segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Porque é que detesto programas sobre animais


Hoje foi um belo dia. O Gary já me perdoou por aquele texto anti-super heróis e onde visava de forma mais dura o SpiderMan e perguntou-me se eu ia à convenção que ia haver no COJDIV (o Centro de Convenções para Jovens Desempregados Intelectualmente Vorazes, e que eu nunca percebi porque é que não era antes CCJDIV) sobre a tendência dos jovens salmões para ouvirem música electrónica, frequentarem festas de trance e de drum and bass, consumirem mais álcool e substâncias psicotrópicas e o efeito que esses estilos de vida têm no sistema digestivo dos ursos que os acabam por comer. Aprendi imenso. Por exemplo, o Tiesto foi o primeiro DJ de renome a ir a um festival de música electrónica para salmões e a única coisa que exigiu, para além do cachet, foi botijas de oxigénio. Esta era uma coisa que não aprendia ao ver programas sobre animais e é um dos motivos pelos quais detesto programas sobre animais. Vejam quais são os outros:



  • Nenhum desses programas sobre animais que dá na televisão é nacional. É tudo estrangeiro! Além disso, é quase sempre nos mesmos países e os que aparecem lá ou são ingleses, ou americanos ou franceses. Parece que não há mais nacionalidades no Mundo;

  • Nesses programas a maior parte do tempo é a mostrar predadores que atacam crianças ou velhos e ainda por cima passam impunes. Estão ali imagens dos crimes, provas inequívocas e as pessoas ainda dizem que é o necessário para sobreviverem e ainda mostram compaixão pelo animal. Mas se for um humano já não mostram a mesma compaixão;

  • Esses programas passam também uma mensagem aos moços mais inexperientes e inocentes que é à porrada uns com os outros que se consegue convencer as moças a irem para a cama com eles. Pior ainda, são aqueles programas que mostram que os moços têm de fazer danças ou andar em cantorias para irem encavar uma moça. COMO SE JÁ NÃO FOSSE DIFÍCIL O SUFICIENTE CONSEGUIR CONVENCER UMA MOÇA A IR PARA A CAMA COM UM MOÇO NORMAL COMO EU;

  • Desculpem a parte final do último ponto. Outra coisa que não gosto nestes programas é que são, na prática, reality-shows, ou seja, coisas que acontecem na realidade. Mas eu saio de casa todos os dias e nunca vi nada do que acontece nesses programas no meu dia-a-dia. Já fui para aí a 5 jardins zoológicos e nunca vi um leão a correr atrás de uma zebra, só estão ali deitados ao sol e ocasionalmente soltam um rugido. Pelo contrário, já vi um filme em que um leão, uma zebra e uma girafa são amigos, o que me fez detestar ainda mais cinema;

  • Nesses programas, quando os animais se alimentam é a parte que me causa mais impressão. Os alimentos são todos crus, parece sushi, e eu detesto sushi. Não há ali nem uma receita diferente, nem uma forma diferente de comer gnu ou gazela, é sempre cru. Pior ainda é que alguns animais mastigam de boca aberta e vê-se tudo, parece que estou a ver o Natal dos Hospitais;

  • Se há coisa que detesto são aqueles aproveitadores, que como o nome indica se aproveitam das coisas dos outros e fazem vida disso, sem fazer nenhum. Odeio um programa que dá no Discovery Channel que são dois moços que não fazem mais nada na vida sem ser andarem pelas terras todas a comprar armazéns e depois vendem o que encontram lá e fazem um dinheirão. Porque raio hei-de gostar de programas de pássaros que fazem vida a comer a comida que fica entre os dentes de um hipopótamo ou outros que passam a vida a comer os micróbios e os parasitas que os rinocerontes têm nas costas?

  • Cenas de sexo ou de intimidade física entre humanos são cortadas ou só dão tardíssimo, em horários que só dá para mim porque estou actualmente sem ocupação e sem emprego. Agora, cenas de sexo, e até do violento, entre animais dá a qualquer hora. Ainda no outro dia liguei a televisão às 10:30 da manhã e estava a dar um leão a encavar uma leoa à força toda contra uma árvore. É por estas coisas que depois aparecem aquelas moças a fazer sexo com cavalos e aqueles moços que dizem que a namorada é uma porca;

  • As cenas de sexo entre animais dá a torto e a direito na televisão, mas nem todos os animais. Se repararem só dão as cenas de sexo dos animais terrestres. Nos programas de animais marinhos nunca se viu uma orca a encavar outra nem nenhum cardume de arenques numa orgia desenfreada. Das duas uma: ou há discriminação entre os animais terrestres e os animais marinhos ou querem fazer-nos pensar que os peixes e demais animais que habitam no Oceano se reproduzem por beberem a mesma água;

  • Os narradores dos programas dizem sempre o que os animais estão a fazer, como se nós não possuíssemos olhos para ver ou não tivéssemos suficiente complexidade mental para perceber. Mas pior que isso, interpretam os comportamentos dos animais como se tivessem falado com eles antes ou como se os conhecessem de algum lado. «O tigre ficou ansioso e devastado por ter falhado na sua missão de capturar a gazela». Como é que ele sabe? Está a inventar! Se fosse eu a dizer isto diziam que andava a ser influenciado pelo Gary e que as doenças psiquiátricas se pegam pelo contágio. 





Esta última parte foi a minha mãe que me disse quando eu na semana passada me recusei a comer um bolo que lhe ofereceram no trabalho porque não sabia se era de frutos do bosque ou frutos exóticos. Ela não compreendeu o meu argumento de que se a pessoa que fez o bolo não sabia que tipo de frutos tinha utilizado, então como poderia eu comer um bolo de uma origem desconhecida? Além disso, disse-lhe que o Gary tinha razão, que uma coisa eram os frutos do bosque, que são locais mais recatados e que se cingem a um contexto específico, outra coisa eram os frutos exóticos, que estavam sujeitos ao critério pessoal do que é exótico. Por exemplo, para mim o maracujá não é um fruto exótico porque a minha tia tem um quintal onde crescem maracujás, mas para muita gente pode ser. Ou seja, um bolo de maracujá, para mim, era um «bolo de maracujá» enquanto que para os outros era um «bolo de fruto exótico»






P.S.: Hoje, ao chegar da convenção, passei pelo Lucindo Sampaio Bonifácio. Ele não me conhece, eu também não o conheço a ele, só sei quem ele é. Isso não é o suficiente para dizer que o conheço, nem sequer sei qual é a cor preferida dele, se prefere os bifes mais bem ou mais mal passados ou se gosta dos panados mais secos ou mais oleosos. De qualquer maneira, como escrevemos aqui no blog e eu até me revejo nas cartas que ele escreve pensei em cumprimentá-lo e dizer-lhe que escrevia no mesmo blog que ele. Mas depois daquela conversa com a minha mãe a dizer-me que as doenças psiquiátricas se pegam pelo contágio e como o Lucindo tem mesmo uma, que até já esteve internado e tudo, preferi não arriscar e no próximo texto dele aqui comento e digo-lhe que o vi na rua hoje e que sou fã dele.


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