Carros. Quem tem carro, conduz. Mais do que quem tem carta, visto que há mais moços e moças com carta que não conduzem do que moços a conduzir sem carta. E muitos dos que conduzem sem carta, conseguem fazê-lo melhor do que alguns que têm carta. Principalmente aqueles que só conduzem aos feriados e aos domingos.
Nunca percebi bem essa do «condutor de domingo». O que passará pela cabeça de alguém para, chegar a domingo e pensar «aaaah, finalmente vou pegar no carro, porque é domingo e não conduzo em mais nenhum dia da semana a não ser este». Não consigo perceber. Para mim, um «condutor de domingo» é alguém que conduz mal sempre. Mas ao domingo, quando conduz, dá mais nas vistas porque há menos carros na estrada. E, infelizmente para os que conduzem bem e também têm que conduzir ao domingo, levam com estes em maior frequência.
Quem conduz com frequência acaba por desenvolver um conjunto de características inerentes ao acto de conduzir. A esse conjunto de características que irei apresentar em seguida dou o nome de Síndroma de Michael Schumacher, um género de perturbação social verificado entre condutores regulares (e não de domingo).
Eis os critérios:
A) Comportamento de risco na estrada, conduzindo de forma agressiva, em excesso de velocidade permanente e efectuando manobras perigosas, ultrapassando alguém que, por exemplo, vá «só» a 50 km/h num percurso citadino;
B) Não há consciência do perigo inerente à condução nem crítica em relação à sua perturbação;
C) Crença inabalável de que os efeitos negativos do seu estilo de condução só acontecem aos outros e que a si nunca irão acontecer;
D) O indivíduo com perturbação exibe alguns destes comportamentos, isoladamente ou em simultâneo:
1- quando ultrapassa alguém sente um gozo e uma felicidade enorme;
2- vocifera insultos quando alguém à sua frente vai muito devagar;
3- nunca para para deixar passar alguém na passadeira a não ser que a pessoa já siga a meio;
4- sempre que vê o sinal amarelo, acelera o máximo que puder;
5- nunca cede passagem a ninguém a não ser que seja obrigado;
6- os sinais STOP não implicam nenhuma obrigação;
7- pode, com frequência derrubar mecos e árvores ao fazer marcha-atrás;
8- a condução dos outros, é sempre, alvo de crítica e análise constante;
E) Ser ultrapassado por alguém gera um mal-estar significativo, provocando manifestações de tristeza, ansiedade, confusão da identidade, irritabilidade e angústia, que só é invertido se voltar a ultrapassar alguém ou o condutor que o ultrapassou anteriormente;
F) O condutor com esta perturbação vê o acto de conduzir como uma corrida de Fórmula 1;
G) Pode acontecer, com frequência, que se o passageiro que segue ao lado do condutor fizer um comentário depreciativo sobre a sua condução, o indivíduo com esta perturbação pode expulsá-lo do carro e recusar a entrada no seu carro a essa pessoa por um período de tempo entre 3 meses e 10 anos.
P.S.: Não vale a pena estarem-se a rir deste post (os poucos que o conseguirem fazer) porque quem conduz tem, em maior ou menor grau, esta perturbação, exibindo os comportamentos com maior ou menor intensidade, variando de caso para caso.
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