terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mensagens que alguns jogos transmitem e ninguém liga


A vossa piada previsível, por esta altura deve ser: «O Gary é como o Spielberg: está sempre a falar de cinema». E alguém há-de-se rir por pena de vocês. Claro que se alguém se rir dessa piada só o faz por pena, e quem se ri por pena é um semi-amigo. Se fosse amigo, dizia-vos que a vossa piada era muito fraquinha. Mas isso já foi escrito noutro post e não vou voltar a isso. Para me repetir, falava de cinema outra vez.

Mas porque é que hoje não vou falar de cinema? Fácil: porque o Tolentino já me pagou o que devia. Veio cá a casa no sábado e voltou a apostar contra o moço do Cazaquistão no boxe e voltou a perder. Como já me devia 20€, fiquei-lhe com o casaco que lhe estava a ficar apertado. Agora que tenho um casaco novo também posso ter novos temas. 

Assim, aquilo em que pensei hoje foi: há jogos que têm mensagens escondidas em si e que ninguém parece conseguir perceber. Ou percebem mas fingem que não se passa nada, como aqueles moços que levam o cão a passear e fingem que não estão a ver quando ele está a cagar no meio do passeio para não terem que ir apanhar aquilo do chão. Depois vão à vida deles e passa lá uma pessoa e calca aquilo. Mas não vamos falar do que me aconteceu ontem à tarde. Vejam lá as tais mensagens que alguns jogos transmitem:


  • Monopóli: este jogo mostra que, se tiveres conhecimentos, basta-te pagar 500 paus para saíres da prisão. Além disso, consegues fazer os negócios mais sujos com os que têm mais dinheiro só para teu proveito próprio, mas que vai acabar por beneficiar mais os trutas do que a ti. Toda a gente se ri e gosta de ver alguém a ir à bancarrota porque significa que não foi o próprio;

  • Sueca: Aqui, o rei nunca está seguro de ser comido por moços que não são da realeza mas que subiram na vida e, assim de repente, são mais poderosos. Outra coisa é que as damas têm valor mas sempre menos que os homens. Por último, o povo não tem valor nenhum mas, em determinadas circunstâncias, se se unir pode ser mais poderoso que um rei;

  • Xadrez: há muitas mensagens no xadrez mas como eu não sei jogar, só vou mandar a piada que este jogo abriu um precedente gravíssimo para aquela secção estranha da pornografia, ao permitir que um cavalo comesse a rainha;

  • Crazy Taxi: como o cliente paga e tem sempre razão, podes fazer tudo desde que chegues ao local a tempo e horas. Deste modo, não importa o que fizeste e como fizeste, importa é que o senhor importante chegue a tempo ao local desejado. E tu, qual vendido, por dinheiro fazes tudo;

  • Super Mário: O retrato mais fiel daqueles moços que vão para as festas da música pastilha, com as roupas esquisitas e os bigodes, abusam nas drogas e que pensam que estão a lutar com dragões e a ver elefantes cor-de-rosa. Depois, conseguem envolver-se com uma moça que a eles lhe parece uma princesa, mas quando vêm as fotos no dia a seguir quase que vomitam a ver como ela era feia e sem dentes;

  • Carmaggedon: Este jogo acaba por ser o sonho de qualquer condutor. Desde poder passar a ferro grupos de velhinhas que demoram a atravessar a passadeira ou destruir aquele boi que vai à nossa frente e nunca usa um pisca, vale tudo. E o melhor é que em vez de te passarem multas ou receberes cartas em casa para te apresentares na esquadra, recebes pontos e passas de nível;

  • Damas: a metáfora de que as mulheres dizem todas mal umas das outras é a face mais visível deste jogo, já que, sendo possível, todas se comem umas às outras. Anda tudo nesta bandalheira até virem as rainhas e andarem por onde querem e passarem por cima de toda a gente;

  • Tekken: aqui, só os esquisitóides e as moças jeitosas têm poderes e sabem lutar. Os esquisitóides é para vingarem na sociedade e porque fizeram da exclusão social uma força e o modo de alimentarem a sua necessidade de afirmação, aprendendo a lutar. As moças jeitosas é por dois motivos: 1) para se defenderem; 2) nos filmes, as moças que sabem lutar melhor que os homens são sempre grandes touras;

  • Football Manager: este jogo é como aquela miúda do secundário que é de longe a mais bonita da tua turma e que te apaixonas por ela. Mas ela, por pena de ti, para não te dizer que és um lixo, até se dá bem contigo, passa tempo contigo e, um dia, beija-te, mas sem que isso signifique que vais ter alguma coisa com ela. É só uma espécie de prémio de consolação, porque depois vem um moço a sério e fica ele como namorado dela. Quem joga FM também tem essa sensação: consegue fazer de equipas fraquinhas grandes potências mundiais, faz um trabalho extraordinário, mas é tudo ficção e, ainda que sonhes muito, ao fim e ao cabo é só um jogo e os verdadeiros treinadores não andam a jogar isto;



Infelizmente o último diz-me bastante já que derreti imensas horas da minha vida a dedicar ao jogo. E ainda por cima sou fraquinho, por isso eu não sou aquele moço que leva os prémios de consolação. Eu sou aquele moço que ama incondicionalmente aquela moça que anda a fazer daquele tone da minha turma o prémio de consolação e que depois vai namorar com o Costa que é jogador de basket ou com o Eliseu que tem uma banda de reagge ou com o Daniel, que não é nada mas é podre de rico. Por isso é que eu no Tekken luto sempre com o Yoshimitsu. É esquisitóide mas tem uma espada e manda grandes ataques, parto-os a todos com o Yoshimitsu. Claro que se fosse lutar a sério mal sabia dar um soco, mas com o Yoshimitsu ninguém me ganha. 



P.S.: Quando tens amigos que estão contigo e começam a dizer o que fizeram no jogo deles de Football Manager, o que conseguiram conquistar, que jogadores foram buscar, que jogadores venderam e essas coisas todas, faz-me sentir quando o Matthew Praias aparecia lá em casa a contar-me as experiências sexuais dele. Tanto num caso como no outro eu sabia que eles tinham atingido coisas que eu nunca atingiria. Tenho saudades do Matthew. Mas tenho mais do Teófilo. Ainda o que me vale é o Tolentino ir lá a casa e apostar sempre contra o moço do Cazaquistão e jogar sempre com aquele chinês do Tekken que só sabe dar mortais. Dou-lhe cada coça com o Yoshimitsu que nem é bom ...


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