quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Mitos que encontras em alguns desenhos animados


Fiquei contente por não terem dito que o meu texto anterior da religião era moderno. Já estava farto de ser moderno. Qualquer dia só me faltava começar a andar de calças vermelhas ou ir ao café beber uma Mini, já que diziam que era moderno, começava a agir como tal. Felizmente não segui por esse caminho e continuo a ir à tasca do Abílio comer a sande de morcela e a beber uma cerveja normal, à homem.

Neste sentido pensei: que mais é que eu faço hoje que também fazia há 10 ou 15 anos atrás? Excluindo todas as necessidades fisiológicas que me ocupariam a lista facilmente, restam três: chatear as pessoas com parvoíces, comer demais e ver desenhos animados. A primeira não preciso de falar sobre isso, vocês têm visto desde Dezembro. A segunda não vou falar porque senão dá-me fome e não acabo de escrever o texto hoje. A terceira pode ser, vou falar na terceira.

Sei que já reflecti sobre desenhos animados noutro texto, mas não sobre mitos que encontras em alguns desenhos animados. Aposto que não estavam à espera desta. Ou se calhar estavam porque leram no título. Mas pronto, vejam lá alguns:


  • Dragon Ball: as bolas caem sempre no deserto, no mar ou no campo. Nunca caem no meio da cidade, tipo numa estrada, que obrigue a cortá-la ao trânsito para obras, ou numa casa. Se caísse numa casa e a pessoa ficasse com ela como é que ia ser? Ia o Krillin lá buscá-la? Não assustava ninguém o Krillin, muito menos se fosse lá com o Yancha. E imaginemos que caía numa casa e a pessoa, olhava para aquilo e pensava logo na pasta que aquilo não dava se vendesse no OLX. Depois queria ver o Songoku a licitar a bola de cristal e a pagar uns 300 contos por ela, só para ressuscitar o Tenshinan, que está sempre a morrer;

  • Tartarugas Ninja: nunca ninguém desconfia que a repórter da cidade, que mostra as histórias em exclusivo das Tartarugas, que são Ninjas,frequentemente jantar sempre à mesma pizzaria, com quatro indivíduos de gabardina do pescoço aos pés e com um chapéu, que nem para comer o tiram. Cabia ao empregado ou ao gerente da pizzaria dizer alguma coisa? Não, porque desde que pague, o cliente tem sempre razão (e com o Miguel Ângelo a comer às três pizzas, a conta deve ser bastante avultada) mas os outros jornalistas da cidade andam a dormir ao não investigarem isto;

  • Gárgulas: a pergunta que eu faço a mim mesmo ao ver este desenho animado é: mas ninguém anda na rua à noite? Está tudo fechado em casa a ver televisão e no Facebook? É que se a acção se passasse numa cidadezinha pequena ou numa aldeia remota, tudo bem, é normal que não ande ninguém na rua à noite, nem de dia andam, passa uma pessoa de meia em meia hora. Agora isto passa-se em Nova York. Nunca ninguém ia na rua à noite e viu uma gárgula? Não há mendigas a monte na cidade, que testemunhassem a existência? Ou as gárgulas matam qualquer tipo de testemunhas oculares para se manterem no anonimato?

  • Carrinha Mágica: se há desenho animado que promove o desencantamento dos miúdos com a escola é esta. Mas alguém, nalguma escola, faz visitas de estudo daquelas? E tenho a certeza que a professora não manda as autorizações para as visitas de estudo para os encarregados de educação assinarem. Era eu que ia assinar uma autorização para o meu filho ir numa carrinha, ser diminuído em mil vezes o seu tamanho para entrar dentro de um corpo humano. Mais, estou seguro de que nenhuma turma tem uma mascote que seja um lagarto. É tudo peixes ou, no máximo, um hamster. Uma professora que levasse um lagarto para a sala era logo denunciada à Comissão de Protecção de Menores e era suspensa. 

  • Inspector Gadget: Ao ver o Inspector Gadget concluo que qualquer um entra para a Polícia. Porquê? Quando um moço esquisito, todo trapalhão e claramente pouco inteligente (se forem a ver, 90% dos crimes são resolvidos ou acidentalmente, ou pelas crianças ou pelo cão!) resolve os crimes todos da cidade, superando a polícia, está tudo dito. Pior que isso, Gadget representa a Interpol, supostamente a melhor polícia do Mundo. Depois de ver os recursos do FBI totalmente esbanjados numa caça aos espíritos em «Ficheiros Secretos», a Interpol deveria dar o exemplo, mas não. Podem até dizer que o contrataram precisamente para os mauzões pensarem que ele era desajeitado e que, por isso, poderiam passar impunes mas ele ou tem uma grande cunha ou então qualquer um dá para polícia;

  • Tintin: este podia não só dar lições ao Gadget de como se resolvem crimes, como também podia dar lições de jornalismo à April O'neill das Tartarugas Ninja. Mesmo assim, não deixo de descortinar um mito neste desenho animado: todos os cães são altamente inteligentes e fiéis. Portanto, anda a polícia a gastar dinheiro com treinos intensivos de pastores alemães para serem cães-polícia, e um cãozinho pequenitates como o Milu, morde criminosos até eles cederem, rói cordas para libertar o dono, persegue carros a alta velocidade e tem um faro capaz de descobrir drogas e cadáveres. Vou já ali à loja do Carvalho comprar um salsicha, que com 3 dias de treino vai-me abrir as latas de atum com os dentes e assim escuso de me cortar;

  • Kangoo: o mito aqui é óbvio: se formos bons e unidos, ganhamos sempre. A sério? Então significa que todas as equipas no mundo que, todos os anos, ficam pelo menos em segundo lugar, não são unidos ou então são mauzões que querem controlar o mundo. Então aquelas equipas que descem de divisão era exterminá-los o quanto antes, que esses são péssimas pessoas, violam as mulheres dos outros e atiram crianças por ravinas abaixo, nos tempos livres. Mais, a ilha onde vivem estes kangurus até parece paradisíaca: ninguém entra lá, estão protegidos das ameaças externas e só saem de lá quando a torre de controlo desliga o escudo de protecção. Cuba também é assim e vejam se todos os anos não saem da ilha milhares de pessoas, em barcos insufláveis, para os Estados Unidos;

  • Mighty Max: este é dos desenhos animados mais perigosos. Portanto, um miúdo rebelde, que não gosta da escola, balda-se e vai combater o crime para outra dimensão, com um pássaro que fala e com um bárbaro que além de combater só deve fazer ginásio na vida dele. O mito presente aqui é que estes moços que se baldam às aulas vivem mesmo estas coisas na realidade, sem qualquer influência de drogas. Combater o crime noutra dimensão com um pássaro? Bem, ao menos foge ao estereótipo do elefante cor-de-rosa. Outro mito perigoso é que se pode esconder tudo à mãe, que aparentemente se preocupa com o filho mas é burra o suficiente para não ver que ele se balda às aulas para se ir drogar. Não, não é para se drogar, é para combater contra monstros, noutra dimensão, com um pássaro e um bárbaro de dois metros;

  • Simpsons: Springfield parece-me uma típica cidade americana. Tem uma igreja, uma fábrica (ainda que seja uma central nuclear) que emprega a maior parte dos habitantes, uma esquadra de polícia, um canal de televisão e (aqui começa o mito) um bar. Só há um bar na cidade inteira? Até poderia acreditar nisso se o bar fosse alvo de inspecções periódicas com frequência, visto só haver esse. Portanto, além de uma cidade só com um bar (!!!), passa-se a mensagem que qualquer um abre um bar, em quaisquer condições e não leva com inspecções, nem com multas. Mas pior que haver só um bar é não haver um único bar de strip ou de alterne. Mas isso não é um mito, é mesmo um desabafo que estou a fazer à parte do texto.



Não pensem que não gostava ou não gosto destes desenhos animados. Pelo contrário, foram precisas horas e horas de observação para poder pensar nestas coisas. Claro que depois de ver 20 000 horas disto tudo, pensei por 20 segundos e escrevi o que me veio à cabeça, como sempre. Tenho que deixar de ser tão impulsivo. No outro dia, o Teófilo disse que tinha comido grande pêra na mercearia do Rebelo e tinha gostado. Como bom amigo espetei-lhe grande soco mesmo na boca, mas ele estava a falar de fruta. Agora não me atende as chamadas e suspeito que desta vez deixe mesmo de vir aqui escrever, tudo por causa de uma pêra. Resta-me o Tolentino e os desenhos animados, portanto, se não escrever ele sobre alguma coisa que deteste (e que para vocês seja algo perfeitamente natural), venho para aqui eu falar de desenhos animados ou de cinema. Ou de moças.





P.S.: Devem ter reparado que o Spider Man e o X-Men não estão na lista. Há uma explicação muito simples quanto a isso: simplesmente, são os melhores desenhos animados de sempre. Não há nada que criticar, não há mitos, não há nada de nada de mal. No entanto, se alguém tiver uma perspectiva diferente pode sempre dizer-me. Não garanto é que ouça, queira saber ou vos volte a dirigir a palavra, nem significa que não chame dois ou três amigos para vos apanhar na rua sozinhos, um dia, e vos dar um tareão que nem se vão conseguir levantar sem a ajuda dos bombeiros, quando chegarem ao local três ou quatro horas depois. Bem, chamar 2 ou 3 amigos é um mito, se calhar chamava só o Tolentino e não era certo que vos conseguisse dar um tareão. Mas já que estivemos a falar de mitos ...


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