quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mitos que encontras em alguns desenhos animados


Fiquei contente por não terem dito que o meu texto anterior da religião era moderno. Já estava farto de ser moderno. Qualquer dia só me faltava começar a andar de calças vermelhas ou ir ao café beber uma Mini, já que diziam que era moderno, começava a agir como tal. Felizmente não segui por esse caminho e continuo a ir à tasca do Abílio comer a sande de morcela e a beber uma cerveja normal, à homem.

Neste sentido pensei: que mais é que eu faço hoje que também fazia há 10 ou 15 anos atrás? Excluindo todas as necessidades fisiológicas que me ocupariam a lista facilmente, restam três: chatear as pessoas com parvoíces, comer demais e ver desenhos animados. A primeira não preciso de falar sobre isso, vocês têm visto desde Dezembro. A segunda não vou falar porque senão dá-me fome e não acabo de escrever o texto hoje. A terceira pode ser, vou falar na terceira.

Sei que já reflecti sobre desenhos animados noutro texto, mas não sobre mitos que encontras em alguns desenhos animados. Aposto que não estavam à espera desta. Ou se calhar estavam porque leram no título. Mas pronto, vejam lá alguns:


  • Dragon Ball: as bolas caem sempre no deserto, no mar ou no campo. Nunca caem no meio da cidade, tipo numa estrada, que obrigue a cortá-la ao trânsito para obras, ou numa casa. Se caísse numa casa e a pessoa ficasse com ela como é que ia ser? Ia o Krillin lá buscá-la? Não assustava ninguém o Krillin, muito menos se fosse lá com o Yancha. E imaginemos que caía numa casa e a pessoa, olhava para aquilo e pensava logo na pasta que aquilo não dava se vendesse no OLX. Depois queria ver o Songoku a licitar a bola de cristal e a pagar uns 300 contos por ela, só para ressuscitar o Tenshinan, que está sempre a morrer;

  • Tartarugas Ninja: nunca ninguém desconfia que a repórter da cidade, que mostra as histórias em exclusivo das Tartarugas, que são Ninjas,frequentemente jantar sempre à mesma pizzaria, com quatro indivíduos de gabardina do pescoço aos pés e com um chapéu, que nem para comer o tiram. Cabia ao empregado ou ao gerente da pizzaria dizer alguma coisa? Não, porque desde que pague, o cliente tem sempre razão (e com o Miguel Ângelo a comer às três pizzas, a conta deve ser bastante avultada) mas os outros jornalistas da cidade andam a dormir ao não investigarem isto;

  • Gárgulas: a pergunta que eu faço a mim mesmo ao ver este desenho animado é: mas ninguém anda na rua à noite? Está tudo fechado em casa a ver televisão e no Facebook? É que se a acção se passasse numa cidadezinha pequena ou numa aldeia remota, tudo bem, é normal que não ande ninguém na rua à noite, nem de dia andam, passa uma pessoa de meia em meia hora. Agora isto passa-se em Nova York. Nunca ninguém ia na rua à noite e viu uma gárgula? Não há mendigas a monte na cidade, que testemunhassem a existência? Ou as gárgulas matam qualquer tipo de testemunhas oculares para se manterem no anonimato?

  • Carrinha Mágica: se há desenho animado que promove o desencantamento dos miúdos com a escola é esta. Mas alguém, nalguma escola, faz visitas de estudo daquelas? E tenho a certeza que a professora não manda as autorizações para as visitas de estudo para os encarregados de educação assinarem. Era eu que ia assinar uma autorização para o meu filho ir numa carrinha, ser diminuído em mil vezes o seu tamanho para entrar dentro de um corpo humano. Mais, estou seguro de que nenhuma turma tem uma mascote que seja um lagarto. É tudo peixes ou, no máximo, um hamster. Uma professora que levasse um lagarto para a sala era logo denunciada à Comissão de Protecção de Menores e era suspensa. 

  • Inspector Gadget: Ao ver o Inspector Gadget concluo que qualquer um entra para a Polícia. Porquê? Quando um moço esquisito, todo trapalhão e claramente pouco inteligente (se forem a ver, 90% dos crimes são resolvidos ou acidentalmente, ou pelas crianças ou pelo cão!) resolve os crimes todos da cidade, superando a polícia, está tudo dito. Pior que isso, Gadget representa a Interpol, supostamente a melhor polícia do Mundo. Depois de ver os recursos do FBI totalmente esbanjados numa caça aos espíritos em «Ficheiros Secretos», a Interpol deveria dar o exemplo, mas não. Podem até dizer que o contrataram precisamente para os mauzões pensarem que ele era desajeitado e que, por isso, poderiam passar impunes mas ele ou tem uma grande cunha ou então qualquer um dá para polícia;

  • Tintin: este podia não só dar lições ao Gadget de como se resolvem crimes, como também podia dar lições de jornalismo à April O'neill das Tartarugas Ninja. Mesmo assim, não deixo de descortinar um mito neste desenho animado: todos os cães são altamente inteligentes e fiéis. Portanto, anda a polícia a gastar dinheiro com treinos intensivos de pastores alemães para serem cães-polícia, e um cãozinho pequenitates como o Milu, morde criminosos até eles cederem, rói cordas para libertar o dono, persegue carros a alta velocidade e tem um faro capaz de descobrir drogas e cadáveres. Vou já ali à loja do Carvalho comprar um salsicha, que com 3 dias de treino vai-me abrir as latas de atum com os dentes e assim escuso de me cortar;

  • Kangoo: o mito aqui é óbvio: se formos bons e unidos, ganhamos sempre. A sério? Então significa que todas as equipas no mundo que, todos os anos, ficam pelo menos em segundo lugar, não são unidos ou então são mauzões que querem controlar o mundo. Então aquelas equipas que descem de divisão era exterminá-los o quanto antes, que esses são péssimas pessoas, violam as mulheres dos outros e atiram crianças por ravinas abaixo, nos tempos livres. Mais, a ilha onde vivem estes kangurus até parece paradisíaca: ninguém entra lá, estão protegidos das ameaças externas e só saem de lá quando a torre de controlo desliga o escudo de protecção. Cuba também é assim e vejam se todos os anos não saem da ilha milhares de pessoas, em barcos insufláveis, para os Estados Unidos;

  • Mighty Max: este é dos desenhos animados mais perigosos. Portanto, um miúdo rebelde, que não gosta da escola, balda-se e vai combater o crime para outra dimensão, com um pássaro que fala e com um bárbaro que além de combater só deve fazer ginásio na vida dele. O mito presente aqui é que estes moços que se baldam às aulas vivem mesmo estas coisas na realidade, sem qualquer influência de drogas. Combater o crime noutra dimensão com um pássaro? Bem, ao menos foge ao estereótipo do elefante cor-de-rosa. Outro mito perigoso é que se pode esconder tudo à mãe, que aparentemente se preocupa com o filho mas é burra o suficiente para não ver que ele se balda às aulas para se ir drogar. Não, não é para se drogar, é para combater contra monstros, noutra dimensão, com um pássaro e um bárbaro de dois metros;

  • Simpsons: Springfield parece-me uma típica cidade americana. Tem uma igreja, uma fábrica (ainda que seja uma central nuclear) que emprega a maior parte dos habitantes, uma esquadra de polícia, um canal de televisão e (aqui começa o mito) um bar. Só há um bar na cidade inteira? Até poderia acreditar nisso se o bar fosse alvo de inspecções periódicas com frequência, visto só haver esse. Portanto, além de uma cidade só com um bar (!!!), passa-se a mensagem que qualquer um abre um bar, em quaisquer condições e não leva com inspecções, nem com multas. Mas pior que haver só um bar é não haver um único bar de strip ou de alterne. Mas isso não é um mito, é mesmo um desabafo que estou a fazer à parte do texto.



Não pensem que não gostava ou não gosto destes desenhos animados. Pelo contrário, foram precisas horas e horas de observação para poder pensar nestas coisas. Claro que depois de ver 20 000 horas disto tudo, pensei por 20 segundos e escrevi o que me veio à cabeça, como sempre. Tenho que deixar de ser tão impulsivo. No outro dia, o Teófilo disse que tinha comido grande pêra na mercearia do Rebelo e tinha gostado. Como bom amigo espetei-lhe grande soco mesmo na boca, mas ele estava a falar de fruta. Agora não me atende as chamadas e suspeito que desta vez deixe mesmo de vir aqui escrever, tudo por causa de uma pêra. Resta-me o Tolentino e os desenhos animados, portanto, se não escrever ele sobre alguma coisa que deteste (e que para vocês seja algo perfeitamente natural), venho para aqui eu falar de desenhos animados ou de cinema. Ou de moças.





P.S.: Devem ter reparado que o Spider Man e o X-Men não estão na lista. Há uma explicação muito simples quanto a isso: simplesmente, são os melhores desenhos animados de sempre. Não há nada que criticar, não há mitos, não há nada de nada de mal. No entanto, se alguém tiver uma perspectiva diferente pode sempre dizer-me. Não garanto é que ouça, queira saber ou vos volte a dirigir a palavra, nem significa que não chame dois ou três amigos para vos apanhar na rua sozinhos, um dia, e vos dar um tareão que nem se vão conseguir levantar sem a ajuda dos bombeiros, quando chegarem ao local três ou quatro horas depois. Bem, chamar 2 ou 3 amigos é um mito, se calhar chamava só o Tolentino e não era certo que vos conseguisse dar um tareão. Mas já que estivemos a falar de mitos ...


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Forma das religiões ganharem mais adeptos


Uma das coisas que me disseram em relação ao último post é que era moderno, reflectia a sociedade actual e não era discriminatório. Olha que grande porcaria! Anda aqui uma pessoa a esforçar-se por criar estereótipos ou pelo menos manter os já existentes e vêm-me dizer que afinal não fiz nada disso. Mais valia dizerem-me que o texto estava uma porcaria, assim sempre me sentia melhor do que dizerem que eu fugi aos estereótipos.

Além disso, dizer que o texto era moderno é uma facada no coração. Detesto modernices. Robots que fazem tarefas domésticas, operações plásticas, melancias quadradas, carros com mudanças automáticas e dubstep é tudo modernices que não fazem falta nenhuma e só vieram para estragar. Para se ver como as modernices é tudo uma porcaria, basta ver que as últimas tendências da moda são sempre cada uma pior que a outra.

Contudo, se há coisa que nunca se verga à modernice e se mantém obsoleta, presa ao passado e com características muito vincadas é a religião. Poderão dizer que só por isto mereciam mais adeptos e fiéis, mas eu tenho mais alguns conselhos para que as religiões, no geral, consigam ganhar mais adeptos (digo religiões no geral porque já que no último post disse que era a favor da igualdade, vou aproveitar para o ser também neste):


  • Testemunhas de Jeová: muita gente é contra as testemunhas de Jeová. Eu não. Só não gosto que me abordem na rua com propaganda. Se tenho na minha caixa do correio «Publicidade aqui não», isso devia incluir panfletos e editoriais dos jeovás. Mas o pior nem é isso. Se quiserem ganhar fiéis, os testemunhas de jeová não podem encurralar as pessoas em situações que não podem sair ou em que saem dificilmente sem serem rudes. Se repararem, sempre que os jeovás abordam alguém é numa situação de fuga difícil, tipo transportes públicos ou elevadores. Além disso, para ganharem apoiantes, devem começar a dirigir-se a gandulos, prostitutas e mendigos e não apenas a moços de bom aspecto. Esses é que precisam de orientação, não são os que estão bem espiritualmente;

  • Católicos: a piada mais fácil para os católicos era dizer: «se acabassem com os abusos de crianças, talvez fossem mais longe». Mas não. A minha sugestão para os católicos ganharem mais adeptos era inventarem uma espécie de simulador sobre o que era o Inferno. Eu lembro-me que quando era criança e fazia uma asneira, quando me ameaçavam bater ou castigar eu fazia tudo outra vez, porque passava impune, mas se me castigassem ou me dessem um arraial de porrada, portava-me bem durante 2 semanas. Com este simulador do inferno, o povo podia ver como ia ser depois de morrer se não seguisse os ensinamentos da Bíblia (que, já agora, é bastante confusa. Nenhuma criança percebe patavina daquilo, e 80% dos adultos não percebem tudo o que lá está), em vez de ter que morrer para «ter o que merece». Mas o simulador tinha que ser uma experiência mesmo realista, senão era igual e só tinham esbanjado dinheiro;

  • Protestantes: neste caso, a forma mais fácil de ganhar adeptos era mudarem o nome da religião. Que crédito dá alguém dizer que é «protestante»? Era como haver um partido político chamado «Partido dos Revoltosos». Ao princípio, as pessoas até iam achar piada porque também estavam revoltadas e juntavam-se a eles. Mas a partir do momento em que começassem a ganhar força e fossem uma maioria, não dava jeito nenhum que continuassem a ser revoltosos e, se fossem, as pessoas iam abandonando o partido. É o que acontece com os protestantes. Ao início até ganharam muitos apoiantes, mas depois continuaram a ser protestantes, não adaptaram o nome, nunca mais ganharam adeptos. O líder dos protestantes que pense num nome menos revolucionário e talvez ganhe uns quantos milhares de adeptos;

  • Muçulmanos: muitos diriam que a grande maneira dos muçulmanos ganharem adeptos seria acabar com a guerra santa e com as bombas. Pelo contrário, isso dá-lhes poder e o povo quer é pertencer aos mais fortes. No caso dos muçulmanos, havia algo fundamental a mudar: a história deles é muito complexa. Há os sunitas e os xiitas, depois há os primos do Maomé, ninguém sabe quem é o Alá e se manda mais ou menos que o Maomé, uns acreditam numa coisa e outros acreditam noutra, uns têm uma visão mais radical e outros mais pacífica, ninguém se entende. Lêem o corão como se fosse um quadro, cada um interpreta como quer. Depois essa bandalheira toda leva a guerras e nem toda a gente está para fazer o esforço de perceber isso tudo;

  • Hindus: o primeiro grande obstáculo dos hindus é demarcarem-se da imagem do indiano clássico, moreno, de túnica e com um sinal na testa. Só com isto, à partida, é logo uma religião que não teria muito sucesso no Ocidente. O outro grande obstáculo é que os hindus são como aqueles moços que quando te apanham fora de ti, te dizem «tens de ter calma e acreditar». Mas calma como? E acreditar em quê? «Acredita e verás», dizem-te eles. E tu ficas na mesma, sem saber o que fazer. A meu ver, falta ao hinduísmo dizer às pessoas no que devem acreditar, algo concreto, porque senão vai ser só religião para os indianos e para meia dúzia de moços que gostam de ser diferentes;

  • Budistas: sempre que penso no budismo penso que seria como fazer uma estátua de louça do Fernando Mendes e ter na entrada de minha casa. Além disso, as estátuas pequenitas que se vendem de budas, nas lojas dos 300, são mesmo feias, ninguém compra daquilo. Se retirassem essas estátuas das lojas, talvez pudessem aspirar a ter mais adeptos. Mas outra coisa que têm que mudar, ou pelo menos adaptar, é os nomes. Alguém que tenha interesse pelo budismo e vá ler coisas sobre isto só vê nomes chineses e tem que saber aquilo tudo. Não há termos em inglês, em português muito menos, é tudo em chinês. Assim claro, se não se adaptam às pessoas, perdem muitos potenciais adeptos;

  • Judeus: sinceramente, o que é que se sabe do judaísmo? Sofreram uma perseguição extrema na segunda guerra mundial, têm o estereótipo de que são mesquinhos com o dinheiro e, à pala disso, acumulam grandes fortunas e que estão sempre em guerra com os muçulmanos por causa da Palestina. Não se sabe mais nada sobre eles e sobre o que acreditam. A única coisa que sei é que não festejam o Natal, têm um Natal deles, com um nome esquisito. De resto não sei mais nada. Se quiserem ganhar mais fiéis, têm que investir no departamento de marketing, porque uma religião que garante dinheiro deveria, à partida, cativar muito mais pessoas;

  • Mormons: uma da parte de escrever no blog é fazer pesquisa. Eu não ia escrever nada sobre os mormons até descobrir que se chamam mesmo «A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias». Portanto, onde é que eles queriam ir com uma religião com um nome com 10 palavras? Além disso, ia dizer que também deviam espalhar aos sete ventos que um mormon pode praticar a poligamia, até ter lido na mesma pesquisa que isso é «um boato das outras religiões em relação aos mormons». Quer dizer, aquilo que, potencialmente, ia potenciar mais fiéis, é um boato. Agora pronto, podem continuar a ser os esquisitos de que ninguém sabe o que defendem e no que acreditam.


Há uns tempos atrás disse que era vergonhoso andar aqui há tanto tempo e nunca ter escrito nada sobre o Godzilla. A outra falha que tinha era nunca ter escrito nada sobre religião. Haverá tema tão complexo e rico para reflexão como a religião? Sim, claro. Os transportes públicos, a comida, a música, as moças, o cinema, os carros, a televisão, o desporto. Mas já falei disso tudo e nunca tinha falado de religião. Sendo assim, para não cansar os meus 4 leitores sempre a falar de moças e para não chatear o Tolentino sempre a falar de cinema, optei pela religião.




P.S.: Alguns de vocês que sejam religiosos, não se sintam melindrados com este texto, nem me mandem para o Inferno (se houver na vossa religião, que descobri que nem todas as religiões acreditam no Inferno). Afinal, se vocês gostam assim tanto de ser modernos, já deviam saber que na era moderna cada um tem direito a expressar a sua opinião. Ainda que isto não seja necessariamente uma opinião mas sim um estudo sociológico, com uma vasta pesquisa, efectuado por mim, para que algumas religiões ganhem mais adeptos. Por isso, ao fim e ao cabo, este texto até foi a favor das religiões. Por isso, não me crucifiquem, não me queimem vivo, não me excomunguem, nem outras coisas que a vossa religião faça para punir os que nela não acreditam.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A minha amiga lésbica


Que as moças todas, sem excepção, gostem ou gostassem de ter um amigo gay, não é novidade. A razão por que isso acontece já é do domínio público, em que o primeiro argumento é que têm a certeza que é uma amizade sem interesse sexual. A outra grande razão é que eles se interessam por roupa genuinamente (e não só para ganhar pontos para as levar para a cama) e dão conselhos 200 vezes melhores (principalmente porque aconselham as moças para o melhor delas e não para as conseguirem levar para a cama).

Como, surpreendentemente para alguns, sou a favor da igualdade (ou então pelo menos para fazer este texto) pensei porque é que nós, moços, não temos esse interesse em ter uma amiga lésbica. Não conheço nenhum moço que diga aquela frase «eu gostava de ter uma amiga lésbica». Também não conheço ninguém que diga «vou ao talho buscar rissóis de pescada» mas essas pessoas existem mesmo.

Assim, sem mais demoras, e novamente ao terceiro parágrafo da introdução, como se fosse uma espécie de imagem de marca que me esforço por cumprir, vamos ver alguns pontos positivos de nós, moços, termos uma amiga lésbica:


  • Caía o mito de que os moços não se conseguem relacionar com moças sem haver interesse sexual. Aliás, se eu tivesse uma amiga lésbica usava isso como uma espécie de trunfo nos meus encontros com outras moças;

  • Podia ir ao cinema só com a minha amiga lésbica, que na prática é um amigo, mas neste caso as outras pessoas não iam pensar que éramos um casal gay (como acontece quando vou só com um amigo);

  • Se uma moça com quem eu andasse a sair não a conhecesse, podia usar a minha amiga lésbica para lhe fazer ciúmes, sem que ela passasse a gostar de mim;

  • A minha amiga lésbica ia ser uma fonte de avaliação muito mais credível no que toca a moças do que os meus amigos. Escusava de sair com moças que enganam nas fotos, porque ela ia-me dizer se valia ou não a pena;

  • Os conselhos sexuais iam ser muito mais eficazes do que ouvir o Matthew Praias a contar as histórias dele, que só têm a experiência do lado de fora. A minha amiga lésbica, enquanto moça, tinha maior conhecimento;

  • Para aqueles que acham que o ponto acima podia acontecer com qualquer moça e não necessariamente uma lésbica, eu digo-vos que não, porque não teria qualquer constrangimento de levar a minha amiga lésbica para o café, com os meus amigos, porque podíamos falar de moças na mesma e ela ainda sabia mais do que nós todos juntos;

  • Podia haver grande relação, como se fosse um amigo e não uma moça, sem que ela começasse a gostar de mim do nada e a tornar-se uma chata do carago que eu passava a evitar a todo o custo;

  • Podíamos finalmente ficar a conhecer o lado das moças nas situações sem entendermos isso como estar a levar um sermão e desligar a meio.



Por isso, a bem da igualdade, deveríamos começar a procurar ter uma amiga lésbica e a reivindicar esse direito. O único aspecto negativo que vejo nisto é que, ao contrário do amigo gay (alguns, outros nem tanto) não podia pedir conselhos sobre roupa à minha amiga lésbica. É bem conhecido os gostos um bocado esquisitos e duvidosos das lésbicas, no geral, no que toca a vestir. Claro que as moças que tiverem o Cláudio Ramos como amigo gay também não têm muita sorte neste aspecto. Com aqueles pólos amarelos e com aquelas calças vermelhas ... 




P.S.: Tenho a certeza que uma das motivações das moças em terem um amigo gay é tentarem convertê-lo e ficarem com uma auto-estima do carago. Não digo que nós, moços, não tenhamos a mesma intenção em relação às lésbicas, mas temos a agravante de tentar a todo o custo entrar numa daquelas coisas a três com a nossa amiga lésbica e outra moça, que pode ser à escolha dela. 



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A diferença entre ser feliz e ter um milhão de euros


Já sei que me estão a julgar só pelo título. Ou não, só estão curiosos em ver o que vai sair daqui. Eu sinceramente não estou curioso. Estou é triste e desapontado. Também estou um bocado cheio porque comi panados a mais, mas tinha que o fazer. Queria comer 2 e havia 3. Se comesse os dois, só ia sobrar um, que depois não dava para nada. Se comesse só um, para sobrarem dois, ia ficar cheio de fome. Por isso, comi os três e fiquei um bocado cheio. Mas ao menos, da próxima vez que quiser comer panados, não há só um e não vou passar fome.

Agora perguntam vocês de onde eu vou buscar os panados. Vou aqui à «Churrasqueira». Não sei o nome, ninguém sabe. Toda a gente diz que é a «Churrasqueira». Aliás, eles só têm um toldo da Sicasal a dizer «Churrasqueira», por isso não devem ter outro nome. O Vítor Piranha trabalha lá e quando engata moças diz que ele é o «rei do pito» porque trabalha na «Churrasqueira». Esta é daquelas coisas que se soubesse o nome, se calhar nunca mais ninguém lá ia ou então iam mas ficavam extremamente desapontados com o nome daquilo. Mas como ninguém sabe, vai tudo lá.

O que tem isto a ver com o título do post? Acho que nada. Tirando o facto de me sentir bastante feliz sempre que saio da «Churrasqueira», depois de comer. Por exemplo, os panados que comi há bocado vieram de lá. Mas agora, deixo-vos com algumas diferenças entre ser feliz e ter um milhão de euros:



  • Quando se namora e se é feliz parece que não falta mais nada. Quando se tem um milhão de euros uma pessoa nem se lembra de namorar;

  • Quando se é feliz, diz-se que não é o dinheiro que traz felicidade. Quando se tem um milhão de euros nega-se que alguma vez tenha dito tal coisa;

  • Diz-se que a felicidade está nos pequenos momentos. Quando tens um milhão de euros, a felicidade está em teres um milhão de euros;

  • Quando encontras uma moça com quem gostas de estar, sentes-te feliz. Quando tens um milhão de euros, são as moças que te procuram para serem felizes;

  • Quando se tem amigos, diz-se que não se morre na cadeia. Quando tens um milhão de euros muito menos e ainda por cima não dependes dos amigos para saíres de lá;

  • Quando estás feliz, mesmo que algo corra mal, consegues dar a volta por cima. Quando tens um milhão de euros nada te corre mal;

  • Dizes que trabalhas para ser feliz porque gostas do que fazes. Quando tens um milhão de euros, o teu trabalho é apenas ser feliz;

  • Acreditas que a felicidade não é a meta mas é o caminho. Quando tens um milhão de euros dizes que isso é paleio de budista ou daqueles grupos no Facebook que põem frases dessas com uma paisagem qualquer de fundo;

  • Quando és feliz, toda a gente te inveja e gostava de ser como tu. Quando tens um milhão de euros ninguém gostava de ser como tu, só de ter o teu dinheiro;

  • Dizes que és feliz quando és saudável, tens amigos, uma boa família, um emprego de que gostes e uma visão optimista da vida. Quando tens um milhão de euros, és feliz porque tens um milhão de euros.


Como vêem, é muito mais fácil ser feliz quando se tem um milhão de euros. Da outra forma é muito mais difícil. Eu com um milhão de euros ia comer à «Churrasqueira» todos os dias e experimentava os pratos todos. Não ia lá sempre comer panados. Um dia comia entrecosto, no outro dia frango, no outro dia panados, depois lombinhos de porco, depois bifinhos com cogumelos, depois arroz de pato, depois filetes de polvo (é uma churrasqueira mas também têm polvo, que parece carne, porque é bom, não tem espinhas e não me deixa cheio de fome passado 20 minutos, como quando como peixe), depois vitela assada, depois cabrito, depois leitão, outra vez panados e depois via o que me faltava. Assim escusava de comer sempre massa com atum. Eu sei que é mais barato, mas ia ter um milhão de euros, nem pensava duas vezes nisso.



P.S.: Perguntam-me se eu com um milhão de euros ia conseguir ser feliz com uma moça, finalmente. Eu digo-vos que, com um milhão de euros, até era feliz com várias moças ao mesmo tempo, desde que continuasse a ter o meu milhão de euros. Não podia era sair com moças que me obrigassem a pagar um Bailley's quando só íamos tomar café. Aí ia à ruína em dois ou três meses.



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pessoas como nós


No outro dia mudei sem querer para o Canal História. Pensei que aquele canal era o do futebol mas pus um número a mais e ficou ali. Até porque o comando decidiu deixar de funcionar e então deixei ficar ali, precisava de dormir um bocado e nada melhor que ver esse canal para adormecer. O que vi, fez-me pensar. Era um moço a contar algumas histórias sobre as personagens mais odiosas da história mundial. E esse moço estava a falar dessas pessoas como se fossem autênticos monstros.

Em princípio ficava por aí, adormecia, acordava duas horas depois a perguntar-me porque raio estava naquele canal e mudava para o futebol ou para a bonecada. Só que sofri pressão de uma moça lá no Facebook para fazer um texto novo e este tópico pareceu-me bem. Pelo menos original, fazia as pessoas pensarem «como é que este moço se lembra destas coisas?», ainda que não achem piada nenhuma.

Por falar em não achar piada nenhuma, no outro dia contaram-me uma piada mesmo fraquinha, mas que não vou partilhar agora porque não tem nada a ver com o post. Vejam lá então como é que algumas daquelas pessoas odiosas, para o moço do Canal História, não para mim, são pessoas como nós:


  • Hitler: este é aquele caso em que toda a gente só olha para o que ele fez de mal. Aposto que ninguém sabia que o Hitler era um defensor acérrimo de um pequeno-almoço equilibrado e por isso criou o hoje em dia Bolicao, na altura Bolikahn. Hitler comia Bolikahn todos os dias, de manhã, e era um grande coleccionador dos cromos que saíam da selecção alemã do Mundial de 1938. Sempre que lhe saía uma tatuagem ficava chateado, mas quando saía um cromo, mesmo que fosse repetido, delirava. Após a sua morte, o Bolikahn foi eliminado dos mercados e posto em circulação apenas na década de 90, sob a designação de Bolicao;

  • Mussolini: toda a gente sabe que o Mussolini é como aqueles miúdos que vê o amigo fazer uma coisa e faz tudo igual, mas noutro sítio. Assim que viu o Hitler a criar o Bolikahn, decidiu também contribuir para um pequeno-almoço equilibrado e inventou o Fresky. Só de laranja, que isso é que é bom de se beber de manhã. Foi por causa do Fresky de laranja que se inventou aquele provérbio que laranja de manhã era ouro. Só décadas depois da morte de Mussolini é que começaram a aparecer os Freskys de frutos tropicais e de ananás;

  • Franco: ele bem via o que acontecia aos portugueses, condenados a acabarem numa taberna de mau gosto, todos cebadolas, a enfrascarem vinho como se não houvesse amanhã. Em Espanha também havia disso e foi quando Franco decidiu intervir. Pegou em vinho tinto daqueles das tascas, juntou-lhe dois gomos de maçã, dois de laranja e um de pêra e serviu numa jarra ao seu amigo Simón. Como lhe devia um favor, deixou que ele dissesse que foi ele que inventou essa bebida, que se chamaria sangria, nascendo aí a famosa sangria Don Simón;

  • Napoleão: numa altura em que a França dominava os mares, conquistando cada vez mais terras, Napoleão apaixonou-se pela verdadeira música. Sim, porque ele descobriu que a música francesa era uma porcaria, sempre com moços a queixarem-se e a lamentarem-se por amores perdidos e a falar de como eram infelizes ao som de uma pianica. Farto de ouvir os seus soldados a ouvirem isso nas alturas, nos rádios, Napoleão criou o primeiro protótipo dos auscultadores, que serviam apenas para ser o próprio soldado a ouvir aquela música horrível. Hoje em dia, sempre que vou de transportes públicos, agradeço ao Napoleão;

  • Bin Laden: uma das pessoas em quem mais me revejo é no Bin Laden. Refém das lâminas descartáveis da Gilette durante anos, por não querer dar 10 contos por uma máquina em condições, detesto cortar a barba. É uma função masculina que detesto e da qual abdicaria de bom grado. Principalmente agora que para se arranjar emprego tem que se ir com a barba feita (ou desfeita, nunca percebi bem esta porcaria de fazer a barba quando se está a desfazê-la ...), sou vítima disso. Se pudesse escolher, fazia como o Bin Laden e nunca mais fazia a barba, nunca mais tinha a pele irritada durante o dia em que cortei a barba, não gastava dinheiro em after-shave e cremes hidratantes;

  • Sadaam Hussein: só tenho a dizer que sem o Sadaam Hussein, aquele tipo de bigode nunca teria aparecido na televisão, não geraria modas e o Quim Barreiros seria um personagem muitos menos afável do que é. Além disso, maior parte dos merceeiros não teria bigode e não seriam pessoas tão afáveis, a levar os sacos das velhinhas a casa delas, quando estão pesados, e a enganarem-se no troco para as moças jeitosas, ainda que tenham menos 30 anos que eles;

  • George W. Bush: este faz-me lembrar o Ramalho Drogas. O pai dele tinha uma coisa boa, deixou-a para o filho e o filho estragou-a e só fez porcaria. O pai do Ramalho Drogas tinha (e ainda tem) a melhor drogaria daqui, vende tudo o raio do homem. Ainda no outro dia fui lá comprar daquelas escovinhas para limpar a porcaria das unhas e a bom preço! O pai tem isto e o que fez o Ramalho Drogas? O mesmo que o Bush: porcaria. Estragou o trabalho do pai todo;

  • Imperador Hirohito: o Japão pode ter muitas coisas más como aqueles animes muito fracos ou como a pornografia deles ter censura nas melhores partes. Mas se houve coisa que Hirohito fez e eu valorizo (ao contrário do moço do Canal História, que não falou nisto) foi ter inventado o comando. Quando estivesse a dar porcaria na televisão ou outro filme da Marilyn Monroe, podia mudar de canal sem ter que se levantar. Claro que ele na altura não podia mudar para o futebol, que a liga japonesa era muito fraquinha, mas mudava para o Dragon Ball, que em 1940 devia ir na parte do Frizer destruir o Planeta Namek;

  • Estaline: sem que ninguém o valorize por isso, ele foi o visionário daquilo a que se chama design de interiores e decoração. Alguma vez alguém tinha pensado em cortinados? Não, só havia persianas a separar o nosso mundo do mundo dos outros. Quando Estaline criou a famosa «cortina de ferro», a ideia de ocultar aos de fora o que se passava na nossa casa cativou os russos. Claro que as primeiras cortinas, de ferro, não eram práticas. Só depois da evolução para materiais como o linho é que eles exportaram a ideia para o Ocidente.


Como vêem, não é difícil encontrar o lado humano destas pessoas que, principalmente por aquele moço do Canal História, são considerados monstros e páginas negras da história mundial. Por acaso, o meu livro de história do 7º ano, uma vez ficou marcado a negro porque estava a comer um Bolicao e tinha os dedos sujos do chocolate, que derreteu porque estava um daqueles dias que está muito calor de dia e muito frio à noite, eu ia a mudar de página e ficou tudo cagado de chocolate. Mas também era a página do Mussolini, bastava ler a parte do Hitler e era tudo igualzinho, só com algumas coisinhas diferentes para que ninguém dissesse que ele estava a copiar. Eu também fazia isso nos testes na escola, só que fazia logo nos piores. Copiava sempre em Matemática, mas para a professora não pensar que eu estava a copiar, mudava um número na resposta, em vez de dizer que era 236, dizia que era 226, para não ser tudo igual. Mas ela queimava-me sempre, que nunca tirava positiva.




P.S.: Não era preciso dizer mas sinto-me na obrigação ética e moral de vos garantir que tudo isto resulta de uma pesquisa a fundo das biografias destas pessoas. Não vou revelar as minhas fontes porque isto não é nenhum trabalho para a faculdade, para os professores irem ver se copiei ou não. E se copiei, neste caso, não interessa para nada, interessa é passar a mensagem de que no fundo, estes eram bons moços, como nós. Mas quando digo como nós não incluo aqui o Paulinho Docas, que é violador. Esse é mesmo mau moço, não há nada que se aproveite.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mensagens que alguns jogos transmitem e ninguém liga


A vossa piada previsível, por esta altura deve ser: «O Gary é como o Spielberg: está sempre a falar de cinema». E alguém há-de-se rir por pena de vocês. Claro que se alguém se rir dessa piada só o faz por pena, e quem se ri por pena é um semi-amigo. Se fosse amigo, dizia-vos que a vossa piada era muito fraquinha. Mas isso já foi escrito noutro post e não vou voltar a isso. Para me repetir, falava de cinema outra vez.

Mas porque é que hoje não vou falar de cinema? Fácil: porque o Tolentino já me pagou o que devia. Veio cá a casa no sábado e voltou a apostar contra o moço do Cazaquistão no boxe e voltou a perder. Como já me devia 20€, fiquei-lhe com o casaco que lhe estava a ficar apertado. Agora que tenho um casaco novo também posso ter novos temas. 

Assim, aquilo em que pensei hoje foi: há jogos que têm mensagens escondidas em si e que ninguém parece conseguir perceber. Ou percebem mas fingem que não se passa nada, como aqueles moços que levam o cão a passear e fingem que não estão a ver quando ele está a cagar no meio do passeio para não terem que ir apanhar aquilo do chão. Depois vão à vida deles e passa lá uma pessoa e calca aquilo. Mas não vamos falar do que me aconteceu ontem à tarde. Vejam lá as tais mensagens que alguns jogos transmitem:


  • Monopóli: este jogo mostra que, se tiveres conhecimentos, basta-te pagar 500 paus para saíres da prisão. Além disso, consegues fazer os negócios mais sujos com os que têm mais dinheiro só para teu proveito próprio, mas que vai acabar por beneficiar mais os trutas do que a ti. Toda a gente se ri e gosta de ver alguém a ir à bancarrota porque significa que não foi o próprio;

  • Sueca: Aqui, o rei nunca está seguro de ser comido por moços que não são da realeza mas que subiram na vida e, assim de repente, são mais poderosos. Outra coisa é que as damas têm valor mas sempre menos que os homens. Por último, o povo não tem valor nenhum mas, em determinadas circunstâncias, se se unir pode ser mais poderoso que um rei;

  • Xadrez: há muitas mensagens no xadrez mas como eu não sei jogar, só vou mandar a piada que este jogo abriu um precedente gravíssimo para aquela secção estranha da pornografia, ao permitir que um cavalo comesse a rainha;

  • Crazy Taxi: como o cliente paga e tem sempre razão, podes fazer tudo desde que chegues ao local a tempo e horas. Deste modo, não importa o que fizeste e como fizeste, importa é que o senhor importante chegue a tempo ao local desejado. E tu, qual vendido, por dinheiro fazes tudo;

  • Super Mário: O retrato mais fiel daqueles moços que vão para as festas da música pastilha, com as roupas esquisitas e os bigodes, abusam nas drogas e que pensam que estão a lutar com dragões e a ver elefantes cor-de-rosa. Depois, conseguem envolver-se com uma moça que a eles lhe parece uma princesa, mas quando vêm as fotos no dia a seguir quase que vomitam a ver como ela era feia e sem dentes;

  • Carmaggedon: Este jogo acaba por ser o sonho de qualquer condutor. Desde poder passar a ferro grupos de velhinhas que demoram a atravessar a passadeira ou destruir aquele boi que vai à nossa frente e nunca usa um pisca, vale tudo. E o melhor é que em vez de te passarem multas ou receberes cartas em casa para te apresentares na esquadra, recebes pontos e passas de nível;

  • Damas: a metáfora de que as mulheres dizem todas mal umas das outras é a face mais visível deste jogo, já que, sendo possível, todas se comem umas às outras. Anda tudo nesta bandalheira até virem as rainhas e andarem por onde querem e passarem por cima de toda a gente;

  • Tekken: aqui, só os esquisitóides e as moças jeitosas têm poderes e sabem lutar. Os esquisitóides é para vingarem na sociedade e porque fizeram da exclusão social uma força e o modo de alimentarem a sua necessidade de afirmação, aprendendo a lutar. As moças jeitosas é por dois motivos: 1) para se defenderem; 2) nos filmes, as moças que sabem lutar melhor que os homens são sempre grandes touras;

  • Football Manager: este jogo é como aquela miúda do secundário que é de longe a mais bonita da tua turma e que te apaixonas por ela. Mas ela, por pena de ti, para não te dizer que és um lixo, até se dá bem contigo, passa tempo contigo e, um dia, beija-te, mas sem que isso signifique que vais ter alguma coisa com ela. É só uma espécie de prémio de consolação, porque depois vem um moço a sério e fica ele como namorado dela. Quem joga FM também tem essa sensação: consegue fazer de equipas fraquinhas grandes potências mundiais, faz um trabalho extraordinário, mas é tudo ficção e, ainda que sonhes muito, ao fim e ao cabo é só um jogo e os verdadeiros treinadores não andam a jogar isto;



Infelizmente o último diz-me bastante já que derreti imensas horas da minha vida a dedicar ao jogo. E ainda por cima sou fraquinho, por isso eu não sou aquele moço que leva os prémios de consolação. Eu sou aquele moço que ama incondicionalmente aquela moça que anda a fazer daquele tone da minha turma o prémio de consolação e que depois vai namorar com o Costa que é jogador de basket ou com o Eliseu que tem uma banda de reagge ou com o Daniel, que não é nada mas é podre de rico. Por isso é que eu no Tekken luto sempre com o Yoshimitsu. É esquisitóide mas tem uma espada e manda grandes ataques, parto-os a todos com o Yoshimitsu. Claro que se fosse lutar a sério mal sabia dar um soco, mas com o Yoshimitsu ninguém me ganha. 



P.S.: Quando tens amigos que estão contigo e começam a dizer o que fizeram no jogo deles de Football Manager, o que conseguiram conquistar, que jogadores foram buscar, que jogadores venderam e essas coisas todas, faz-me sentir quando o Matthew Praias aparecia lá em casa a contar-me as experiências sexuais dele. Tanto num caso como no outro eu sabia que eles tinham atingido coisas que eu nunca atingiria. Tenho saudades do Matthew. Mas tenho mais do Teófilo. Ainda o que me vale é o Tolentino ir lá a casa e apostar sempre contra o moço do Cazaquistão e jogar sempre com aquele chinês do Tekken que só sabe dar mortais. Dou-lhe cada coça com o Yoshimitsu que nem é bom ...


sábado, 10 de novembro de 2012

Filmes que eu não iria perder


Sim, eu sei. Não é que tudo são recordações, mas que eu já fiz um igual a este mas para programas de televisão. Também sei que voltamos a falar de cinema e nos últimos posts tem-se falado quase sempre disso. Mas para isso eu tenho três respostas: 1) o blog é meu, eu é que sei sobre o que escrevo; 2) programas de televisão não têm nada a ver com cinema, senão o Fernando Mendes era o melhor actor do mundo em vez de ser o 24º melhor apresentador do século XXI; 3) vou-me debruçar sobre cinema outra vez só para chatear o Tolentino, que ele está-me a dever 10€ de uma aposta que fizemos num combate de boxe e ainda não me pagou.

Nesta altura sinto que vocês gostavam de saber mais sobre a aposta que fiz com o Tolentino. Foi simples. Não estava a dar nada na televisão sem ser novelas em que entrava o Ricardo Carriço e séries que acabava sempre com moças a chorar e a comer chocolate. Vai daí, mudei para um canal que nem conhecia e estava a dar boxe. Era um moço do Cazaquistão contra um moço dos Estados Unidos. O americano era preto e tinha calções verdes e o Tolentino apostou nele porque não conhecia nada de jeito do Cazaquistão. Eu avisei-o que o Cazaquistão não era como o Lesoto, mas ele não me quis ouvir. O preto levou grande pêra, caiu redondo, KO para o do Cazaquistão e 10€ para mim.

Sendo assim, já que ele ainda não me pagou, vou chateá-lo com um texto sobre filmes que eu não iria perder. Ora vejam lá:


  • O Homem Demolidor: numa era em que as máquinas roubavam todo o trabalho aos homens, condenando-os a passar o tempo a jogar à sueca sempre com o mesmo par, um homem inverteu o ciclo. Ele era Dionísio, o homem demolidor, que se fosse a correr contra um prédio o deitava abaixo, condenado todas as máquinas de demolição ao desemprego. Claro que este filme acabava por ser um drama, visto que a grande desilusão da vida de Dionísio era ter sido irradiado do futebol devido a esta sua característica;

  • E tudo o vento levou: um filme baseado em factos históricos, passado numa pacata aldeia das Bahamas, que é varrida por um furacão. No meio do caos e da desgraça, um turista inglês decidiu gravar tudo para mostrar aos amigos no pub da sua terra e ganhar ao vídeo que o Clark tinha feito dele a ter relações sexuais com duas tailandesas. Este turista registou momentos incríveis, ventos ciclónicos a proporcionar momentos dignos de um videoclip do Pitbull, naqueles em que ele está a cantar e o vento leva tudo à volta dele, menos a ele mesmo (infelizmente). De registar que mesmo quando o vento arranca um dos braços a este turista inglês, ele continua a gravar com o outro;

  • Amigos Coloridos: um ex-oficial nazi sai da prisão após 40 anos encarcerado, desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Quando volta à sua cidade natal, Schmaffaussenspieltgaster, vê que a sua antiga casa está a ser arrendada a 3 quenianos, com os quais este ex-oficial nazi vai ter que conviver. Uma comédia em que provavelmente o branco ia ser o Adam Sandler e um dos pretos o Eddie Murphy;

  • O Cabo do Medo: um drama que relata o percurso de Tenente Valente, que sempre fez jus ao nome, sendo dos mais bravos do pelotão. Era conhecido por fazer chorar, pelo menos, 3 recrutas todos os anos. Mas um dia, a guerra estala entre Portugal e o Turcomenistão e o tenente Valente é enviado para a linha da frente. Durante uma missão, manda retirar os seus homens, daquilo que seria morte certa, violando a lei de «matar ou morrer, sem rendição» dada pelo seu Imperador. A vida de Valente nunca mais foi a mesma: foi relegado para Cabo e conhecido, desde então, por Cabo do Medo;

  • Diário da nossa paixão: Vanessa é uma jovem atraente mas que sempre se manteve solteira por opção, desgostosa com o interesse dos homens apenas no seu corpo. Procurando por uma alma gémea, Vanessa é traída pelas suas próprias convicções ao apaixonar-se loucamente por Paulo, um lutador de sumo amador, cujo sonho é ir viver para o Japão, onde a modalidade tem um campeonato profissional. Vanessa e Paulo vivem uma paixão intensa e carnal, de tal modo que esta grava todos os dias os dois a terem relações sexuais, para nunca se esquecer de Paulo, quando o perder;

  • Virgem aos 40 anos: um filme de terror puro e duro em que Adolfo, um banqueiro, convence um jovem a fazer uma conta poupança. Tudo começa quando o jovem coloca todo o seu dinheiro nessa conta e durante 5 anos não o pode levantar. Para se vingar, começa a infernizar a vida de Adolfo, seguindo-o, vigiando-o, roubando-lhe coisas, lançando-lhe a dúvida se as tinha perdido ou se as tinham roubado. Por fim, Adolfo é sequestrado por este jovem, mantido em cativeiro, torturado e, por fim, violado, deixando de ser virgem aos 40 anos;

  • O Discurso do Rei: Arnaldo Parede, designer de interiores, vive obcecado em ter um trabalho que as pessoas possam ver e admirar do exterior. Numa prova de superação pessoal, abdica de 15 anos de carreira e investe tudo o que tem numa marisqueira, que consegue transformar na melhor marisqueira a confeccionar a santola. Convidado para a XXII edição do Festival de Marisco de Montalegre, faz o discurso de encerramento do evento, naquilo que ficou conhecido como o «Discurso do Rei». Da santola, claro;

  • Este país não é para velhos: a história de Marco Etiópia, que em criança sonhou ser polícia, bombeiro e sindicalista mas, chegado a adulto foi confrontado com a dureza da realidade, tendo sido obrigado a abdicar dos seus sonhos de criança. Concluindo o 6º ano de escolaridade, aos 17 anos, foi convidado para ser segurança do «Portugal dos Pequeninos» por um tio dele, que é director de lá. Projectando o sonho de ser polícia no seu trabalho de segurança, luta arduamente contra todos os suspeitos que queiram entrar sozinhos no Portugal dos Pequeninos, dizendo-lhes que aquele país não é para velhos;

  • Pesadelo em Elm Street: Mónica é uma estudante de nutrição que se inscreve num programa de intercâmbio, indo estudar para os Estados Unidos. No primeiro dia no país, vai procurar casa e fica sedeada no 237 de Elm Street. Tudo corre bem na sua primeira semana, gosta das aulas, da vizinhança, faz amigos e até é convidada para ir a uma festa. Contudo, na noite em que vai à festa, regressa a casa e tem um pesadelo horrível que a faz acordar sobressaltada. O filme ainda acompanha Mónica durante 1 semana para ver se tinha mais pesadelos, mas como não teve mais, ficou só o nome «Pesadelo em Elm Street»;


Como vêem, não há grande diferença entre estes filmes inventados por mim e os que se vêem por aí no cinema, com orçamentos de 300 milhões de euros e bilhetes no cinema a 7,5€ com pipocas. O argumento não surpreende, os actores são sempre os mesmos e o final é previsível. A única diferença é que estes filmes a mim custaram-me 20 minutos ligado à electricidade, uma folha de papel e um café que entretanto fui tirar para mim, que ontem deitei-me tarde. Não, não estive com nenhuma moça. Eu sei que vocês não perguntaram, mas achei por bem dizer que não estive com nenhuma moça, para que não achem esquisito que da próxima vez chegue aqui e diga «ontem estive com uma moça» sem que vocês me perguntem alguma coisa.




P.S.: Olha Tolentino, tenho mais para aí 10 textos pensados só sobre cinema. Por isso, vê lá se te despachas a pagar-me os 10€ ou então anda cá a casa hoje à tarde que o moço do Cazaquistão vai voltar a lutar, desta vez contra um escocês. Se quiseres, apostas 10€ no escocês e se ganhares ficamos quites. Se perderes, fica em 20€ e aí, se não quiseres pagar, fico-te com aquele casaco de pele que compraste no ano passado, aquele que custou 100€, mas que te fica um bocado apertado. Assim já fazias dinheiro com ele, em vez de o andares a estragar e depois o deitares ao lixo daqui a 3 ou 4 meses.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A diferença entre andar e não andar de carro


Ultimamente tenho dado para os dois lados. Eu sei o quão controversa pode ser esta frase e por isso comecei mesmo assim, para chamar a atenção. Claro que o título já diz muito sobre que tema será este post, mas decidi surpreender na introdução. Imagino vocês já a pensar «Ui, mas isto não ia ser sobre andar e não andar de carro? Ou andar de carro é uma metáfora à Rebelo? Vamos ler ...» e depois chegam à segunda frase e vêem que afinal a primeira frase é uma fraude. Só espero que não me levem preso por isso, que ouvi dizer que nos jogos de basket na prisão vale carga de ombro, como se fosse futebol, e isso não favorecia muito o meu estilo de jogo.

Mas adiante, tenho dado para os dois lados no que toca a andar e não andar de carro. Aliás, este post só é possível porque essa alternância tem sido maior do que as flutuações de humor da última moça com quem estive. Não vou dizer o nome dela por respeito, mas posso partilhar convosco que uma vez me deu um estalo por eu lhe ter comprado a TV 7 Dias porque, segundo disse, eu não tinha nada que adivinhar o que ela gostava. Depois de ler a revista quis fazer sexo porque eu merecia, por saber sempre o que ela gostava. Claro que sabia, toda a gente gosta de ler revistas enquanto está na casa de banho.

Mas adiante, como tenho andado de carro, a pé e de transportes públicos com frequência (sim, eu sei, sou um moço ocupado agora), consigo distinguir agora mais claramente a diferença entre andar e não andar de carro:


  • Quando estou de carro e faço uma viagem sozinho digo para mim mesmo que é um bom momento para reflectir nas coisas profundas da vida mas acabo sempre por apenas conduzir e não pensar em nada. Quando vou a algum sítio sem ser de carro, acabo sempre por pensar em temas para escrever no blog, que surgem do nada;

  • Quando estou de carro, se vir uma moça roliça na rua, apito e ela sabe que eu gostei do que vi, ainda que me chame todos os nomes possíveis e imaginários. Noutra qualquer circunstância, o máximo que posso fazer é olhar à tarado sexual ou então descobrir o Facebook como que por milagre;

  • Quando estou de carro não me importo muito que chova, pelo contrário, que assim até me lava o carro e são mais uns trocos que poupo. Quando não estou de carro, quase que rezo a todos os deuses que não existem para que não chova até eu chegar ao sítio onde quero ir;

  • Quando estou de carro insulto as pessoas que atravessam na passadeira e me obrigam a parar. Quando vou a pé insulto os moços que passam de gás na passadeira ou que travam mesmo em cima e quase não deixam atravessar;

  • Quando estou de carro penso que é mesmo confuso chegar a determinados sítios a pé ou de transportes, quando de carro é facílimo. Quando não estou de carro penso como é muito mais fácil chegar a determinados sítios sem ser de carro e sem precisar de dar voltas, que a pé não dou;

  • Quando estou de carro e vejo um moço a correr penso que também me fazia bem correr de vez em quando. Quando estou a correr e vejo um moço de carro penso que estaria muito melhor dentro do carro, sentadinho, sem estar a fazer nada;

  • Quando estou de carro e passo pelo metro, olho para as pessoas que vão lá e gozo-os mentalmente por irem num transporte público, sentados ao lado de um estranho, a fazer um percurso muito mais lento e muito mais desconfortável. Quando estou eu no metro e olho para as pessoas nos carros gozo-os mentalmente porque por minha causa vão ter que ficar à espera nos semáforos que o metro passe;

  • Quando estou de carro, vou mais facilmente ter com moças e, quando chego, até as impressiono por conduzir. Quando vou ter com moças a pé ou de transportes públicos, se o encontro for um fiasco, ao menos não gasto gasolina nem dinheiro em portagens;

  • Quando estou de carro, sei que não vou poder beber à vontade, as noites acabam por ser um bocado seca e juro a mim mesmo que nunca mais levo carro. Quando não levo carro, bebo que nem um maluco, apanho grande farda, mas depois demoro 1 hora a chegar a casa de autocarro quando de carro demorava 10 minutos;

  • Quando estou de carro pergunto-me a mim mesmo porque é que ando de carro se tenho passe para os transportes públicos. Quando estou nos transportes públicos pergunto-me a mim mesmo porque é que não ando mais de carro se me farto de gastar dinheiro em gasolina.


E assim chego ao fim de mais uma reflexão que vos permitiu conhecer um pouco mais de mim. Chego ao fim deste texto com a sensação que vocês queriam saber mais sobre a história da Melinda. Merda, disse que não ia dizer nomes mas disse. Ainda por cima o meu delete está estragado, vai ter que ir assim, não dá para apagar. Menos mal que não dou erros e que os acentos me saem sempre todos direitos, senão ia parecer o blog do primo do Matthew Praias que é semi-analfabeto. É daqueles que sabe ler mas não sabe escrever e fala com bastantes dificuldades. Mas pronto, a história da Melinda é fácil, ela era tão instável que um dia disse que se eu a deixasse se suicidava. Então eu disse-lhe que nunca a ia deixar e ela acabou comigo porque eu não lhe dava espaço.




P.S.: Naquela página do Facebook onde eu me sinto importante por ter 10 pessoas a gostar de mim, houve uma moça que fez uma rima para mim. Pessoalmente, acho que a rima está uma porcaria, nem pensar que vou pagar 7,5€ para estampar aquilo numa t-shirt. Depois nunca mais podia sequer passar perto da loja onde fosse estampar aquilo, que iam rir-se de mim para sempre. E depois iam contar aos amigos e aos familiares, e os familiares contavam às namoradas e aos amigos e aos colegas de trabalho e ainda tinha que mudar de cidade para poder sair à rua. Nem pensar que vou estampar aquilo.




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Porque é que detesto cinema


Eu já andava a controlar-me para não vir aqui escrever mas desta vez foi de vez. Não andava a querer vir aqui porque o Gary disse-me que lhe ligaram a dizer que eu era uma porcaria, não tinha piada nenhuma e só sabia criticar. Detesto pessoas que ligam às pessoas para criticar outras. Para isso escreviam num blog.

Mas desta vez não resisti. O Gary põe-se ali a falar de cinema e sabe bem como eu detesto cinema. Assim, vou fazer como vejo naquelas revistas, em que uma pessoa escreve que viu o Ricardo Carriço a roubar e depois este tem direito de resposta, para toda a gente ver. O meu direito de resposta é este: vou explicar porque é que detesto cinema:


  • O cinema não ensina nada às pessoas. Por exemplo, no Monopóli, sei que se não gerir bem o dinheiro, vou acabar na bancarrota, às mãos dos trutas, que me vão chupar o dinheiro todo antes de eu dar por isso. Agora o cinema não, só ensina que há finais felizes e que os vilões nunca triunfam independentemente de tudo. Isso é vida real? Não me parece ...

  • Eu detesto rótulos. E se há coisa que o cinema faz é rotular. Há filmes de drama, comédias, terror e acção. A minha vida pode perfeitamente ser drama se me atrasar de manhã, terror se for assaltado por um grunho mal saia de casa e comédia se esse grunho escorregar e partir a perna enquanto fugia com a minha carteira e telemóvel e eu recuperar as coisas. No cinema não, só há um tipo. Que coisa mais redutora;

  • Outra coisa que detesto no cinema é estragar a história. Se fosse o Hermano Saraiva a contar a história era uma seca e toda a gente dizia que ele estava a inventar. Mas se for o Ridley Scott ou o Steven Spielberg a fazerem um filme qualquer baseado em factos históricos toda a gente se interessa. E mesmo que seja inventado, tipo o Godzilla, há-de haver sempre alguém a imaginar se fosse real ...

  • Sempre que uma moça me convida para ir ao cinema fico confuso. Uma vez fui com uma, vi o filme, e no fim ela disse que ficou desapontada comigo por eu não tentar nada e ter ficado a ver o filme. Outra vez fui com outra moça, mal começou o filme parti logo para cima dela e ela deu-me um estalo e nunca mais me falou. Porcaria do cinema é uma confusão do carago;

  • Quando ando de transportes públicos ouço montões de toques, cada um pior que outro, mas sempre há diversidade. Quando vou ao cinema toda a gente que tem telemóvel com som usa o Nokia Tune como toque. Parece que há um modo «Cinema» em que não há vibração e o toque é o Nokia Tune;

  • Por falar em falta de diversidade no cinema, os actores também são sempre os mesmos! Não vou ao cinema 6 anos, quando volto lá, ainda há filmes com a Julia Roberts e com o Al Pacino. Parece as novelas portuguesas, que desde 2000 é sempre o Ricardo Carriço, a Alexandra Lencastre e o José Raposo. Mas também por isso é que detesto novelas;

  • Também detesto cinema porque posso ir com um amigo a um jogo de futebol, ao café, jantar ao restaurante do Acácio das francesinhas, que são bem boas e o molho é dos melhores que anda para aí, jogar playstation para casa dele ou fazer praia, mas se for só com um amigo ao cinema, toda a gente vai pensar que somos um casal homossexual numa saída romântica. Já não basta ter que ir ao cinema, ainda vou ser considerado homossexual;

  • Não percebo como é que as pessoas publicam no Facebook frases do género «Detesto cínicos» ou «Pessoas fingidas? Fora da minha vida» e depois deliram com cinema, quando os actores são pessoas que estão a fingir amar, chorar, sofrer e lutar. É que nada do que estão a fazer é verdadeiramente sentido, são todos falsos e cínicos e as pessoas adoram! Faz parecer aquelas pessoas que dizem que nunca na vida iam namorar com um fumador e elas próprias fumam ...

  • Por fim, outra coisa que me faz detestar cinema é que não se pode fazer nada. Se o filme está a ser uma seca, só posso ir embora e isso é desperdiçar dinheiro ainda mais estupidamente. Já que gastei dinheiro no bilhete, fico até ao fim! Mas noutro sítio qualquer podes falar para o lado, mandar mensagens de telemóvel ou escrever um bilhetinho, qualquer coisa. Mas no cinema não. Se dizes 2 palavras ao ouvido do que está ao teu lado, há sempre algum nojentinho que te vai mandar calar. Ainda por cima não lhe podes partir a boca porque não sabes quem foi, por estar escuro. Depois não podes escrever mensagens porque a luz do telemóvel no cinema parece a luz de um farol, toda a gente nota. Assim tens que estar ali à seca.



P.S.: Estou tão revoltado com esta porcaria do cinema que vim logo para o P.S. Assim escrevia tudo no último parágrafo e depois chegava ao P.S. e não tinha nada para escrever e depois o Gary dava-me na cabeça por não ter feito P.S. e depois as pessoas ligavam para ele a dizer que eu era uma porcaria e não fazia P.S.'s. Assim pronto, já está.

sábado, 3 de novembro de 2012

Se o Godzilla fosse real ...


No outro dia perguntei a mim mesmo quantos bons filmes existem no mundo. Mas aqueles mesmo bons, não é aqueles «assim-assim» que dá para ver numa tarde de feriado em que não está a dar mais nada nem aqueles em que entra o Hugh Grant a mandar piadinhas mesmo à inglês. Digo aqueles filmes capazes de marcarem uma geração.

Na minha geração, com os Shreks e com os Batmans é difícil dizer que filme nos marcou mais. Por isso vou só dizer o filme que me marcou mais a mim e ao Teófilo. Ao Tolentino não que ele detesta cinema, diz que se detesta pessoas falsas e fingidas, tem que detestar cinema, que não é senão uma cambada de gente a fingir. Mas pronto, para nós foi o Godzilla. Nunca nenhum filme feito será melhor que o Godzilla. Muito menos o Godzilla 2, que as sequelas estragam sempre os filmes todos. Tirando no caso do Blade, que vi o Blade2 e é muito melhor que o 1. Aliás, o Blade 2 podia ser o 1 e o Blade 1 podia ser o 2 que ninguém ia notar a diferença.

Posto isto, o meu raciocínio de hoje é: e se o Godzilla, em vez de ter sido um filme, tivesse mesmo acontecido e tivesse sido algo real? Pensei em algumas coisas que iriam acontecer, vejam lá algumas:


  • Ia haver uma cambada de moços que tinha vídeos no Youtube com «imagens nunca antes vistas sobre o Godzilla» e cada vídeo desses ia estar cheio de comentários carregados de teorias da conspiração;

  • Uma dessas teorias da conspiração alegaria que tinha sido a CIA ou o FBI a criar o monstro para atacar o Irão mas perderam-lhe o controlo e este atacou as pessoas. Ou isso, ou então testaram primeiro nos EUA, para depois chegarem ao Irão e não ser um fiasco;

  • Outra teoria da conspiração que ia surgir, defendia que tinham sido os terroristas a criar o Godzilla para enfraquecer os EUA. Ou então, as pessoas iam dizer que os americanos tinham levado a crer que tinham sido os terroristas para poderem invadir esses países;

  • Ainda falando em teorias da conspiração, de certeza que ia haver uma que dizia que tinham sido os cientistas, que enquanto faziam experiências genéticas, criaram este monstro. Depois, um daqueles cientistas que há em todos os filmes, roubou o projecto, vendeu-o a um mauzão para ficar milionário, mas mal lhes deu o projecto foi morto a tiro e os mauzões depois perderam o controlo do Godzilla e nunca o usaram para proveito próprio;

  • Outra teoria da conspiração vinha do Japão, onde diziam que o Godzilla foi criado pelos EUA e enviado para o Japão, como vingança por Pearl Harbor, o que daria início à 3ª Guerra Mundial, para que os EUA recuperassem o domínio do mundo, que tinham vindo a perder nos últimos anos. Lembrem-se que o Godzilla atacou primeiro no Japão e depois é que foi para Nova York;

  • Aposto 1000€ com qualquer pessoa como se o Godzilla fosse real, ia aparecer gente a dizer que tinham sido os aliens que o enviaram para eliminar a ameaça dos humanos e para poderem aceder aos nossos recursos naturais. Mesmo assim ia haver com t-shirts a dizer «Take me with you» e uma cara verde;

  • Claro que os jeovás e essa cambada toda que anda na rua a vender coisas que ninguém quer (e como agora ninguém quer, até já oferecem e nem assim as pessoas querem) iam aproveitar para espetar a teoria que o Godzilla era uma previsão do fim do mundo e o princípio de todos os castigos que deus tem para os homens, maus ou bons. Ia ser como aquela tanga do mundo acabar em 2000 ou agora em 2012;

  • Nem se questiona o facto de haver um feriado nos EUA e um monumento ou memorial para relembrar todas as vítimas do Godzilla;

  • Certamente que se ia fazer um montão de documentários e filmes a recriar o desastre e os momentos vividos, sob várias perspectivas e a mostrar as várias visões e teorias, em vez de saírem aqueles brinquedos estúpidos que saíam nos cereais, que eram olhos de dinossauros. Nunca percebi bem o que era aquilo, mas nunca dignificaram em nada o Godzilla;

  • Os mais inteligentes aproveitavam o impacto do Godzilla para fazerem percursos turísticos a mostrar os locais por onde o Godzilla tinha andado e os monumentos e edifícios que ele destruiu enquanto foi vivo. Depois destruíam casas de tios que tinham morrido e diziam que o Godzilla tinha passado ali. Não permitiam máquinas fotográficas e tinham um fotógrafo que tirava fotografias às pessoas nos sítios e vendia as fotos por 1,5€. Vendiam postais, inventavam amuletos para a sorte que as pessoas (supostamente) tinham usado enquanto o Godzilla foi vivo e faziam um dinheirão;

  • Aquele ovo sobrevivente, o que aparece no fim do primeiro filme, encontrava-se protegido por mecanismos de segurança máxima num cofre qualquer nos Estados Unidos. Claro que já tinha sido estudado a fundo e ao mais pequeno detalhe pelos cientistas e não tinham retirado nenhuma conclusão dali;

  • Ia haver a desconfiança de que o FBI e a CIA tinham ficheiros secretos sobre a operação que envolveu o inquérito para apurar responsabilidades pós-Godzilla, o que alimentava ainda mais teorias sobre o envolvimento dos EUA no aparecimento dele;

  • Por fim, uma parte do mundo considerava o Godzilla uma benção e um mártir por ter atacado a América. Outra parte do mundo considerava uma catástrofe. E ainda dois ou três países, tipo o Lesoto, esperavam que aparecesse um Godzilla no país deles para poderem ser falados no mundo.


Como já vos massacrei muito com este texto gigante não me vou alongar muito mais nesta última parte. Só gostava de dizer que o Jorge Abel não vai perceber nada disto porque ele nunca viu o Godzilla. Diz ele que isso é filmes para gente sem coração. Os filmes que ele vê são aqueles tipo «O diário da nossa paixão» ou o «África Minha». Que porcaria de filmes. Isso é aquele tipo de filmes que as professoras passavam na escola para que aquelas aulas em que o sumário fosse «visualização de um filme» não fosse para nosso gáudio, mas sim para gáudio das professoras. Se um professor passasse o 'Godzilla' numa aula toda a gente estava atenta. Agora, passar o «África Minha» é mesmo pedir para toda a gente mandar SMS's ou estar a mandar bolas de papel para o que está à nossa frente.



P.S.: Claro que se o Godzilla fosse real eu não ia achar tanta piada ao raio do filme. Porque se fosse real, então o filme ia ser uma reconstituição histórica e já ia ser seca. Lá vinha algum historiador falar como se soubesse tudo do mundo, quando o que está a dizer, leu na wikipédia no dia anterior, para ir gravar o programa. Depois os putos iam odiar o Godzilla porque iam ter que saber para o teste de história em que ano aconteceu o desastre, que país atacou primeiro, qual foi a rota que seguiu, o nome do oceano em que se movimentou e essas porcarias todas que não interessam a ninguém. Porra, agora que penso melhor, ainda bem que é só um filme.



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Reacções das pessoas a determinadas doenças


O mundo está doente. Vi isto no outro dia e achei piada. Se o mundo tivesse doente tinha uma doença chamada 'Malásia'. E podia dizer que lhe doía o 'Egipto'. Se o mundo tivesse doente, os Estados Unidos eram os diabetes gordos e a Etiópia os diabetes magros. A Alemanha era o coração e a Hungria os pulmões. A Coreia do Sul era um rim e a Coreia do Norte era outro rim, que funcionava mal. A China era o intestino grosso e a Rússia o intestino delgado, que aquela porcaria nunca mais acaba.

Eis o raciocínio comido de hoje. Perguntam-me o que era Portugal para o mundo. A resposta fácil era dizer que somos o apêndice, mas não, isso é o Lesoto. Alguém conhece o Lesoto? Alguém alguma vez comprou algum produto «Made in Lesoto»? Alguém ouviu a palavra «Lesoto» nas notícias nos últimos 15 anos? Não, ninguém quer saber do Lesoto e ninguém precisa do Lesoto, mas ele existe no mundo. Portugal é o pâncreas, principalmente porque é a palavra mais fixe do corpo humano.

Já que falamos de doenças (mais do mundo que doenças, mas não tenho culpa do mundo estar doente) vou mostrar-vos, sem nenhuma introdução, como é que as pessoas, no geral, reagem se tu tiveres uma determinada doença, sendo que essas reacções variam muito se fores homem ou mulher. Vejam por vocês:


  • Sida. Quando um homem tem sida, as pessoas dizem que este ou é drogado ou paneleiro. Quando é a mulher a ter, então dizem que só pode ser puta;

  • Gripe. Quando um homem tem gripe, quase não sai da cama ou do sofá. A doença é quase mortal e recuperar é um milagre. Quando uma mulher tem gripe, só precisa de dormir bem uma noite e depois aguenta o dia todo com dores no corpo e na cabeça. Eventualmente trata do marido/namorado/filho/irmão que também está com gripe;

  • Esquizofrenia. Quando um homem tem esta doença, para toda a gente ele é o Luís Tolo e todos lhe dão deixas para ele dizer alguma parvoíce que faça as pessoas rir. Quando uma mulher tem esquizofrenia, para toda a gente também é a Maria Tola, a diferença é que toda a gente foge dela, com medo que lhe dê algum ataque de repente;

  • Herpes. Quando um homem tem herpes, toda a gente diz que ele ou anda a ir às putas ou a namorada é uma porca. Se for uma mulher a ter herpes, ainda mais fácil: toda a gente diz que ela ou é puta ou é uma porca;

  • Doenças de pele generalizadas. Se for um homem, as pessoas dizem que se deve a má genética ou a um azar incrível. Este, apesar da doença, tem amigos mas não há grandes possibilidades de ter uma namorada. Se for uma mulher, continua a ser um azar incrível, só que além de não ter amigas porque não se querem chegar a ela com medo de contaminação, também não tem qualquer possibilidade de ter um namorado porque todos a acham asquerosa;

  • Miopia. Um homem míope é o típico caixa de óculos e a impressão geral é que só é assim porque passa tempo demais ao computador. Se uma mulher for míope, as pessoas tendem a desvalorizar e a dizer que é só uma oportunidade para usar óculos e ficar ou ainda mais sensual ou cada vez menos atraente;

  • Enxaquecas. Se um homem diz que sofre de enxaquecas, as pessoas dizem que isso não é doença nenhuma, e que é para mulheres. Quando uma mulher diz sofrer de enxaquecas, as pessoas dizem que isso é só desculpas para não fazer nada;

  • Vómitos. Se um homem diz que está com vómitos, o que as outras pessoas entendem é que está de ressaca, que apanhou grande bebedeira e não se controlou. Se uma mulher apresenta o mesmo quadro, as pessoas só vêem duas possibilidades: ou está de ressaca ou está grávida;

  • Obesidade. Se um homem é obeso, as pessoas tendem a dizer que, por ser assim, é que não arranja nenhuma mulher para casar. Se for mulher, as pessoas dizem que esta ficou assim por não arranjar nenhum homem para casar;

  • Depressão. Se um homem disser que está deprimido, as pessoas acham que ele é muito fraquinho, que não aguenta a pressão e que se calhar pensava que a vida era cor-de-rosa. Se uma mulher deprimir, as pessoas dizem que só quer chamar a atenção e que aquilo não é nada, é só birra;

  • Alcoolismo. Se um homem é alcoólico, toda a gente lhe chama irresponsável, bêbado e cobarde, por fugir às suas responsabilidades. Se uma mulher for alcoólica, as pessoas dizem que ela é assim porque o pai/marido não a mete na linha;



Como vêem, uma visão perfeitamente ajustada à realidade. Quem não concordar comigo pode enviar a sua opinião que eu vou-lhe dar tanto crédito como o mundo dá ao Lesoto. O Botswana e o Turcomenistão também concorreram com o Lesoto para serem o apêndice do mundo, só que os dois têm uma selecção de futebol fraquinha mas que ainda vai aparecendo nas fases de qualificação para os mundiais. Agora o Lesoto nem isso. Consigo pensar mais depressa num motivo para eu precisar do Jorge Abel do que o mundo precisar do Lesoto, por isso pensem bem como é dispensável.



P.S.: Não me pronunciei sobre doenças que incluem delírios alucinatórios porque não estou certo de que a comunidade científica tenha investigado a fundo este blog para determinar como se chama a doença que eu tenho. Se eu soubesse já podia pedir ao Ramalho Drogas para orientar uns anti-psicóticos engraçados, que em vez de me fazerem ver BabyTV como se estivesse numa rave, me atenuassem os efeitos da minha perturbação. A única coisa que eu sei é que as moças não acham piada a isto e por isso é que estou solteiro desde que a Bárbara Abília, filha da Justina do peixe me deixou.