Depois de programas de televisão e de filmes, só me faltava falar em novelas. Bem, pensando melhor, se calhar não é só disso. Também nunca falei a fundo dos reclames, nem me dediquei como aqueles moços a descodificarem todos os sinais que os Iluminati deixam nos programas de televisão. Não tinham um nome melhor para uma seita ultra-secreta do que esse? Parece um nome de uma fábrica de lâmpadas. Agora que penso nisso, há alguma fábrica que só faça lâmpadas? E aquelas lojas de candeeiros também vendem lâmpadas ou é só mesmo o candeeiro?
Ok, não vou voltar à fase dos porquês. Já me deixei disso no penúltimo post. Por isso, vou-me deixar de perguntas e voltar ao tópico em que nos estávamos a focar: as novelas. Para mim, as novelas são sempre iguais: há sempre um vilão, um coitadinho, um garanhão, uma oferecida, uma ricaça que está com um homem que só lhe quer o dinheiro, gémeas separadas à nascença, uma pobre que vai descobrir que afinal tem direito a uma grande fortuna e um bêbado ou drogado. Depois aparece sempre a Alexandra Lencastre, o Rogério Samora, o Ricardo Carriço ou a Sofia Alves. Parece que não há mais disponíveis.
Mas não é nisto que me vou centrar, mas sim nos nomes das novelas. Dizem eles que tentam retratar uma realidade através das novelas? Pois, pelo nome começam logo mal. Não acreditam e acham que eu sou mesquinho? Vejam lá se depois destes argumentos continuam a achar o mesmo:
- «Ilha dos Amores»: imagino o regabofe desta ilha. Havia de ser bonito! Pior que isso, uma ilha só de amor ia estar carregada de hippies, com o cabelo sem ver água há 10 dias e com aquelas calças que parecem feitas de tecidos de tendas do circo. Imaginam a subsistência possível de uma ilha sem relações comerciais nem profissionais, mas tudo à base do amor? Ridículo ...;
- «Nunca digas adeus»: já pelo título se vê que esta novela é irreal. Se fosse a sério, só se chamava «Nunca digas» e as pessoas iam percebendo, ao longo da novela, o que é que nunca poderiam dizer. Assim, o que se está a dizer às pessoas é algo do género «nunca digas adeus, excepto nesta situação particular mas em todas as outras não digas». Parece aquelas pessoas que dizem «não confies em ninguém». Devo confiar nessa pessoa que me diz isso e não confiar em ninguém ou devo não confiar mesmo em ninguém, nem sequer nessa pessoa e, então, passar a confiar em toda a gente? Grande confusão ...;
- «Jardins Proibidos»: se viveres num condomínio fechado, esta realidade é possível, visto os teus jardins serem proibidos a pessoas externas. Se fores um cão também há jardins que te são proibidos, onde nem sequer podes cagar. Mas se fores um cão e estiveres a ler isto responde-me a uma pergunta: quando vocês ladram estão a falar, a gritar ou a tossir? Nunca vi um cão a tossir. Já vi a espirrar, mas nunca a tossir. Responde por favor, cão;
- «Olhos de Água»: falando de realidade, olhos de água. E depois o comido sou eu. Nem os peixes, que vivem na água, têm olhos de água. Se eu conhecesse alguém com olhos de água de certeza que andava sempre de óculos de sol e com um cão-guia, porque ia ser cega! Já para não falar que se a água fosse sempre a mesma ia ficar choca e começar a ganhar musgo. Aos 10 anos, de olhos de água passava para «Pantanal». Ao menos continuava a ter nomes de novelas;
- «Filha do Mar»: um tubarão comeu uma mulher que caiu de um barco e ficou carregado com ADN humano, fecundou um polvo, que deu à luz uma miúda com 6 braços? Ou já sou eu que ando a ver o canal SciFy demasiado tempo? Como é que se pode ser um filho do mar? O mar e a areia estão sempre enrolados mas isso é suficiente para se ser filho deles? E se fosse filha do mar, que idioma falava? Aposto que falava chinês, que vi no outro dia que maior parte do planeta fala chinês. E o mar ocupa maior parte do planeta ...
- «Podia acabar o Mundo»: pois podia. Mas depois não havia mais novelas. Ou isto também é daquelas todas futuristas em que o mundo explode mas os humanos já foram habitar Marte em naves espaciais? Uma vez vi um filme que havia um planeta só habitado por aranhas e insectos gigantes. A princípio pensei que estivesse a ver o National Geographic em alta definição, mas depois vi que era um filme e mudei logo;
- «Fúria de Viver»: ainda bem que as novelas são irreais e nada do que lá acontece ocorre mesmo na vida real. Imagino que não fosse nada agradável ir no elevador com alguém que tivesse fúria de viver. Ou imagino o perigo que era se uma pessoa com fúria de viver tirasse a carta de condução. Ao primeiro moço que virasse à direita sem dar um pisca, ia atrás dele e amassava-lhe o carro todo com um ferro. Ou quando estivesse muito tempo num restaurante à espera do prato principal começava logo a virar as mesas por já estar farto de comer pão com manteiga;
- «Tempo de Viver»: para terminar, uma profunda. Tempo de viver? A sério? Há mais tempos? Ou iam fazer uma novela chamada «Tempo de Morrer» que era uma câmara colocada num caixão a ver se acontecia alguma coisa? Se calhar é como no Dragon Ball, que existe aquela sala de treino que uma hora no «real» equivalia a um ano na sala de treino. Nunca percebi bem isso: se eles passavam lá 2 ou 3 anos de cada vez não deviam envelhecer? Mas saíam de lá sempre iguais! A diferença é que mesmo sem lógica, o DragonBall era um desenho animado, quanto menos real fosse melhor. Agora as novelas ...
E agora? Ainda sou mesquinho? Ou já nem sequer estavam a pensar nisso e eu fui relembrar? Pronto, já me obrigaram a fazer três perguntas assim de seguida, isto é o que se chama um hat-trick. Ouvi dizer que quem inventou esta expressão foi o tio do Rebelo, que uma vez pescou 3 vezes o mesmo peixe, que lhe tinha fugido duas vezes e disse que tinha feito um hat-trick. O Gabriel Alves estava na mesa ao lado do café onde o tio do Rebelo estava a contar a história e no «Domingo Desportivo» dessa semana utilizou a expressão e pegou moda. Não sei onde o tio do Rebelo fui sacar essa expressão, mas já vi que corre no sangue daquela família o dom da metáfora.
P.S.: No outro dia estava com o Tolentino numa esplanada, a fazer vida de café e a ver quem passava, quando vimos o Nuno Homem de Sá a comprar uma embalagem de papel higiénico e uma pasta dos dentes numa mercearia que fica ao lado da esplanada. Encontra-se de tudo numa mercearia. Até papel higiénico. O que não significa que papel higiénico possa ser considerado uma mercearia, como alguns consideram as batatas fritas. Mas isto é uma longa história de que só o Teófilo quer saber (será que é agora que ele volta? Tenho saudades do Teófilo ...)
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