sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

E se eu fosse um jornal?


Já sei que se vão pôr aí a julgar, a chamar-me maluco e perturbado. Isto uma parte de vocês, a outra parte desistiu mal leu o título. Depois ainda devem vir aqui 2 ou 3 moços que estudem jornalismo, a quererem safar-se na época de recurso e a pensarem que isto são apontamentos. Mas, sinceramente, se pensarem que vão encontrar informação num blog chamado «Comidos do Cérebro». vão acabar por ser péssimos jornalistas.

Piores até que o Clark Kent, que dizia que ia beber um copo de água e regressava só duas horas depois, com o fato todo amarrotado e o nó da gravata mal feito. E no Verão como é que era? Ia sempre trabalhar de camisa de manga comprida para tapar o fato? E como é que nunca nenhum jornalista ou funcionário do edifício o viu a sair a voar de uma janela? Ou como é que nunca ninguém desconfiou que ele tivesse aquele cabedal se nunca ia ao ginásio e era um pascaço? 

Ao menos nisso o Spider Man tinha mais problemas. Primeiro, não era jornalista, mas só um fotógrafo freelancer, ou seja, um trabalho mais instável. Depois, tinha o patrão dele sempre atrás dele e a querer apanhá-lo. Tudo isto me fez pensar (ou delirar, como vocês preferirem) como é que eu ia ser se fosse um jornal:


  • Era diário, saía todos os dias, nem que fosse só para chatear as pessoas. Há moças que saem todas as noites e são felizes, eu saía todos os dias e era um jornal. Acho que começo a perceber porque é que não me entendo com as moças;

  • Tinha que ter pelo menos uma moça na capa. Se fosse de bikini ainda melhor. Podia não ser a capa toda ocupada com a moça, mas estava num espaço grande e destacado. E depois, na parte de dentro, vinhas duas fotos grandonas da moça. Reparem que o «Correio da Manhã» faz sempre isso e é o jornal mais vendido (e também é diário, como eu ia ser);

  • Recusava-me a ter uma página de signos. Para isso também tinha de ter uma secção para estereótipos, outra para insultos racistas e ainda outra para piadas homofóbicas. Já que se abria a porta para uma coisa, ao menos fazia-se para o pacote todo. Assim, quem quisesse ler os signos que pegasse num «Destak» ou num «Metro» ou então se não gostasse de ler, que visse o programa das manhãs da Maya. Agora no meu jornal, nem pensar;

  • Ia ter palavras cruzadas, para também interessar aos velhotes e às moças entediadas nas aulas ou no cabeleireiro. Mas não ia ser daqueles jornais porquinhos que dão as palavras cruzadas mas as soluções só vêm no dia seguinte. Que piada é que isso tem? Se soubesse que não ia comprar o jornal no dia seguinte fazia tudo mal de propósito, ao fim e ao cabo nunca ia saber a solução;

  • Se havia coisa que não ia ter nunca era o Sudoku. Mas o que é que é isso afinal? Joguinhos com um quadrado de números? Os chineses andam mesmo a brincar connosco ... Nunca foi tão fácil fazer dinheiro desde que os navegadores portugueses trocavam espelhos por ouro com os africanos. Escrever números num quadrado? Isso queria eu que as moças fizessem quando saio à noite, escreviam o número delas num papelinho e davam, mas não, só gostam de escrever números para jogar ao Sudoku;

  • Não ia haver aqueles quadradinhos de comédia na última página. Primeiro, não tenho piada nenhuma. Segundo, o que é que ia escrever em três quadrados? Parece o Sudoku mas em comédia. E nem o Sudoku são só três quadradinhos. Por último, ia-me sentir na obrigação de, em algum momento, convidar o Jorge Abel ou o Tolentino para fazerem uma piada, as pessoas não iam gostar, deixavam de me comprar e eu ia à ruína;

  • A secção «relax» do meu jornal ia ocupar para aí 3 páginas. Essa e a dos classificados e empregos, mas mais a primeira. Até porque a secção «relax» também é informação, evita que uma pessoa ande aí às voltas a gastar gasolina à procura disso. E estes duas secções dá para agradar a velhos e novos. Com isto tudo e mais 4 ou 5 reclames daqueles «COMPRA-SE OURO! MELHOR PREÇO DO MERCADO!» já tinha o jornal pago e ainda enchia os bolsos;

  • 15 páginas sobre futebol, 5 sobre desporto em geral, mais 5 sobre mineiros, 6 sobre desportos de luta e 5 de notícias nacionais e internacionais, mais a secção do «relax», os classificados e as páginas das moças. Talvez uma ou outra coluna de opinião, as palavras cruzadas e podia vir uma do que ia dar na televisão, pronto, vamos lá ser um bocadinho igual aos outros. Se isto não chegar comprem outro jornal, para fazerem o Sudoku e lerem o vosso signo ou fazerem as palavras cruzadas e só saberem a solução no dia seguinte.


Uma das coisas de ser um jornal é que ia partilhar uma característica com o Super-Homem e com o Batman: ia ter uma capa. Mas ia ser muito melhor que eles, que a minha capa era diferente todos os dias. Além disso, não ia ser vermelha como a do Super-Homem, que parece que a roubou a um toureiro. Nem ia ser toda preta como a do Batman, que podia perfeitamente ir a um concerto de Marilyn Manson com aquela capa, que se ia adaptar mais que bem no meio dos esquisitóides todos pintados, que bebem sangue e cortam o próprio braço com uma moto-serra. Nunca fui a um concerto desses mas tenho quase a certeza absoluta que é assim.





P.S.: Toureiro ... Agora fiquei com aquela música do «Como un buen torero! Me juego la vida por ti ihihi ihihi!». Isto chegou a ser um hit, toda a gente sabia a música! Agora não, só querem saber das Rhiannas e dos Justin Biebers, ninguém passa cartão ao Chayanne. Estou a cantar a música há 10 minutos e também já a fui ouvir no Youtube enquanto via o videoclip dele a mandar estilo num descapotável. Uma coisa é certa: cantar isto é melhor que cantar a do «Selinho na Boca» como o Teófilo anda sempre a fazer. Ou fazia até se ter tornado no meu melhor ex-amigo.


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