segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A melhor prenda do vosso Natal


E ainda por cima de borla, não é como aqueles anúncios em que anunciam um produto como «a melhor prenda para dar a alguém próximo» e custa aí uns 500€. Depois ainda tentam enganar as pessoas a dizer que pode pagar em suaves prestações. As prestações suaves só têm um problema: nunca mais acabam. Quanto mais suaves são, mais anos demoram a desaparecer. Eu gosto das prestações como as diarreias: duras, repentinas e que acabem de uma vez. Mesmo assim, sinto-me melhor depois de uma diarreia dura que de uma prestação suave. Quando eu jogava futebol, em criança, tínhamos um defesa central que era o Alves e que também tinha «prestações suaves». Por isso é que sofríamos sempre pelo menos 3 golos por jogo. O Alves jogava sempre porque era neto do presidente. Posso dizer que desde pequeno que detesto prestações suaves.



Alguns de vocês devem neste momento estar a pensar que ando a escrever demasiado sobre o Natal. Provavelmente não têm razão, mas se tivessem não o ia admitir em público, quanto muito dizia-vos em privado algo como «sabes aquilo que tu nunca pensaste nem nunca disseste mas eu admiti que tu tinhas pensado embora não o tivesses dito? Se calhar até era verdade». Adoro ser claro nas minhas falas e que as pessoas percebam nas minhas palavras explícitas aquilo que estou a pensar. Gostava que as pessoas fossem todas assim, ia ser muito mais fácil movimentar-me no mundo da noite e comprar prendas de Natal. Eu não detesto o Natal, mas se me dessem a escolher entre ter Natal todos os anos e ter um vale de descontos de 40% no preço dos panados, eu escolhia o vale.



Como no último texto falei de prendas que gostava de receber, hoje vou fazer o contrário: dar-vos a possibilidade de oferecerem uma prenda de Natal gratuita a pessoas de quem gostem (ou de que não gostem, depende da perspectiva). Sendo assim, vou deixar-vos conselhos de vida que ninguém me disse, nem ninguém vos disse, mas que eu aprendi e vou partilhar:




  • Sempre que andares em transportes públicos em que os lugares sentados estejam todos ocupados, finge que vais a dormir. As pessoas olham sempre para os homens ou para os jovens para cederem o seu lugar, mesmo que seja um homem ou um jovem que vai de pé. Se estiveres a agir normalmente, os que vão de pé e até os que vão sentados vão olhar para ti com olhar reprovador e até podes apanhar alguém que te pergunta mesmo «não vai ceder o seu lugar?». Se fores a dormir (ou a fingir) ninguém te chateia com isso;

  • Quando comprares carne picada ou fiambre no talho, pede para o moço do talho picar a carne ou cortar o fiambre à tua frente, que assim, se ele cortar um dedo enquanto faz alguma dessas actividades, não só ficas informado e não levas a encomenda como também assistes a um espectáculo inigualável ao vivo e a cores;

  • Pede sempre um café cheio quando fores tomar café a um estabelecimento comercial. Se for muito aguado, podes sempre mandar para trás e pedir outro. Se vier bem tirado, pagas o mesmo por mais quantidade de café, em vez de seres como aqueles que vão aqueles sítios em que o café é 1€ e pedem café curto. Dão dois goles e lá se foi 1€;

  • Para não correres o risco de dizerem que não fazes nada em casa, faz a tua cama ao fim-de-semana e ocasionalmente oferece-te para ir buscar o pão. Mesmo que não faças mais nada, nunca vais ser acusado de não fazeres nada em casa. Ocasionalmente, naqueles dias da semana em que ao dormir não te mexes e os lençóis ficam todos direitinhos e em que fazer a cama é só puxar tudo para cima ainda ganhas uns pontos extra;

  • Sempre que estiveres na iminência de levar uma moça a tua casa certifica-te que não tens nenhum cenário na casa de banho que lhe retire vontade de qualquer envolvimento físico-sexual. Está provado que as moças, sempre que vão a casa de um moço, vão à casa de banho, seja por necessidades fisiológicas, por necessidades de observação ou por necessidades de reflectir no que vão fazer a seguir. Por isso, faz sempre uma vistoria detalhada antes dela chegar ou não vais a lado nenhum;

  • Sempre que fores almoçar ou jantar fora e fores a um daqueles restaurantes em que as entradas são boas e abundantes, de tal modo que não consegues comer todas antes de virem os pratos principais, fica com os pratos que ainda têm rissóis, patês ou queijos perto de ti e impede que o empregado os leve quando vem deixar o prato que pediste. Se vais pagar pelas entradas, tu é que sabes quando ele leva as entradas e não ele! Se ele mesmo assim insistir em levar, alega que o cliente tem sempre razão, que se ele contrariar essa lei universal podes ir embora sem pagar;

  • Se tiveres uma namorada com menos de 100 kg ou que ocasionalmente se queixe que está gorda apesar de não o estar e apenas estar gorda quando comparada com as normas e os padrões da sociedade ocidental que incentiva a um ideal de beleza mas, ao mesmo tempo, faz promoções nos gelados e faz leggins com tamanhos em que moças obesas cabem, leva-a a jantar fora e pede o teu prato preferido. Se dividires com ela uma dose, ao contrário do que acontece quando divides com o teu irmão ou com algum amigo, tu vais comer muito mais do que ela e no fim ela ainda te vai dizer que está cheia enquanto tu pedes sobremesa e um digestivo;

  • Normalmente, as pessoas vêem os filmes que conhecem. Por exemplo, no outro dia cheguei às 3h da manhã a casa e estava indeciso entre ver um filme chamado «Os ideais de ferro» e outro com o título «Mentes Perturbadas». Não conhecia nenhum deles e em nenhum havia actores conhecidos. Por exemplo, se em algum desses tivesse o Bruce Willis, eu via o do Bruce Willis. Mas depois no Hollywood estava a dar o «Jurassic Park» e eu vi outra vez esse. No entanto, se tivesse que optar entre dois filmes que não conhecia, via os primeiros 20 minutos de um. Se não houvesse nenhuma moça nua, nenhum moço a andar à porrada com outro ou nenhum crime, mudava para o outro e via o outro. É um critério que resulta sempre. 





No fim de tudo isto sinto que devia explorar mais uma ideia que me surgiu ali em cima. Acho que as crianças iam gostar muito mais da escola se a Físico-Química fosse substituída pela Físico-Sexual. Usei essa palavra ali em cima e lembrei-me que podia ser uma boa disciplina, desde que não se formassem professores que só passavam trabalhos de casa e obrigavam os alunos a ler livros e a estudar para testes. Foi assim que se estragaram as disciplinas todas. Imagino o primeiro professor de Físico-Química, a dar aulas no recreio e a explicar a diferença entre o Sol e a Lua ou a meter o pessoal todo num laboratório e a dizer ao pessoal para mexer nas cenas à vontade, que quem explodisse com o laboratório tinha negativa. Depois é que vieram os livros, os testes e os trabalhos de casa e Físico-Química passou a ser uma disciplina na qual nunca passei do 65% nos testes. Claro que Físico-Sexual também vinha substituir aquelas palestras de Educação Sexual que as escolas fazem, em que metem turmas inteiras num auditório para ver uma enfermeira enfiar um preservativo numa banana quando um moço que saiba usar a Internet já viu moças a fazerem isso com a boca em bananas reais. Já que o Mundo é um local que se rege por valores da modernidade, porque não modernizar em todos os aspectos?








P.S.: O lado negativo desta modernização é o chamado «Fenómeno Wrestling». Quando apareceram os programas de wrestling na televisão, eram só moços de cuecas a fingir que lutavam, num programa que dava para rir um bocado. Mas quando os miúdos descobriram que andar à porrada podia dar fama em vez de dar suspensões ou faltas disciplinares, começaram a copiar na escola tudo aquilo que viam na televisão e a andar com camisolas do Rey Mysteryo ou do John Cena. Imagino os miúdos a andarem a fazer na escola aquilo que viam na Internet. Tal como no wrestling os pais não iam aprovar, a escola ia censurar e castigar os que apanhasse a fazer isso e vinham psicólogos para a televisão falar como a televisão e a Internet deforma as mentes juvenis. Por outro lado, tal como a escolher as equipas para o futebol, os gordos eram os últimos a ser escolhidos e os que não quisessem jogar eram apelidados de «maricas», por isso, pouco ia mudar realmente. 


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