pelos CapriSonnes de laranja. Já agora, vou-te chamar Hugo, porque se te chamo Vanessa a minha querida esposa ainda pensa que estou a falar com uma mulher, pede-me o divórcio por tua causa e aí não havia bife nem festa de anos que te valesse. »