terça-feira, 17 de setembro de 2013

Conselhos para se viver bem na Idade Média


Dizem que tenho textos muito longos mas não quero saber. Acho que foi uma moça que disse ao Jorge Abel e ele veio-me atirar isso à cara como se eu quisesse saber. Ou como se eu acreditasse que ele fala mesmo com moças. No outro dia quando estive na cama com a Paulinha ela disse-me que nem se lembrava de o Jorge Abel lhe ter dito outra coisa sem saber «bom dia», «até amanhã» ou «bom fim de semana». Sim, leram bem. Quando eu estava na cama com a Paulinha. É verdade, os meus textos até podem ser uma merda e demasiados longos, mas ao menos vou para a cama com moças que o Jorge Abel considerava impossíveis. 



E já agora, este blog é de e para comidos do cérebro. Não é para professoras de Português a pedirem-me composições com 2000 palavras ou testes de História em que tinha de comprar um porradão de folhas de teste porque se só escrevesse 4 páginas não passava do 12. E mais, o blog é meu, eu é que sei o quão comido quero saber. Se eu quisesse até mudava o nome do blog para «nunca hei-de sair à noite com um pólo amarelo» e ninguém tinha nada a ver com isso. Se bem que esse blog fosse ser útil para alguns moços que insistem em sair à noite com pólos amarelos. E quando digo pólos amarelos não estou a falar do carro, apesar de isso também ser extremamente desagradável para a masculinidade de um indivíduo.



Mas agora que falei de História lembrei-me da Idade Média. O Jorge Abel achava que Idade Média era aquela idade que as pessoas respondiam quando se lhes perguntava «que idade me dás?». Mas como seria viver na verdadeira Idade Média? Aquela altura em que os nobres faziam o que queriam das filhas dos camponeses e em que a Espanha ganhava as guerras todas, tipo como agora no futebol. Não sei, mas decidi pensar em alguns conselhos para se viver bem na Idade Média e se chegar a velho, assim aos 38 ou 39 anos:




  • Como já vimos em cima, os nobres faziam o que lhes apetecia. Bastava terem uma espada, um quintal e um cavalo e já tinham free-pass para fazer o que quisessem sem ninguém os levar preso. Só não podiam fazer mal a outros nobres, que esses ainda tinham algum primo no clero e aí era o fim da brincadeira. Por isso, o meu conselho, era ter sempre um amigo que fosse nobre, porque mesmo que ele abusasse um bocado de ti, ia sempre fazer pior às outras pessoas e tu escapavas;

  • Há gente que diz que o lado bom de viver nesses tempos é que toda a gente tinha relações sexuais e nem era preciso forçar muito. Dizia-se a uma moça que ela era linda, levava-se para a beira do rio e já estava garantido. Ok, isso parece espectacular, mas três meses depois estava tudo a morrer com doenças infecciosas. Se as moças faziam isso assim tão facilmente, faziam com qualquer um. Por isso, o meu conselho era não levar qualquer uma ao rio, muito menos moças que já tivessem sido desonradas por algum nobre, mesmo que fosse teu amigo;

  • Se há conselho essencial para se viver bem na Idade Média é este: tenta ficar grande amigo do moço do talho e do da padaria, porque depois nas crises, guerras ou revoluções, quando toda a gente tiver que estar na fila para ir buscar carne e pão, ele guarda um bocadinho para ti e não precisas de ir para a fila com os outros; 

  • Afasta-te dos cães. No século XXI, diz-se que o cão é o melhor amigo do Homem, mas na Idade Média eram os que tinham mais doenças. Além disso, a carne do cão não é grande coisa, é mais seca que a do peru. Por alguma coisa os chineses, quando cozinham cão, dizem que é galinha, porque senão ninguém comia. E quem vai a sítios «exóticos» comer «comidas exóticas» como testículos de boi, também comia cão. 

  •  Pelo contrário, tenta arranjar um cavalo a todo o custo. Um cavalo na Idade Média era como ter um free-pass no bar de strip do Lúcio Montes, era só apareceres e vinham moças de todo o lado a querer comer-te tudo, mas principalmente o dinheiro. Claro que este conselho entra um bocado em contradição com aquele de não se andar a comer moças desenfreadamente que dei ali em cima, mas ter um cavalo não é só isso. Eu é que só consigo pensar na quantidade de moças que ia conseguir encavar só por ter um cavalo na Idade Média;

  • Nunca insultes, não devas dinheiro, nem peças favores a ninguém do clero. Apesar de hoje em dia ninguém lhes passar cartão, na Idade Média eles eram os reis e os senhores. Até mandavam mais que os nobres. Toda a gente tinha medo do clero e eles aproveitavam-se disso. Eram os grunhos da altura. Por isso, também não podias demonstrar medo. Mas com calma, que se te armasses em galifão eles punham-te logo a arder numa fogueira a um domingo à tarde;

  • Saibas o que souberes, finge sempre que és analfabeto e não sabes ler. Os do clero e os nobres detestam espertinhos que saibam mais do que eles ou tanto como eles. Mesmo que saibas perfeitamente que te estão a enganar, finge que não percebes e vai na mesma onda dos outros. Quando vires alguém a esbracejar e a gritar e todos a fazerem o mesmo, faz igual, senão não chegas ao dia a seguir;

  • Se conheceres algum revolucionário denuncia-o ao teu amigo nobre ou então fala dele na igreja para algum sacristão ouvir e te vir perguntar de quem estás a falar. É que se o conheceres, falares e parares com ele, e depois se vier a descobrir que ele era revolucionário ou feiticeiro, vais junto com ele para a fogueira, mesmo que não tenhas nada a ver com o que ele faz;

  • Sempre que houver uma guerra ou algum navio para África ou para a Índia, alista-te e vai. Além de ficares na história, vais descobrir países novos, ficas lá a viver e vais ter um porradão de moças exóticas a fazerem-te o que tu queres. E essas não têm as doenças que as de Portugal têm, portanto estás à vontade. Esconde-te ou foge é quando for alguma guerra contra Espanha, que aí ou vais morrer ou voltas para casa como um derrotado e passas o resto da tua vida a ser abusado por nobres espanhóis. 



Provavelmente o meu pior texto de sempre, pior até daquele que fiz sobre as cadeiras e o que elas diziam às pessoas e nós não ouvíamos. Ou daquele que dizia que as paredes tinham ouvidos. E eu com isso! Não gostam, não leiam. Ou melhor, não gostas, não leias. Acho que assim é mais realista. E por falar em realismo, outra coisa que me esqueci sobre a Idade Média, nunca confies em alfaiates, que eles dizem sempre que as roupas deles são do melhor tecido do mundo e pedem-te um dinheirão por aquilo. Espera uns aninhos, vai comprando roupas mais fraquinhas, que depois se seguires os meus conselhos, vais na caravela para a Índia e vais acabar a tua vida a vestir veludo e caxemira todos os dias, mas sem pagar aqueles balúrdios que pagas hoje em dia. Bons tempos. Quem me dera viver na Idade Média.





P.S.: A única coisa negativa da Idade Média é que os Visigodos já tinham sido extintos há séculos. E, como sabem, o meu segundo maior sonho é ser um Visigodo. O meu maior é trabalhar numa secção de congelados e o meu terceiro maior sonho é acordar um dia e deixar de existir rissóis de pescada. O meu terceiro maior sonho já foi visitar a Ilha do Capitão Iglo, deixá-lo inconsciente, mandá-lo com o barco que me levou embora e eu assumir o controlo da ilha. Mas entretanto ganhei maturidade e desisti disso. 

1 comentário:

  1. Não sou professora de português muito menos quero que escrevas textos mais curtos. Apenas dei uma opinião, não sejas mau para as fãs do blog! Eu gosto de todos os textos que aqui são escritos, incluindo os teus, não é que isso te interesse mas pronto.

    P.s. O Jorge Abel é nabo mas pelo menos é simpático!

    ResponderEliminar