sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O meu maior fetiche


Antes que comecem a pensar que vou fazer um texto à Jorge Abel em que dou os pormenores todos como se este blog se chamasse «Diário do Cérebro», aviso-vos já que não é isso que vai acontecer. Se bem que se houvesse um jornal chamado «Diário do Cérebro» comprava pelo menos uma vez só para ver o que lá vinha. Confesso que já comprei algumas vezes «O Crime» só para ver como as pessoas podem ter uma imaginação fértil. Deixei de comprar porque, ultimamente, com o aumento de séries de televisão ligadas aos crimes, ler o jornal é como se fosse estar a ver uma dessas séries mas sem aparecerem fotografias deles na morgue ou do crime em si. Já para não falar que comprar «O Crime» fica para aí 1,50€, enquanto ver uma série na televisão só me custa uns 45 minutos.



Que artigos viriam no «Diário do Cérebro»? Provavelmente, ao início ia ser um jornal espectacular, cheio de rubricas engraçadas e com coisas novas, mas depois ia virar um jornal todo intelectual, só para cientistas e moços que queiram esfregar na cara dos outros que são cultos e inteligentes só por andarem na faculdade. Por falar em faculdade, no outro dia o Jorge Abel perguntou-me onde é que era a «Universidade da Vida» porque viu no perfil da Xana da cantina que ela tinha estudado lá. Não sei o que é pior, se o Jorge Abel não perceber isto ou gente que diz que estudou na «Universidade da Vida» ou na «Faculdade da Rua». 



Mas adiante, que hoje é para falar do meu maior fetiche e esse não é, certamente, conhecer moças que dizem que estudaram na Universidade da Vida. Associa-se a palavra «fetiche», quase em exclusivo, ao acto sexual. Sempre que alguém diz «é o meu fetiche», alguém que esteja a ouvir, de forma descontextualizada, pensa logo que se está a falar de sexo. Mas comigo não é bem assim. O meu maior fetiche é a comida e vou explicar-vos nas próximas linhas o porquê:


  • Posso dizer que já fiz 100 km para ir comer leitão à Bairrada ou 200 km para ir ao Festival do Marisco na Corunha, mas nunca fiz mais que 10km para ir comer uma moça;

  • Já paguei 40€ por refeições bem confeccionadas e que me deixaram plenamente satisfeito, de bem com a vida e muito bem-disposto. Ao invés, como vocês sabem, uma vez paguei mais de 5€ por um Bailleys que uma moça pediu, quando o combinado era pagar-lhe um café e, além de não a ter comido, nunca mais lhe falei; 

  • Como moço normal, daqueles que não vai à secção de comida macrobiótica e essas merdas, penso em comida de 3 em 3 horas e como 5 ou 6 vezes por dia. Quando tenho fome, como. Em termos de relações sexuais, não posso dizer o mesmo, porque até posso pensar em sexo o dia todo, mas não posso comer sempre que me apetecer, ao contrário da comida; 

  • A verdade é que não consigo passar um dia sem comer. Vi um moço uma vez no Odisseia ou num desses canais a dizer que o ser humano aguentava até 3 dias sem comer. Não sei que experiências ele faz lá na cave dele, mas eu não aguento um dia. Se aguentar 9 horas é demais e nessas 9 horas tenho que estar a dormir pelo menos em 8 horas e meia. Depois acordo cheio de fome e como o que me aparecer à frente;

  • Às vezes, confesso, tenho desejos tremendamente específicos no que quero comer. Volta e meia, estou com fome e apetece-me comer um gelado, camarão ou uma dose bem servida de pargo assado. Outras vezes apetece-me um Chipicao e um Capri-Son de laranja ou «Um Bongo» de Frutos Tropicais. Dizem vocês que também posso ter desejos muito específicos no sexo. Não sei quão liberal é a vossa namorada, mas pela minha experiência, para a satisfação desses desejos é preciso pagar. E não é pagar 2,40€ como por um Chipicao e um Bongo;

  • Outra verdade universal sobre a comida é que consigo comer sozinho, com amigos e com familiares e obter o máximo de prazer nas três situações. Inversamente, nos fetiches sexuais, só consegue comer com amigos quem é esquisito e os que comem com familiares são aqueles depravados que também acompanham francesinha com Compal de pêra ou que dão lucro às sex-shops e aos videoclubes que alugam daqueles vídeos pornográficos esquisitos onde há correntes, máscaras e chicotes; 

  • Contrariamente ao que acontece nas minhas relações com moças, em termos de comida consigo orgulhar-me das coisas que já comi e dos sítios onde já fui para comer. Além disso, em termos gastronómicos tenho esperança em conseguir comer o que ainda não comi e em comer aqueles pratos incríveis que vejo na televisão;

  • Não é que alguma vez tenha sido infiel (pelo menos que me lembre. Até porque para ser infiel tinha que ter uma relação com uma moça não é? Ou posso ser infiel sem ter uma relação? Havia de haver escritórios jurídicos, como têm os notários e os advogados, mas de gente que tirasse dúvidas sobre as relações interpessoais e a legalidade de algumas acções) mas é muito mais fácil ser-me fiel, por exemplo, à «Churrasqueira» do que a uma moça. Até porque se, na «Churrasqueira», onde sou fiel ao frango assado do Vítor Piranha, comer entrecosto ou espetada, não estou a magoar ninguém, pelo contrário, estou a apreciar os seus outros atributos. E ninguém na «Churrasqueira» faz má cara se eu disser «hoje em vez de frango, quero comer espetada».




Por acaso, na «Churrasqueira», só fazem má cara quando alguém pergunta se tem pratos vegetarianos. Aliás, nem é fazer má cara, simplesmente expulsam a pessoa de lá. Odeio estes artistas que vão a uma churrasqueira perguntar se fazem pratos vegetarianos. Era como ir a um hospital perguntar se ajudam a preencher os papéis do IRS, ir a um ginásio perguntar se têm cadeiras de praia ou ir ao quarto do Jorge Abel ver se estava lá alguma moça. Aposto que as pessoas só fazem essas coisas para chatear os outros e para se sentirem um bocadinho mais importantes. Mas só fazem isso a quem está desarmado. Nunca vi esses a irem arreliar polícias ou talhantes, a fazerem-lhes perguntas ridículas. Não fazem porque esses têm uma pistola ou uma faca gigante ali à mão de semear para os pôr na ordem.







P.S.: Não fiz outra vez uma conclusão e vou usar o P.S. para isso. Enervei-me com aqueles imbecis que querem comer pratos vegetarianos. Os vegetarianos estão para a comida como os homossexuais estão para as relações sexuais: é uma escolha deles, que a tenham e sejam felizes, mas que não esfreguem na minha cara aquilo que gostam de comer. Claro que não deixo de gostar de comida por causa dos vegetarianos, até porque eles não comem comida. Era como deixar de gostar de bifes só porque os talhos vendem rissóis de pescada. 


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