terça-feira, 26 de março de 2013

Questionando os ditos populares


Já alguma vez apanharam uma bebedeira tão grande que deram por vocês a ver filmes do Van Damme a pensar que o actor principal era o Bruce Willis? Se sim, são tão inúteis como o aviso «urgente» que o Jorge Abel deu no último texto. Depois sou eu que preciso de tomar anti-psicóticos e ele é que confunde ficção com realidade. Acham mesmo que iam entrar moços do Continente pela casa adentro só para melhorar ou piorar os cozinhados? E entravam mesmo de cara destapada, sujeitos a serem descobertos. Realidade é entrarem pelas casas das pessoas moços com fatos de Pai Natal para porem a gravar programas a noite inteira, só para a pessoa de manhã acordar e ter a box carregada de coisas gravadas.


Outra coisa que faz do Jorge Abel um inútil foi ter falado do meu texto que estava a escrever. Mania de se meter na vida dos outros e de não saber guardar segredos. Só lhe disse que havia alguns ditos populares que não faziam sentido e que mereciam ser questionados e põe-se logo a dizer isso a toda a gente. A sorte é que só lêem os textos dele 3 ou 4 pessoas fiéis e 2 moços que apareceram aqui no blog por engano, porque pesquisaram a palavra «Páscoa» no google. E já está toda a gente farto que ele fale na Robialac. Juro que adorava arranjar emprego na Robialac só para poder vir para aqui enxovalhá-lo e dizer que tinha 45 minutos para lanchar. Grande coisa. Agora que estou desempregado tenho para aí 3 horas para lanchar.


Mas pronto, agora que já não tenho mais nada para dizer, eis alguns ditos populares que vou questionar e dar outra perspectiva muito mais literal, fazendo de conta que não percebo as mensagens subentendidas em cada uma destas frases, numa tentativa de tentar ser engraçado e, ao mesmo tempo, um comido do cérebro:



  • «Todos os caminhos vão dar a Roma»: ai sim? Quem disse isto? É que no outro dia perdi-me, saí na saída errada da auto-estrada e quando dei por mim fui parar a Arroteia, não a Roma. E tenho a certeza que se fosse a andar sempre em frente não ia parar a Roma. E aquele senhor que se perdeu 8 dias na Sertã, foi dar a Roma?

  • «Grão a grão enche a galinha o papo»: isto seria um cenário possível se não houvesse um processo chamado digestão. Ou só se faz a digestão quando há aquele intervalo após se tomar o café? Eu aprendi pouco em Ciências mas acho que não era preciso ficar-se a abarrotar para se começar a digerir o que se comeu;

  • «A mulher e a sardinha, querem-se da mais pequenina»: isto não é bem assim. Uma vez fui a um restaurante e pedi carapaus. O empregado disse-me que eram grandes e um chegava bem, mas não acreditei e pedi três. Quando vieram eram enormes, comi dois e o terceiro comeu-o o Tolentino, que tinha pedido bolinhos de bacalhau e estava desconsolado. Nunca tinha ficado cheio de comer peixe, mas dessa vez fiquei. Claro que ajudou ter enchido o bandulho de pão, patês e batata assada, mas a partir daí quis sempre carapaus grandes. E sardinhas também. E pargos. Não quero nada de pequeninas;

  • «Boi velho gosta de erva tenra»: sem querer parecer pervertido, ao olhar para este dito popular só me salta à cabeça a imagem de um idoso a babar-se num parque infantil enquanto vê crianças, de saia, a andarem de baloiço. Ou aqueles moços que vão para a porta das secundárias e abordam moças de 13 e 14 anos para entrarem na carrinha deles. Esses bois velhos é que gostam de erva tenra. E já percebo porque é que os ditos populares foram inventados por velhos, assim eles dizem estas coisas e fazem o que lhes apetece;

  • «De Espanha nem bom vento nem bom casamento» : só porque é um dito popular já vale discriminar as pessoas (neste caso os espanhóis) sem se ser punido por lei? Mas além disso pergunto se as tortilhas e as  empanadas, mesmo aquelas que se vendem nos supermercados, não são boas? Também há moças espanholas bem roliças e não estou seguro que a taxa de divórcio em Espanha seja muito superior à de Portugal. Por isso, este também não está muito certo;

  • «Entre marido e mulher, não se mete a colher»: outra grande mentira. Soube no outro dia pela Palmira, da frutaria, que o Ramiro Espargo, um empresário aqui da zona, uma vez foi a um congresso em Nova York (é Nova York, Nova Iorque ou New York? Não percebo nada ...) e enquanto lá esteve, a mulher dele andou para aí a dormir e a ir jantar fora com o Paulo merceeiro. Não sei qual o significado de meter uma colher entre marido e mulher, mas a mulher do Ramiro Espargo meteu-lhe os cornos;

  • «Muitos cozinheiros estragam a sopa»: e, pelos vistos, de propósito, para depois lhe chamarem especialidade. Não, não é como aqueles do Continente de que falou o Jorge Abel, que isso é só um reclame de televisão. Mas por exemplo, uma ocasião, a cozinheira da cantina virou o tabuleiro dos filetes de pescada para dentro do panelão da sopa e em vez de deitar tudo fora, chamou aquilo «sopa de pescada afogada». Era uma porcaria. Se calhar por isso mesmo é que era sempre essa sopa às segundas-feiras;

  • «Não vendas a pele do urso antes de o matar»: lendo isto pergunto-me quanto darão pelo metro ou pelo quilo da pele do urso. Deve dar para enriquecer consideravelmente se matar 2 ou 3 ursos. E já se pode andar aí a matar ursos? Já não é crime? Ou só é crime se vendermos a pele antes de realmente os matar?

  • «O saber não ocupa lugar»: tirando aqueles que compram montões de livros e depois têm que os guardar nas arrecadações porque não têm espaço em casa, ou têm que fazer vendas de garagem ou oferecer os livros às bibliotecas porque não têm sítio para onde os pôr. E se o saber não ocupa espaço, porque é que de cada vez que memorizo o nome de um actor ou de um país, me esqueço de um nome de uma moça com quem já saí?

  • «Os homens não se medem aos palmos»: eu nem sei quanto é um palmo, sempre me medi em centímetros ou em metros, mas nas aulas de Matemática estava sempre a falar para o lado, por isso é normal que não saiba muita coisa. Além disso, fazer uso de um dito popular que usa a expressão «palmos» era como ainda fazer compras em escudos ou como ainda ter um discman;

  • «Quem tem telhados de vidro não atira pedras»: é assim, eu não percebo nada de arquitectura nem engenharia mas telhados de vidro? Ao menos de vidro duplo, que isto de ter vidro nos telhados é para estar sempre em obras, a substituir o vidro. E os trolhas não levam nada barato as deslocações e a mão-de-obra! E se eu não tiver telhados de vidro posso atirar pedras à vontade? Rica vida esta dos ditados, posso comer erva tenra quando for velho, posso matar ursos, atirar pedras e discriminar espanhóis, sem ser penalizado;

  • «Quem avisa amigo é»: não necessariamente. Quem me avisa pode ser polícia, médico, corrector de investimentos, um farmacêutico, um agente da seguradora e até mesmo um talhante, embora haja por aí ex-empregados de talhos que não sabiam avisar os amigos que os rosbifes eram congelados e que ainda por cima o patrão encavava moças em cima deles;

  • «Todo o homem tem o seu preço»: e a mulher também, que há para aí moças nos jornais a dizerem que por 50€ podem ser a tua escrava do prazer e outras que fazem isso por 100 ou 200€. Claro que também há moços a oferecerem isso, mas essa parte deixo mais para o Teófilo, que ele é que gosta de moços que fazem dele o seu escravo do prazer.




Bem, estava difícil acabar. Confesso que me entusiasmei com este texto. Depois de algum tempo sem escrever, ter uma ideia e desenvolvê-la até é recompensador. Já percebo um bocado melhor o que sente o Jorge Abel. Mas não deixo de continuar sem perceber o Teófilo. Porque é que ele gosta de ler os anúncios dos moços que dizem que vão fazer dele o seu escravo do prazer? E ainda por cima paga para isso? Se calhar é por isso que nunca mais veio aqui escrever. Se eu escrevesse num papel «Sei o que fizeste no Verão passado», como naquele filme, e pusesse na caixa do correio do Teófilo, acham que ele ia associar ao facto de ter sido feito o escravo do prazer de um desses moços dos anúncios? Ou só ia achar que eu era um desses moços que está sempre de binóculos a espreitar para as janelas dos vizinhos?






P.S.: No outro dia fui sobressaltado por um pensamento profundo que decidi partilhar agora com vocês. Porque é que há um montão de iogurtes de banana mas não há nenhum sumo de banana? Não há Compal de banana, não há Ice Tea de banana, não há Santal de banana, Fresky de banana nem Capri-Son de banana. Ok, também não há Nestea de Frango, mas porque é que um fruto pode ser usado para iogurte e não para sumo?


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