quinta-feira, 29 de março de 2012

Hoje sentei-me numa casa de banho pública ...

E vi que na parede estava lá um número de telemóvel e a dizer que me podia fazer muito feliz. Como era 91 como eu sou, liguei. Provavelmente ser feliz ajudar-me-ia a lidar com os meus problemas emocionais. Quando liguei, aquilo fez o barulhinho do extravaganza. Aí descobri que o meu tio tinha razão quando disse que a felicidade não tem preço. A seguir ele disse à minha tia que o sexo sim, tinha preço, e para ela cobrar 50€ a cada cliente.


Tocou três vezes e atendeu-me um homem. Perguntou-me quem eu era. Disse-lhe que era o Jorge Abel e que estava à procura de ser feliz, como estava escrito na parede da casa de banho. Ele insultou-me do pior. Disse-me coisas que nunca tinha ouvido, mas disse uma que memorizei. Chamou-me «paneleiro». Perguntei-lhe se me estava a chamar isso por eu escrever num blog. Ele disse que não, que escrever num blog era de homem e que ele próprio tinha um blog. Disse-me que se chamava Ramiro e encorajou-me a ir ver o blog dele e para lhe ligar a dar a minha opinião sobre o blog dele.


Quando desliguei a chamada sentia-me feliz. Quem escreveu ali o número do Ramiro sabia do que estava a falar. Nem me chateei com o facto de não haver papel. Como tinha comprado o Destak tinha onde limpar. Comprei ao meu irmão, que me faz um bom preço. Vende-me o jornal só a 50 cêntimos. Pelos vistos nas papelarias é 1,20€ e não vem com o Sudoku já feito, ainda nos obriga a pensar.


Quando saí da casa de banho vi que na porta estava escrito outro número de telemóvel. Neste dizia «mamo-te todo». Fiquei curioso e liguei, mas como não deu o barulhinho do extravaganza desliguei logo. O meu tio tinha razão, o sexo paga-se. Antes de sair vi lá outra coisa escrita na parede que achei ofensivo que era «lá fora és o Rambo mas aqui dentro cagas-te todo».


Fui para casa para ver o blog do Ramiro. No caminho passei pelo mercado para ver a Dona Rosa. Desde que lhe apalpei os seios que não a consigo tirar da cabeça. Das cabeças. Acho que estou apaixonado pelo Dona Rosa. Ou pelo menos pelos seios. Porque acho que a Dona Rosa é um bocado feia. Além disso cheira a peixe. O meu tio já me disse que as mulheres cheiram todas a bacalhau. Bem, se a Dona Rosa cheirasse a bacalhau era bom, mas ela cheira mais a sardinha, a cavala e a pargo.


A Dona Rosa não estava no mercado por isso fui para casa. Estava mesmo com vontade de ver o blog do Ramiro para lhe ligar. Estava excitado com a possibilidade de fazer um amigo. Mas não estava excitado como quando toquei nos seios da Dona Rosa. Pronto, estava entusiasmado. Quando entrei em casa, a minha mãe esbofeteou-me. Era a maneira dela de demonstrar carinho. O meu pai diz que levar estalos fortalece o carácter. O meu tio diz que o que fortalece o carácter é ter relações sexuais com uma preta.


Fui ao quarto para ver o blog do Ramiro. Para minha surpresa, o Ramiro era travesti e o blog dele tinha fotografias dele completamente pelado. Por incrível tinha umas mamas maiores que as da Dona Rosa, o que me fez um pouco de confusão. Voltei a ligar ao Ramiro só por cortesia, para ele não achar que eu era mal educado. O meu irmão entrou no quarto na altura em que eu estava a dizer ao Ramiro que não tinha atração por homens mas para ele não levar a mal e continuar meu amigo. O meu irmão deu-me uma coça e disse-me: «que seja a última vez que te apanho a falar ao telemóvel com esse panasca do Teófilo Rodrigues».

segunda-feira, 26 de março de 2012

O que é que o calor traz de novo

O calor está de volta. Dito assim até parece um título de um filme porno ou o refrão da nova música do Emanuel. Mas para isso tinha que ter um ritmo kuduro e envolver a palavra «yo», dita pelo menos 10 vezes em cada refrão. De qualquer maneira, estamos a falar de meteorologia. 

Com o calor de volta, vários fenómenos ocorrem na sociedade. O primeiro de todos é o sol. O segundo é o calor. E depois há todos aqueles que se verificam facilmente na nossa sociedade quando os primeiros dias de calor surgem até Outubro, quando o frio volta. 

Exemplos de coisas que o calor traz de novo facilmente observáveis no nosso dia-a-dia:

  • Gordas a comerem gelados em todo o lado, a toda a hora, como se tivessem menos 30 ou 40 quilos (aí sim, seria sensual);
  • Moços a correrem na rua e nas marginais de caveadas. Pior que isso, correm cheios de estilo e a olharem para toda a gente para ver se alguém está a reparar;
  • Os ginásios ficam cheios com moços e moças a quererem estar em forma para ir para a praia. Obviamente que 70% dessas pessoas vão para a praia na mesma forma com que entraram no ginásio;
  • Calções ainda mais curtos (para moças e para moços, infelizmente);
  • Moços a conduzirem de vidros abertos, com o braço de fora e a ouvirem músicas como a do «Danza Kuduro»;
  • Surgem aquelas «malhas de verão» em que a letra basicamente consiste em dizer que alguma moça é linda mas que o cantor não a conhece e quer conhecer;
  • Quarentões a usar óculos de sol à Matrix e a pensar que têm estilo;
  • O Goucha a fazer diretos com camisas às flores, deixando assim os casacos com flores;
  • As sapatilhas serem substituídas pelos chinelos de dedo em 80% da população jovem;
  • Aumenta a percentagem de moços a usarem camisolas / decotes (acho simplesmente ofensivo chamar-se a isso decotes para homem. Como se houvesse decotes para homem. Seria como haver preservativos para mulher);
  • Aumenta o número de vezes em que pensas «as mamas daquela moça compensam aquela cara horrível»;
  • O teu critério de seleção vai passar a dar grande importância ao cheiro a suor que a pessoa possa ou não emanar;
  • Aumenta a frequência com que pensas «no meu tempo não havia disto» ou «não sei que leite estas moças andam a tomar para serem grandes barcos aos 15 anos»;
  • As kurtes passam a chamar-se «paixões de Verão»;
  • Aumenta em 400% aquelas festas paneleiras em que toda a gente se veste de branco;
  • Vais a bailaricos em que só passa música popular portuguesa e tu sabes todas de cor;

sexta-feira, 23 de março de 2012

A verdade sobre os empregados de mesa

Muito se falou de racismo neste blog no post anterior. Também se falou de homossexualidade e de doenças sexualmente transmissíveis, mas isso não interessa a ninguém. Mas centremo-nos no racismo, de novo. Falar em racismo é também falar de escravatura. Principalmente para aqueles moços racistas que acham que os pretos deveriam continuar a ser escravos. 


Mas, falando de escravatura (já que não tenho nada de novo para dizer sobre o racismo), apesar de já ter sido abolida, esta abolição é só aparente. Ok, já não vemos cargueiros a irem buscar escravos a África para virem trabalhar nas plantações de algodão ou nas de tabaco, mas a escravatura ainda é um fenómeno muito visível na sociedade. Principalmente nos classificados dos jornais onde há moças que se definem como «a tua escrava do prazer» ou moços que que dizem que vão fazer de ti o escravo deles. Curiosamente há quem ligue mais para os segundos.


Contudo não é só aqui que a escravatura persiste na sociedade. A principal forma de escravatura ainda visível na nossa sociedade, que muitos definem como sendo neo-clássica, encontra-se bem perto de nós. Não, não é pelo meu vizinho gostar de sadomasoquismo e volta e meia uma dominatrix tocar-me à campainha porque se enganou no andar, mas sim na área da restauração. Pois é, se pensarmos bem, os empregados de mesa são os escravos neo-clássicos. Eis o porquê:



  • Tu pedes o que queres. Se ele trouxer algo que tu não queres podes mandar para trás, reclamar ou simplesmente enxovalhá-lo à tua vontade.
  • Têm hora de entrada mas não têm hora de saída. Saem só quando o chefe deixa sair.
  • Tal como os escravos, têm que se submeter sempre a ti porque «o cliente tem sempre razão».
  • Se lhes deres uma «gorjeta especial» ele trabalha melhor para ti e serve-te mais rápido que aos outros.
  • Em alguns restaurantes, a partir do momento em que te sentas numa mesa, ele é o teu empregado. Se falas com outro que não o «teu empregado» ele diz que não é o teu empregado mas de outra mesa qualquer, à qual tem de ser fiel.
  • Enquanto tu comes como um alarve e bebes como um camelo ele está ali a trabalhar que nem um animal.
  • Faz elogios a escovar-te, chama-te «jovem» se fores velho e «menina» se fores mulher de idade ou trata-te por «amigo» se fores jovem, tudo para ver se lhe dás uma moedinha no fim.
  • Tem que carregar as coisas que tu usas e limpar o que tu sujas sem teres que pagar mais por isso.
  • Se chamares por ele com um assobio, a estalar os dedos ou a dizer «chefe», ele vem. Pode vir cego, carregado de fúria, mas não te pode dizer nada.
  • Para ti ele não tem nome. É só o empregado. Noutros casos pode também ser o «chefe», o «faz favor» ou o «desculpe».
  • Sabes que ele te inveja por estar a trabalhar enquanto tu estás num momento de lazer mas isso não te incomoda nadinha e, se estiveres carregado de álcool, ainda gozas com o trabalho dele.
  • Tens o estereótipo de que um empregado de restaurante anda sempre de smoking ou pelo menos de camisa branca.

Por isso, o conselho que vos deixo é: se algum dia forem a um restaurante ou a um café em que o Jorge Abel seja o empregado, usufruam desta lista e façam-lhe isto tudo só para vosso gáudio (e nosso também). Quem conseguir fazer tudo o que está na lista ao Jorge Abel, gravar e enviar para o blog, ganha uma t-shirt do Comidos do Cérebro. Basicamente é uma t-shirt branca, lisa, que já tenho desde 1999 e que tenho dormido com ela na última semana.


P.S.: Pegando no raciocínio iniciado ali em cima, se os camelos em vez de beberem água, bebessem álcool na mesma quantidade já se entendia o porquê da troca de mulheres por camelos. Se calhar as mulheres ficavam menos dispendiosas de sustentar.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A diferença entre ser e não ser racista

Ultimamente a sociedade tem sido invadida por várias coisas evitáveis: a poluição, posts do Jorge Abel, moços a usarem decotes, gordas a usarem leggins e o racismo.


O racismo é um dos grandes flagelos da sociedade humana nos últimos dois séculos. Para mim é um flagelo nos últimos três dias, desde que decidi fazer esta publicação. Só vou postar hoje porque passei os últimos três dias a receber telefonemas de amigos e familiares. Uns a chamarem-me paneleiro porque escrevo no blog com regularidade, outros a perguntarem se era verdade e outros a pedirem-me o número do Teófilo e a perguntarem-me se ele estava solteiro. Quando os telefonemas pararam, consegui escrever. Do Teófilo não sei nada já há três dias.


Há moços que são racistas mas há outros moços que têm pensamentos perfeitamente normais e são considerados racistas injustamente. Por isso, em defesa desses moços que têm que usufruir da liberdade do pensamento, vou explicar-vos a diferença entre o que é ser racista e o que é ser um moço normal.


1) Ser racista não dizer que viste um preto na rua. Ser racista é veres um preto na rua e ires perguntar-lhe se vende óculos de sol.


2) Ser racista não é dizeres que viste um grupo de pretos na rua. Ser racista é dizeres que viste um bando de pretos.


3) Ser racista não é dizeres que tens um preto na tua turma, mas sim pensares que deves ser muito burro para um preto estar ao mesmo nível que tu.


4) Ser racista não é dizer que os chineses comem gato e humanos. Ser racista é ires a um restaurante tailandês ou japonês e dizeres que foste comer a um restaurante chinês.


5) Ser racista não é dizeres que os chineses conduzem mal, mas sim dizeres que os chineses conduzem pior que as mulheres.


6) Ser racista não é dizeres que o hip hop é música à preto. Ser racista é ouvires hip hop e tratares todos por «nigga mother fucker» e dizeres que vens da «street».


7) Ser racista não é achares que os guarda-redes pretos são todos fraquinhos, mas sim dizeres que o Ricardo é melhor que qualquer guarda-redes preto.


8) Ser racista não é pensares que um preto tem mais estilo e se veste melhor que tu. Ser racista é pensares que os pretos só vestiam caveadas.


9) Ser racista não é apelidares um casal inter-racial de «leite com chocolate». Ser racista é dizeres que os pretos estão a roubar-nos as moças todas.


10) Ser racista não é achares que a comida africana é uma porcaria. Ser racista é pensares que os pretos só comem bananas.


11) Ser racista não é partilhares com os teus amigos que o teu sonho é teres relações sexuais com uma preta ou com uma asiática. Ser racista é partilhares isso com os teus amigos e dizeres que ia ser como comer uma sobremesa exótica.


12) Ser racista não é dizeres que os pretos ficam com os piores trabalhos do Mundo, tipo a limpar janelas. Ser racista é dizeres que isso é trabalho à preto.


13) Ser racista não é rires-te das piadas do Fernando Rocha, mas sim chamares «Tibúrcio» a todos os pretos que vês na rua.


14) Ser racista não é teres um amigo a que chames «Preto» só por ele ser mais moreno. Ser racista é chamares «Preto» a um amigo teu só por ele não ser inteligente.


15) Ser racista não é desejares que o Jorge Abel seja violado por 3 moçambicanos. Ser racista é dizeres que provavelmente ele apanharia Sida se isso lhe acontecesse.

domingo, 18 de março de 2012

Eu até gosto da minha vida mas ...

Olá amigos. Sou eu de novo. Sim, estou a chamar-vos de amigos porque estão a ler coisas que eu escrevi pela segunda vez. Sem serem vocês foi só a minha professora de português que leu as minhas composições duas vezes. Uma quando fiz para mim, outra quando fiz o 9º ano pelo meu irmão.


O Gary disse-me que eu já não escrevia nada há muito tempo e que as pessoas tinham gostado de mim. Não acreditei muito nele porque a única pessoa que gostou verdadeiramente de mim está presa. Tinha eu 8 anos e ele ofereceu-me um Wherters Original. Depois perguntou-me se eu gostava de lamber um chupa-chupa e aí apareceu um polícia que o prendeu. Quando contei aos meus pais o que tinha acontecido a minha mãe deu-me uma coça por eu ter chegado tarde para jantar e por me ter esquecido de comprar pão ralado.


O Gary também me disse que muita gente tinha achado engraçado aquele raciocínio do Chocapic Duo. Eu expliquei-lhe que isso era com o meu tio. Perguntei ao meu tio se não queria escrever para um blog a explicar porque gostava mais de Chocapic Duo mas ele disse que escrever no blog era para paneleiros e para moços que não conseguem parar de cantar a música do «Selinho na Boca». Deu-me uma coça e ainda por cima fiquei com a música do «Selinho na Boca» na cabeça. Escrevo para um blog e canto essa música. Fiquei a pensar se era homossexual. O meu tio tem sempre razão. Uma vez ele disse-me que o Fiat Punto era carro de putas e quando a minha tia era prostituta tinha um Fiat Punto.


Pensei com quem poderia falar para saber se era homossexual ou não. Pensei em ir falar com o padre mas o meu tio uma vez disse que a Igreja queimava vivo os paneleiros e as bruxas e então não fui lá, porque o meu tio tem sempre razão. Tem tanta razão que passei a gostar mais de Chocapic Duo que de Chocapic de um dia para o outro.


Fui então falar com a minha professora. Uma vez na escola tive educação sexual, pensei que aí podia falar à vontade sem me queimarem vivo. Quando entrei na escola pediram-me o cartão do aluno. Como não tinha disse que ia falar com a minha professora para saber se era homossexual. O porteiro perguntou-me se eu gostava de enfiar objetos no cu. Disse-lhe que não e ele disse-me «então não és paneleiro». Fiquei mesmo aliviado com aquilo!


Fui para casa mesmo contente. Tinha que dizer aos meus pais que era heterossexual! Mal cheguei a casa o meu irmão deu-me uma coça porque disse que já não me dava uma há mais de quinze dias. Não lhe levei a mal porque estava mesmo contente por não ser homossexual. Fui à cozinha e a minha mãe deu-me outra coça porque me tinha esquecido de comprar pão ralado quando tinha 9 anos. Não sei porque é que ela se lembrou disso, acho que leu os meus apontamentos para este texto que disse ao Gary que ia fazer para o blog.


Quando estávamos todos juntos à mesa disse que apesar de gostar da música «Selinho na Boca» e de escrever para um blog, não era homossexual, como o tio me tinha dito. Levei uma coça do meu pai e do meu irmão por gostar da música do «Selinho na Boca» e a minha mãe disse-me que o meu tio tinha razão, que escrever num blog era para paneleiros.


Fiquei a pensar naquilo a noite toda. Realmente, o Gary costuma cantar do nada «Selinho na boca, na na na na na, intimidade doida na na na na na» e o Teófilo costuma continuar e dizer «selinho na boca, na na na na na, não posso ficar sem ...». Será que eles são homossexuais, que eu também sou homossexual ou que o meu tio não tem razão?






P.S.: Ontem à tarde fui ao mercado e sem querer apalpei as mamas à Dona Rosa da peixaria e aquilo provocou-me uma erecção. Afinal acho que eu não sou homossexual, mas como o meu tio tem sempre razão, acho que vou deixar de escrever no blog e afastar-me do Gary e do Teófilo, porque eles sim, devem ser.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sabes que estás a viver em sociedade quando ...

  • Finges que começas a correr só porque tropeçaste;
  • Olhas a toda a volta para ver se alguém te está a ver quando tens que apanhar o cócó do teu cão (se fores daqueles que apanha, claro, porque à quantidade de merda que vejo no chão, só para aí 2% das pessoas com cão deve apanhar);
  • Paras para ver alguém a apanhar o cócó do cão e pensas quão ridículo é essa figura;
  • Aguentas ao máximo até estares sozinho para não tirares aquela grande catota que tens no nariz à frente das outras pessoas;
  • Ouves as conversas que os outros estão a ter ao telemóvel e que não se esforçam nada para que não as ouças;
  • Olhas em volta para veres se alguém se riu quando mandas uma piada;
  • Olhas para uma moça (ou moço) atraente porque achas que ela (ele) está a olhar para ti (o que está em parênteses, idealmente é dirigido às moças, mas também acredito que haja moços que se revêem nisso);
  • As pessoas te conhecem mais pelo que disseste no facebook há duas semanas do que pelo que lhes disseste há dois dias atrás;
  • Ouves as conversas dos outros e pensas que ou já foste assim e felizmente já não és, ou que nunca vais ser assim ou que infelizmente és assim;
  • Dás por ti a avaliar e a julgar o que as outras pessoas vestem;
  • Vês alguém a cair ou a deixar cair alguma coisa, não ajudas a pessoa, mas quando vês alguém a ajudar pensas que podias ter ajudado;
  • Vês alguém a dar grande malho e a tua primeira reação é mandar uma mensagem ao/à teu/tua melhor amigo/amiga a dizer que viste alguém a dar grande malho;
  • Tentas ler o livro ou o jornal que a pessoa ao teu lado está a ler mesmo que seja extremamente desinteressante;
  • És cumprimentado por pessoas que não fazes a mínima ideia quem são mas que, por algum motivo, te conhecem;
  • Encontras alguém que não vês há muito tempo e a vossa conversa se resume a um «então, está tudo bem?» e finaliza com um «fica bem»;
  • Olhas em volta sempre que ouves uma buzina de um carro para ver se é para ti. Quando vês que não é, ficas a olhar para a pessoa para quem a buzinadela foi dirigida;
  • Ficas especado a seguir com o olhar uma ambulância ou um carro da polícia só porque vem com as sirenes ligadas;
  • Achas piada quando vês alguém a olhar para debaixo das sapatilhas porque pisou cócó apesar de odiares quando te acontece a ti;
  • Vês alguém na rua a falar sozinho e pensas para ti próprio 'olha para aquele maluco a falar sozinho';
  • Vês alguém a passear o cão e a falar para o cão como se fosse para um filho;

sexta-feira, 9 de março de 2012

Quim Barreiros: um cantor de intervenção

Dizem que o Quim Barreiros é maldoso, mal intencionado e um porco. Também dizem que eu sou insensível e que a Betty Grafstein é uma mulher. Não acredito em nada disso. Aliás, acredito mais que existe alguém cujo primeiro nome seja Onofre do que o Quim Barreiros ser maldoso.

Pelo contrário, o Quim Barreiros, através da sua música, expõe e reflete acerca das principais temáticas e problemas sociais da era moderna. Toda a gente fala no Zeca Afonso, no Kurt Kobain e no José Figueiras como cantores de intervenção, mas sabem quem fala no Quim Barreiros? NINGUÉM! Não quero acreditar que seja uma atitude discriminatória  só por ele ter bigode ou por tocar o mesmo instrumento que os romenos tocam em esplanadas só para chatear as pessoas. Já agora, o José Figueiras era cantor de intervenção por denunciar o isolamento do tirolês. Ele foi uma espécie de 'Grito do Ipiranga' lá dos gajos.

Mas afinal, porque é o Quim Barreiros um cantor de intervenção?

Tenhamos em consideração a mensagem que emana de algumas das suas músicas e vejamos quão profundos são os valores que se pretendem passar.

  • «Ketchup»: como sabemos a alimentação dos portugueses é desequilibrada. A obesidade é um fenómeno facilmente observável na sociedade e as 'leggins' vieram acentuar essa visibilidade. Quando Quim Barreiros pergunta «queres ketchup, Maria?» acentua claramente esses hábitos poucos saudáveis na alimentação quotidiana dos portugueses através da ironia. Essa ideia de ser a população geral é enfatizada com os nomes Manel e Maria, tal como podia ser o Carlos e a Carla ou eu e a minha prima. Além disso, esta música mostra a importância da divisão de tarefas domésticas, visto que o Manel e a Maria foram às compras juntos.

  • «Mestre da Culinária»: Quim Barreiros assassina com esta música o tradicionalismo latente na sociedade. O homem pode e deve cozinhar, assim como a mulher pode e deve votar. O homem na cozinha não é algo contra-natura, a não ser que cozinhe todo nu ou que não lave as mãos. Mais, o estereótipo de que quem gosta de cozinhar é homossexual também cai: «convido minhas amigas, para comer e para dançar», algo que pode fazer porque é «solteiro e bom rapaz» e vive «num apartamento», querendo uma «panela de pressão, para ver se cozinho mais depressa», precisamente para dar boa impressão às moças, outro drama do homem atual. E não é com decotes para homem ou com calças verdes que se consegue isso, mas sim a cozinhar depressa.

  • «Tira a Roupa»: «Tira a roupa, tira a roupa, que já está a anoitecer. Tira a roupa, tira a roupa do estendal que vai chover». Mais uma vez, o mito do homem desinteressado nas tarefas domésticas cai. É o homem quem avisa a mulher de que vai chover e que se deve tirar a roupa do estendal. Mais, ao dizer «meu amor, eu tiro as calças e tu tiras as calcinhas, vai tirando as tuas roupas que eu vou tirando as minhas», promove a justa divisão de tarefas, tantas vezes esquecida pelos verdadeiros mal intencionados do Mundo. E o empenho nesta tarefa é tal que trata a mulher por «meu amor», algo que só me disseram uma única vez na minha vida e foi quando liguei para uma linha erótica.

  • «Aeroporto de Mosquito»: «Aeroporto de mosquito, capacete espacial, o careca tem cabelo na nunca e na lateral»; «cabeça de lua cheia»; «parece uma bola de bilhar». São coisas destas que se ouvem ao longo da música, na qual Quim Barreiros mostra o drama da calvície, drama esse acentuado pelas atitudes preconceituosas face a quem sofre disso. O cantor mostra, através do exagero, o ridículo que é ser-se preconceituoso face à calvície. Pena não haver uma música assim em relação aos estúpidos, já que essa ia ser a música da minha vida.

  • «Os ovos»: «Ela berrou comigo e me mandou embora, só porque deixei os ovos do lado de fora». Além de acentuar a mudança do paradigma social, em que as mulheres passam a estar em maior número nas posições de chefia, Quim Barreiros acentua a precaridade do emprego da era moderna, capaz de haver despedimentos sumários ao mínimo erro, deixando a pessoa no desemprego e remetendo-o a ser um daqueles moços que faz a barba de 15 em 15 dias.

  • «Garagem da vizinha»: Para terminar, a mais completa de todas. Quim Barreiros reflete sobre o drama do divórcio na sociedade moderna, que é algo que acontece às pessoas próximas de nós («lá na rua onde eu moro conheci uma vizinha, separada do marido e está morando sozinha»). Mais, num período psicossocial claramente marcado pelo individualismo e egoísmo, surge um exemplar da bondade humana, que «vendo meu carro na chuva, ofereceu sua garagem». Esta bondade é mútua, rompe com o interesseirismo adjacente ao ser humano, já que ele também apara o jardim à porta da garagem da mulher. Esta música é também o espelho da sociedade atual, nomeadamente com o homem a ter que acumular dois empregos para ganhar um pouco mais para sobreviver, mesmo que seja a vender cocos, algo que se compra numa mercearia ou frutaria, mais depressa do que a um gajo que os vende num atrelado.

Em suma, por tudo isto se prova que, ao contrário do que se propaga nos meios de comunicação, Quim Barreiros tem profundidade nas suas músicas, as suas letras passam mensagens que são como um espelho da sociedade mas que, simultaneamente, funciona como uma crítica feroz a essa mesma sociedade moderna, através das suas músicas. Menos na do «Chupa Teresa», que aí ele excedeu-se e foi grande porco. Principalmente porque não existem gelados de abacaxi. E se houvesse só podia ser um Pirulo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Se eu não tivesse ...

Cotovelos:  Positivo: não tinha nunca mais aquela dor horrível ao bater com o cotovelo em alguma coisa tipo uma parede ou o bico de uma mesa;
                   Negativo: era simplesmente impossível a masturbação masculina.

Dentes:       Positivo: O sexo oral ganhava outra importância e relevo;
                  Negativo: O sorriso deixaria de ser uma característica apreciada;

Cérebro:    Positivo: Ninguém nos julgaria por pensar com a «cabeça de baixo». Ao fim e ao cabo, não haveria outra maneira;
                 Negativo: Não nos distinguiria em relação aos «Manitux do Hi5» ou aos grunhos.

Tíbia:         Positivo: Ninguém tinha medo de jogar futebol contra o Fernando Aguiar;
                 Negativo: Toda a gente iria andar à Walking Dead e a série deixava de fazer sentido.

Apêndice:  Positivo: deixava de ter dentro de mim algo que não fosse realmente necessário;
                 Negativo: não me podia armar em machão e dizer que tinha sido operado, mesmo que tivesse sido ao apêndice.


Intestino Delgado:    Positivo: tudo o que cagava era do grosso;
                               Negativo: perderia o único órgão que tem o triplo do meu tamanho e que mesmo assim cabe dentro de mim.

Língua:       Positivo: Nunca mais trincaria a língua enquanto estou a comer. É que são umas dores horríveis;
                  Negativo: O Venom deixava de fazer aquela cena que faz com a língua. Pensavam que ia dizer que não podia dar linguados? Mentes poluídas.

Nádegas:   Positivo: Tinha a certeza absoluta que nenhum moço daqueles estranhos ficava a olhar para o meu cu quando passasse por ele;
                 Negativo: O tempo passado na sanita seria reduzido em 90% e ia deixar de ser tão especial como é agora.


Tornozelos:  Positivo: O facto de não saber dançar deixava de ser considerado um defeito. E acabavm-se aqueles programas estúpidos tipo «Dança Comigo».
                    Negativo: Qualquer um podia ser jogador de futebol. É que aqueles moços que têm uma entorse quando chutam uma bola só têm o que merecem.


Barriga:        Positivo: Podia beber cerveja todos os dias sem me preocupar com isso. Além disso, acabavam programas tipo o «Peso Pesado».
                    Negativo: A concorrência em relação às moças iria aumentar para aí 300%, enquanto que o crescimento de moças disponíveis aumentaria apenas uns 15% e o Fernando Mendes deixava de apresentar o «Preço Certo».