quinta-feira, 13 de março de 2014

Pessoas que gostava de conhecer pessoalmente


Sim, dei a minha password ao Tolentino para ele não me chatear para partilhar os textos dele, agora que gosta de escrever. Não percebo como é que um moço que detesta tanta coisa consiga ter o paradoxo de adorar escrever sobre o que detesta. Até a mim me soa confuso, e eu que percebi logo tudo no Matrix quando a maior parte das pessoas achou confuso. O que é que há de confuso numa vida programada por um computador central, onde os seres humanos são utilizados como fonte de alimentação desse mesmo computador e em que tudo o que as pessoas vivem é uma mera ilusão? Digo já que adorava ter um computador desses, que me pusesse a comer torradas sem eu precisar de me mexer ou a beber um CapriSonne de laranja que não fosse azedo.



Eu sei que não estou no Matrix por causa da evolução da Paulinha. Passou de uma moça com quem eu tinha relações sexuais para a impedir de ver mais um episódio de «Anatomia de Grey» para uma moça com quem tenho relações sexuais porque se interesse pelas minhas coisas e isso enche-me de desejo sexual. Ainda no outro dia, enquanto estávamos a ver um filme em que o Van Damme dá porrada num monte de moços enquanto come o pequeno-almoço num café local, a Paulinha fez-me um dilema: por quem é que eu torcia numa luta entre o Blade e o Godzilla em que o Godzilla tinha roubado o soro que o Blade toma que lhe bloqueia o apetite por sangue humano. Aquilo fez-me pensar durante um bom bocado. Por um lado, o Blade caça vampiros que são moços traiçoeiros que andam para aí a morder pescoços, mas por outro lado o Godzilla destruiu New York ou Nova York, Nova Iorque ou outro nome qualquer, evitando esta discussão. Por isso, a custo, disse que torcia pelo Blade porque é o único filme em que o segundo filme não estraga totalmente o trabalho feito no primeiro, enquanto o Godzilla 2 é um lixo.



Nessa noite sonhei que era o rei dos caranguejos e tinha acabado de assinar um pacto de não-agressão com as lagostas no caso de elementos de ambas as espécies serem colocadas num aquário partilhado numa marisqueira porque isso atrai a atenção dos humanos, que ficam ali a olhar para o aquário e a achar piada aquilo. Mas adorava ter sonhado com o duelo entre o Blade e o Godzilla. Adorava conhecer o realizador do Blade pessoalmente e trocar opiniões com ele sobre o filme e colocar-lhe questões práticas. Eis outras pessoas que gostava de conhecer pessoalmente:




  • O rei D. Sancho. Podia ser o I ou o II que o efeito era o mesmo. Não que eu tivesse particular interesse em conhecer um rei, principalmente quando os reis eram gente que punham um montão de pessoas a assistir ao vivo a ele a ter relações sexuais com a rainha, sempre a fazer a mesma posição e sem tirar o roupão. Eu gostava de conhecer um destes reis por causa do nome. Nunca conheci nenhum Sancho mas sempre ouvi a expressão «és mesmo Sancho» em tom depreciativo. E admiro que alguém chamado Sancho tenha chegado a rei;

  •  O Enrique Iglesias. Não sou fã dele, acho que de todas as músicas que ele fez só gostava da «Rhytm Divine» porque uma moça da minha escola interpretou esse tema numa festa e apareceu vestida de forma sensual e então eu não me esqueci dessa música e confesso que ocasionalmente até a assobiei e cantei mentalmente. Mas gostava de conhecer pessoalmente o Enrique Iglesias para o pôr lado a lado com o Teófilo e perceber se eles são mesmo parecidos quando o Teófilo está com a barba por fazer e está na sombra ou se isso é um mito urbano;

  • Gostava de conhecer o presidente da Robialac só para depois poder esfregar na cara do Jorge Abel que conhecia o inimigo e que ele até vinha à minha festa de anos. Por outro lado, espero que ele viesse sozinho à minha festa e não trouxesse o Júlio César, o ex-amigo do Jorge Abel. A única vez que o conheci perguntei se ele era o guarda-redes brasileiro que tinha jogado no Inter de Milão e ele disse-me que uma vez no Fifa tinha jogado com o Inter e tinha apanhado 3-0. Deprimente. A única vez que respeitei o Jorge Abel foi quando ele acedeu ao universo dos ex-amigos, um conceito criado por mim;

  • O Hitler. Ok, ele fez um montão de coisas más e matou um porradão de gente só através de dar ordens. Mas gostava de o conhecer principalmente para o avisar que o Mussolini se fazia de amigo dele mas o copiava em tudo. Aposto que ele não percebia italiano e que nunca descobriu que o Mussolini o copiou em tudo mas dizia que eram ideias dele. Eu ia ser amigo dele e avisava-o disso. Depois também queria descobrir se sempre era verdade que ele tinha inventado o Bolikhan, que hoje em dia é conhecido como Bolicao, por ser um adepto de pequenos-almoços saudáveis e sustentados ou se fui eu que inventei isso;

  • O Ricardo Carriço para lhe perguntar porque é que passou de fazer as vozes no Spiderman para novelas em que ou faz de banana ou se apaixona pela Alexandra Lencastre ou então faz de banana e de apaixonado pela Alexandra Lencastre. Só queria saber isso e se não gostasse da resposta dava-lhe dois estalos e ia negar a toda a gente que o tinha conhecido pessoalmente. É que ainda por cima ele fazia as vozes de quase todos os vilões, era a parte mais fixe do Spiderman. Também aproveitava para lhe perguntar se conhecia algum actor pornográfico e se eles partilham o mesmo sindicato com os actores normais ou se têm um próprio;

  • O Anselmo Ralph. O Tolentino acha que não leio os textos dele e a verdade é que eu não leio, mas apareceu-me aqui um comentário em que aparecia «Anselmo Ralph» e «Gary» na mesma frase e então eu fui ver o que era aquilo. Com que então o Tolentino gosta de uma música do Anselmo Ralph. Até fui ouvir a música e ele faz um porradão de coisas mal como sair do hotel que foi ele que pagou, compra uma mota na beira da estrada, anda cheio de dinheiro no bolso e, pior de tudo, diz o pin do telemóvel à moça com quem anda. Gostava de o conhecer pessoalmente para lhe dizer o que é que ele fez mal na música e ainda perguntar-lhe a opinião dele sobre um fã que apaga a música dele do mp3 só para o amigo não descobrir que ele gosta dessa música;

  • O Obikwelu. Gostava de conhecer o Obikwelu para perceber como é que um moço que corre como o Deus me livre e vai a campeonatos mundiais e europeus e mais um monte de campeonatos abaixo dos europeus e mundiais mas igualmente importantes, faz uma corrida contra uma velha e perde. A Paulinha não se lembra disso mas o Lucindo disse-me que isso era para um reclame. Que era para um reclame sei eu, mas ele fingiu ou aquilo aconteceu mesmo? É que ela ainda por cima dava-lhe gozo a gritar «Obikweeeeeeeeluuuuuu» e a passar à frente dele mesmo na boa. Depois também gostava de saber se no mundo do atletismo nunca ninguém desconfiou que Obikwelu não é um nome português;

  • O Picasso. Sei que há pessoas que consideraram o meu delírio sobre as correntes artísticas aborrecido, tremendamente longo e até embaraçoso para mim. Se calhar não foi tanto, só me disseram que não acharam piada nenhuma. No entanto, eu gostava de conhecer pessoalmente o Picasso por três motivos: o primeiro, era para saber o que é que ele mandava antes de pintar os quadros dele, que também queria pelo menos experimentar; o segundo era para saber o que é que ele achava de eu usar a expressão «passes à Picasso» quando alguém no futebol faz um passe que mais ninguém percebe a não ser o próprio; o terceiro motivo era para lhe poder mostrar o meu texto das correntes artísticas e dizer a quem o critica «tu é que és uma pessoa esquisita, que até o Picasso achou piada a esse texto».





Para quem não sabe de que texto falei, já que ia mostrar ao Picasso, também vos posso mostrar. É este: http://comidosdocerebro.blogspot.pt/2013/04/a-verdade-sobre-as-correntes-artisticas.html. Já é de Abril do ano passado, vai quase um ano desde isso mas só recentemente fui criticado por causa desse texto. Não sei porquê, até o Picasso achou piada. Mas adiante, se calhar algum de vocês que me conhece melhor está a perguntar-se porque é que eu não disse que queria conhecer pessoalmente um Visigodo ou um minotauro. A resposta é simples: eu não queria conhecer nenhum Visigodo, eu queria ser um Visigodo. E depois não gostava de conhecer nenhum minotauro, aprendi numa daquelas convenções do COJDIV que os minotauros eram pessoas com um trato rude e que nunca aceitavam os argumentos dos outros, só os deles é que estavam certos. Por isso é que acabaram extintos, nenhuma moça gostava de acasalar com um minotauro, se era para serem desrespeitadas ao menos que fosse por um moço normal.









P.S.: Lembrei-me agora de uma pessoa que também gostava de conhecer pessoalmente ou pelo menos saber quem é. Até podia pôr nos pontos mas ia ter que tirar alguém e entre dar dois estalos ao Ricardo Carriço, ter o Picasso a rir-se do meu delírio ou conhecer o único Sancho com sucesso desde sempre, não consegui substituir ninguém. Sim, agora podia substituir, que o meu Delete já não está estragado, que a Paulinha trocou o meu teclado por um dos computadores que está na recepção lá da fábrica quando descobriu que os teclados eram parecidos. Gostava de saber quem é o/a AA que anda para aqui com comentários a todos os textos. E não é só aos meus. A princípio até pensei que fosse a mulher do Lucindo para o controlar mas depois vi que comentava os textos de toda a gente. Também pensei que fosse a Xana da cantina, principalmente quando se pôs a falar mal do Jorge Abel ou o Teófilo a tentar voltar ao blog através de comentários em vez de textos. Mas também se não souber quem é não morro por isso, provavelmente vou morrer de disenteria quando a Peste Negra voltar. 


3 comentários:

  1. Ja que mostraste interesse, vou-me aproveitar.
    Ora bem, antigamente as siglas do meu nome eram AM - Andorinha do Mar. Porém, quando tive hipótese de mudar de nome, optei por AA - Andorinha do Ar. Decidi mudar de nome quando troquei de casa; dantes vivia perto do mar e agora vivo num apartamento tão alto que parece que não saio do céu, parece que estou sempre no ar. Decidi que fazia sentido ser coerente e adaptar-me à minha nova realidade. Agora só espero que não seja preciso mudar de casa novamente. Ja viste se eu agora fosse viver para uma moradia? Ia chamar-me AT? Andorinha da Terra? .. Que estranho que seria.
    Bem, muito prazer Gary. Sou a Andorinha do Ar.

    E, já agora, muitos parabéns pelo texto, não poderia ter escrito por outra pessoa.

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    1. Txi, que estranho.. eu queria dizer "vou-me apresentar".

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    2. Qual é o andar em que vives? Quero ver se é assim tão alto. Uma vez fui a uma entrevista de emprego num 13º andar. A Paulinha vive no 3º andar e quando olho pela janela parece que estou mais alto. Além disso, sempre que mando vir pizza demora um montão de tempo a chegar, parece que não estou no 3º mas no 13º andar.
      E se fosses viver para uma moradia e quisesses mudar de nome outra vez tinha de ser para Andorinha de Moradia e até podia ser o teu nome para um site de anúncios.

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