quinta-feira, 29 de março de 2012

Hoje sentei-me numa casa de banho pública ...

E vi que na parede estava lá um número de telemóvel e a dizer que me podia fazer muito feliz. Como era 91 como eu sou, liguei. Provavelmente ser feliz ajudar-me-ia a lidar com os meus problemas emocionais. Quando liguei, aquilo fez o barulhinho do extravaganza. Aí descobri que o meu tio tinha razão quando disse que a felicidade não tem preço. A seguir ele disse à minha tia que o sexo sim, tinha preço, e para ela cobrar 50€ a cada cliente.


Tocou três vezes e atendeu-me um homem. Perguntou-me quem eu era. Disse-lhe que era o Jorge Abel e que estava à procura de ser feliz, como estava escrito na parede da casa de banho. Ele insultou-me do pior. Disse-me coisas que nunca tinha ouvido, mas disse uma que memorizei. Chamou-me «paneleiro». Perguntei-lhe se me estava a chamar isso por eu escrever num blog. Ele disse que não, que escrever num blog era de homem e que ele próprio tinha um blog. Disse-me que se chamava Ramiro e encorajou-me a ir ver o blog dele e para lhe ligar a dar a minha opinião sobre o blog dele.


Quando desliguei a chamada sentia-me feliz. Quem escreveu ali o número do Ramiro sabia do que estava a falar. Nem me chateei com o facto de não haver papel. Como tinha comprado o Destak tinha onde limpar. Comprei ao meu irmão, que me faz um bom preço. Vende-me o jornal só a 50 cêntimos. Pelos vistos nas papelarias é 1,20€ e não vem com o Sudoku já feito, ainda nos obriga a pensar.


Quando saí da casa de banho vi que na porta estava escrito outro número de telemóvel. Neste dizia «mamo-te todo». Fiquei curioso e liguei, mas como não deu o barulhinho do extravaganza desliguei logo. O meu tio tinha razão, o sexo paga-se. Antes de sair vi lá outra coisa escrita na parede que achei ofensivo que era «lá fora és o Rambo mas aqui dentro cagas-te todo».


Fui para casa para ver o blog do Ramiro. No caminho passei pelo mercado para ver a Dona Rosa. Desde que lhe apalpei os seios que não a consigo tirar da cabeça. Das cabeças. Acho que estou apaixonado pelo Dona Rosa. Ou pelo menos pelos seios. Porque acho que a Dona Rosa é um bocado feia. Além disso cheira a peixe. O meu tio já me disse que as mulheres cheiram todas a bacalhau. Bem, se a Dona Rosa cheirasse a bacalhau era bom, mas ela cheira mais a sardinha, a cavala e a pargo.


A Dona Rosa não estava no mercado por isso fui para casa. Estava mesmo com vontade de ver o blog do Ramiro para lhe ligar. Estava excitado com a possibilidade de fazer um amigo. Mas não estava excitado como quando toquei nos seios da Dona Rosa. Pronto, estava entusiasmado. Quando entrei em casa, a minha mãe esbofeteou-me. Era a maneira dela de demonstrar carinho. O meu pai diz que levar estalos fortalece o carácter. O meu tio diz que o que fortalece o carácter é ter relações sexuais com uma preta.


Fui ao quarto para ver o blog do Ramiro. Para minha surpresa, o Ramiro era travesti e o blog dele tinha fotografias dele completamente pelado. Por incrível tinha umas mamas maiores que as da Dona Rosa, o que me fez um pouco de confusão. Voltei a ligar ao Ramiro só por cortesia, para ele não achar que eu era mal educado. O meu irmão entrou no quarto na altura em que eu estava a dizer ao Ramiro que não tinha atração por homens mas para ele não levar a mal e continuar meu amigo. O meu irmão deu-me uma coça e disse-me: «que seja a última vez que te apanho a falar ao telemóvel com esse panasca do Teófilo Rodrigues».

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