quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A diferença entre ser um porco e um moço normal


Já sei que por esta altura estão vocês a dizer que eu já fiz um igual para os bois. E então? Um boi e um porco são iguais? Quando vão ao talho e pedem bifes de boi, é igual que o do talho vos dê bifinhos de porco? É que além de não vos dar boi também não vos dá bifes, dá bifinhos. Que parvoíce esta do mundo moderno de por diminutivos a tudo. É as Minis a substituir as cervejas, é o Brasil ter um Ronaldo e um Ronaldinho, é uma mercearia agora chamar-se mini-mercado ...

Mas gostava de saber quem é que pensa mesmo que eu me estou a repetir. Alguém continua a vir aqui ler isto sem ser o Jorge Abel e a minha ex-namorada? Se sim, sinto-me realizado. Se não, vou fingir que vem mais gente só para a Carla Abília não achar que eu bati no fundo. Perguntam-se vocês quem é a Carla Abília e eu digo-vos que não sei, nunca a conheci realmente bem. Só sabia o nome e que era uma moça. Achei que isso chegava para termos uma relação estável, o problema foi quando comecei a saber algumas coisas dela, tipo que dormia com o primo do Nando Seringas, e estragou tudo.

Não tenho saudades nenhumas dela. Também não tenho saudades nenhumas do Nando Seringas, que tinha a mania de ameaçar as pessoas que se não lhe dessem dinheiro lhes infectava com Sida. Mas tenho saudades do Teófilo. E do Júlio Facadas. Quer dizer, desse não é saudades, é mais inveja por se andar a safar bem no Quirguistão. Mas vejam lá as diferenças entre ser um porco e um moço normal:


  • Os porcos são um animal naturalmente cor-de-rosa. Os moços normais não ficam bem de cor-de-rosa (embora pensem que sim e que além de mandar estilo, passa uma imagem de modernidade. Pff, grande porcaria ser moderno);

  • Os porcos têm o rabo em forma de saca-rolhas. Um moço normal anda com um saca-rolhas no bolso, para não ter que abrir garrafas de cerveja (não de Mini, mas de cerveja) com os dentes ou para não ter que abrir garrafas de vinho a partir o gargalo;

  • A espécie preta do porco é amplamente apreciada e valorizada por todos. Um moço normal discrimina a espécie preta, chama-lhes Tibúrcio e inveja-os por serem mais procurados pelo sexo feminino;

  • Os porcos são animais criados e domesticados tendo como fim o abate. Infelizmente, abater alguns moços que para aí andam dá cadeia (ou se não der cadeia tens que andar a fugir dos primos dele, que mal te apanham na rua ou numa feira popular te dão uma coça de meia-noite);

  • Pode-se fazer vários aproveitamentos dos porcos: bacon, orelha de porco, bifes de porco, carne de porco à alentejana, por aí adiante. Pelo contrário, há moços normais de que não se aproveita nada, mas mesmo nada, que só andam aí a espalhar dióxido de carbono e a gastar água e oxigénio;

  • Uma característica normal e partilhada por todos os porcos é o seu nariz em forma triangular. Um moço com nariz de porco sobressai, não é nada normal e é amplamente gozado e conhecido por isso. «Nariz de porco» é daquelas alcunhas que fica para toda a vida independentemente de esse moço se ter tornado médico, polícia ou drogado, como o Nando Seringas;

  • A parceira sexual de excelência do porco são as porcas. A parceira sexual de um moço normal é a mulher, embora este procure com mais frequência as porcas;

  • O porco é uma carne branca, mais saudável que, por exemplo, a de vaca. Para um moço normal, a carne de porca (e de vaca também) pode não ser a mais saudável, embora seja a mais acessível e mais fácil de encontrar; 

  • O habitat natural do porco é a pocilga, onde vive cheio de lama, sempre todo sujo e numa rebaldaria impossível de descrever, mesmo à porco. Um moço normal que queira surpreender a namorada ao oferecer-lhe um banho de lama, que dizem que faz bem à pele não sei como, tem que gastar uns 30 contos, numa coisa que os porcos fazem, todos os dias, de borla;

  • O porco é domesticado pelo homem, que depois o mata e faz disso uma grande atracção. Um moço normal é domesticado pela mulher, que depois o abandona por o ter traído com um granda porco e faz disso a grande atracção do Facebook dela.





Podem dizer que sou um bocado retrógrado por estar contra a modernidade e o progresso. O progresso é fazerem e comercializarem cervejas «Mini»? Onde está a masculinidade de beber uma Mini, que até tem «abertura fácil»? Já agora, os supermercados podiam ter uma promoção: na compra de uma caixa de Minis ofereciam uma vasectomia. Ou na compra de um pull-over cor-de-rosa (sim, que já há supermercados a vender roupa também. Qualquer dia também vendem rins e unidades de sangue. Ia ser bastante interessante ver os supermercados a competir para terem o preço mais baixo nas unidades de sangue ... Uns era com 50% de desconto em cartão e os outros era mesmo promoções o ano inteiro) .... E com este raciocínio dos super-mercados a vender unidades de sangue perdi-me. Mas aconteça o que acontecer, não comprem um pull-over cor-de-rosa.






P.S.: Já fiz a diferença entre ser um moço normal e um boi, agora fiz entre ser um moço normal e um porco. Devem-se estar a perguntar, tu, Jorge Abel, e tu, Carla Abília, já que mais ninguém vem aqui, porque é que não faço um a fazer as diferenças entre ser um moço normal e um urso. Primeiro, vocês não têm nada a ver com o que eu faço. Segundo, o blog é meu e escrevo o que quiser. Terceiro, já usei estes dois argumentos muitas vezes e tenho que começar a pensar em novos. Quarto, porque até nem era mal pensado e se calhar vou mesmo pensar em fazer isso. Se eu fosse um urso gostava de ser um urso pardo porque era o nome mais parecido com «Pargo», que é o melhor nome de peixe. Adorava chamar-me Vítor Pargo, mas se fosse um urso ia-me chamar Luís Pardo. 


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Em que é que são iguais os taxistas e as prostitutas


Depois de me focar muito em televisão decidi voltar à vida real. Ou pelo menos aparentemente real. Não, é mesmo real. Acho eu. Não interessa, não precisam de saber que não ando a tomar os anti-psicóticos. Apesar de ter acabado de vos dizer. Mas se fingirem que não leram é como se não soubessem, certo? Bem, isto agora parecia eu nos meus testes de francês, em que uma vez copiei o teste todo e como não sabia o que estava a copiar, só tirei 62%.

Quem anda bem da vida é o Júlio Facadas lá pelo Quirguistão. Soube no outro dia pelo Rebelo, que estava a falar com a tia do Marcelo Peixeiro. É um bocado feio ouvir conversas que não me dizem respeito, mas eu estava à espera que o Rebelo me dissesse qual a diferença entre um pepino e uma courgette. Não que me interessasse, nem sequer ia comprar, mas ele estava a meio de uma daquelas histórias dele em que por exemplo «apertar bem as porcas» não é ele a fazer de picheleiro mas é ele no sexo.

Por falar em sexo, há uma prostituta que agora à noite anda sempre a ir para uma paragem de autocarro desactivada, aqui perto de minha casa. No outro dia passei lá de carro e vi-a e pensei que as prostitutas e os taxistas são mais ou menos iguais. Vejam lá porquê:


  • Estão sempre à espera de um cliente. Quando passas por um dos dois, olham para ti a avaliar se tens interesse ou não nos seus serviços;

  • Encontram-se em locais mais ou menos públicos à espera de clientes. Normalmente não abordam as pessoas, só esperam para ser abordados. Mas já vi o contrário;

  • Se não encontrares nenhum na rua podes sempre ligar-lhes para o número de serviço, se tiveres algum cartão ou algum amigo que já tenha lá ido;

  • Em ambos os casos, o início é constrangedor e a conversa é de circunstância;

  • Sabes bem que não és o primeiro cliente de sempre nem vais ser o último desse dia;

  • Embora às vezes estejas um pouco reticente em usufruir deste serviço, principalmente por ser caro, sabes que são profissionais e que não há ninguém melhor para o serviço em questão;

  • Ficas sempre com a sensação que são pessoas que nem acabaram o 9º ano mas que ganham mais dinheiro que tu ao fim do mês;

  • São ambos muito mais solicitados à noite, perto de discotecas e, com qualquer um dos dois, o teu grande objectivo é chegares a casa;

  • Em ambos os casos, tem muito mais piada quando vais lá com amigos. Sozinho nem sabes o que dizer nem fazer;

  • Na maior parte das vezes em que recorres a algum dos dois ou estás bastante alcoolizado ou não tens outra saída.



Contudo, há uma grande diferença entre taxistas e prostitutas. Os taxistas também trabalham de dia, altura em que levam as velhinhas a todo o lado. Nisso as prostitutas não têm consideração pelos velhinhos, se quiserem lá ir têm que se deitar tarde nesse dia, que elas só trabalham à noite. Outra grande diferença é que os taxistas que encontras na rua não significa que sejam de pior qualidade e mais baratos do que aqueles que estão nos hotéis ou para aqueles que tens que ligar antes a marcar hora. E nunca ninguém foi preso por estar a pagar a um taxista, mas conheço um moço que foi preso por estar a dar dinheiro a uma prostituta. Foi o Jorge Abel. O pascaço queria trocar uma nota de 5€ em moedas para comprar um chocolate numa daquelas máquinas. A moça disse que podia trocar 5€ por uma coisa bem melhor. Ele pensou que ela lhe ia trocar o dinheiro e deu-lhe a nota para a mão mesmo quando estava a passar um polícia e foi preso. 





P.S.: Isto do Jorge Abel foi antes dele ir trabalhar para aquela fábrica de tintas. Detesto aquele emprego dele. A única coisa que pode trazer para casa é latinhas de tinta. As primeiras 3 latas até me deram jeito para pintar a entrada de minha casa, mas agora tenho na arrecadação umas 15 latas de tintas e não sei que fazer aquilo. Além disso, com a porcaria do trabalho, deixei de lá ir lanchar e além de ter latas de tinta a amontoar-se, tenho que fazer eu os meus lanches. Vou ver se o chefe dele sabe desta história para o despedir e volto a ir lanchar a casa dele e fazer-lhe companhia.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que o Walking Dead traz de bom


Depois das novelas, uma série. Perguntam-se vocês se eu ando a ver muita televisão. Eu digo-vos que agora quem está na idade dos porquês são vocês. Estão-me sempre a fazer perguntas. Não, não ando a ver muita televisão, até ando a ver pouca. Ainda assim vejo mais televisão do que vocês vêem aqui o blog. Mas isso também não me interessa para nada. O moço das estatísticas era o Teófilo, não sou eu. Acho que foi por isso que ele deixou de cá vir, as estatísticas eram tão más que desistiu. 

Já não vejo o Teófilo há tanto tempo que no outro dia vi uma notícia de um homem da idade dele que se tinha suicidado, atirou-se de uma ponte, e pensei se não era ele. Mas depois ele mandou-me uma mensagem e vi que não. Se eu visse muitas séries, podia pensar que estava a falar com o fantasma dele e queria que eu o ajudasse a resolver umas coisas que ele deixou pendentes cá, tipo ir levantar algum casaco de pele à lavandaria ou ir levantar a encomenda do talho, mas não. Não parece, mas ele está vivo.

Quem não está vivo é a maioria dos moços que faz o Walking Dead. No outro dia vi essa série e pus-me a pensar: e se o Walking Dead fosse real? Eis o que eu acho que, caso isso fosse real, traria de bom ao nosso mundo:



  • Fazia-se uma dieta muito mais equilibrada, à base de produtos hortícolas e tudo fresco. Não havia nada de frigoríficos e muito menos MacDonald's, KFC's nem Burger Kings. Acabava logo a obesidade infantil e as gordas de leggins a comer gelados em esplanadas;


  • As moças deixavam de sair à noite a altas horas, a andar aí na má vida. Aliás, ninguém saía à noite sob o risco de não voltar no dia a seguir. E mesmo de dia não era toda a gente que saía. Portanto, as pessoas iam ser muito mais caseirinhas e faziam menos asneiras lá fora;

  • Podias ter o carro com que sempre sonhaste. Bastava manteres-te vivo e ires a alguma auto-estrada nos arredores, que estavam lá carros parados, desabitados e com a chave na ignição. Depois nem era preciso pagar seguro e gasolina arranjavas fácil dos outros carros todos;

  • A criançada aprendia o que era a vida dura, não ia ter tudo facilitado como esta canalha de hoje em dia, que aos 6 anos tem telemóvel e Play Station 3. Voltavam a brincar às caçadinhas e às escondidinhas, a única diferença é que se fossem apanhados ou descobertos morriam;

  • Não era preciso estares à procura em 200 canais que desse alguma coisa de jeito. Bastava saíres à rua ou então olhares pela janela para veres acção real, suspense e um enredo cativante, em que não sabias o que ia acontecer a seguir;

  • Não havia traumatizados por terem sido roubados, espancados e violados. Ao menos no Walking Dead só se é atacado para nos comerem, escusa-se de se dar trabalho aos médicos e aos psiquiatras;

  • Os que ficavam vivos tinham necessariamente que fazer exercício para fugir dos mortos. Andavam sempre a correr. Não vês um único obeso no Walking Dead como havia no «Lost». Os obesos corriam 20 metros tinham que parar para descansar e mal paravam, até logo;

  • Podia partir montras, roubar lojas e ter a roupa que me apetecesse, que não vinha nenhum polícia para me prender. Podia era sair um zombie de uma dessas lojas e comer-me mas era preciso ter sempre atenção a esse pormenor;

  • Tinha um acesso facílimo a armas e podia andar aí aos tiros que não me acontecia nada, não ia para a cadeia por isso, nem tinha que ir a tribunal. Podia atrair alguns zombies, mas quem queria saber? Eu tinha uma arma!

  • Vou dar uma de ecologista e dizer que o nível de poluição ia ser muito menor. Por outro lado, o cheiro nas ruas devia ser parecido com aquele que se sente quando se vai na auto-estrada e se passa por Cacia. Quer por causa dos zombies, quer por causa do povo sobrevivente que nunca tomam banho. Pelo menos na série toda, em 3 temporadas, só os vi tomar banho duas vezes. E não foram todos!




Outra coisa boa que o Walking Dead ia trazer de bom é que se não gostasse de alguém podia matá-lo a tiro ou então fechá-lo numa sala cheia de zombies. Primeiro ninguém me levava preso. Segundo, eu tinha uma arma. Terceiro, podia alguém ter a mesma ideia em relação a mim e assim eu jogava na antecipação. Isto é, se sobrevivesse. Mas eu sobrevivia facilmente porque pensei numa coisa que eles nunca fizeram. Se acontecesse o Walking Dead, pagava ao Rebelo da mercearia para roubar uma traineira e ia eu, ele, o Tolentino e podia vir mais um ou dois que na altura me lembrava. Íamos para o alto mar, peixe nunca ia faltar, portanto tínhamos alimento. Água, fervíamos a do mar para tirar o sal. Sabia mal, mas era água. Apanhávamos sol o ano todo e nunca íamos precisar de fugir dos zombies porque eles não sabem nadar. Claro que se aquele grupo fugisse numa traineira não havia série e também não havia este post.





P.S.: Já repararam que no Walking Dead eles estão sempre com a mesma roupa? Que grandes bananas. Era comigo! Mal me apanhasse numa situação destas, ia a uma loja qualquer de roupa, até podia ser daquelas de rua, nem precisava de ser do shopping, e rapava tudo. Até fatos de treino cor-de-rosa como o Cláudio Ramos usa ia levar. Não havia ninguém no mundo para tirar fotografias e pôr no jornal ou no Facebook para me gozar, estava à vontade. Podia usar esse fato-de-treino e comer um Pirulo, sem medo de ser julgado. Mas vestido assim, o zombie que me comesse ainda ia ter uma congestão ....



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O irreal mundo das novelas


Depois de programas de televisão e de filmes, só me faltava falar em novelas. Bem, pensando melhor, se calhar não é só disso. Também nunca falei a fundo dos reclames, nem me dediquei como aqueles moços a descodificarem todos os sinais que os Iluminati deixam nos programas de televisão. Não tinham um nome melhor para uma seita ultra-secreta do que esse? Parece um nome de uma fábrica de lâmpadas. Agora que penso nisso, há alguma fábrica que só faça lâmpadas? E aquelas lojas de candeeiros também vendem lâmpadas ou é só mesmo o candeeiro?

Ok, não vou voltar à fase dos porquês. Já me deixei disso no penúltimo post. Por isso, vou-me deixar de perguntas e voltar ao tópico em que nos estávamos a focar: as novelas. Para mim, as novelas são sempre iguais: há sempre um vilão, um coitadinho, um garanhão, uma oferecida, uma ricaça que está com um homem que só lhe quer o dinheiro, gémeas separadas à nascença, uma pobre que vai descobrir que afinal tem direito a uma grande fortuna e um bêbado ou drogado. Depois aparece sempre a Alexandra Lencastre, o Rogério Samora, o Ricardo Carriço ou a Sofia Alves. Parece que não há mais disponíveis.

Mas não é nisto que me vou centrar, mas sim nos nomes das novelas. Dizem eles que tentam retratar uma realidade através das novelas? Pois, pelo nome começam logo mal. Não acreditam e acham que eu sou mesquinho? Vejam lá se depois destes argumentos continuam a achar o mesmo:


  • «Ilha dos Amores»: imagino o regabofe desta ilha. Havia de ser bonito! Pior que isso, uma ilha só de amor ia estar carregada de hippies, com o cabelo sem ver água há 10 dias e com aquelas calças que parecem feitas de tecidos de tendas do circo. Imaginam a subsistência possível de uma ilha sem relações comerciais nem profissionais, mas tudo à base do amor? Ridículo ...;

  • «Nunca digas adeus»: já pelo título se vê que esta novela é irreal. Se fosse a sério, só se chamava «Nunca digas» e as pessoas iam percebendo, ao longo da novela, o que é que nunca poderiam dizer. Assim, o que se está a dizer às pessoas é algo do género «nunca digas adeus, excepto nesta situação particular mas em todas as outras não digas». Parece aquelas pessoas que dizem «não confies em ninguém». Devo confiar nessa pessoa que me diz isso e não confiar em ninguém ou devo não confiar mesmo em ninguém, nem sequer nessa pessoa e, então, passar a confiar em toda a gente? Grande confusão ...;

  • «Jardins Proibidos»: se viveres num condomínio fechado, esta realidade é possível, visto os teus jardins serem proibidos a pessoas externas. Se fores um cão também há jardins que te são proibidos, onde nem sequer podes cagar. Mas se fores um cão e estiveres a ler isto responde-me a uma pergunta: quando vocês ladram estão a falar, a gritar ou a tossir? Nunca vi um cão a tossir. Já vi a espirrar, mas nunca a tossir. Responde por favor, cão;

  • «Olhos de Água»: falando de realidade, olhos de água. E depois o comido sou eu. Nem os peixes, que vivem na água, têm olhos de água. Se eu conhecesse alguém com olhos de água de certeza que andava sempre de óculos de sol e com um cão-guia, porque ia ser cega! Já para não falar que se a água fosse sempre a mesma ia ficar choca e começar a ganhar musgo. Aos 10 anos, de olhos de água passava para «Pantanal». Ao menos continuava a ter nomes de novelas;

  • «Filha do Mar»: um tubarão comeu uma mulher que caiu de um barco e ficou carregado com ADN humano, fecundou um polvo, que deu à luz uma miúda com 6 braços? Ou já sou eu que ando a ver o canal SciFy demasiado tempo? Como é que se pode ser um filho do mar? O mar e a areia estão sempre enrolados mas isso é suficiente para se ser filho deles? E se fosse filha do mar, que idioma falava? Aposto que falava chinês, que vi no outro dia que maior parte do planeta fala chinês. E o mar ocupa maior parte do planeta ...

  • «Podia acabar o Mundo»: pois podia. Mas depois não havia mais novelas. Ou isto também é daquelas todas futuristas em que o mundo explode mas os humanos já foram habitar Marte em naves espaciais? Uma vez vi um filme que havia um planeta só habitado por aranhas e insectos gigantes. A princípio pensei que estivesse a ver o National Geographic em alta definição, mas depois vi que era um filme e mudei logo;

  • «Fúria de Viver»: ainda bem que as novelas são irreais e nada do que lá acontece ocorre mesmo na vida real. Imagino que não fosse nada agradável ir no elevador com alguém que tivesse fúria de viver. Ou imagino o perigo que era se uma pessoa com fúria de viver tirasse a carta de condução. Ao primeiro moço que virasse à direita sem dar um pisca, ia atrás dele e amassava-lhe o carro todo com um ferro. Ou quando estivesse muito tempo num restaurante à espera do prato principal começava logo a virar as mesas por já estar farto de comer pão com manteiga;

  • «Tempo de Viver»: para terminar, uma profunda. Tempo de viver? A sério? Há mais tempos? Ou iam fazer uma novela chamada «Tempo de Morrer» que era uma câmara colocada num caixão a ver se acontecia alguma coisa? Se calhar é como no Dragon Ball, que existe aquela sala de treino que uma hora no «real» equivalia a um ano na sala de treino. Nunca percebi bem isso: se eles passavam lá 2 ou 3 anos de cada vez não deviam envelhecer? Mas saíam de lá sempre iguais! A diferença é que mesmo sem lógica, o DragonBall era um desenho animado, quanto menos real fosse melhor. Agora as novelas ...



E agora? Ainda sou mesquinho? Ou já nem sequer estavam a pensar nisso e eu fui relembrar? Pronto, já me obrigaram a fazer três perguntas assim de seguida, isto é o que se chama um hat-trick. Ouvi dizer que quem inventou esta expressão foi o tio do Rebelo, que uma vez pescou 3 vezes o mesmo peixe, que lhe tinha fugido duas vezes e disse que tinha feito um hat-trick. O Gabriel Alves estava na mesa ao lado do café onde o tio do Rebelo estava a contar a história e no «Domingo Desportivo» dessa semana utilizou a expressão e pegou moda. Não sei onde o tio do Rebelo fui sacar essa expressão, mas já vi que corre no sangue daquela família o dom da metáfora.





P.S.: No outro dia estava com o Tolentino numa esplanada, a fazer vida de café e a ver quem passava, quando vimos o Nuno Homem de Sá a comprar uma embalagem de papel higiénico e uma pasta dos dentes numa mercearia que fica ao lado da esplanada. Encontra-se de tudo numa mercearia. Até papel higiénico. O que não significa que papel higiénico possa ser considerado uma mercearia, como alguns consideram as batatas fritas. Mas isto é uma longa história de que só o Teófilo quer saber (será que é agora que ele volta? Tenho saudades do Teófilo ...)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Hoje apetece-me falar do Lesoto


Muitos de vocês ficaram surpreendidos com o título. Outros ficaram desapontados. E ainda houve outros que ficaram surpreendidos e desapontados, que isto das surpresas nem sempre é bom. Descobri isso da pior maneira, quando uma moça com quem andava a sair, a Paula, me disse que gostava de ser surpreendida e eu lhe espetei uma solha na cara só para nos rirmos e ela não achou piada nenhuma.

Porquê o Lesoto hoje? Em primeiro lugar, porque o blog é meu e eu falo do que me apetecer e, como disse no título, hoje apetece-me falar do Lesoto. Em segundo lugar, porque não tenho mais nenhum tema e para não voltar aqui o Jorge Abel nem o Tolentino, mais vale ir buscar a única coisa de que nunca me canso: enxovalhar países. Em terceiro, e último lugar, porque já não falava do Lesoto há algum tempo. Já se falou mais do Quirguistão nos últimos tempos (onde está a viver o Júlio Facadas) do que do Lesoto. Era tempo de inverter esse padrão.

Assim, para não dizerem que ataco o Lesoto indiscriminadamente, decidi ir informar-me à Wikipédia sobre este país. Eis algumas informações retiradas de lá e a minha visão sobre essas mesmas informações:


  • «Lesoto (oficialmente Reino do Lesoto; em inglês Kingdom of Lesotho) é um pequeno país da África Austral, encravado no interior da África do Sul. Um enclave incrustado na África do Sul, montanhoso e sem saída para o mar, o país é o antigo reino da Basutolândia». Portanto, além de ser «um pequeno país», como se já não bastasse isso, ainda por cima está encravado! Agora percebo porque ninguém fala neles: uma vez tive uma unha encravada e doeu como tudo. Isto já foi há 6 anos e só me lembrei de falar nisso agora. Além disso, Basutolândia? Por favor, mais vale Lesoto. E já foram tarde demais na mudança do nome ...

  • «O país vive da agricultura e criação de ovelhas na cordilheira do Drakensberg». Por isso é que eles não valem nadinha no futebol e mesmo quando jogam aqueles países todos fraquinhos tipo Suazilândia, Ilhas Fiji ou Uzbequistão, ninguém joga contra o Lesoto. Só querem pastar ovelhas nas montanhas, nem sabem o que é uma bola de futebol. E depois quando jogam devem ser daqueles camponeses rudes que tens que jogar com caneleiras e mesmo assim dão-te pau o jogo todo;

  • « É bastante dependente da África do Sul». Quer dizer, já não bastava estarem encravados no interior da África do Sul e ainda são dependentes? Que lindo. Parece aqueles moços que voltam para casa dos pais aos 30 anos, sem trabalho e drogados, que pedem dinheiro para ir tomar café e exigem mesada mas não contribuem com nada para a casa, nem sequer fazem a cama deles e pedem à mãe que lhes cortem a fruta;

  • «Em 1966 o país se torna independente, sob o nome de Reino do Lesoto. O chefe Moshoeshoe II assume seu reinado. A partir da década de 1970, o Lesoto dá asilo político a muitos sul-africanos contrários ao regime de segregação racial do país, o Apartheid. O general Justin Lekhanya dá um golpe em 1986, assumindo a chefia do governo e, quatro anos depois, depõe o rei Moshoeshoe II e o substitui por seu filho, o príncipe Letsie. O general é deposto em 1991 e, em 1995, Letsie renuncia, levando Moshoeshoe a reassumir o trono.». Alguém acredita nesta história? Parece ficção científica! E detesto filmes de ficção científica, nada é real, não consigo fazer paralelismos com a realidade e sinto-me perdido a meio do filme. O Lesoto é um mau filme de ficção científica, com um orçamento baixíssimo e um autêntico flop de bilheteira. Se eu tivesse a ouvir isto no canal História já tinha adormecido a meio da segunda frase;

  • «Lesoto possui cerca de 80% do seu território acima dos 1.800 metros de altitude, sendo o único país do mundo a ter toda a sua área acima da altitude de 1.000 metros.». Já ninguém queria saber deles e ainda por cima vivem nos montes, mesmo para ninguém os descobrir. E nem nisto são originais, de viver nos montes, que os do Tibete e os do Nepal neste aspecto dão-lhes 10-0. Mas o Lesoto (ou Basutolândia, adoro o ridículo que este nome é) já está habituadíssimo a derrotas dessas;

  • «Relatório da ONU de 2004 apontou que 18% da população do país era portadora do vírus HIV». Já não bastava serem uma unha encravada da África do Sul, dependentes deles e viverem em montanhas, ainda por cima são acolhedores, logo a oferecer doenças a quem lá vai, ainda por cima logo a Sida. Podiam oferecer uma gripezinha ou umas diarreias, que ao menos isso ainda dá para perder uns quilos, mas não, é logo Sida.

  • Para terminar, vou deixar o nome das cidades mais populosas do Lesoto a ver se alguém conhece ou ouviu falar alguma vez de alguma: Maseru, Mafeteng, Leribe, Maputsoe e Mohale's Hoek. Como se não bastassem serem um país ridículo e miserável, ainda por cima têm cidades com nomes difíceis e esquisitos, mesmo para ninguém se lembrar. Imagino um teste de Geografia com capitais difíceis. Sabia a do Azerbaijão (Baku), a do Liechenstein (Vaduz), a do Cazaquistão (Almaty), a da Lituânia (Vilnius), a da Etiópia (Adis Adeba), a da Costa do Marfim (Abidjan), a do Afeganistão (Cabul) e só ia deixar duas em branco: a do Lesoto e a do Bangladesh, que é outro raio de país, mas ao menos tem futebol.



Perguntam-me vocês se este não é um texto discriminatório. E eu digo-vos que agora vocês é que estão aí cheios de perguntas. Quer dizer, não fiz eu uma única pergunta durante o texto todo e agora estão vocês a massacrar-me com perguntas. Mas não é discriminatório! Discriminação é eu acreditar que alguém tem uma determinada característica e desenvolver uma atitude de aproximação ou repulsa a essas pessoas. Mais ou menos como se faz nos signos, em que se pode dizer que não se gosta de uma pessoa porque é Sagitário e não é compatível com o meu signo. Mas o que fiz aqui não foi isso. Pelo contrário, tudo neste texto é informação, coisas reais, nomes de cidades e factos estatísticos. Queria ver a Maya a trabalhar com factos reais, acabava-se logo o programa da manhã e as pessoas deixavam de lhe ligar.





P.S.: Sei que por esta altura todos vocês se questionam o que aconteceu entre mim e a Paula depois de lhe espetar aquela solha nas beiças só para a surpreender. Ficou chateada comigo mas não acabamos por isso. Acabamos mais tarde por ela dizer que eu vivia muito no meu mundo e não gostava de arriscar. Ok, Paula. Se calhar apaixonavas-te por mim se vendesse a minha casa e a do Tolentino e fosse viver sozinho para o Lesoto enquanto o homem dormia na rua, sem casa. Lindo serviço! Nunca faria isso a um amigo! Por isso, como vêem, ela não era a mulher certa para mim.


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Sabiam que agora trabalho numa fábrica de tintas?


Alguns de vocês sabiam que leram no Facebook do Gary, quando ele publicou o último texto. Até ele ficou entusiasmado por mim. Foi aí que descobri que ele era um bom amigo. Enquanto estive desempregado fez-me companhia, vinha a minha casa lanchar porque dizia que eu não podia estar sozinho numa hora tão delicada como é a do lanche. E ele tinha razão. Desde que me disse isso que nunca mais pensei em como era mau estar desempregado à hora do lanche. Pensava quando acordava ou quando me ia deitar, mas ao lanche nunca mais pensei.

Perguntam vocês como é que consegui este trabalho. Foi por sorte, por acaso. Estava a ir comprar tabaco para o meu irmão às 3h da manhã, que normalmente apetece-lhe fumar mas ele não pode sair a essas horas porque tem um pulmão sensível. Às vezes gostava que ele tivesse um coração sensível em vez de um pulmão, mas não lhe posso dizer isto que uma vez disse e ele encheu-me de porrada a dizer que isso de corações sensíveis é para panascas e se eu queria ter um irmão panasca que pedisse à mãe para adoptar o Teófilo. Ia eu na rua e um moço perguntou-me se eu queria comprar tintas. Perguntei-lhe que tintas e ele disse-me que eram das boas. Como não foi muito explícito, não quis e segui o meu caminho.

Ele veio atrás de mim e insistiu para lhe comprar tintas. Lá acedi a comprar-lhe uma lata mas tinha que ser daquelas anti-fungo porque senão as paredes lá de casa ganhavam humildade facilmente. Ele ficou a olhar para mim e disse-me que eu devia ir trabalhar para a fábrica dele, que tinha uma vaga. Fui lá no dia seguinte e disse ao gerente que me ia candidatar. Quando me perguntou as minhas motivações, disse-lhe que gostava de ser feliz e de ter uma relação séria com uma moça que me amasse verdadeiramente por aquilo que eu era. Ele riu-se durante 5 minutos e disse que adorava trabalhadores com sentido de humor e que, por isso, começava já no dia seguinte.

Fui para casa felicíssimo! Mal podia esperar para contar. Primeiro contei ao meu tio, que me disse que eu devia era ir trabalhar para a fábrica de Chocapic, que assim trazia amostras de Chocapic Duo para casa para ele comer de borla. Disse ao meu irmão e ele deu-me uma coça, que eu devia era ter arranjado trabalho numa fábrica de tabaco, que assim ele escusava de querer fumar às 3h da manhã porque ia passar o dia a fumar. Disse à minha mãe e ela não quis saber e não disse ao meu pai porque não consegui falar enquanto ele me estava a dar uma coça. Fui dormir entusiasmadíssimo por ir começar no dia seguinte. Mal podia esperar.

No dia a seguir só queria começar! O meu turno começava às 9:00 e eu às 7:30 já estava à porta da fábrica. Vi lá o moço que me tinha querido vender as tintas naquela noite e fui falar com ele. Estava com os olhos todos vermelhos. Perguntei-lhe se aquilo era de dormir mal ou era um efeito secundário de trabalhar com tintas. Riu-se e respondeu-me que era por trabalhar com umas tintas especiais e que se eu quisesse alguma vez trabalhar com ele nisso para lhe dizer. Eu fiquei curioso mas por outro lado ficar assim com olhos vermelhos ninguém ia acreditar que era por trabalhar com umas tintas especiais e ia levar grandes coças em casa porque toda a gente ia pensar que eu era drogado. Mas foi bom ver que comecei cedo a fazer amigos no emprego!

Adoro o meu trabalho, embora o patrão seja exigente. Está sempre a dizer que temos que trabalhar bem e de forma intensa, que se quisermos ter regalias que nos candidatemos a trabalhar na Robialac. Não tinha percebido esta boca mas depois explicaram-me que os da Robialac têm 45 minutos para lanchar, fora a hora de almoço e ainda têm um subsídio de bebida, além do de alimentação. Este subsídio de bebida é porque eles têm um café em frente à fábrica, que é da mulher do patrão deles, em que os finos são a 90 cêntimos e eles passam lá a vida. Já houve vários moços que tentaram ir trabalhar para a Robialac mas eu não quero. Gosto do meu patrão, principalmente porque nunca me obrigou a ficar de vigia à porta enquanto ele encavava moças em cima dos rosbifes congelados.





P.S.:  Perguntam-me quanto ganho e eu só vos posso dizer que ganho bem. Muito bem até. Ainda há 2 semanas não ganhava nada e agora ganho o suficiente para poder apostar 300€ com o Gary que a Angelina Jolie já foi ao Lesoto e que uma das crianças que ela adoptou é mesmo do Lesoto. Ele diz que não, que nunca ninguém famoso foi ao Lesoto e que se algum dia alguém famoso fosse ao Lesoto deixava logo de ser famoso. Tipo aqueles moços que são portugueses mas que a partir do momento em que vão viver para outro país durante algum tempo deixam de ser portugueses e passam a ser «luso-qualquer coisa». Por exemplo, o Júlio Facadas, se ficar muito tempo no Quirguistão vai deixar de ser português para passar a ser luso-quirguistanês. Por acaso gosto da água Luso mas é muito cara e por isso bebo Fastio, que é mais barata. 



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A garagem da vizinha


Para quem pensar que vai ser outro texto a analisar a fundo a música do King Barreiros ou uma ode de elevação a esse artista, pode ficar desiludido, que não é nada disso. No entanto, não posso deixar de aproveitar um título da sua melhor música (em termos de mensagem que passa, porque em termos musicais são todas fenomenais, principalmente aquela do peixe que é um animal que todos devemos comer) para adaptar à minha situação e que é perfeitamente adequada ao título desta música.

Perguntam vocês porquê e eu digo-vos que descobri que tenho uma vizinha do prédio em frente que é uma daquelas moças que eu paro o que estou a fazer para olhar para ela a passar, mas que sei que se um dia a ouvir a falar vai estragar tudo e vou deixar de ficar colado a olhar para ela. No outro dia vi-a carregada de sacos do supermercado e pensei em ir oferecer-me para ajudar, mas desde que vi aquele vídeo do João Kléber em que uma toura estava no aeroporto e os moços que se iam oferecer para a ajudar a levar as malas para casa, chegavam a casa dela e estava lá um cavalão com grande arcaboiço a chamar-lhes «trouxas» e a espetar grande beijo na moça, nunca mais me ofereci para levar nada a ninguém.

Por isso, como ainda não a ouvi falar e como ainda não caí nessa de a ajudar com os sacos, continuo a vê-la como a música do Quim Barreiros diz, como «a garagem da vizinha». E porque é que eu a vejo como uma garagem? Vejam os meus argumentos e façam a interpretação que quiserem:


  • O acesso é-me restrito. Por muito que queira não consigo entrar na garagem dela, embora veja muitos moços a entrarem e a saírem de lá;

  • Posso garantir que sinto um bocado de inveja dos moços que às 2h e tal da manhã saem de casa dela. De outros tenho pena, porque são moços feios que eu sei que são só vizinhos e que estão a sair do mesmo prédio e não necessariamente de casa dela;

  • Penso como seria se eu estivesse naquela garagem em vez de ter o meu carro ao ar livre. A sério, o prédio dela tem garagem e eu tenho que estacionar sempre o carro cá fora e nem sempre tenho lugar em frente a casa e então tenho de estacionar para aí a 200 metros de casa;

  • Nunca entrei naquela garagem mas confesso que sempre que vejo a porta ou uma janela aberta espreito para ver como é que é. Além disso, sempre que ela sai de decote também lhe olho para as mamas;

  • O Quim Barreiros tem razão (mais uma vez!) numa das coisas que diz na música e que se adequa aqui também: está morando sozinha. Claro que dito assim até parece que sou brasileiro, mas só quis copiar como o Quim Barreiros disse. E eu acho que ela mora sozinha porque à quantidade de moços diferentes que já lá vi entrar não deve ter namorado e muito menos deve viver com a mãe;

  • A minha vizinha é como uma garagem porque pelo exterior dá para ver muito pouco do que ela é. Tirando no Verão quando sai à rua de top ou naquela vez que o Teófilo me emprestou uns binóculos do avô dele que esteve na 1ª Guerra Mundial e eu a vi a arrumar a casa só de sutiã e cuecas. É sutiã ou soutien? Nenhuma das formas dá erro e não sei bem qual é a correcta. Ou são as duas? Bem, de qualquer maneira vi-a a arrumar a casa assim, o que achei esquisito mas pronto, também não se pode ter só qualidades;

  • O que é que é preciso pagar para ter acesso a ela? Se for como uma garagem tem que se pagar uma mensalidade, mas quanto? É que uma vez paguei 40€ por mês para ter o carro numa garagem e uns diziam-me que era muito bom e outros diziam-me que era um roubo. Para poder sair com esta minha vizinha, podia-lhe só pagar um lanche ou tinha que subir a parada e pagar um Bailleys como a outra me obrigou a pagar?

  • Como boa garagem que é deve precisar de manutenção para ficar limpa e apresentável. E pelo que vejo essa manutenção não deve ser nada barata. Quem lhe paga isso tudo? Ia ter que ser eu ou ela tem meios de subsistência? Naquela garagem em que pagava 40€, ninguém foi lá limpar aquilo durante 3 meses e era poeira e terra por toda a parte, parecia o deserto do Saara ou a entrada do Tolentino quando eu lhe aparecia em casa depois de estacionar o carro na garagem;

  • Há condições de acesso à minha vizinha? É que há garagens que não permitem carros com muita altura, que andem a GPL e depois há aquelas esquisitas que tens que prestar «provas de idoneidade» para poderes deixar lá o carro. Tanta merda para estacionar o carro num sítio fechado. O que me leva a fazer o paralelo entre garagens e moças, especialmente esta minha vizinha: que condições tenho que satisfazer para poder aceder a ela? E quem me pode responder a estas perguntas sem ter que ser a própria?



Mais um texto com muitas perguntas, só agora é que reparei. Mas se calhar são vocês que neste momento têm uma pergunta para fazer, à qual eu respondo já: sim, é verdade que o melhor acompanhamento para um pargo assado é batata a murro e rodelas de tomate. Se possível com um vinho verde branco, fresquinho. Voltando ao texto em si, tem uma explicação simples: ando muito aborrecido. Não se passa nada na minha rua desde que o Júlio Facadas foi viver para o Quirguistão. Disse ele que era um país que estava a crescer muito no ramo da horticultura e ele adora esfaquear horticultores. Ainda passava alguns dias na mercearia do Rebelo a ouvir as metáforas dele mas entretanto já as ouvi todas e não valia a pena ir lá ouvir as repetidas. Por isso, descobri esta vizinha e pronto, ando praticamente a espiá-la. Espero que isto não dê cadeia, porque numa coisa o Jorge Abel tem razão, na prisão vale cargas de ombro no basket e isso não favorece o meu estilo de jogo.





P.S.: Perguntam-me vocês se eu realmente lhe pagava um Bailleys se isso fosse o necessário para poder entrar na garagem dela, quer dizer, se isso fosse o necessário para a conhecer e sair com ela. E eu digo-vos que caso isso acontecesse, provavelmente ia fazer o que fiz naquela garagem em que pagava 40€ por mês: saía de lá de gás e desaparecia do mapa, nunca mais lá punha os pés e eventualmente escreveria um texto no blog a dizer porque é que saí daquela garagem e a recomendar amigos meus (e semi-amigos) a não irem para lá.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

E se eu fosse um jornal?


Já sei que se vão pôr aí a julgar, a chamar-me maluco e perturbado. Isto uma parte de vocês, a outra parte desistiu mal leu o título. Depois ainda devem vir aqui 2 ou 3 moços que estudem jornalismo, a quererem safar-se na época de recurso e a pensarem que isto são apontamentos. Mas, sinceramente, se pensarem que vão encontrar informação num blog chamado «Comidos do Cérebro». vão acabar por ser péssimos jornalistas.

Piores até que o Clark Kent, que dizia que ia beber um copo de água e regressava só duas horas depois, com o fato todo amarrotado e o nó da gravata mal feito. E no Verão como é que era? Ia sempre trabalhar de camisa de manga comprida para tapar o fato? E como é que nunca nenhum jornalista ou funcionário do edifício o viu a sair a voar de uma janela? Ou como é que nunca ninguém desconfiou que ele tivesse aquele cabedal se nunca ia ao ginásio e era um pascaço? 

Ao menos nisso o Spider Man tinha mais problemas. Primeiro, não era jornalista, mas só um fotógrafo freelancer, ou seja, um trabalho mais instável. Depois, tinha o patrão dele sempre atrás dele e a querer apanhá-lo. Tudo isto me fez pensar (ou delirar, como vocês preferirem) como é que eu ia ser se fosse um jornal:


  • Era diário, saía todos os dias, nem que fosse só para chatear as pessoas. Há moças que saem todas as noites e são felizes, eu saía todos os dias e era um jornal. Acho que começo a perceber porque é que não me entendo com as moças;

  • Tinha que ter pelo menos uma moça na capa. Se fosse de bikini ainda melhor. Podia não ser a capa toda ocupada com a moça, mas estava num espaço grande e destacado. E depois, na parte de dentro, vinhas duas fotos grandonas da moça. Reparem que o «Correio da Manhã» faz sempre isso e é o jornal mais vendido (e também é diário, como eu ia ser);

  • Recusava-me a ter uma página de signos. Para isso também tinha de ter uma secção para estereótipos, outra para insultos racistas e ainda outra para piadas homofóbicas. Já que se abria a porta para uma coisa, ao menos fazia-se para o pacote todo. Assim, quem quisesse ler os signos que pegasse num «Destak» ou num «Metro» ou então se não gostasse de ler, que visse o programa das manhãs da Maya. Agora no meu jornal, nem pensar;

  • Ia ter palavras cruzadas, para também interessar aos velhotes e às moças entediadas nas aulas ou no cabeleireiro. Mas não ia ser daqueles jornais porquinhos que dão as palavras cruzadas mas as soluções só vêm no dia seguinte. Que piada é que isso tem? Se soubesse que não ia comprar o jornal no dia seguinte fazia tudo mal de propósito, ao fim e ao cabo nunca ia saber a solução;

  • Se havia coisa que não ia ter nunca era o Sudoku. Mas o que é que é isso afinal? Joguinhos com um quadrado de números? Os chineses andam mesmo a brincar connosco ... Nunca foi tão fácil fazer dinheiro desde que os navegadores portugueses trocavam espelhos por ouro com os africanos. Escrever números num quadrado? Isso queria eu que as moças fizessem quando saio à noite, escreviam o número delas num papelinho e davam, mas não, só gostam de escrever números para jogar ao Sudoku;

  • Não ia haver aqueles quadradinhos de comédia na última página. Primeiro, não tenho piada nenhuma. Segundo, o que é que ia escrever em três quadrados? Parece o Sudoku mas em comédia. E nem o Sudoku são só três quadradinhos. Por último, ia-me sentir na obrigação de, em algum momento, convidar o Jorge Abel ou o Tolentino para fazerem uma piada, as pessoas não iam gostar, deixavam de me comprar e eu ia à ruína;

  • A secção «relax» do meu jornal ia ocupar para aí 3 páginas. Essa e a dos classificados e empregos, mas mais a primeira. Até porque a secção «relax» também é informação, evita que uma pessoa ande aí às voltas a gastar gasolina à procura disso. E estes duas secções dá para agradar a velhos e novos. Com isto tudo e mais 4 ou 5 reclames daqueles «COMPRA-SE OURO! MELHOR PREÇO DO MERCADO!» já tinha o jornal pago e ainda enchia os bolsos;

  • 15 páginas sobre futebol, 5 sobre desporto em geral, mais 5 sobre mineiros, 6 sobre desportos de luta e 5 de notícias nacionais e internacionais, mais a secção do «relax», os classificados e as páginas das moças. Talvez uma ou outra coluna de opinião, as palavras cruzadas e podia vir uma do que ia dar na televisão, pronto, vamos lá ser um bocadinho igual aos outros. Se isto não chegar comprem outro jornal, para fazerem o Sudoku e lerem o vosso signo ou fazerem as palavras cruzadas e só saberem a solução no dia seguinte.


Uma das coisas de ser um jornal é que ia partilhar uma característica com o Super-Homem e com o Batman: ia ter uma capa. Mas ia ser muito melhor que eles, que a minha capa era diferente todos os dias. Além disso, não ia ser vermelha como a do Super-Homem, que parece que a roubou a um toureiro. Nem ia ser toda preta como a do Batman, que podia perfeitamente ir a um concerto de Marilyn Manson com aquela capa, que se ia adaptar mais que bem no meio dos esquisitóides todos pintados, que bebem sangue e cortam o próprio braço com uma moto-serra. Nunca fui a um concerto desses mas tenho quase a certeza absoluta que é assim.





P.S.: Toureiro ... Agora fiquei com aquela música do «Como un buen torero! Me juego la vida por ti ihihi ihihi!». Isto chegou a ser um hit, toda a gente sabia a música! Agora não, só querem saber das Rhiannas e dos Justin Biebers, ninguém passa cartão ao Chayanne. Estou a cantar a música há 10 minutos e também já a fui ouvir no Youtube enquanto via o videoclip dele a mandar estilo num descapotável. Uma coisa é certa: cantar isto é melhor que cantar a do «Selinho na Boca» como o Teófilo anda sempre a fazer. Ou fazia até se ter tornado no meu melhor ex-amigo.