domingo, 31 de março de 2013

Funcionalidades que eu inventava para os telemóveis


Não comprei nenhum telemóvel novo. Também não procuro com isto que algum de vocês (ou alguma, se for o caso) repare que não tem o meu número e se lembre de me pedir. Mas se fosse o Jorge Abel a escrever um texto destes, aposto que era para ver se alguém lhe pedia o número e ele se sentir um bocado mais importante. Agora que estou a pensar nisto, se calhar o Teófilo perdeu o meu número de telemóvel e por isso é que nunca mais me disse nada. Também perdeu a password do e-mail, os vales de desconto no Minipreço para os packs de 6 Chipicaos e uma t-shirt que lhe emprestei numa ocasião e que nunca mais me devolveu.


Também não quero com isto entrar numa via de tecnologia e modernices aqui para o blog. Estamos muito bem como estamos, lidos por 4 pessoas, a falar de coisas de que ninguém quer saber e de ditados populares, com invasões espontâneas e carregadas de ódio por parte do Tolentino. Não é nenhuma tentativa de mudança sobre o que aqui fazemos, muito menos tornar-nos naqueles sítios que só falam de tecnologia e sobre como o mundo em 2025 vai ser vivido com aqueles capacetes como havia naquele filme em que o Stallone foi congelado e depois foi descongelado 40 anos depois.


Hoje apetecia-me falar de filmes. Mas como já falei nisso muitas vezes decidi agravar um bocado mais a minha perturbação e pensar então em funcionalidades que eu inventava para os telemóveis, algo de que nunca tinha falado por aqui:



  • Escrita pouco inteligente: ao contrário da dita «escrita inteligente», que só atrapalha, esta era para facilitar a vida a quem dá sempre erros ou quem quer dizer porcaria. Por exemplo, não corrigia aqueles erros tipo «faser» ou  ao escrever-se a palavra «rapariga», traduzia automaticamente para «gata»;

  • Uma aplicação que mostrava quais os talhos num raio de 10km que não vendessem rissóis de pescada. Temos que valorizar a coragem que estes proprietários têm em manter um negócio tradicional. Eu era capaz de fazer 6km a pé para ir comprar almôndegas a um talho que não vendesse rissóis de pescada, só para apoiar esta decisão;

  • Bateria-Extra: uma bateria 20 vezes mais pequena que a normal, para não ocupar muito espaço nem fazer muito peso, para aqueles momentos em que a bateria normal está mesmo no limite e precisamos de avisar alguém que vamos ficar sem bateria ou precisamos de acabar uma rodada de sueca para ganharmos o jogo e entra em cena a bateria-extra, que dura mais 10 minutos e tem um temporizador no ecrã a mostrar quanto tempo falta para acabar. E não há tempo de compensação como no futebol, chegando ao zero, acabou;

  • Avaliação de beleza: quando comprasses o telemóvel, respondias a um questionário que ia determinar os teus padrões de beleza e atractividade. Depois, em noites com muito álcool e escuridão, tiravas uma fotografia com o telemóvel e este ia avaliar se a pessoa se adequava aos teus padrões de beleza, se revelava desespero da tua parte ou se estavas com demasiado álcool no organismo;

  • «Expressa-te bem»: a pessoa escrevia o que queria dizer à outra, abria a aplicação, escolhia a emoção pretendida (tristeza, alegria, entusiasmo, raiva, por aí fora, não sei mais. Não sou muito bom em emoções, perguntem às moças com quem saí e elas vão dizer o mesmo) e o texto era traduzido e adequado à emoção escolhida, para não haver confusões e o discurso ser claro;

  • A aplicação do desespero: relacionada com a anterior, mas era apenas uma aplicação que analisava as mensagens antes de serem enviadas e sugeria alterações ao conteúdo do texto para não revelar o desespero da pessoa que a enviava. Antes de enviar perguntava-te se tinhas a certeza de querer mandar aquela mensagem, fingia que enviava e passado 5 minutos perguntava outra vez se querias mesmo mandar aquilo;

  • Receber-se uma mensagem a avisar, com uma hora de antecedência, sempre que fosse dar algum filme do Rambo, do Steven Seagal ou do Van Damme. E não se pagava nada por isso, não é como aquela porcaria do Clube Jamba, que pedia o polifónico do Crazy Frog e passado 3 meses ainda tinha de pagar 3€ para sair do clube, depois de me terem comido uns 10€;

  • Como já dá para fazer nas chamadas, de dar para estar a falar três ou quatro ao mesmo tempo, na mesma conversa, também podia dar para fazer isso em mensagens. Assim, sempre que estivesse a falar com alguma moça, podia meter a minha amiga lésbica (que ainda vou conseguir arranjar) lá para o meio, sem a outra ver, para me dizer se eu estava a ir bem e se a moça tinha algum interesse em mim ou se só me estava a responder por caridade;

  • Podia dar para fazer no telemóvel como se fazia no MSN. Se eu fosse para uma convenção com o Tolentino sobre a influência e o impacto dos Minotauros na economia da Grécia Antiga, e aquilo demorasse umas 4 horas e eu deixasse o telemóvel em casa, estava «Ocupado» ou «Ausente» e as pessoas sabiam que eu ia demorar a responder. Ou então quando não quisesse falar com o Jorge Abel sem ter que desligar o telemóvel mudava o estado para «aparecer offline» e falava com as pessoas que quisesse e as que não quisesse pensavam que eu tinha ficado sem bateria (até mesmo sem a bateria extra)




Claro que isto ia tornar-nos muito mais dependente dos telemóveis e cada vez íamos ver mais moças agarrados à merda do telemóvel. Agora enervei-me e como continuo com o delete estragado não posso voltar atrás. O Tolentino já me disse que há outra tecla que dá para apagar, mas entretanto meteu-se a Páscoa pelo meio e ele ainda não veio cá a casa dizer-me qual era, por isso vai mesmo assim. É verdade, é Páscoa. Era muito mais provável eu fazer um texto sobre isso do que sobre telemóveis não era? Ando a falhar nisso de ser previsível, foi por causa dessas coisas que a Rute Almeida acabou comigo. Nunca vos falei da Rute Almeida? Pois, era desse tipo de coisas que ela não gostava também.





P.S.: Ando mesmo preocupado com o Teófilo. Se dizem que, por esta altura, há um montão de anos atrás, um moço morreu e ressuscitou passados 3 dias, pensei que também se aplicasse ao mundo real e que o Teófilo, passados meses de morte social voltasse a reaparecer. Mas não. Quem me apareceu aqui hoje em casa foi o Jorge Abel, a oferecer-me uma lata de tinta como prenda de Páscoa, como se fosse meu padrinho ou minha madrinha. E ainda por cima lanchou aqui. Quer dizer, ele é que trabalha e recebe e eu é que ando aqui a oferecer lanches a quem me dá latas de tinta. Quase me senti como o dono da Robialac.




terça-feira, 26 de março de 2013

Questionando os ditos populares


Já alguma vez apanharam uma bebedeira tão grande que deram por vocês a ver filmes do Van Damme a pensar que o actor principal era o Bruce Willis? Se sim, são tão inúteis como o aviso «urgente» que o Jorge Abel deu no último texto. Depois sou eu que preciso de tomar anti-psicóticos e ele é que confunde ficção com realidade. Acham mesmo que iam entrar moços do Continente pela casa adentro só para melhorar ou piorar os cozinhados? E entravam mesmo de cara destapada, sujeitos a serem descobertos. Realidade é entrarem pelas casas das pessoas moços com fatos de Pai Natal para porem a gravar programas a noite inteira, só para a pessoa de manhã acordar e ter a box carregada de coisas gravadas.


Outra coisa que faz do Jorge Abel um inútil foi ter falado do meu texto que estava a escrever. Mania de se meter na vida dos outros e de não saber guardar segredos. Só lhe disse que havia alguns ditos populares que não faziam sentido e que mereciam ser questionados e põe-se logo a dizer isso a toda a gente. A sorte é que só lêem os textos dele 3 ou 4 pessoas fiéis e 2 moços que apareceram aqui no blog por engano, porque pesquisaram a palavra «Páscoa» no google. E já está toda a gente farto que ele fale na Robialac. Juro que adorava arranjar emprego na Robialac só para poder vir para aqui enxovalhá-lo e dizer que tinha 45 minutos para lanchar. Grande coisa. Agora que estou desempregado tenho para aí 3 horas para lanchar.


Mas pronto, agora que já não tenho mais nada para dizer, eis alguns ditos populares que vou questionar e dar outra perspectiva muito mais literal, fazendo de conta que não percebo as mensagens subentendidas em cada uma destas frases, numa tentativa de tentar ser engraçado e, ao mesmo tempo, um comido do cérebro:



  • «Todos os caminhos vão dar a Roma»: ai sim? Quem disse isto? É que no outro dia perdi-me, saí na saída errada da auto-estrada e quando dei por mim fui parar a Arroteia, não a Roma. E tenho a certeza que se fosse a andar sempre em frente não ia parar a Roma. E aquele senhor que se perdeu 8 dias na Sertã, foi dar a Roma?

  • «Grão a grão enche a galinha o papo»: isto seria um cenário possível se não houvesse um processo chamado digestão. Ou só se faz a digestão quando há aquele intervalo após se tomar o café? Eu aprendi pouco em Ciências mas acho que não era preciso ficar-se a abarrotar para se começar a digerir o que se comeu;

  • «A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina»: isto não é bem assim. Uma vez fui a um restaurante e pedi carapaus. O empregado disse-me que eram grandes e um chegava bem, mas não acreditei e pedi três. Quando vieram eram enormes, comi dois e o terceiro comeu-o o Tolentino, que tinha pedido bolinhos de bacalhau e estava desconsolado. Nunca tinha ficado cheio de comer peixe, mas dessa vez fiquei. Claro que ajudou ter enchido o bandulho de pão, patês e batata assada, mas a partir daí quis sempre carapaus grandes. E sardinhas também. E pargos. Não quero nada de pequeninas;

  • «Boi velho gosta de erva tenra»: sem querer parecer pervertido, ao olhar para este dito popular só me salta à cabeça a imagem de um idoso a babar-se num parque infantil enquanto vê crianças, de saia, a andarem de baloiço. Ou aqueles moços que vão para a porta das secundárias e abordam moças de 13 e 14 anos para entrarem na carrinha deles. Esses bois velhos é que gostam de erva tenra. E já percebo porque é que os ditos populares foram inventados por velhos, assim eles dizem estas coisas e fazem o que lhes apetece;

  • «De Espanha nem bom vento nem bom casamento» : só porque é um dito popular já vale discriminar as pessoas (neste caso os espanhóis) sem se ser punido por lei? Mas além disso pergunto se as tortilhas e as  empanadas, mesmo aquelas que se vendem nos supermercados, não são boas? Também há moças espanholas bem roliças e não estou seguro que a taxa de divórcio em Espanha seja muito superior à de Portugal. Por isso, este também não está muito certo;

  • «Entre marido e mulher, não se mete a colher»: outra grande mentira. Soube no outro dia pela Palmira, da frutaria, que o Ramiro Espargo, um empresário aqui da zona, uma vez foi a um congresso em Nova York (é Nova York, Nova Iorque ou New York? Não percebo nada ...) e enquanto lá esteve, a mulher dele andou para aí a dormir e a ir jantar fora com o Paulo merceeiro. Não sei qual o significado de meter uma colher entre marido e mulher, mas a mulher do Ramiro Espargo meteu-lhe os cornos;

  • «Muitos cozinheiros estragam a sopa»: e, pelos vistos, de propósito, para depois lhe chamarem especialidade. Não, não é como aqueles do Continente de que falou o Jorge Abel, que isso é só um reclame de televisão. Mas por exemplo, uma ocasião, a cozinheira da cantina virou o tabuleiro dos filetes de pescada para dentro do panelão da sopa e em vez de deitar tudo fora, chamou aquilo «sopa de pescada afogada». Era uma porcaria. Se calhar por isso mesmo é que era sempre essa sopa às segundas-feiras;

  • «Não vendas a pele do urso antes de o matar»: lendo isto pergunto-me quanto darão pelo metro ou pelo quilo da pele do urso. Deve dar para enriquecer consideravelmente se matar 2 ou 3 ursos. E já se pode andar aí a matar ursos? Já não é crime? Ou só é crime se vendermos a pele antes de realmente os matar?

  • «O saber não ocupa lugar»: tirando aqueles que compram montões de livros e depois têm que os guardar nas arrecadações porque não têm espaço em casa, ou têm que fazer vendas de garagem ou oferecer os livros às bibliotecas porque não têm sítio para onde os pôr. E se o saber não ocupa espaço, porque é que de cada vez que memorizo o nome de um actor ou de um país, me esqueço de um nome de uma moça com quem já saí?

  • «Os homens não se medem aos palmos»: eu nem sei quanto é um palmo, sempre me medi em centímetros ou em metros, mas nas aulas de Matemática estava sempre a falar para o lado, por isso é normal que não saiba muita coisa. Além disso, fazer uso de um dito popular que usa a expressão «palmos» era como ainda fazer compras em escudos ou como ainda ter um discman;

  • «Quem tem telhados de vidro não atira pedras»: é assim, eu não percebo nada de arquitectura nem engenharia mas telhados de vidro? Ao menos de vidro duplo, que isto de ter vidro nos telhados é para estar sempre em obras, a substituir o vidro. E os trolhas não levam nada barato as deslocações e a mão-de-obra! E se eu não tiver telhados de vidro posso atirar pedras à vontade? Rica vida esta dos ditados, posso comer erva tenra quando for velho, posso matar ursos, atirar pedras e discriminar espanhóis, sem ser penalizado;

  • «Quem avisa amigo é»: não necessariamente. Quem me avisa pode ser polícia, médico, corrector de investimentos, um farmacêutico, um agente da seguradora e até mesmo um talhante, embora haja por aí ex-empregados de talhos que não sabiam avisar os amigos que os rosbifes eram congelados e que ainda por cima o patrão encavava moças em cima deles;

  • «Todo o homem tem o seu preço»: e a mulher também, que há para aí moças nos jornais a dizerem que por 50€ podem ser a tua escrava do prazer e outras que fazem isso por 100 ou 200€. Claro que também há moços a oferecerem isso, mas essa parte deixo mais para o Teófilo, que ele é que gosta de moços que fazem dele o seu escravo do prazer.




Bem, estava difícil acabar. Confesso que me entusiasmei com este texto. Depois de algum tempo sem escrever, ter uma ideia e desenvolvê-la até é recompensador. Já percebo um bocado melhor o que sente o Jorge Abel. Mas não deixo de continuar sem perceber o Teófilo. Porque é que ele gosta de ler os anúncios dos moços que dizem que vão fazer dele o seu escravo do prazer? E ainda por cima paga para isso? Se calhar é por isso que nunca mais veio aqui escrever. Se eu escrevesse num papel «Sei o que fizeste no Verão passado», como naquele filme, e pusesse na caixa do correio do Teófilo, acham que ele ia associar ao facto de ter sido feito o escravo do prazer de um desses moços dos anúncios? Ou só ia achar que eu era um desses moços que está sempre de binóculos a espreitar para as janelas dos vizinhos?






P.S.: No outro dia fui sobressaltado por um pensamento profundo que decidi partilhar agora com vocês. Porque é que há um montão de iogurtes de banana mas não há nenhum sumo de banana? Não há Compal de banana, não há Ice Tea de banana, não há Santal de banana, Fresky de banana nem Capri-Son de banana. Ok, também não há Nestea de Frango, mas porque é que um fruto pode ser usado para iogurte e não para sumo?


quinta-feira, 21 de março de 2013

Avisos urgentes para que não tenham a vossa Páscoa estragada


Ultimamente tenho visto coisas inacreditáveis na televisão e por isso é que vos vou fazer este aviso. Também vos aviso porque vos considero meus amigos, embora não vos veja a cara, não saiba o vosso nome e também não saiba se quando querem pintar as paredes do vosso quarto compram das tintas da minha fábrica ou se seguem o caminho mais fácil e compram da Robialac. Antes que me perguntem, sim, continuo lá na fábrica e tão cedo não vou sair de lá, a menos que seja despedido claro. Continua a haver um montão de moços que quer ir para a Robialac por causa dos 45 minutos para lanchar e então eu vou subindo aos poucos. Só não digo que qualquer dia sou chefe, porque se o chefe sair para a Robialac a fábrica fecha.


Para verem como esta fábrica mudou a minha vida, pela primeira vez na minha vida vou ter férias da Páscoa. Principalmente porque nunca antes tinha chegado a esta altura a trabalhar e então como não estava a trabalhar, basicamente só tinha Páscoa, nunca férias da Páscoa. Quando andava na escola, segundo o meu tio, como estava sempre de férias, as férias não eram mais que um fim-de-semana de 15 dias. Por isso, pela primeira vez na minha vida, vou ter férias da Páscoa, o patrão deu-me 5 dias para ficar em casa. Mesmo assim, acho que vou para a porta da fábrica pelo menos um ou dois dias para não ter tantas saudades.


É por estas coisas que este ano me afeiçoei à Páscoa e, como tal, não quero ver a vossa Páscoa estragada. Vi na televisão que há uns moços com pólos e aventais do Continente, que entram pela casa das pessoas adentro e enquanto elas não estão a ver vão-lhes mexer nos cozinhados, só mesmo para as arreliar. Depois, quando forem provar, vão ficar eternamente na dúvida se tinham posto tanta pimenta ou que não se lembravam de terem posto açafrão no arroz. E isto é o que eles fazem na cozinha! Sabe-se lá o que depois vão fazer para os quartos e para as casas de banho. Como é que entram 3 marmanjões para dentro de uma casa e vão à cozinha sem ninguém dar nada por eles? São profissionais treinados, é preciso ter cuidado! Andam nisto só para chatear as pessoas, estragar os cozinhados e depois irem roubar o ouro e as pratas enquanto toda a gente estiver a comer.


Uma vez soube que entraram dois destes meliantes em casa do Teófilo enquanto ele estava a fazer um pudim francês e quando voltou à cozinha viu que afinal tinha feito um pudim Molotoff. São os dois uma grande porcaria, que eu não gosto de pudim, mas como foi o Teófilo a dizer que tinha sido ele a fazer fiz o esforço e comi. Para que é que eu comi, de certeza que foram aqueles moços com avental do Continente a fazerem-lhe essa brincadeira. E já ouvi uma história aqui na fábrica, que a mulher do Sr. Alves, que é o contabilista da fábrica e que manda umas piadas bestiais sobre chineses e paquistaneses, uma vez ia fazer bife do vazio para o jantar e quando voltou à cozinha, cinco minutos depois, estavam 2 alheiras numa sertã prontinhas para fritar.


Considerem-se avisados para que a vossa Páscoa não seja estragada. Sempre me disseram que quem te avisa, teu amigo é, mas isso é para o próximo texto do Gary que ele está a preparar, não vou agora estragar tudo. Tranquem as portas de casa e ponham gravilha no vosso chão da cozinha, que assim se estes marmanjões entrarem sem vocês verem, ao menos vão ouvir a gravilha no chão da cozinha e sabem que está lá alguém. Para acabar, deixem-me só dizer esta anedota de paquistaneses que o Sr. Alves contou: o que é que dois paquistaneses fazem numa seara de trigo? Puff! Chocapic! Esta tem muita piada. Só tenho pena que o meu tio não fosse achar muita piada por ser Chocapic e não ser Chocapic Duo.




P.S.: Eu sei que no título disse «avisos» e na prática só dei um, mas estou a seguir os conselhos do Gary, que me disse que os títulos dos textos têm que ser apelativos mas sem mostrar tudo o que vai estar no texto, para que as pessoas leiam e descubram o porquê do título ser assim. Se vocês não descobriram o porquê de dizer «avisos» descobriram agora, mais vale tarde que nunca. E é melhor calar-me com estes ditos populares senão vou estragar o texto ao Gary e depois ele diz que é por culpa minha que o Teófilo cada vez vem menos aqui e porque cada vez mais gente vem cá por causa do texto que diz que o Tony Carreira tem esquizofrenia.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Coisas que nunca aconteceram em televisão (pelo menos que eu tivesse visto)


Já sei, já sei, vão dizer que estou outra vez a falar de televisão. Queriam que falasse do quê? Do Tony Carreira outra vez? Depois tinha aí um montão de gente a chegar até ao blog só por fazer a pesquisa no google com o nome do homem, mesmo havendo gente que faça a pesquisa «Tony Carreira nu na praia». Pensando melhor, devia fazer outro texto do Tony Carreira, já que faço tantos sobre cinema e sobre televisão também me podia repetir um bocado nesse aspecto. Mas fica para depois, já escrevi o título, agora vou até ao fim, não vou apagar isto tudo só para pensar num texto novo sobre o Tony Carreira.


Também já chega de bater no Lesoto. Porque é que dou tanto destaque a um país (se país se puder chamar) que nem sequer tem uma selecção de futebol fraquinha? A selecção do Lesoto é um mito urbano, nunca vi ninguém fazer um amigável contra eles sequer. Já vi a Espanha a jogar com o Haiti, Portugal a jogar com o Gabão, a França a jogar contra Seychelles e o Japão a jogar contra o Turcomenistão, mas nunca vi ninguém, e repito, NINGUÉM, a jogar contra o Lesoto. Nem aqueles países todos secos como o Kiribati ou Laos. Ninguém joga contra o Lesoto. Ou eles dão muito pau e não admitem que fazem falta ou então dizem que vão e à última da hora lembram-se que têm um aniversário e não aparecem.


Por falar em mitos urbanos, vou agora falar de mitos televisivos. Há coisas que eu nunca vi acontecer na televisão (e eu vejo muita televisão, cada vez mais. Ainda ontem, não estava a dar nada de jeito e pus-me a ver um canal romeno só para ver se conseguia perceber algumas coisas que eles diziam). Vejam lá a lista que eu arranjei e pensem em mais algumas coisas que falhem aí:



  • A não ser que o tema do filme seja a doença do protagonista, nunca nenhum personagem fica doente no filme. Por exemplo, aqueles espiões que estão a fazer missões de observação nunca espirram, nem tossem, estão sempre bem de saúde. Aposto que nem sequer têm médico de família porque só precisam de ir ao hospital em caso de levar facadas ou tiros e isso é logo para a urgência;

  • Nunca vi um bebé morrer num filme. Nem naqueles em que não há escapatória, parece uma proibição morrer algum bebé no filme (tirando aqueles filmes de abortos e mortes no parto). Pensem bem, morre um montão de gente no Godzilla e nem um bebé. No Titanic não ia nenhum bebé a bordo. Naquele filme que os terroristas sequestram o avião no 11 de Setembro também não se vê um único bebé. Tirando o azar de terem morrido todos, tiveram uma sorte do carago de irem num voo sem nenhum bebé;

  • Todos os filmes realçam algum facto importante ou algum êxito atingido pelo protagonista (ou um fracasso estrondoso) mas nunca ninguém fez um filme que retrataria 80% da população, ou seja, um filme em que não acontecia nada de relevante. Eu penso que, por exemplo, se a minha vida passasse para filme não havia tiros, perseguições de carro, porrada, malas com dinheiro, cientistas a desenvolverem vírus e políticos corruptos. Ia ser um filme gravado quase sempre em transportes públicos e no mesmo café ou em casa do Jorge Abel;

  • Alguma vez houve algum filme em que as memórias e recordações da própria pessoa não fossem retratadas pelo plano do câmera-man? Eu pelo menos quando me lembro de coisas que me aconteceram, a única parte da minha cara que me lembro de ver é o nariz, mas os actores devem aprender no curso que fazem a recordarem situações da sua vida pelo plano geral, vendo-o a ele e ao outro. E ia ser bastante interessante ver como na maior parte das cenas, os olhos do actor não iam estar focados na cara da moça com quem estava a falar;

  • Naqueles filmes de espiões e agentes altamente especializados, nunca apareceu ninguém que estivesse um bocadinho melhor treinado ou que fosse um bocadinho melhor que o protagonista. É assim tão impossível haver alguém melhor numa coisa em que fazemos tremendamente bem? Tipo o Rocky, eu respeitava esse filme até aparecer o Ivan Drago, uma máquina de guerra da URSS, capaz de destruir qualquer pessoa com 2 estalos e leva um enfardamento do Rocky, um quarentão, só para não ganhar um russo. Gostava de ver onde isto acontecia na realidade;

  • Desta tenho a certeza: nunca houve um plano de um génio do mal que resultasse. Ou melhor, resulta ao início, só a fazer um bocadinho de estragos, mas não muitos, até surgir um salvador, o mais improvável e que nenhum mauzão nunca adivinharia que seria por ali que o seu plano ia por água abaixo. Planos elaborados durante anos falham estrondosamente porque a acção impulsiva pensada durante 5 minutos por um artista qualquer resulta em pleno;

  • Gostava de ver um filme em que um especialista em bombas não fizesse um detonador com um fio vermelho. Nas lojas de acessórios para bombas só há fios vermelhos? Podia estar aqui uma fortuna para uma empresa ou um fabricante que fizesse fios de vários cores, só para confundir os ditos especialistas. Grandes especialistas, até eu ia desactivar uma bomba. Chegava lá a faltarem 4 minutos para aquilo explodir, tirava fotografias com a bomba para pôr no Facebook e no último segundo cortava o fio vermelho;

  • Já reparamos que maior parte dos filmes assenta na suposição de que alguém que quer salvar o mundo aborda uma mulher desconhecida, na maior parte das vezes com um porte físico muito atraente, pede-lhe ajuda, asilo e protecção e ela aceita e vai com ele até às últimas consequências, sofre, eventualmente é raptada e torturada, mas no fim salva-se e ainda se apaixona pelo artista. Gostava de ver um filme, mais adequado à realidade, em que uma destas mulheres se recusasse a ajudar e apresentasse queixa na polícia. E que houvesse avisos na polícia para não se atender a este tipo de pedidos extravagantes;

  • Toda a gente nos filmes é especialista em alguma coisa. E sabe mesmo tudo disso! Aqueles cientistas da polícia que sabem quais as componentes químicas da borracha produzida por uma fábrica localizada na Alemanha Ocidental, aqueles mecânicos que conseguem arranjar qualquer problema do carro em 20 segundos e só com as mãos ou aqueles informáticos que em 5 segundos conseguem aceder a relatórios da Polícia sobre alguém. Há mesmo disso na vida real? Porque é que não mostram os filmes aqueles mecânicos típicos que dizem que o carro está pronto nesse dia de tarde e só o entregam passados 3 dias?

  • Na vida real há mesmo dealers nas esquinas das ruas, com droga no bolso, prontinhos a vender a qualquer pessoa e a serem apanhados pela polícia? É que isto não é bem como se vê nos filmes ... A primeira vez que abordei o Ramalho Drogas para lhe comprar uma coisa que queria levar para uma festa de anos ele fez-se de desentendido, que o devia estar a confundir e que da próxima vez que lhe falasse nisso me dava uma coça. Por isso é que fiquei um pouco indeciso se devia falar nisso ou não quando ele passado 2 dias me encontrou na rua e me perguntou se ainda estava interessado. Agora nos filmes não, o que se vê é que eu de repente posso aproximar-me de um moço na rua e pedir-lhe para me vender droga.




Nisto os desenhos animados conseguem ser um bocadinho mais reais que estes filmes. Mas pior que os filmes só mesmo as novelas. Nunca vi nenhuma novela em que não aparecesse um moço a chorar porque não consegue ter a seu lado o amor da sua vida? E o que é isso de «o amor da minha vida»? Acaba por ser uma moça com quem ele é obrigado pelo realizador a contracenar e a trocar beijos técnicos e, ocasionalmente, cenas de sexo fingido. Grande exemplo que dão aos miúdos: larguem os estudos, vão para actores, envolvam-se com miúdas sempre diferentes de novela para novela e finjam que fazem sexo. Uma mensagem muito mais poderosa do que a Igreja tenta fazer passar há anos.






P.S.: Mas fosse só sexo que eles fingiam nas novelas e nos filmes. Fingem casamentos, fingem ser autoridades, fingem morrer, fingem tudo! Pelos vistos os actores podem tudo, por isso não me espantou ver no outro dia o Virgílio Castelo a sair de uma mercearia com um pacote de chiclets no bolso, sem pagar. O Tolentino disse-me que as chiclets deviam ser dele, mas eu não acredito. Até porque se eu fingisse um casamento ou a minha morte e fosse descoberto ia logo preso. Mas os actores não, podem fingir o que lhes apetecer, ainda por cima fingir na televisão, mesmo para toda a gente ver, e depois andam na rua de cara destapada e com pacotes de chiclet nos bolsos.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Se as paredes tivessem ouvidos


Hoje apeteceu-me delirar. Não é que das outras vezes não faça o mesmo, só não o faço há já algum tempo. Até já deu para o Jorge Abel vir aqui esfregar-nos na cara que trabalha e que está bem na vida, apesar de continuar a contar histórias muito fraquinhas e pouco cativantes. Parecia as minhas composições nos testes de Português ou o diário do Goucha. Se bem que isso ainda interessasse a algumas pessoas, tipo ao Teófilo.


Mas antes de irmos para o tema de hoje, porque é que o texto do Tony Carreira, que fiz para aí há 3 meses, continua a ter tanto sucesso? O homem não tem esquizofrenia, calma. Pelo menos que eu saiba e tenha conhecimento, não sou psiquiatra, não sei essas coisas. Mas se fosse psiquiatra e o Tony Carreira fosse meu doente, ia exigir que ele me dedicasse uma música, só para eu me sentir importante e poder engatar moças ao dizer que aquela música era dedicada a mim. E se fosse psiquiatra também podia passar anti-psicóticos a mim próprio em vez de os comprar ao Ramalho Drogas. 


Como não sou psiquiatra e sou um comido do cérebro, vamos lá pensar e reflectir um pouco sobre como seria o mundo se as paredes tivessem ouvidos e quais as principais implicações que o meu cérebro formulou se tal coisa existisse realmente:



  • Como tinham ouvidos mas não tinham mãos, teria que se criar um novo emprego: limpador de ouvidos de paredes. Caso contrário, aquilo ganhava cera e ficava uma grande porcaria. Depois havia escovas para limpar paredes naquelas drogarias, ao lado das escovas dos dentes e das cotonetes;

  • Os ouvidos iam ter um modelo standard ou variava de parede para parede? Ia haver paredes com aqueles ouvidos pequenitos e aquelas paredes com aqueles grandes bifes mesmo à inglês?

  • Todas as paredes iam ouvir ou só iam ter ouvidos para enfeitar e ser surdos? E que sons ouviam, igual aos humanos ou também iam ouvir ultra-sons e aqueles apitos para cães?

  • Se as paredes ouvissem, só ouviam ou também compreendiam? E se compreendessem, que idioma? Aposto que ao início, os primeiros modelos, só iam perceber japonês e chinês, mas depois com o tempo vinha em vários idiomas, dependendo do país para que fossem exportados;

  • Qual era a taxa de suicídio das paredes? Já imaginaram o quanto deve custa ouvir, ouvir, ouvir e não poder falar nem sair do mesmo sítio? E aqueles paredes que têm que ficar em casa daquelas pessoas com uma voz mesmo irritante e têm mesmo que ouvir aquilo todos os dias? Que vida infeliz que deve ser;

  • Os diários iam cair em desuso. Quem ia ser o pascaço que ia gastar dinheiro em canetas Bic e em aloquetes e gastar tempo a escrever quando podia falar para uma parede? E mais! Podia falar para uma parede sem passar por maluco, já que ia ser uma coisa tão normal como mijar para um muro;

  • Um novo mercado surgia para as ourivesarias: bijuteria para paredes, para que cada um pudesse personalizar a sua própria parede. Desde brincos, a piercings ou aqueles brincos de penas como usavam os índios e como usam aqueles moços que gostam de comer fondue de morango, num restaurante, com um «amigo», valia tudo para personalizar os ouvidos da sua própria parede;

  • As tintas anti-fungo iam ter muito mais saída para se pintar as paredes, precavendo-se a possibilidade de, no Inverno, as paredes ganharem otites. Depois ia ser um dinheirão em Brufens e em anti-inflamatórios. Acabavam-se aquelas tintas fraquinhas que passado 2 ou 3 dias já se vê vestígios de humidade, que deve ser a SIDA das paredes, toda a gente corre o risco de ter humidade se não se proteger com uma tinta anti-fungo.



Esta merda do Jorge Abel trabalhar até já me põe a falar de tintas nos meus próprios textos. Imagino já os reclames da Sotinco e da Robialac a disputarem a exclusividade daquela parede popular, que aparece na televisão e nos jornais e tem milhares de 'Gostos' na página do Facebook. E a Barbot excluía nas entrevistas de emprego paredes que usassem brincos e piercings, por serem uma marca de tinta mais virada para as elites. A Robialac, como tinta direccionada para os mais jovens, procurava era paredes rebeldes, com piercings e com aqueles alargadores nos ouvidos, como aqueles moços que gostam de ouvir música Punk e de arreliar os pais. Procuravam também paredes que tivessem tatuadas com graffitis. 





P.S.: Uma das implicações de tudo isto seria a mudança do nome da cidade «Paredes». Não podia continuar com esse nome, pelo menos na minha perspectiva. E já agora, repararam como há racismo no mundo das paredes, tendo ouvidos ou não? Quase todas as paredes são brancas ou com tons claros a roçar o branco, não há muito espaço para paredes de outras cores e muito menos para aquelas cores que uns chamam de exóticas e outros de homossexuais. Se calhar o Hitler inspirou-se nas paredes, nunca se saberá ...

segunda-feira, 4 de março de 2013

A propósito do Nando Seringas tenho uma história para vos contar


Olá caros leitores. Ia-vos chamar amigos mas o Gary andou-me a dar na cabeça a dizer que nenhum de vocês andou comigo na escola para eu vos chamar amigos. Nem nunca foi comprar carne ao talho onde eu trabalhava para vos chamar inimigos. Pensei em chamar-vos seres humanos, mas o Gary disse que assim podia ser para qualquer um. Ao menos leitores era só para os que sabem ler e vinham aqui ler, podíamos deixar de fora os analfabetos. Eu não gosto de discriminar ninguém, mas o Gary diz que não discriminar é ser moderno e ele não gosta nada de modernices.


Antes de contar a história que vos vinha aqui contar, deixem-me só falar um bocado da fábrica de tintas. Vou falar primeiro disto porque se contasse já a história perdiam o interesse e nem liam o resto. O Gary disse-me que se eu contasse a do Nando Seringas no fim as pessoas punham 'Page Down' e não precisavam de ler o resto, mas assim ao menos sempre fica um texto mais compostinho. Mas gosto mesmo do meu trabalho, cada vez mais. Já nem sequer penso em ir para a Robialac um dia destes só porque eles lá têm 45 minutos para lanchar e recebem subsídio de bebida, além do de alimentação. À custa de 3 moços terem ido para a Robialac eu tenho subido de posto e já ganho um bocadinho mais, já me dou ao luxo de fazer apostas de 50€ com o Gary que sei que vou perder, mas que também sei que consigo pagar.


Para verem como já sou importante na fábrica, no outro dia ia de manhã tirar um café à máquina e o meu patrão passou e disse para eu deixar estar, que não precisava de pagar. Não acho que ele faz isso com todos os empregados todos os dias, senão só em café gastava uns 5 contos por dia. Tudo bem que é patrão e dono de uma fábrica, deve ser muito rico, daquele tipo de ricos que tem estantes com livros e cães de louça à entrada, mas não era obrigado a pagar um café. Mesmo assim, fiquei mesmo contente e foi o melhor café da minha vida. Com os 30 cêntimos que poupei nesse café tirei logo outro, mal acabei o primeiro e o patrão se foi embora. Quando contei ao Gary ele nem quis acreditar que eu não lhe tenha levado um café para ele e tenha bebido os dois.


Agora a história do Nando Seringas. Uma vez vi o Nando Seringas a pintar uma parede com uma tinta branca e aquilo pareceu-me claramente desadequado. Fui lá dizer-lhe que aquela tinta era muito espessa, não era anti-fungo e além disso, o branco muito forte passado uns tempos fere os olhos e vai-se gastar outra vez um montão de dinheiro em tinta para pintar por cima. E ainda por cima, tinta que é tinta pinta-se com duas camadas, para que o revestimento fique bem feito. E foi aqui que eu vi que o Nando Seringas era um moço perigoso. Disse-me que se estava a cagar para a parede e para mim e que se me voltasse a ver na rua me esfaqueava.


Aqui fiquei preocupado. Eu vivia naquela rua, como era possível ele não me ver ali? Só se eu não saísse mais de casa, mas desde que o Gary me disse que quem fica sempre fechado em casa começa a gostar de ver os programas do Goucha tento sair o maior número de vezes possível. Passados 2 dias, calhou de eu ir comprar pão ralado à minha mãe, que nunca percebo o que acontece ao pão ralado cá em casa mas nunca há e eu tenho sempre de ir buscar, e encontrei o Nando Seringas. Ele deu-me 2 estalos, empurrou-me para o chão e deu-me um pontapé no estômago. Aí vi que além de mau também era mentiroso, disse que me esfaqueava e não fez nada disso.


Sei como o Tolentino detesta mentirosos, eu também passei a detestar. Andei eu a pedir ao meu irmão para me esfaquear com uma faca de madeira só para eu me habituar se encontrasse o Nando Seringas na rua e quando o encontro ele faz uma coisa completamente diferente do que tinha dito. Era como se eu, quando trabalhava no talho, enchesse o saco com bifes de peru a alguém que me tivesse pedido rosbife. E eu sabia bem o que o meu antigo patrão fazia em cima dos rosbifes e mesmo assim nunca deixei de servir rosbife às pessoas que me pediam. Tenho saudades do talho, mas gosto mesmo de trabalhar na fábrica de tintas.







P.S.: Não podia escrever um texto sem falar do meu tio. O Gary disse-me que as pessoas que vinham aqui ler não me achavam piada nenhuma, achavam era piada ao meu tio e gostavam que ele escrevesse aqui textos dele para conhecerem as suas histórias e as suas experiências. Disse logo ao Gary que não, nem sequer vou tentar falar com o meu tio sobre isso. Da última vez que cometi o erro de lhe falar e mostrar o blog deu no que deu. E eu aprendo com os erros. Também aprendo com o Rebelo da mercearia, mas nunca aprendi nada com o Teófilo, agora que penso bem. Ele ainda faz parte do blog? Nunca percebi bem isso.