Se há coisa que detesto são passwords. Esqueci-me da minha password para vir aqui ao e-mail e para ter uma nova tinha que ter um e-mail alternativo ou responder a uma pergunta. Não sei que é isso de e-mail alternativo, mas sei que sempre que um moço me diz que ouve um estilo de música alternativo eu encosto-o logo para canto e nem quero saber o que ele ouve. Também há aqueles que nas orientações sexuais são alternativos e a esses ainda os respeito menos. Pior que esses, só aqueles «alternativos» que gostam de recordes do mundo ou que preferem francesinhas vegetarianas. E chamo-lhes «alternativos» para não lhes chamar «paneleiros». Mas vamos lá ver porque é que eu detesto o Natal:
- O Natal é uma vez por ano e todos dizem que gostam do Natal. Não sei o que raio tem o Natal de tão especial! Eu não vim aqui 4 meses e toda a gente pensava que eu tinha deixado de escrever. O meu tio André desaparece 8 ou 9 meses e quando aparece é para pedir dinheiro e toda a gente o evita. O Natal desaparece 11 meses, aparece sempre em Dezembro e toda a gente gosta dele. Não percebo as pessoas;
- Não sei para que raio existem as arrecadações quando há tantas lixeiras a céu aberto e centros de reciclagem. As pessoas têm a mania de guardar tudo, sabe-se lá porquê. O pior é que guardam árvores de Natal e decorações de Natal que existem desde 1988. Aquilo fica 11 meses por ano, durante décadas, a ganhar um cheiro a mofo extremamente característico e depois fica exposto, na casa das pessoas, durante um mês, mesmo com visitas a irem lá e tudo. A mim obrigam-me a arejar a minha cama todos os dias antes de a fazer senão fica a cheirar mal, mas se for uma decoração de Natal, pode ficar 11 meses fechada;
- Trabalhar na altura do Natal é a pior altura do ano, principalmente quando se é segurança numa clínica. A partir desta semana, todas as pessoas que forem à clínica, ao irem embora, me vão desejar bom Natal, porque provavelmente só lá voltam em Janeiro e então é a última oportunidade para me desejarem isso. O pior é que toda a gente deseja bom Natal aos outros como se realmente o sentisse e como se ficasse com o Natal estragado se alguma dessas pessoas a quem deseja bom Natal não o tiver;
- O Natal é como aquelas moças da escola, que andam sempre com uma amiga atrás e não podes fazer ou dizer nada a uma que a outra não saiba. As pessoas podem desejar bom Natal à outra, mas a seguir também têm que desejar bom ano novo. É que desejar um bom Natal é só um período do ano, não implica tanta responsabilização como desejar um bom ano novo, um ano inteiro! Não percebo as pessoas. Responsabilizam-se para que o ano de uma outra pessoa seja bom, mas no minuto a seguir estão a atravessar passadeiras sem olhar;
- Não sei como alguém pode gostar do Natal quando o Natal não tem símbolo. Os clubes de futebol têm símbolo, os partidos políticos têm símbolo, os canais de televisão têm símbolo, as empresas têm símbolo (ou logótipos, não venha para aqui alguém armar-se em esperto). Mas onde está o símbolo do Natal? É uma árvore? É um moço barrigudo de barba que entra por chaminés? É uma rena? Ninguém sabe! E como ninguém sabe, usa-se tudo, ao calhas, sem critério nenhum;
- Outra coisa que me faz detestar o Natal é que as pessoas são obrigadas a estar bem-dispostas, alegres e atenciosas. Se eu acordar mal-disposto um dia em Outubro ou em Março, ninguém implica comigo. Mas se acordar assim em Dezembro, as pessoas vêm logo dizer que eu «não tenho espírito natalício». Mas que é essa merda do espírito natalício? É alguma característica da personalidade descoberta por algum estudo científico? É alguma coisa que se compre ou se pague tipo o selo do carro ou o aluguer da garagem? Ou é mais uma invenção da época das invenções?
- Por último, o pior do Natal é aquilo que se inventou do Pai Natal. Quer dizer, o Bibi enganava as crianças e foi preso, as pessoas enganam as crianças com o Pai Natal e está tudo bem. Grandes práticas parentais. Além disso, o Pai Natal é um mito muito fraquinho. Por exemplo, os minotauros são um mito, os centauros são um mito, o Teófilo escrever aqui no blog é um mito. De qualquer maneira, são mitos muito mais consistentes, interessantes e plausíveis que um moço barrigudo, que vive no Pólo Norte e que faz prendas para a canalhada de todo o Mundo e que desce pelas chaminés. Ainda por cima veste-se todo de vermelho, mesmo para ninguém o ver.
O Natal tinha tudo para não ter sucesso: uma época em que se tem que levar com familiares que durante o ano não nos chateiam (ou se chateiam é por telefone e com conversas de 50 segundos), onde se gasta dinheiro em prendas para toda a gente, onde as lojas dos chineses fazem um dinheirão a vender luzes para árvores de Natal que se estragam passados 3 dias, centros comerciais cheios como se fosse domingo todos os dias e discotecas e tascos fechados porque é dia de fazer o jantar de Natal. Mas não, tem sucesso. Ainda por cima o Natal é em Dezembro, mesmo no meio do frio. Na televisão não há futebol e só dá filmes (e eu detesto cinema!). Nunca mais chega Janeiro, para a vida voltar à normalidade, sem luzes, sem neve artificial e sem músicas em que uma moça diz que deu o coração a um moço e ele o estragou.
P.S.: O pessoal aqui da clínica está a pensar em organizar um jantar de Natal. Que, já agora, é outra coisa que odeio no Natal. Alguém faz jantares de férias de Verão? Ou alguém faz jantares de 25 de Abril? Ou jantares da implantação da República? Porque raio se fazem jantares de Natal? Isso é só para dar lucro aos restaurantes que se aproveitam das pessoas e do «espírito natalício» para levar 15 ou 20€ por uma refeição que em Novembro custava 10€. Os jantares de Natal têm a mesma base dos jantares do Dia dos Namorados: são jantares iguaizinhos aos outros, mas os restaurantes aproveitam-se das pessoas serem ingénuas e fazem lucro.
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