O local onde tudo o que é produzido é fruto de delírios alucinatórios. De quem escreve e de quem lê.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Não consigo dormir porque estou a pensar na Rosa
Ouvi um médico uma vez dizer que as insónias eram uma condição médica que provoca grande mal-estar ao indivíduo. Não sei de que indivíduo é que ele falava, mas a mim provoca-me mal-estar. Eu e o indivíduo de que o médico falava já temos algo em comum, talvez até pudéssemos ser amigos. O meu tio diz que para se fazer um amigo é preciso não lhe dever dinheiro. O Gary diz que «InSónia» era o nome de um filme que ele alugou quando o videoclube aqui da zona ainda estava aberto. Perguntei-lhe quem era o actor principal e ele disse que eram 3 mas que não sabia dizer o nome. Isso deixou-me a pensar no injusto que é quando 3 moços entram num filme, como actores principais, e as pessoas que vêem o filme não sabem os nomes deles. Aposto que se fosse só um toda a gente sabia.
Mas ando com insónias e a culpa é da Rosa. Quer dizer, na prática a culpa é minha. Dizer que é culpa da Rosa faz parecer que ela me liga a meio da noite ou me atira baldes de água quando eu estou a dormir. Ou que me acorda ás 04:00 da manhã para ir comprar cigarros. Felizmente o meu irmão já não faz isso porque começou a trabalhar no turno da noite e quando chega a casa às 07:00 já eu estou a pé para ir para a fábrica de tintas. Mas a culpa é minha porque sou eu que penso na Rosa. A Xana da cantina disse-me que a melhor forma de parar de pensar na Rosa é ir para a cama com ela. Perguntei-lhe se havia outra forma melhor e a Xana da cantina disse-me que melhor só mesmo ir para a cama com ela e ficar a pensar nela. Não sei, acho que isso não me ia ajudar em nada. Mas de qualquer maneira, se mais ninguém me der soluções vou tentar esta que a Xana da cantina me disse.
Perguntam vocês no que penso eu. Penso se algum dia poderei ser feliz, só eu e a Rosa, sem mais ninguém. Quer dizer, sem mais ninguém não. Tinha de haver a mercearia do Rebelo para podermos comer alguma coisa. Também tinha de haver a fábrica para eu trabalhar e ganhar dinheiro para comprar as coisas na mercearia. Tinha de haver polícia para proteger a nossa casa dos gandulos. Também tinha de haver o Júlio César para eu ter alguém para ir sair ao fim-de-semana. Pronto, podia ser eu e a Rosa com toda a gente, mas ao menos estarmos juntos. Mas não sempre, que o Venâncio disse que uma vez teve uma namorada com quem passava tanto tempo que ela ao início detestava arroz de polvo e o Venâncio, sem se aperceber, também passou a detestar. E ele que comia às duas doses de arroz de polvo. O meu tio também me disse que passar muito tempo com uma mulher é como levar 25 anos por assalto à mão armada, a diferença é que não se fica com boa reputação.
Só que eu penso e penso e penso em como seria eu e a Rosa. Vi um filme no outro dia em que o moço pediu em namoro uma moça, à chuva, de joelhos. Para já eu não sei se conseguia fazer isso, que a minha mãe dava-me logo uma coça se eu aparecesse com manchas de lama nas calças. É que nos filmes a chuva é água de mangueiras, mas na realidade vem com lama e terra e essas coisas todas. Pior ainda, no filme a moça disse que não e deixou-o ali, à chuva, a chorar. Às vezes as moças são mesmo insensíveis. Podia ao menos dizer-lhe que sim enquanto estavam ali à chuva e depois, quando o moço estivesse seco e já tivesse trocado de meias e de calças, dizia-lhe que afinal não dava, só não queria que ele apanhasse uma constipação. Assim, ao dizer-lhe que não ali, deixou-o de rastos emocionalmente e, ainda por cima, provavelmente com uma gripe das grandes.
E se a Rosa me dissesse que não? E se a Rosa se apaixonar por outro e eu ficar sozinho? E se aquelas calças que eu encomendei pela Internet forem um 40 dos grandes em vez de serem um 40 dos normais, como há nas lojas? O meu tio diz que as duas palavras que as moças usam mais é «não» e «queres que chame a polícia?». Disse ao meu tio que a última era uma frase, mas ele disse-me que à velocidade que as moças lhe dizem isto parece que é uma palavra. Podia haver um polícia do amor. Eu provavelmente iria preso por querer roubar o amor da Rosa. Perguntei ao Gary o que achava disto e ele disse que era uma paneleirice, mas o Júlio César disse-me que era lamechas. O Venâncio disse-me que as moças gostavam de lamechices senão não havia tantas novelas. A Xana da cantina disse-me que gostava mais de coisas à bruta mas que também se derretia com lamechices. Pergunto-me do que gostará a Rosa. Se bem que o que eu queria é que ela gostasse de mim.
P.S.: Um dos meus leitores disse-me que se calhar estou a fazer da Rosa uma substituta da Paulinha. Eu acho que não. No outro dia entrei na fábrica, nem disse «bom dia» à Paulinha e não fiquei triste por isso. Não gosto dela. Acho que estou mesmo apaixonado pela Rosa. O Júlio César também já me disse que estou obcecado pela Rosa. O meu tio disse-me que uma vez andava obcecado com a filha do Paquete das francesinhas mas depois ela foi trabalhar para Inglaterra e aquilo passou-lhe. O Gary disse-me que se eu à hora do lanche, em vez de pensar no que ia comer pensasse na Rosa, então estava apaixonado por ela. Vou ver o que acontece amanhã e já vos posso dizer o que realmente sinto ....
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