Sim, eu sei. Não é que tudo são recordações, mas que eu já fiz um igual a este mas para programas de televisão. Também sei que voltamos a falar de cinema e nos últimos posts tem-se falado quase sempre disso. Mas para isso eu tenho três respostas: 1) o blog é meu, eu é que sei sobre o que escrevo; 2) programas de televisão não têm nada a ver com cinema, senão o Fernando Mendes era o melhor actor do mundo em vez de ser o 24º melhor apresentador do século XXI; 3) vou-me debruçar sobre cinema outra vez só para chatear o Tolentino, que ele está-me a dever 10€ de uma aposta que fizemos num combate de boxe e ainda não me pagou.
Nesta altura sinto que vocês gostavam de saber mais sobre a aposta que fiz com o Tolentino. Foi simples. Não estava a dar nada na televisão sem ser novelas em que entrava o Ricardo Carriço e séries que acabava sempre com moças a chorar e a comer chocolate. Vai daí, mudei para um canal que nem conhecia e estava a dar boxe. Era um moço do Cazaquistão contra um moço dos Estados Unidos. O americano era preto e tinha calções verdes e o Tolentino apostou nele porque não conhecia nada de jeito do Cazaquistão. Eu avisei-o que o Cazaquistão não era como o Lesoto, mas ele não me quis ouvir. O preto levou grande pêra, caiu redondo, KO para o do Cazaquistão e 10€ para mim.
Sendo assim, já que ele ainda não me pagou, vou chateá-lo com um texto sobre filmes que eu não iria perder. Ora vejam lá:
- O Homem Demolidor: numa era em que as máquinas roubavam todo o trabalho aos homens, condenando-os a passar o tempo a jogar à sueca sempre com o mesmo par, um homem inverteu o ciclo. Ele era Dionísio, o homem demolidor, que se fosse a correr contra um prédio o deitava abaixo, condenado todas as máquinas de demolição ao desemprego. Claro que este filme acabava por ser um drama, visto que a grande desilusão da vida de Dionísio era ter sido irradiado do futebol devido a esta sua característica;
- E tudo o vento levou: um filme baseado em factos históricos, passado numa pacata aldeia das Bahamas, que é varrida por um furacão. No meio do caos e da desgraça, um turista inglês decidiu gravar tudo para mostrar aos amigos no pub da sua terra e ganhar ao vídeo que o Clark tinha feito dele a ter relações sexuais com duas tailandesas. Este turista registou momentos incríveis, ventos ciclónicos a proporcionar momentos dignos de um videoclip do Pitbull, naqueles em que ele está a cantar e o vento leva tudo à volta dele, menos a ele mesmo (infelizmente). De registar que mesmo quando o vento arranca um dos braços a este turista inglês, ele continua a gravar com o outro;
- Amigos Coloridos: um ex-oficial nazi sai da prisão após 40 anos encarcerado, desde o fim da 2ª Guerra Mundial. Quando volta à sua cidade natal, Schmaffaussenspieltgaster, vê que a sua antiga casa está a ser arrendada a 3 quenianos, com os quais este ex-oficial nazi vai ter que conviver. Uma comédia em que provavelmente o branco ia ser o Adam Sandler e um dos pretos o Eddie Murphy;
- O Cabo do Medo: um drama que relata o percurso de Tenente Valente, que sempre fez jus ao nome, sendo dos mais bravos do pelotão. Era conhecido por fazer chorar, pelo menos, 3 recrutas todos os anos. Mas um dia, a guerra estala entre Portugal e o Turcomenistão e o tenente Valente é enviado para a linha da frente. Durante uma missão, manda retirar os seus homens, daquilo que seria morte certa, violando a lei de «matar ou morrer, sem rendição» dada pelo seu Imperador. A vida de Valente nunca mais foi a mesma: foi relegado para Cabo e conhecido, desde então, por Cabo do Medo;
- Diário da nossa paixão: Vanessa é uma jovem atraente mas que sempre se manteve solteira por opção, desgostosa com o interesse dos homens apenas no seu corpo. Procurando por uma alma gémea, Vanessa é traída pelas suas próprias convicções ao apaixonar-se loucamente por Paulo, um lutador de sumo amador, cujo sonho é ir viver para o Japão, onde a modalidade tem um campeonato profissional. Vanessa e Paulo vivem uma paixão intensa e carnal, de tal modo que esta grava todos os dias os dois a terem relações sexuais, para nunca se esquecer de Paulo, quando o perder;
- Virgem aos 40 anos: um filme de terror puro e duro em que Adolfo, um banqueiro, convence um jovem a fazer uma conta poupança. Tudo começa quando o jovem coloca todo o seu dinheiro nessa conta e durante 5 anos não o pode levantar. Para se vingar, começa a infernizar a vida de Adolfo, seguindo-o, vigiando-o, roubando-lhe coisas, lançando-lhe a dúvida se as tinha perdido ou se as tinham roubado. Por fim, Adolfo é sequestrado por este jovem, mantido em cativeiro, torturado e, por fim, violado, deixando de ser virgem aos 40 anos;
- O Discurso do Rei: Arnaldo Parede, designer de interiores, vive obcecado em ter um trabalho que as pessoas possam ver e admirar do exterior. Numa prova de superação pessoal, abdica de 15 anos de carreira e investe tudo o que tem numa marisqueira, que consegue transformar na melhor marisqueira a confeccionar a santola. Convidado para a XXII edição do Festival de Marisco de Montalegre, faz o discurso de encerramento do evento, naquilo que ficou conhecido como o «Discurso do Rei». Da santola, claro;
- Este país não é para velhos: a história de Marco Etiópia, que em criança sonhou ser polícia, bombeiro e sindicalista mas, chegado a adulto foi confrontado com a dureza da realidade, tendo sido obrigado a abdicar dos seus sonhos de criança. Concluindo o 6º ano de escolaridade, aos 17 anos, foi convidado para ser segurança do «Portugal dos Pequeninos» por um tio dele, que é director de lá. Projectando o sonho de ser polícia no seu trabalho de segurança, luta arduamente contra todos os suspeitos que queiram entrar sozinhos no Portugal dos Pequeninos, dizendo-lhes que aquele país não é para velhos;
- Pesadelo em Elm Street: Mónica é uma estudante de nutrição que se inscreve num programa de intercâmbio, indo estudar para os Estados Unidos. No primeiro dia no país, vai procurar casa e fica sedeada no 237 de Elm Street. Tudo corre bem na sua primeira semana, gosta das aulas, da vizinhança, faz amigos e até é convidada para ir a uma festa. Contudo, na noite em que vai à festa, regressa a casa e tem um pesadelo horrível que a faz acordar sobressaltada. O filme ainda acompanha Mónica durante 1 semana para ver se tinha mais pesadelos, mas como não teve mais, ficou só o nome «Pesadelo em Elm Street»;
Como vêem, não há grande diferença entre estes filmes inventados por mim e os que se vêem por aí no cinema, com orçamentos de 300 milhões de euros e bilhetes no cinema a 7,5€ com pipocas. O argumento não surpreende, os actores são sempre os mesmos e o final é previsível. A única diferença é que estes filmes a mim custaram-me 20 minutos ligado à electricidade, uma folha de papel e um café que entretanto fui tirar para mim, que ontem deitei-me tarde. Não, não estive com nenhuma moça. Eu sei que vocês não perguntaram, mas achei por bem dizer que não estive com nenhuma moça, para que não achem esquisito que da próxima vez chegue aqui e diga «ontem estive com uma moça» sem que vocês me perguntem alguma coisa.
P.S.: Olha Tolentino, tenho mais para aí 10 textos pensados só sobre cinema. Por isso, vê lá se te despachas a pagar-me os 10€ ou então anda cá a casa hoje à tarde que o moço do Cazaquistão vai voltar a lutar, desta vez contra um escocês. Se quiseres, apostas 10€ no escocês e se ganhares ficamos quites. Se perderes, fica em 20€ e aí, se não quiseres pagar, fico-te com aquele casaco de pele que compraste no ano passado, aquele que custou 100€, mas que te fica um bocado apertado. Assim já fazias dinheiro com ele, em vez de o andares a estragar e depois o deitares ao lixo daqui a 3 ou 4 meses.
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