No outro dia vi uma coisa engraçada. Estava um moço a falar na televisão e a dizer que toda a gente tinha sentido de humor. É assim, se estava a falar na televisão tinha crédito, porque tinha um programa dele. Quem tem um programa na televisão tem uma opinião de se respeitar senão ou não aparecia na televisão ou aparecia a falar nos programas dos outros. E se isto é verdade significa que apesar de tudo aquilo que vocês dizem sobre mim, eu até tenho sentido de humor!
Mas adiante, isto daquele moço dizer que toda a gente tem sentido de humor pôs-me a pensar. Já me tinham dito que toda a gente tem o direito a ser feliz mas nisso não acredito. Acredito é em coisas palpáveis. Se me dissessem que a felicidade era comer 3 vezes por semana panados ou pagar 1€ para ir ao barbeiro (em vez de se pagar 6 ou 7€ e se ir lá de 3 em 3 meses e depois andar-se por aí a fazer figuras tristes) eu acreditava. Agora, como ninguém me sabe definir felicidade, não acredito que toda a gente tem direito a ser feliz. Até porque por aquilo que eu não sei, ser feliz até pode ser grande porcaria.
Ter amigos é uma coisa palpável e real, não é como a felicidade. Também já me disseram que toda a gente tem amigos e eu não acreditava até o Jorge Abel dizer que eu era amigo. Se ele consegue ter amigos, então toda a gente consegue. Vejam, por isso, alguns amigos que toda a gente tem no grupo (se não forem amigos são pelo menos semi-amigos):
- Toda a gente tem aquele amigo que, na teoria, está sempre a postos para tudo, mas depois quando se combinam as coisas e lhe falam, ele diz sempre algo do género «hey! desculpa lá, gostava muito mas não posso mesmo! se fosse noutro dia podia, mas neste em particular não posso ...»;
- Toda a gente tem aquele amigo que em 20 coisas aparece em 2 ou 3, ou seja, na maioria das vezes falha. Pior que isso é que não vai às coisas inventando as piores desculpas possíveis. Nas primeiras 5 vezes ainda pensas que pode ser verdade, mas depois até o convidas para as coisas só para veres que desculpa ele vai dar desta vez para poderes contar aos outros e toda a gente se rir;
- Toda a gente tem aquele amigo que desvia sempre todas as conversas para implicações sexuais. E, por incrível que possa parecer, este fenómeno não é exclusivo aos grupos de amigos masculinos. Entre um grupo de moças também há sempre aquela amiga que leva sempre as coisas para o lado sexual, é como se fosse a Rosinha na música, que é a versão feminina do Quim Barreiros. Claro que este fenómeno é mais visível nas moças porque os moços já são considerados naturalmente perversos e obscenos;
- Toda a gente tem aquele amigo que tenta de vez em quando elevar o nível das conversas, para não ser sempre sobre moças, futebol e fardas que já se apanharam noutros momentos de convívio. Em 95% das vezes este elemento do grupo é enxovalhado e toda a gente o goza durante a noite toda por ter tentado falar de política ou economia. Nas outras 5% das vezes, em que consegue por o pessoal a discutir temas estruturais da sociedade, é quando está tudo bêbado e dá para tudo;
- Toda a gente tem um amigo que consegue captar aqueles momentos que tu rezas para que ninguém tivesse notado e inventa alcunhas que te assentam como uma luva e que toda a gente aprova menos tu próprio. Normalmente esse amigo é o mais difícil de gozar, porque mesmo que tenhas uma piada espectacular para dizeres contra ele, no segundo a seguir ele dá-te uma resposta que acaba contigo;
- Toda a gente tem um amigo que organiza as coisas, dá atenção aos detalhes para que nada falhe e que, embora toda a gente goze com ele por causa disso, têm perfeita noção que se esse moço saísse do grupo eles não iam fazer metade das coisas que fazem ou, caso fizessem na mesma, ia ser tudo à balda e tudo atabalhoado. Às vezes esse amigo tenta agir como os outros, mas depressa nota que não consegue e volta a ser o «organizado»;
- Toda a gente tem um amigo que se rege pelo fuso horário da Suazilândia ou da Lituânia. É aquele amigo que diz que demora 15 minutos a chegar e demora 50. Ou que combina uma coisa contigo às 14:00 e às 14:20 «está a sair de casa». Claro que este «sair de casa» implica pelo menos mais 20 minutos à espera dessa pessoa. No entanto, quando numa das raridades do Mundo, esse amigo chega a horas a algum lado e tu te atrasas 2 minutos, critica-te por não seres pontual;
- Toda a gente tem um amigo que se veste sempre como se fosse jantar fora com uma moça, a um daqueles jantares chiques que tem velas, empregados a servir o pão com pinças e se bebe um daqueles vinhos que só foram feitas 60 garrafas. Por outro lado, no mesmo grupo, há aquele amigo que vai a todo o lado de calças de fato de treino e camisola de carapuço e até estranhas quando o vês bem vestido;
- Por último, toda a gente tem aquele amigo que sóbrio é um moço porreiro, espectacular, mas a partir do momento em que começa a ficar bêbado não é mais teu amigo, não o conheces de lado nenhum e foges dele. Dois dias depois, quando lhe passa a ressaca e ele volta a aparecer, sóbrio, volta a ser um dos teus melhores amigos.
Existem estes grupos de amigos que podes encontrar por toda a parte e depois existe o meu grupo de amigos composto por um ausente (Teófilo) e que eu até acho que já é mais meu ex-amigo do que amigo, por um moço que não gosta de nada e detesta quase tudo (Tolentino), por um fã incondicional que se diz meu amigo (eu sou o ídolo do Jorge Abel, não é para me gabar, ele é que me disse, o que eu achei um bocado esquisito mas por outro lado quando vou a casa dele é só sentar-me no sofá e pedir torradas que ele traz) e por um moço que é meu amigo mas não sabe (Matthew Praias). Depois ainda existe o Ramalho Drogas, de quem eu me tentei aproximar para criar uma amizade mas ele disse que não era maricas e não estava interessado em relacionamentos com homens além dos comerciais. Por isso é que só lhe compro os anti-psicóticos.
P.S.: Noutro dia falarei sobre aquela coisa de todos termos sentido de humor. Agora não sei mesmo o que dizer. Principalmente porque no outro dia liguei a uma moça, só para a surpreender, e pus-me a ler um dos posts daqui do blog. Ela não se riu nenhuma vez e perguntou se eu estava a tentar ter piada. Falarei sobre isso se entretanto não me aparecer uma ideia melhor ou o Tolentino não vir para aqui fazer um post sobre como detesta ter amigos. Mas voltando aquilo da moça, acho que ela não se riu porque não tenho uma voz cómica. Aposto que se fosse o Bruno Nogueira a ler os meus textos toda a gente se ria. Ou então não e o homem perdia o crédito todo que tem. É que ele aparece na televisão! E tem um programa só dele!
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