sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pessoas que nunca deviam ter nascido


No outro dia, enquanto estava a introduzir a Paulinha ao universo do Blade, ela disse-me que às vezes se pensava como seria a vida dela se eu não existisse. Eu achei essa pergunta estranha, até porque já vi alguns filmes em que as moças fazem seguros de vida aos maridos ou namorados sem eles saberem e em que se morrerem, elas são as que recebem os prémios do seguro. Perguntei-lhe, discretamente, se ela tinha alguma amiga chamada Marta e disse-me que não, que a única Marta que tinha conhecido era a enfermeira que lhe tirava sangue quando ela ia fazer análises e que apesar de ser sempre a Marta a tirar-lhe sangue, não eram amigas. Fiquei descansado, não havia grandes possibilidades que essa Marta fosse aquela que atende sempre os telefonemas para a OK Teleseguro e portanto a Paulinha não me tinha feito nenhum seguro de vida e estava a pensar matar-me.



Porém, aquela pergunta fez-me pensar. Como seria a vida da Paulinha se eu não existisse? Provavelmente estaria a namorar com algum moço que via com ela aqueles filmes em que o Hugh Grant está sempre apaixonado por alguma moça que acha piada ao que ele diz mas que andam o filme todo desencontrados até que no fim ficam juntos. Também podia dar-se o caso de ela continuar solteira e andarem moços como o Jorge Abel a falar-lhe em tintas anti-fungo ou como era triste que ninguém aparecesse às festas de anos dele (já que eu não ia existir, acho que ninguém ia às festas de anos do Jorge Abel). E, tenho a certeza absoluta, como a Paulinha não ia ser minha namorada, sempre que fosse à Churrasqueira ia demorar um montão de tempo porque o Vítor Piranha não a ia conhecer e ia deixá-la ali à espera que ele atendesse primeiro todos os amigos, conhecidos e amigos dos amigos dele.



Esta reflexão levou-me um bocado mais longe. Nem vi o Blade em condições por pensar tanto, é a vantagem de já ter visto o filme 12 vezes. Assim, decidi pensar numa lista restrita de pessoas que nunca deviam ter nascido. Esta lista foi a que me lembrei agora, posso passar a vida a fazer destas listas, só que no título acrescento «Parte 2», «Parte 3» ou «Parte 56».




  • Começo esta lista pela pessoa que inventou o Pirulo. Já não chegava para o universo dos gelados, as piadas que se fazem com os Calipos, ainda aparece um gelado pior. Mais ainda, entre tantos nomes de gelados distintos como Solero, Feast, Magnum, Cornetto, Maxibom, Super Maxi, Epá tinha de aparecer um chamado «Pirulo» a estragar tudo. NUNCA DEVIA TER NASCIDO;

  • Depois, o inventor dos decotes para homem também NUNCA DEVIA TER NASCIDO. Aposto que só inventou isso para serem os outros a usar, ele nunca usa nada disso. Pior ainda se tiver sido uma moça a inventar isso. Foi por vingança? É que os «decotes para homem» (até me custa escrever) validam a minha teoria de que tudo o que tem «para homem» no nome NÃO É PARA HOMEM. É só para convencer aqueles moços ambíguos de que «é para homem» e eles compram e usam e depois usam o argumento «mas isto é para homem, até diz no nome e tudo»;

  • Quem tomou a decisão de fazer leggins acima do tamanho M também NUNCA DEVIA TER NASCIDO. Transformou a melhor coisa que aconteceu às moças desde a invenção da pílula num dos maiores perigos da Humanidade. Já as calças de fato de treino não favoreciam as gordas nem muito menos favoreciam a saúde de quem visse gordas a andar de calças de fato de treino, no entanto, as leggins acima do tamanho M vieram aumentar esse flagelo social;

  • Neste ponto divido o desejo de que nunca deveria ter nascido por dois. Primeiro, por quem continua a fazer as tortas Dan Cake de morango recorrendo a framboesa congelada e a cereja. Segundo, por quem continua a deixar que estas sejam comercializadas como sendo de morango apesar de TODA A GENTE SABER QUE AQUELA MERDA NÃO É DE MORANGO;

  • Se em cima dividi o meu desejo por dois, agora vou dividir por três. Os inventores da designação «frutos do bosque», «frutos exóticos» e, principalmente, «tutti frutti» nunca deveriam ter nascido. Quanto aos «frutos do bosque» já sabem a minha argumentação de que primeiro não sei bem o que é um bosque, segundo já estive num bosque e não encontrei lá fruto nenhum, logo a existência desses frutos é falsa. Quanto aos «frutos exóticos» o inventor desse nome nunca devia ter nascido porque não é um critério universal. Para um africano, os frutos exóticos podem ser pêras, diospiros e clementinas enquanto para os que inventaram esses frutos, exóticos fosse o ananás ou a manga. Claro que os iogurtes desses iam ser melhores que os dos africanos. Mas pior é mesmo quem inventou o «tutti frutti». Uma vez comprei um iogurte desses a pensar que ia comer os frutos todos mas não. Só tinha pêra, maçã, laranja, morango e côco. SÃO ESTES OS FRUTOS TODOS QUE EXISTEM?

  • Quem criou os urinóis sem divisão também nunca devia ter nascido. Já quando uma pessoa tem de mijar numa casa de banho pública há sempre aquele desconforto, quanto mais se for numa casa de banho pública em que os urinóis estejam lado a lado, sem divisão. É claro que quando mijamos em público para um muro ou para uma árvore também não há divisões, mas nesses sítios sabemos com o que podemos contar e o que estamos a fazer. Mais, nesses locais, ninguém vem mijar para o nosso lado. Não sei o que passou pela cabeça de quem inventou isso. Se calhar gostava que lhe olhassem para a pila enquanto mijava ou gostava de olhar para a dos outros. Ou se calhar era daqueles que dizia que acreditava num mundo sem divisões, o hippie;

  • Outro que nunca deveria ter nascido foi quem começou a vender os rissóis de pescada em talhos. Mais do que ter feito o que fez, de ter profanado os talhos, aposto que matou de desgosto o inventor dos rissóis de pescada em si. Eu, por exemplo, também gostava de rissóis de pescada, eram uma boa alternativa quando começava a enjoar dos de carne, porque nunca consegui enjoar dos rissóis de camarão. No entanto, a partir do momento em que vi esses rissóis a profanarem os talhos e a serem mais vendidos que Ossobuco decidi nunca mais na minha vida comer tal coisa. Tudo por causa do indivíduo que um dia acordou de manhã e pensou «vou levar meia dúzia de caixas destes rissóis para ver se o Sr. Armindo os quer vender no talho dele»;

  • Para terminar, quem decretou que a palavra «unissexo» significa algo para os dois sexos, também nunca devia ter nascido. Desde quando é que uma palavra que no seu radical tem «uni» significa dois? Para isso dizia-se que eram coisas «bissexuais». E se não quisessem ter a conotação que a palavra «bissexual» tem diziam que era «ambissexo». A meu ver, «ambissexo» tem muito mais lógica que «unissexo». Se não quisessem «ambissexo» também tinham à disposição «polissexo» (como o raciocínio do «poliglota» ou do «polivalente») ou então não inventavam palavra nenhuma e diziam só que «dá para homens e para mulheres». Agora, quem inventou «unissexo» (e também quem fez disso uma palavra que aparece no dicionário) nunca devia ter nascido.




Agora que vejo bem, a emoção que mais aparece no texto é o ódio. Ainda bem. Sinto-me orgulhoso disso. Ter ódio e rancor é de homem. Ao menos não mostro tristeza ou agonia no texto. Deixo a tristeza para os textos do Jorge Abel e a agonia para o meu professor de Geografia no 12º ano que só me deu 15 no 3º período quando eu merecia pelo menos um 17. Agora percebo o que sente o Tolentino no fim dos seus textos onde espalha ódio por tudo e por todos. Por falar no Tolentino, viram o comentário que ele fez na carta do Lucindo? Que estupidez. Viu o Lucindo na rua e não o cumprimentou porque achava que ele não o ia reconhecer mas depois vai comentar um texto do Lucindo a dizer que é um fã dele. Eu se fosse ao Lucindo agora é que não o cumprimentava! E se o Tolentino me contratasse para fazer um serviço de picheleria lá em casa dele, eu aceitava mas não fazia tudo bem, só para voltar lá outra vez e ganhar mais de mão-de-obra. 







P.S.: Apesar da estupidez de comentário do Tolentino, continuo a considerá-lo meu amigo. Arrependi-me um bocado de ter escrito aquele último parágrafo mas o meu 'Delete' está estragado e ainda estava imbuído do espírito do ódio que o texto despertou em mim. Apesar de tudo, não me arrependo do texto que escrevi. Só me arrependo de não ter falado nas pessoas que chamam «bárbaros» aos Visigodos. É que se ainda lhes chamassem «Bárbaros» podia ser o nome de algum chefe deles, na altura em que o nome «Bárbaro» também desse para homem. Não conheço nenhum Bárbaro mas já conheci algumas Bárbaras e algumas delas bem jeitosas. Só nenhuma das que eu conheci achava piada quando eu dizia que elas tinham «barba» no nome.


3 comentários:

  1. Oh Gary, sabias que existe um episodio do homem-aranha com o Blade?

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    1. Agradeço o entusiasmo mas ofende-me pensares que não sabia disso. Claro que o Blade aparece, ele mata vampiros e o Michael Morbeus já andava a chatear muita gente e o Homem Aranha, só porque o conhecia, armou-se em nabo e não tratou dele. Mas o Blade que apareceu no Homem Aranha é mais banana que o dos filmes.

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    2. Sabes, um dia ofereci um dvd com três episodios do homem-aranha que eu considerada inéditos. Afinal, sao bastante conhecidos.
      Um dos episodios é com o Blade, mas pensava que ele fosse ter um papel mais ativo e mais heroico.. Afinal, parece que nao. Quando a pessoa a quem ofereci o dvd me deixar ver esse episodio, farei logo questao de dar a minha opiniao sobre este e sobre o papel do Blade, neste tao grandioso conjunto de episodios que são os desenhos animados do homem-aranha.

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