Vou fazer aquilo que mais gosto: delirar livremente sobre temas que tenho como certezas absolutas e como uma crença inabalável e nada do que vocês me digam me vai demover da minha convicção. Agora que penso bem, isto é o que fazem aqueles comerciantes que dizem que é impossível encontrares um preço mais baixo que o deles. Mal atravessas a rua está o mesmo produto para aí 2€ mais barato. Voltas ao comerciante, expões a situação e ele vai dizer que se reparares bem o produto não é igual, é de pior qualidade. Se entretanto provares que o produto é exactamente igual, ele é capaz de afirmar peremptoriamente que eles lhe compraram o produto e estão a levar mais caro para terem lucro. Hoje vou ser como esses vendedores.
Já não falava de música há algum tempo. Mas também quando falei ou foi a dizer que o Tony Carreira tinha esquizofrenia ou a analisar as músicas da Rosinha e ainda hoje vêm ter pessoas ao blog através desses textos que já os escrevi quando ainda não precisava de anti-psicóticos. Quer dizer, eu precisava, mas dizia que não precisava e acabava por acreditar nisso. Nunca vos aconteceu dizerem uma coisa para vocês próprios e passado uns tempos acreditam mesmo nisso? Uma vez convenci-me que sabia cozinhar e fiz um rosbife à La Goullame para uma moça com quem andava a sair. Se forem pesquisar no google não existe essa especialidade de rosbife. Não fui eu que a inventei porque não existe. Simplesmente fiz rosbife, inventei um nome francês só para impressionar a moça e depois fui para a cama com ela.
Agora que penso este último parágrafo dava uma grande música cujo refrão ia ser «Rosbife à La Goullame não existe, sua cabra». Talvez tirasse a parte que diz «não existe» e ficava só «Rosbife à La Goullame, sua cabra». Ao menos fugia dos temas habituais das músicas, que são quase sempre os mesmos. Por isso, no delírio de hoje, eis temas sobre os quais não existem músicas (pelo menos é minha convicção que não existem):
- Minotauros. Eu ouço músicas a falar sobre extraterrestres, que só existem na imaginação das pessoas, nos filmes, nas séries de ficção científica e naquele programa de teorias da conspiração, mas sobre Minotauros nada. Queria saber como se iam sentir os gregos, que durante séculos tiveram que conviver com os minotauros e saber que os filhos deles andavam nas mesmas turmas que os minotauros, que faltavam às aulas para andarem a fumar e a roubar, iam reagir perante esta indiferença da nossa sociedade;
- Pessoas que gostam de polvo mas não comem lulas. Conheço pelo menos 3 pessoas que têm esta particularidade estúpida. O polvo e a lula são primos, vivem no mesmo sítio e sabem quase ao mesmo. Gostar-se de polvo e não se conseguir comer lulas está ao mesmo nível de se fumar e se dizer a toda a gente (como se alguém quisesse saber) que nunca se ia envolver com uma moça que fumasse. Já imagino uma música cujo refrão fosse «mas porquê, porquê ... que é que gostas de polvo mas não comes lulas?»;
- Tal como os Minotauros, outro povo completamente esquecido pelo mundo musical são os Fenícios. Durante séculos os homens andaram por todos os mares que existiam, gastaram um montão de dinheiro em barcos para fazerem comércio e trazerem coisas novas para as pessoas para, séculos depois, ninguém lhes passar cartão. Não há nenhuma música sobre os Fenícios e as suas viagens, o máximo que lhes deram foi haver o nome Benício, como se fosse um nome de jeito;
- Ultimamente, desde que a irmã do Cristiano Ronaldo inventou a música para Portugal, que os cantores fazem um montão de músicas para as selecções. É raro o país que não tem uma música para a selecção, para algum jogador ou para um clube. Entre esses exemplos raros está a selecção do Botswana. Porque não uma música que falasse de países mais desfavorecidos e cujo refrão fosse «e é por isso ... é por isso ... que eu torço pela selecção do Botswana». Até podia ser o João Pedro Pais a cantar;
- No que a animais diz respeito, até me lembro de haver um tal de «Crazy Frog». As músicas correm os animais todos mas têm uma falha grave: não há músicas sobre bois almiscarados. Esse animal portentoso é também uma nova gama de insultos de género, que é uma moda que eu estou a tentar lançar. Moças: se nós formos insensíveis e frios não nos chamem «bois», chamem-nos «bois almiscarados» porque assim não estamos no mesmo patamar do «boi que comeu a minha irmã no meu quarto, no meu aniversário»;
- Dizem que a música é o reflexo do dia-a-dia da pessoa. Há músicas que falam sobre amores perdidos, amores felizes, situações absurdas e situações normalíssimas. Eu não acredito nesta definição e espancava quem inventou essa definição apesar de ter quase a certeza que fui eu que a inventei agora mesmo, ou se não inventei copiei-a de alguém inconscientemente já que escrevi isto sem ir consultar qualquer referência. Posto isto, não há nenhuma música sobre comer Chocapic do pacote em vez de se pôr numa taça;
- Há músicas sobre chover homens ou sobre chuva roxa. No entanto, nunca ninguém abordou uma situação que aconteceu a um amigo meu que eu não vou dizer o nome apesar de dizer sempre nomes, talvez para gerar a dúvida que me aconteceu a mim mas que me estou a escudar num amigo, o qual não revelo o nome. Essa situação é a de namorar com uma moça e confundi-la com a gémea, que alinha nisso e só no fim revela a sua identidade. Já imagino o Anselmo Ralph de óculos de sol a cantar «e eu comi a gémea, mas amor eu não sabia que era ela»;
- Para terminar, deixo já aqui que pago 50€ a quem fizer uma música com o tema que vou dizer a seguir, a puser no Youtube, conseguir 1 milhão de visualizações e que passe numa rádio, que até pode ser local, desde que gravem e me mostrem a gravação com o da rádio a dizer «e agora na Rádio Frutos do Bosque (porque é uma rádio que não existe, como os frutos do bosque), fiquem com Artista Desconhecido a cantar 'Dicionários'». Gostava de uma música sobre o benefício dos dicionários para o nosso dia-a-dia, nem que seja para ganhar discussões ou para aquele jogo das palavras que eu nunca joguei mas nas séries americanas eles estão sempre a jogar.
Talvez pergunte um de vocês os quatro: «E tu? Porque raio não fazes tu uma música com algum desses temas?». Eu até fazia com todos os temas numa só música. Olha vejam como é fácil: um minotauro que gostava de polvo mas não comia lulas, foi ver ao dicionário o que era um boi almiscarado. Não encontrou e por isso perguntou ao seu amigo Fenício de onde era esse animal. O amigo Fenício disse que tinha um amigo na selecção de futebol do Botswana e então ia-lhe perguntar quando eles fossem jogar contra o Togo. O minotauro disse que havia um futebolista do Togo que comia Chocapic do pacote em vez de uma tigela e o Fenício disse-lhe que também fazia isso, que até a ex-namorada lhe estava sempre a chamar à atenção por causa disso. O minotauro espantava-se e perguntava: «Ex-namorada??». E o Fenício dizia: «Sim». E o minotauro: «Que se passou?». E o Fenício contava que a moça tinha uma gémea e num dia ele confundiu a namorada com a irmã, mas a irmã alinhou, foram para a cama e só no fim é que revelou a sua identidade. E pronto, já está tudo. O refrão inventem vocês.
P.S.: Algum maldoso vai dizer: «Oh Gary, mas isso não é uma música, é uma composição!». E eu garanto-vos que é uma música, o ritmo até está na minha cabeça e tudo. Outro maldoso vai dizer: «mas assim, se todos os temas estão numa só, qual é o tema principal da música?». A este último não respondo, dou dois estalos, digo para se calar e que eu é que sei, uso o argumento gasto que o blog é meu e finjo que não se passou nada para não influenciar a vossa opinião sobre o texto todo. Quando uma pessoa sabe fazer as coisas não tem que se preocupar com nada. Por isso é que o provérbio diz que quem tem telhados de vidro é que se tem que preocupar, porque quem tem telhados de vidro ou não percebe nada de arquitectura ou não percebe nada desta vida e em vez de espetar uma coça no empreiteiro que fez isso ficou com os telhados de vidro.
É tão sexy quando um homem tem convicções.
ResponderEliminarMas a minha verdadeira questão é: és mais homem ou mais pássaro?