No outro dia encontrei o Raúl na rua e estive a falar um bocado com ele. Quem é o Raúl, perguntam vocês, e perguntam bem porque nem eu sei definir bem quem ele é. O Raúl é daquelas pessoas que tu te dás há bastante tempo para não ser apenas um conhecido, mas não tem a proximidade necessária contigo para dizeres que é um amigo. O Raúl é daquelas pessoas que está naquela zona híbrida que ninguém ainda se importou em definir. Como chamamos a essas pessoas como o Raúl? Companheiro remete um bocado para a vida romântica, parceiro remete mais para os negócios, compincha é um nome um bocado esquisito ... Portanto, se alguém tiver alguma sugestão, que me diga, pode estar a salvar milhares de interacções sociais ainda sem um nome definido.
Mas voltando ao Raúl, disse-me ele que tinha sido despedido recentemente, segundo ele, por ter sido mau profissional. Perguntei-lhe o que era isso de ser mau profissional, ao que ele me disse que respondeu mal a um cliente e que violou o princípio «o cliente tem sempre razão». Alguém além de mim acha este princípio uma parvoíce? Quem é que inventou que o cliente tinha sempre razão? Provavelmente os clientes. Então porque é que os patrões e os empregados seguem este princípio como se fosse uma lei universal e inviolável? E já agora, este princípio está nas leis, é reconhecido por notários como uma lei a respeitar? Estranho mundo este ...
Assim, ainda lançado sobre a temática do último post, volto a debruçar-me sobre o mundo do trabalho e das profissões, desta vez para debater as diferenças entre ser bom profissional e mau profissional. Claro que não estão aqui representadas todas as profissões, só as que me lembrei para este post, não tenho obrigação de pensar em todas as profissões do mundo, deixo isso para os filósofos, se ainda existir algum. É que para mim os filósofos morreram todos, desde para aí 1850 que não há nada sobre que filosofar. Além de que ser filósofo não é vida e não dá futuro nenhum. Mas isso já são coisas do post anterior.
Então, vamos ver a diferença entre ser bom profissional e mau profissional:
- Psicólogo: ser bom profissional é ouvir, aconselhar e ajudar estranhos por meio de um pagamento pré-acordado. Ser mau profissional é fazer tudo isto a estranhos, fora do local de trabalho e sem receber nada;
- Empregado de mesa: ser bom profissional é não bater num cliente que se está a armar em superior contigo e a enxovalhar-te, mas cuspir-lhe no prato. Ser mau profissional é cuspir no prato do cliente errado;
- Trolha: ser bom profissional é mandar aqueles piropos mesmo ridículos quando passa uma moça daquelas roliças pela rua, à beira do teu local de trabalho. Ser mau profissional é mandar piropos para moços. Ah, e claro, não usar capacete. Mas o primeiro é pior;
- Barbeiro: ser bom profissional é falar de futebol e/ou de moças enquanto te corta o cabelo da maneira como tu queres. Ser mau profissional é impingir-te um corte de cabelo porque está na moda e não falar nem de futebol nem de moças. Ah, claro, e em vez de se chamar barbearia, chamar-se «cabeleireiro»;
- Carteiro: ser bom profissional é traçar um perfil às pessoas pelas cartas que recebem e de que instituições recebem. Também é normal ficar com pelo menos um exemplar do «Dica da semana» para levar para casa que aquela porcaria realmente tem mesmo grandes promoções. Ser mau profissional é andar com calções um tamanho abaixo do indicado para si, até porque 95% das mulheres que exercem esta profissão são daquelas a quem calções um tamanho abaixo não ficam nada bem;
- Comerciante: ser bom profissional é convencer os clientes que os seus artigos são bons e de qualidade, mesmo que sejam uma porcaria, importa é vender. Ser mau profissional é convencer-se a ele próprio que determinados produtos que vende são de qualidade quando na realidade são uma porcaria;
- Barman: ser bom profissional é minar as bebidas das moças mais roliças para elas irem mais facilmente contigo para a cama. Ser mau profissional é minar a bebida de um moço para o conseguires levar para a cama;
- Segurança: ser bom profissional é deixar passar à frente de toda a gente os VIP's, as moças mais roliças e aqueles que lhe põem notas de 20 no teu bolso. Ser mau profissional é deixar entrar em alguma circunstância grupos de moças histéricas, alguma gorda que esteja a usar leggins e um top que realça a banha e grupos de moços que estão juntos porque nunca na vida nenhum deles conseguiria companhia para sair à noite sem ser estes amigos bananas;
- Deputado: ser bom profissional é jogar solitário, freecell ou ver o que se passa no Facebook quando as sessões no Parlamento estão a ser grande seca. Ser mau profissional é conversar no chat do Facebook e jogar poker online com outros deputados, aí já estão a distrair os outros;
- Polícia: ser bom profissional é ir a clubes de strip com a malta do trabalho sem pagar nada, sob ameaça de fechar o estabelecimento e deter todos os que lá trabalham. Ser mau profissional é deixar lá o distintivo e só reparar nisso na manhã seguinte;
- Instrutor de musculação / fitness: ser bom profissional é por a mão nas moças e, de certa forma, apalpá-las, com a sua conivência, enquanto lhes explica determinados exercícios. Ser mau profissional é só fazer isso com as velhinhas;
- Jogador de futebol: Ser bom profissional é jogares bem, num bom clube, não faltares a nenhum treino e teres uma mulher daquelas de causar inveja aos outros. Ser mau profissional é fazeres tudo igual aos outros mas teres uma mulher feia;
- Esteticista: ser boa profissional (sim, este trabalho é para ser feito POR mulheres e PARA mulheres) é mascar chiclete e usar umas madeixas questionáveis, enquanto conta a sua vida toda e a das outras à cliente que tem pela frente. Ser má profissional é fazer o mesmo às amigas, fora do local de trabalho, gratuitamente;
- Mecânico: ser bom profissional é cobrar a mais por extras que à partida o cliente pensava que não seria preciso, apenas com o intuito de ter mais lucro. Ser mau profissional é não ter nenhum poster de moças nuas no local de trabalho;
- Advogado: ser bom profissional é defender clientes em quem não se acredita, mas fazê-lo na mesma porque ele está a pagar os honorários. Ser mau profissional é perder todas as argumentações em que se entra com amigos e com familiares;
Muitos de vocês perguntam-se porque é que eu, enquanto blogger, não reflecti sobre o que é ser bom e mau profissional neste blog. Primeiro, porque se este blog fosse para profissionais o Jorge Abel não andava por aqui e alguém pagava alguma coisa ao Teófilo por ele ir ver as estatísticas. Segundo, porque se este blog fosse algo profissional quem viesse cá ler tinha de pagar para ler o que eu escrevo. E como sem pagar só vêm cá quatro pessoas, se fosse a pagar só cá vinha o Teófilo, porque é meu amigo e além disso tem aquela mania estranha das estatísticas.
P.S.: A sério, se alguém tiver alguma sugestão de nome com que possa definir a minha relação com o Raúl, agradecia imenso. É que ando aqui às voltas e não me ocorre nenhuma palavra para definir esta zona híbrida entre conhecido e amigo.
podes sempre designar o Raúl como um "conhecido de há longa data" ou parece-te mal, muito longo talvez...
ResponderEliminarParece-me claramente um nome demasiado grande. Tinha pensado em «passô-bem». Nesse caso o Raúl seria um «passôbem», tendo em conta que são as únicas palavras que no fundo trocamos. Mas estou a recolher opiniões. Com a minha já são 2.
Eliminarparece-me bem o "passôbem"...vou auscultar algumas opiniões e depois peço para te comunicarem...pode ser que tenhas mais audiência (se fôr sempre eu, conta como várias pessoas, mesmo que não me identifique?!?)
EliminarNão, só conta como uma opinião e assim vou ter sempre duas: a minha e a dos outros.
Eliminaracho que é mais a tua e AS do "anónimo" eheheheheheh
Eliminarreli...para teres, pelo menos, cinco pessoas (ou 6, caso não tivesses contado já comigo) que lêem o teu blog :P...adorei...
ResponderEliminarContinuam a ser 5 pessoas que o Teófilo é só o moço das estatísticas, não conta como leitor.
Eliminarok, mas acho que devias ser menos exigente contigo mesmo, relativamente às estatísticas, já que não passam disso mesmo, meras estatísticas...o teor da escrita é que conta...mesmo quando de qualidade duvidosa, mas tendo um escritor já é um bom começo e haja um leitor, digno da dita escrita (poderei ser eu, ou talvez não)...enfim...tenho que ir
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