domingo, 31 de março de 2013

Funcionalidades que eu inventava para os telemóveis


Não comprei nenhum telemóvel novo. Também não procuro com isto que algum de vocês (ou alguma, se for o caso) repare que não tem o meu número e se lembre de me pedir. Mas se fosse o Jorge Abel a escrever um texto destes, aposto que era para ver se alguém lhe pedia o número e ele se sentir um bocado mais importante. Agora que estou a pensar nisto, se calhar o Teófilo perdeu o meu número de telemóvel e por isso é que nunca mais me disse nada. Também perdeu a password do e-mail, os vales de desconto no Minipreço para os packs de 6 Chipicaos e uma t-shirt que lhe emprestei numa ocasião e que nunca mais me devolveu.


Também não quero com isto entrar numa via de tecnologia e modernices aqui para o blog. Estamos muito bem como estamos, lidos por 4 pessoas, a falar de coisas de que ninguém quer saber e de ditados populares, com invasões espontâneas e carregadas de ódio por parte do Tolentino. Não é nenhuma tentativa de mudança sobre o que aqui fazemos, muito menos tornar-nos naqueles sítios que só falam de tecnologia e sobre como o mundo em 2025 vai ser vivido com aqueles capacetes como havia naquele filme em que o Stallone foi congelado e depois foi descongelado 40 anos depois.


Hoje apetecia-me falar de filmes. Mas como já falei nisso muitas vezes decidi agravar um bocado mais a minha perturbação e pensar então em funcionalidades que eu inventava para os telemóveis, algo de que nunca tinha falado por aqui:



  • Escrita pouco inteligente: ao contrário da dita «escrita inteligente», que só atrapalha, esta era para facilitar a vida a quem dá sempre erros ou quem quer dizer porcaria. Por exemplo, não corrigia aqueles erros tipo «faser» ou  ao escrever-se a palavra «rapariga», traduzia automaticamente para «gata»;

  • Uma aplicação que mostrava quais os talhos num raio de 10km que não vendessem rissóis de pescada. Temos que valorizar a coragem que estes proprietários têm em manter um negócio tradicional. Eu era capaz de fazer 6km a pé para ir comprar almôndegas a um talho que não vendesse rissóis de pescada, só para apoiar esta decisão;

  • Bateria-Extra: uma bateria 20 vezes mais pequena que a normal, para não ocupar muito espaço nem fazer muito peso, para aqueles momentos em que a bateria normal está mesmo no limite e precisamos de avisar alguém que vamos ficar sem bateria ou precisamos de acabar uma rodada de sueca para ganharmos o jogo e entra em cena a bateria-extra, que dura mais 10 minutos e tem um temporizador no ecrã a mostrar quanto tempo falta para acabar. E não há tempo de compensação como no futebol, chegando ao zero, acabou;

  • Avaliação de beleza: quando comprasses o telemóvel, respondias a um questionário que ia determinar os teus padrões de beleza e atractividade. Depois, em noites com muito álcool e escuridão, tiravas uma fotografia com o telemóvel e este ia avaliar se a pessoa se adequava aos teus padrões de beleza, se revelava desespero da tua parte ou se estavas com demasiado álcool no organismo;

  • «Expressa-te bem»: a pessoa escrevia o que queria dizer à outra, abria a aplicação, escolhia a emoção pretendida (tristeza, alegria, entusiasmo, raiva, por aí fora, não sei mais. Não sou muito bom em emoções, perguntem às moças com quem saí e elas vão dizer o mesmo) e o texto era traduzido e adequado à emoção escolhida, para não haver confusões e o discurso ser claro;

  • A aplicação do desespero: relacionada com a anterior, mas era apenas uma aplicação que analisava as mensagens antes de serem enviadas e sugeria alterações ao conteúdo do texto para não revelar o desespero da pessoa que a enviava. Antes de enviar perguntava-te se tinhas a certeza de querer mandar aquela mensagem, fingia que enviava e passado 5 minutos perguntava outra vez se querias mesmo mandar aquilo;

  • Receber-se uma mensagem a avisar, com uma hora de antecedência, sempre que fosse dar algum filme do Rambo, do Steven Seagal ou do Van Damme. E não se pagava nada por isso, não é como aquela porcaria do Clube Jamba, que pedia o polifónico do Crazy Frog e passado 3 meses ainda tinha de pagar 3€ para sair do clube, depois de me terem comido uns 10€;

  • Como já dá para fazer nas chamadas, de dar para estar a falar três ou quatro ao mesmo tempo, na mesma conversa, também podia dar para fazer isso em mensagens. Assim, sempre que estivesse a falar com alguma moça, podia meter a minha amiga lésbica (que ainda vou conseguir arranjar) lá para o meio, sem a outra ver, para me dizer se eu estava a ir bem e se a moça tinha algum interesse em mim ou se só me estava a responder por caridade;

  • Podia dar para fazer no telemóvel como se fazia no MSN. Se eu fosse para uma convenção com o Tolentino sobre a influência e o impacto dos Minotauros na economia da Grécia Antiga, e aquilo demorasse umas 4 horas e eu deixasse o telemóvel em casa, estava «Ocupado» ou «Ausente» e as pessoas sabiam que eu ia demorar a responder. Ou então quando não quisesse falar com o Jorge Abel sem ter que desligar o telemóvel mudava o estado para «aparecer offline» e falava com as pessoas que quisesse e as que não quisesse pensavam que eu tinha ficado sem bateria (até mesmo sem a bateria extra)




Claro que isto ia tornar-nos muito mais dependente dos telemóveis e cada vez íamos ver mais moças agarrados à merda do telemóvel. Agora enervei-me e como continuo com o delete estragado não posso voltar atrás. O Tolentino já me disse que há outra tecla que dá para apagar, mas entretanto meteu-se a Páscoa pelo meio e ele ainda não veio cá a casa dizer-me qual era, por isso vai mesmo assim. É verdade, é Páscoa. Era muito mais provável eu fazer um texto sobre isso do que sobre telemóveis não era? Ando a falhar nisso de ser previsível, foi por causa dessas coisas que a Rute Almeida acabou comigo. Nunca vos falei da Rute Almeida? Pois, era desse tipo de coisas que ela não gostava também.





P.S.: Ando mesmo preocupado com o Teófilo. Se dizem que, por esta altura, há um montão de anos atrás, um moço morreu e ressuscitou passados 3 dias, pensei que também se aplicasse ao mundo real e que o Teófilo, passados meses de morte social voltasse a reaparecer. Mas não. Quem me apareceu aqui hoje em casa foi o Jorge Abel, a oferecer-me uma lata de tinta como prenda de Páscoa, como se fosse meu padrinho ou minha madrinha. E ainda por cima lanchou aqui. Quer dizer, ele é que trabalha e recebe e eu é que ando aqui a oferecer lanches a quem me dá latas de tinta. Quase me senti como o dono da Robialac.




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