O local onde tudo o que é produzido é fruto de delírios alucinatórios. De quem escreve e de quem lê.
segunda-feira, 4 de março de 2013
A propósito do Nando Seringas tenho uma história para vos contar
Olá caros leitores. Ia-vos chamar amigos mas o Gary andou-me a dar na cabeça a dizer que nenhum de vocês andou comigo na escola para eu vos chamar amigos. Nem nunca foi comprar carne ao talho onde eu trabalhava para vos chamar inimigos. Pensei em chamar-vos seres humanos, mas o Gary disse que assim podia ser para qualquer um. Ao menos leitores era só para os que sabem ler e vinham aqui ler, podíamos deixar de fora os analfabetos. Eu não gosto de discriminar ninguém, mas o Gary diz que não discriminar é ser moderno e ele não gosta nada de modernices.
Antes de contar a história que vos vinha aqui contar, deixem-me só falar um bocado da fábrica de tintas. Vou falar primeiro disto porque se contasse já a história perdiam o interesse e nem liam o resto. O Gary disse-me que se eu contasse a do Nando Seringas no fim as pessoas punham 'Page Down' e não precisavam de ler o resto, mas assim ao menos sempre fica um texto mais compostinho. Mas gosto mesmo do meu trabalho, cada vez mais. Já nem sequer penso em ir para a Robialac um dia destes só porque eles lá têm 45 minutos para lanchar e recebem subsídio de bebida, além do de alimentação. À custa de 3 moços terem ido para a Robialac eu tenho subido de posto e já ganho um bocadinho mais, já me dou ao luxo de fazer apostas de 50€ com o Gary que sei que vou perder, mas que também sei que consigo pagar.
Para verem como já sou importante na fábrica, no outro dia ia de manhã tirar um café à máquina e o meu patrão passou e disse para eu deixar estar, que não precisava de pagar. Não acho que ele faz isso com todos os empregados todos os dias, senão só em café gastava uns 5 contos por dia. Tudo bem que é patrão e dono de uma fábrica, deve ser muito rico, daquele tipo de ricos que tem estantes com livros e cães de louça à entrada, mas não era obrigado a pagar um café. Mesmo assim, fiquei mesmo contente e foi o melhor café da minha vida. Com os 30 cêntimos que poupei nesse café tirei logo outro, mal acabei o primeiro e o patrão se foi embora. Quando contei ao Gary ele nem quis acreditar que eu não lhe tenha levado um café para ele e tenha bebido os dois.
Agora a história do Nando Seringas. Uma vez vi o Nando Seringas a pintar uma parede com uma tinta branca e aquilo pareceu-me claramente desadequado. Fui lá dizer-lhe que aquela tinta era muito espessa, não era anti-fungo e além disso, o branco muito forte passado uns tempos fere os olhos e vai-se gastar outra vez um montão de dinheiro em tinta para pintar por cima. E ainda por cima, tinta que é tinta pinta-se com duas camadas, para que o revestimento fique bem feito. E foi aqui que eu vi que o Nando Seringas era um moço perigoso. Disse-me que se estava a cagar para a parede e para mim e que se me voltasse a ver na rua me esfaqueava.
Aqui fiquei preocupado. Eu vivia naquela rua, como era possível ele não me ver ali? Só se eu não saísse mais de casa, mas desde que o Gary me disse que quem fica sempre fechado em casa começa a gostar de ver os programas do Goucha tento sair o maior número de vezes possível. Passados 2 dias, calhou de eu ir comprar pão ralado à minha mãe, que nunca percebo o que acontece ao pão ralado cá em casa mas nunca há e eu tenho sempre de ir buscar, e encontrei o Nando Seringas. Ele deu-me 2 estalos, empurrou-me para o chão e deu-me um pontapé no estômago. Aí vi que além de mau também era mentiroso, disse que me esfaqueava e não fez nada disso.
Sei como o Tolentino detesta mentirosos, eu também passei a detestar. Andei eu a pedir ao meu irmão para me esfaquear com uma faca de madeira só para eu me habituar se encontrasse o Nando Seringas na rua e quando o encontro ele faz uma coisa completamente diferente do que tinha dito. Era como se eu, quando trabalhava no talho, enchesse o saco com bifes de peru a alguém que me tivesse pedido rosbife. E eu sabia bem o que o meu antigo patrão fazia em cima dos rosbifes e mesmo assim nunca deixei de servir rosbife às pessoas que me pediam. Tenho saudades do talho, mas gosto mesmo de trabalhar na fábrica de tintas.
P.S.: Não podia escrever um texto sem falar do meu tio. O Gary disse-me que as pessoas que vinham aqui ler não me achavam piada nenhuma, achavam era piada ao meu tio e gostavam que ele escrevesse aqui textos dele para conhecerem as suas histórias e as suas experiências. Disse logo ao Gary que não, nem sequer vou tentar falar com o meu tio sobre isso. Da última vez que cometi o erro de lhe falar e mostrar o blog deu no que deu. E eu aprendo com os erros. Também aprendo com o Rebelo da mercearia, mas nunca aprendi nada com o Teófilo, agora que penso bem. Ele ainda faz parte do blog? Nunca percebi bem isso.
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