Hoje apeteceu-me delirar. Não é que das outras vezes não faça o mesmo, só não o faço há já algum tempo. Até já deu para o Jorge Abel vir aqui esfregar-nos na cara que trabalha e que está bem na vida, apesar de continuar a contar histórias muito fraquinhas e pouco cativantes. Parecia as minhas composições nos testes de Português ou o diário do Goucha. Se bem que isso ainda interessasse a algumas pessoas, tipo ao Teófilo.
Mas antes de irmos para o tema de hoje, porque é que o texto do Tony Carreira, que fiz para aí há 3 meses, continua a ter tanto sucesso? O homem não tem esquizofrenia, calma. Pelo menos que eu saiba e tenha conhecimento, não sou psiquiatra, não sei essas coisas. Mas se fosse psiquiatra e o Tony Carreira fosse meu doente, ia exigir que ele me dedicasse uma música, só para eu me sentir importante e poder engatar moças ao dizer que aquela música era dedicada a mim. E se fosse psiquiatra também podia passar anti-psicóticos a mim próprio em vez de os comprar ao Ramalho Drogas.
Como não sou psiquiatra e sou um comido do cérebro, vamos lá pensar e reflectir um pouco sobre como seria o mundo se as paredes tivessem ouvidos e quais as principais implicações que o meu cérebro formulou se tal coisa existisse realmente:
- Como tinham ouvidos mas não tinham mãos, teria que se criar um novo emprego: limpador de ouvidos de paredes. Caso contrário, aquilo ganhava cera e ficava uma grande porcaria. Depois havia escovas para limpar paredes naquelas drogarias, ao lado das escovas dos dentes e das cotonetes;
- Os ouvidos iam ter um modelo standard ou variava de parede para parede? Ia haver paredes com aqueles ouvidos pequenitos e aquelas paredes com aqueles grandes bifes mesmo à inglês?
- Todas as paredes iam ouvir ou só iam ter ouvidos para enfeitar e ser surdos? E que sons ouviam, igual aos humanos ou também iam ouvir ultra-sons e aqueles apitos para cães?
- Se as paredes ouvissem, só ouviam ou também compreendiam? E se compreendessem, que idioma? Aposto que ao início, os primeiros modelos, só iam perceber japonês e chinês, mas depois com o tempo vinha em vários idiomas, dependendo do país para que fossem exportados;
- Qual era a taxa de suicídio das paredes? Já imaginaram o quanto deve custa ouvir, ouvir, ouvir e não poder falar nem sair do mesmo sítio? E aqueles paredes que têm que ficar em casa daquelas pessoas com uma voz mesmo irritante e têm mesmo que ouvir aquilo todos os dias? Que vida infeliz que deve ser;
- Os diários iam cair em desuso. Quem ia ser o pascaço que ia gastar dinheiro em canetas Bic e em aloquetes e gastar tempo a escrever quando podia falar para uma parede? E mais! Podia falar para uma parede sem passar por maluco, já que ia ser uma coisa tão normal como mijar para um muro;
- Um novo mercado surgia para as ourivesarias: bijuteria para paredes, para que cada um pudesse personalizar a sua própria parede. Desde brincos, a piercings ou aqueles brincos de penas como usavam os índios e como usam aqueles moços que gostam de comer fondue de morango, num restaurante, com um «amigo», valia tudo para personalizar os ouvidos da sua própria parede;
- As tintas anti-fungo iam ter muito mais saída para se pintar as paredes, precavendo-se a possibilidade de, no Inverno, as paredes ganharem otites. Depois ia ser um dinheirão em Brufens e em anti-inflamatórios. Acabavam-se aquelas tintas fraquinhas que passado 2 ou 3 dias já se vê vestígios de humidade, que deve ser a SIDA das paredes, toda a gente corre o risco de ter humidade se não se proteger com uma tinta anti-fungo.
Esta merda do Jorge Abel trabalhar até já me põe a falar de tintas nos meus próprios textos. Imagino já os reclames da Sotinco e da Robialac a disputarem a exclusividade daquela parede popular, que aparece na televisão e nos jornais e tem milhares de 'Gostos' na página do Facebook. E a Barbot excluía nas entrevistas de emprego paredes que usassem brincos e piercings, por serem uma marca de tinta mais virada para as elites. A Robialac, como tinta direccionada para os mais jovens, procurava era paredes rebeldes, com piercings e com aqueles alargadores nos ouvidos, como aqueles moços que gostam de ouvir música Punk e de arreliar os pais. Procuravam também paredes que tivessem tatuadas com graffitis.
P.S.: Uma das implicações de tudo isto seria a mudança do nome da cidade «Paredes». Não podia continuar com esse nome, pelo menos na minha perspectiva. E já agora, repararam como há racismo no mundo das paredes, tendo ouvidos ou não? Quase todas as paredes são brancas ou com tons claros a roçar o branco, não há muito espaço para paredes de outras cores e muito menos para aquelas cores que uns chamam de exóticas e outros de homossexuais. Se calhar o Hitler inspirou-se nas paredes, nunca se saberá ...
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