Se há coisa que detesto nas férias de Verão é o facto das crianças não estarem enfiadas numa sala de aula e então andarem espalhadas pelas ruas, pelas praias e pelos demais espaços públicos. Não que eu não goste de crianças, apesar de saber que há pessoas que gostam de crianças muito mais que eu e de maneiras que até as levaram à cadeia por gostarem demasiado de crianças. Mas a maior parte delas irrita-me. Principalmente aqueles putos que descobriram que existem outras palavras além daquelas que vêm na Cartilha e então quando estão com os amigos esforçam-se ao máximo por dizer em todas as frases palavras que não dizem quando estão com os pais, tios ou avós para não comerem com um estalo. Eu se tivesse um filho, a primeira coisa que lhe ensinava eram todos os palavrões que sei. Toda a gente sabe que os putos não fazem nada do que os pais dizem e é por isso que atravessam fora da passadeira, não comem vegetais e gostam de textos do Jorge Abel.
Por isso é que adoro andar na rua em Setembro. Os emigrantes já voltaram todos para os países deles, os putos estão todos enfiados numa sala de aula e o Jorge Abel já não está de férias. Eu antes dizia que ele estava a precisar de uma moça para ficar mais tolerável. Mas desde que tenho visto a forma como ele não entende os sinais que a Xana da cantina lhe dá começo seriamente a duvidar se ele tem sexualidade sequer. No outro dia estava a ver National Geographic e descobri que há animais que são assexuados, ou seja, nem têm atracção por mulheres (como é natural), nem por homens (como é natural, mas para as mulheres). Reproduzem-se sozinhos e assim a espécie evolui. Sei que o Jorge Abel não é homossexual porque senão já tinha ido ao cinema com o Ramiro. Reza a história que o Tolentino ganhou a fobia ao cinema quando descobriu que se tinha sentado num banco onde o Ramiro tinha tido relações sexuais com um moço que conheceu na Internet.
Mas adiante que este texto não é sobre isso. É sim sobre o porquê das monarquias terem falhado. Sim, sei que ainda há monarquias mas pensem bem, os reis hoje em dia mandam alguma coisa? Não. É só para o aparato. Posso já dizer, para aqueles que não têm paciência para ler tudo, que um dos factores que levou à decadência das monarquias é ver aqueles putos de que falei ao início a dizerem a outro coisas do tipo «és o rei, mano» por todo e qualquer motivo. Mas há mais. Vejam lá alguns:
- Os reis davam demasiada importância e ouvidos ao clero. Basta comparar com hoje em dia que ninguém passa cartão à religião nem aos religiosos e ainda por cima são um alvo fácil para piadas sexuais. Antes enchia-se o clero de terras e escravos para contar com o apoio e as opiniões dos seus membros, hoje só lhes oferecem imunidade nos impostos para que não chateiem muito e mesmo isso está para acabar;
- Hoje em dia fala-se mais no Rei do Gado ou no Rei do Kuduro que no Rei da Somália, o que mostra bem como a credibilidade das monarquias anda pelas ruas da amargura. Não por se falar no Rei do Gado que até era uma boa novela, mas por causa do Rei do Kuduro;
- As pessoas só querem saber dos reis ainda existentes quando eles têm filhos ou quando se casam com alguém do povo, já nem sequer tomam decisões. Se bem que um dos motivos da monarquia ter falhado foi precisamente por se deixar os reis tomar decisões. Bem vimos por cá um rei a ir para a frente de batalha e morrer e outro a ir atirar moedas de ouro a Roma num elefante;
- Os líderes de hoje em dia vestem-se bem, fatos da moda, gravatas a condizer e têm um guarda-roupa invejável. Os reis não, andavam sempre de mantos, ainda por cima sempre os mesmos, com 100 e 200 anos, mesmo fora de moda. Pior que isso, iam sempre de sandálias. Assim, claro que não impunham respeito a ninguém;
- Os reis tornavam-se sempre menos populares e consensuais quando aumentavam os impostos mas as monarquias falharam totalmente quando se acabaram com os autos-de-fé. Sem televisão, sem rádio, sem futebol, sem imprensa e sem autos-de-fé, imagino quão aborrecidos eram os domingos naquela altura;
- A partir do momento em que as palavras «príncipe» e «princesa» foram homossexualizadas para representar termos feminino-carinhosos que as monarquias começaram a cair a pique e já ninguém via nesse regime político a forma mais sustentável de gerir um país;
- Quando o povo passou a jogar à sueca e descobriu que os ases e os setes ganhavam aos reis, começaram a perder-lhes o respeito e a fazer tentativas de golpes de estado. A sorte dos espanhóis é que não sabem jogar à sueca, que uma vez estava com 3 espanholas e como nenhuma delas sabia jogar à sueca tivemos que jogar ao peixinho;
- Os reis eram péssimos gestores financeiros. Tudo bem que se dessem festas na corte, mas que se cobrasse uma entrada mínima. Os nobres e os do clero estavam cheios de dinheiro, podiam pagar 5 moedas de ouro à entrada. Mas não. Nunca ninguém pagava e era sempre bar aberto e comida a monte para todos, o rei que pagasse. Depois de 300 anos de festas assim é normal que o país estivesse na bancarrota e não pudesse continuar a suportar estes luxos.
Mesmo assim, tenho que dar mérito à monarquia. Em Portugal houve um rei conhecido como «O Gordo». Desde então, Portugal teve mais uns 25 reis depois desse, o que significa que mesmo tendo sido governado por alguém conhecido apenas pela sua gordura, a monarquia prevaleceu. Esse rei deve ter sido mesmo muito fraquinho, nem devia sair da corte para estar a comer frango assado e rissóis de carne. Os outros eram conhecidos por nomes como «Conquistador», «Povoador», «Bravo» ou «Vitorioso» e este era só «O gordo». Não deve ter mesmo feito nadinha enquanto foi rei. Parece quando as pessoas falam das pessoas aqui do blog, há o gaivota, o tolinho com pancas, o desaparecido e o outro. «Qual outro?» perguntam os mais desatentos. Aquele que vem aqui, escreve testamentos sem ninguém lhe pedir nada e que pensa que plâncton é uma montanha esquisita que não é bem uma planície mas também não é um planalto.
P.S.: Ouvi dizer que o Teófilo vai regressar em breve aos textos. Sei que já disse isto antes mas agora pareceu-me que foi mesmo a sério. Por isso é que disse ouvi dizer em vez de dizer que ouvi, porque quando estava a falar com o Teófilo estava a mandar mensagens à Xana da cantina e posso não ter ouvido bem. Sim, mensagens à Xana da cantina. Já reparei que aquilo é fácil demais e como o Jorge Abel disse que eles se estavam a tornar grandes amigos (vocês são minhas testemunhas) significa que posso avançar. Não quero ser amigo dela para nada, amigas só se forem lésbicas como já vos expliquei noutro texto que escrevi aqui: http://comidosdocerebro.blogspot.pt/2012/11/a-minha-amiga-lesbica.html. Sim, estou a fazer publicidade a mim próprio, é proibido?
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