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domingo, 15 de setembro de 2013
Ontem à noite dei um beijo à Rosa mas não sei se gosto dela ou se estava bêbado
Começo a escrever-vos precisamente pelo título. Acho que era insultar-vos dizer uma bomba destas no título e depois começar a falar de outras coisas. Ia parecer o Gary, que precisa sempre de fazer três parágrafos de introdução para falar do que escreveu no título. E andei a pesquisar e não é verdade o que ele diz que os livros só explicam o título no meio ou no fim. No outro dia peguei num livro que dizia «Harry Potter e a Pedra Filosofal» e logo na primeira página falava no Harry Potter. Não vi foi nada sobre a pedra filosofal. Mas também como nunca tive Filosofia, que isso eram disciplinas do 10º ano, também não sabia por onde procurar. Provavelmente iam falar dessa tal pedra que sabe de Filosofia lá para o meio do livro, mas aquilo eram 400 e tal páginas, não ia andar à procura.
O que aconteceu ontem à noite não me sai da cabeça. Quer dizer, por momentos saiu, que fiquei a pensar em como seria uma pedra filosofal. Se fosse só uma pedra que filosofava não era muito prática nem produtiva e não ia deixar de ser atirada para rios por catraios ou chutada por moços pensativos e tristes com a vida. Mas adiante. Ontem fui sair com o Júlio César. O Gary diz que agora ando sempre com o Júlio César, que parecemos duas moças em que eu sou a melhor amiga feia do Júlio César que ele apresenta aos amigos como sendo «grande pessoa, mas azarada no amor». O meu tio disse que devemos andar sempre perto de moços que nos devam dinheiro ou que nos tenham vendido um carro, para que eles não fujam. Mas eu ando perto do Júlio César porque com ele é que tenho saído e divertido nos fins de semana, em vez de ficar a ouvir o Tolentino dizer como detesta recordes do Mundo e a ver o Gary a hesitar entre um Chipicao e uma Torta Dan Cake para o lanche.
Ontem foi uma dessas noites e foi quando dei um beijo à Rosa. Para quem não se lembra, a Rosa foi aquela moça que me deu o número dela na semana passada. Fomos falando durante a semana por mensagens, o que me custou um dinheirão. Ela perguntou-me se eu tinha mensagens grátis e eu, só para não dar má imagem, disse que sim. Então, a falar com ela, todos os dias tinha que ir carregar o telemóvel com 7,5€. Na sexta-feira consegui mudar de tarifário, pus mensagens e chamadas grátis. Eu achei isso importante mas o moço lá da Vodafone disse que era uma extravagância. Quando disse à Xana da cantina que já tinha chamadas grátis ela perguntou-me se eu não queria ir lá a casa mostrar-lhe o meu equipamento. Disse-lhe que não tinha comprado um telemóvel novo, só tinha mudado de tarifário. Ela disse-me que eu lhe podia fazer o que quisesse, que também era de borla. Detesto estas coisas. Antes de mudar de tarifário, tinha de pagar tudo, agora que já tinha mensagens e chamadas grátis era toda a gente a oferecer-me isso.
Mas falei tanto com a Rosa que combinei ir sair com ela, uma amiga dela e com o Júlio César. O Gary diz que os encontros a quatro são pior que jogar Monopóli a dois, em que ninguém vende nada ao outro porque sabe que vai ser o único prejudicado. Não sei o que ele quis dizer com isso, mas o Júlio César deu-se muito bem com a amiga da Rosa, foram logo os dois à casa de banho juntos e tudo. As moças que fazem isso são as melhores amigas, por isso aqueles dois tiveram logo ali uma ligação de uma amizade que pode durar anos. Eu estive a falar com a Rosa. Disse-lhe de como gostava mais dos panados, de como adorava o meu trabalho na fábrica de tintas e de como a Xana da cantina me deixava sempre tirar uma peça de fruta e uma sobremesa ao almoço, apesar disso não ser permitido. A Rosa disse-me que a Xana da cantina era uma porca. Fiquei preocupado. Será que cozinha sem lavar as mãos ou que deixa cair cabelo para a comida? Perguntei à Rosa porquê e ela deu a resposta que mais vezes ouço das moças «nada, deixa estar». O Venâncio diz que essa frase vem logo no capítulo 1 do manual que as moças recebem quando têm a primeira menstruação. Só nós, moços, é que não recebemos nada. Depois ainda falam de igualdade.
Fomos falando e bebendo e então aconteceu. Dei-lhe um beijo. Na prática foram dois que tive que parar um bocado para respirar. Não sei como é aqueles moços dos filmes pornográficos estão naquilo quase 2 minutos. O meu tio diz que o truque para beijar bem uma moça é estar a pensar no que lhe vai fazer a seguir. Eu segui esse conselho e estava a beijar a Rosa enquanto pensava em como lhe ia pedir desculpa por isso. Dar um beijo a uma moça ainda é pior que lhe a levar a jantar fora, não sei como agir a seguir. Já por isso é que nunca levei nenhuma moça a jantar fora, só lanchei duas vezes com a Xana da cantina e recusei sempre ir comer a sobremesa a casa dela. Nunca tal tinha ouvido falar em sobremesa do lanche, mas a Xana tem estudos de cozinha, é normal que saiba essas coisas. Depois de beijar a Rosa perguntei-lhe onde estava o Júlio César e a amiga dela. A Rosa disse-me que queria lá saber da amiga. Esta resposta deixou-me com dúvidas se elas eram mesmo amigas ou não. Por isso é que não percebo as moças.
P.S.: Agora que reparei, demorei 5 parágrafos a contar o que aconteceu. Consegui ser pior que o Gary. Será que me estou a transformar nele? Demoro um porradão de linhas a explicar o que está no título, já fico alcoolizado e já dou beijos a moças. Só me falta estar desempregado, ter o privilégio de o Rebelo da mercearia me respeitar ao ponto de não me enganar nos trocos sempre que vou lá e ter conseguido ser feliz com a Paulinha. Mas não quero falar da Paulinha. Vou mandar mensagem à Rosa a perguntar se dormiu bem. O Venâncio disse-me que sempre que saía com uma moça, a primeira coisa que lhe perguntava no dia a seguir era se tinha dormido bem. Menos quando dormia com elas, que aí sabia e já não precisava de perguntar.
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Jorge Abel eu não sou a Xana da cantina mas também gostava de ver o teu equipamento ;D
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