sexta-feira, 4 de abril de 2014

Temas que eu apresentava no COJDIV se me apetecesse


Ontem recebi um e-mail do moço que organiza as convenções no COJDIV (para os que não sabem ou não se lembram, apesar de quem não se lembrar ser como quem não sabe, é o Centro de Convenções para Jovens Desempregados Intelectualmente Vorazes) a avisar que esta segunda-feira não vai haver convenções porque não houve oradores auto-propostos e o moço que lhes costuma fazer as substituições começou a trabalhar como padeiro e às 15:00 está a dormir, porque faz turnos das 6:00 às 12:00. Esse turno é péssimo, eu preferia continuar desempregado. O melhor turno que vi aí foi de um moço que uma vez me atendeu numa bomba de gasolina e que trabalhava entre as 02:00 e as 10:00. Disse-me ele que não aturava quase ninguém, o patrão só aparecia a chatear os da tarde e podia ler os jornais e as revistas todas à vontade.



O Lucindo disse-me uma vez que não podia trabalhar numa bomba de gasolina que ia estourar o salário dele todo em bidões de gasolina só pelo prazer de atestar o depósito. Eu não sou psiquiatra nem nada dessas merdas mas acho que a apetência do Lucindo por atestar o depósito está relacionado com o apetite sexual que ele tem. Num caso atesta o depósito, no outro esvazia-o. Desculpem se me armar em inteligente mas a Paulinha ainda ontem me disse que todos os dias aprendia uma coisa nova comigo e fez-me sentir inteligente. Imaginem o que ela não ia aprender se eu fosse trabalhar para uma bomba de gasolina como o outro moço e lesse as revistas e os jornais todos, todos os dias. E eu se trabalhasse numa bomba de gasolina, se viesse alguém assaltar eu fingia para as câmaras que estava a tentar evitar o assalto mas aos assaltantes estava a dizer para eles levarem tudo menos os meus documentos, que assim tinha de ir para a Loja do Cidadão outra vez 5 horas.



Mas adiante, fiquei chateado por não haver convenção esta segunda-feira. O que me fez pensar que temas é que eu eventualmente poderia apresentar no COJDIV se me apetecesse lá ir falar. Olha vejam lá alguns que eu pensei e digam-me se não estariam interessados em ir aprender uma tarde comigo:




  • As implicações sócio-culturais do Godzilla surgir em Portugal em vez de ter surgido nos Estados Unidos. Neste tema exploraria se o Godzilla seguiria para as águas frias das praias do Norte e Centro do país, se ia preferir a costa alentejana ou se ia para o Algarve. Uma das hipóteses que ia levantar seria que havia maior probabilidade do Godzilla ir para o Algarve por haver grande concentração de ingleses, cujo idioma é o mesmo praticado nos Estados Unidos, destino original do Godzilla, que numa incursão por um país novo, iria procurar alguma familiaridade, o que o poderia levar até ao Algarve;

  • Regras de convivência entre humanos e vampiros caso estes fossem uma comunidade numerosa. Além da necessidade do celebrar de protocolos e de pactos de não-agressão entre as duas raças, seria útil pensar em regras que promovessem a coexistência como por exemplo a existência de uma casa de banho e balneários para vampiros, a penalização criminal de se dar os máximos a um vampiro no acto da condução ou a elaboração de horários laborais próprios para vampiros, que evitassem a exposição à luz solar. Por exemplo, aquele moço da bomba de gasolina, podia ser um vampiro, mas como saía às 10:00 e já era dia, não devia ser;

  • Como seria a Península Ibérica hoje em dia se os Visigodos se tivessem reorganizado e tivessem expulsado os romanos e após isso conseguissem resistir aos Mouros e aos Cristãos. Sinto que caso isso tivesse acontecido, os maiores contributos da civilização visigoda na Península seriam, por ordem de importância: o bife à Visigodo, a luta visigoda, o nome próprio Vis, maior corpulência de modo a podermos ter equipas de jeito no basket, no andebol e atletas em condições no boxe e, por último, o Direito Visigodo. Este consistia em três advogados de acusação e três advogados de defesa. Os advogados teriam tarefas distintas: um de cada tratavam da argumentação e da apresentação de provas e inquirimento de testemunhas, outro de cada faziam uma série de combates de luta visigoda à melhor de 3 e por fim os outros 2 tentavam convencer um júri de cidadãos escolhidos aleatoriamente sobre quem tinha razão. Quem ganhasse na luta estava a ganhar 2-0, depois a argumentação jurídica e a posição do júri valia 1 cada. Em caso de empate, o juíz decidia e desempatava;

  • Teorização de como seria o Mundo actual caso a música nunca tivesse sido inventada. Além dos programas da manhã terem menos para aí 2 horas e aqueles que agora estão na moda dos domingos à tarde nem sequer existiam. Mas o grande exercício desta convenção era discutir o que seriam os cantores de hoje se não houvesse música. Eu deixo aqui 3 hipóteses só para deixar água na boca: o Anselmo Ralph ia ser jogador de futebol, para aí defesa central que ele até é alto mas nunca ia chegar ao topo do futebol mundial, só ia à selecção de Angola de vez em quando. O Enrique Iglesias ia ser relatador de jogos de futebol para a comunidade hispânica residente nos Estados Unidos. O Quim Barreiros ia ser o afável dono de uma mercearia, que fazia sempre rir as velhinhas mas que indignava as moças mais novas, que até evitavam ir à mercearia dele;

  • Quais as principais diferenças entre este mundo e um mundo onde o tubarão fosse um animal terrestre, mamífero e que tivesse 4 patas. Assim de repente, lembro-me de três: 1) os filmes «O Tubarão» deixavam de existir ou, se existissem, deixavam de se passar no mar para serem filmados em terra como aqueles filmes das cobras gigantes ou das aranhas assassinas; 2) na hipótese dos tubarões, ao longo da sua evolução enquanto animais terrestres, serem domesticados como foram os gatos, eu imaginava-me a ter um tubarão em casa e a dar-lhe uma comida de merda, como se dá aos gatos apesar dele comer um bife de 1kg em duas dentadas, se eu lhe desse; 3) sendo o tubarão um animal terrestre, se fosse domesticado, passava a ser o melhor amigo do Homem, que ninguém ia querer cães para nada, isso ia ser coisa de moça e de criança;

  • Se as lutas de Gladiadores não tivessem caído em desuso mas em vez de serem usadas para os escravos, serem usadas para os presos que tivessem as maiores penas ou para profissionais e voluntários, os canais de desporto a princípio não iam fazer transmissões televisivas para não ferir susceptibilidades. Mas depois quando vissem que aquilo atraía montes de gente e que dava dinheiro, começavam a transmitir os combates e os eventos, principalmente os Campeonatos da Europa e do Mundo. Além disso, com o crescimento do mercado das lutas de gladiadores, os jogos de futebol iam começar a ser todos à noite, porque as lutas de gladiadores tinham de ser de manhã ou à tarde, à luz do sol. Depois ia-se começar a discutir colocar-se iluminação nas arenas para também poderem lutar à noite e ia ser muito difícil que uma pessoa conseguisse ser adepta de um clube de futebol e de um clube de gladiadores, porque os jogos iam ser à mesma hora ou no mesmo dia;

  • E se o avião nunca tivesse sido inventado? Esta era a pergunta que iria nortear o meu tema e a minha apresentação. Só em versão experimental, deixo também 3 pontos de discussão, já que em cima também deixei sempre 3 exemplos, não ia agora dar mais para parecer que gostava mais deste tema, nem dar menos para parecer que já estou cansado e quero é despachar isto. Em primeiro lugar, sem o avião para o transporte de pessoas e mercadorias, os Fenícios e os Cartagineses ainda eram os reis do comércio e Portugal, graças à sua posição estratégica, nunca ia deixar de ser uma potência. Em segundo lugar, os jogos para as competições europeias iam ser muito mais desgastantes para os jogadores, principalmente para as equipas que estavam longe do mar e tinham que ir de autocarro. Nos fins-de-semana antes e depois dos jogos europeus as equipas não podiam jogar que estavam a viajar. Em terceiro lugar, sem avião, ia haver muito menos brasileiros a jogarem no campeonato português, que nem todos se iam sujeitar a fazer a viagem de barco só para virem jogar por empréstimo na Naval ou no Trofense;

  • Para terminar este meu festim de temas, deixo-vos o meu preferido: quais as implicações sócio-individuais de hoje em dia ainda vigorar uma religião politeísta em vez das religiões monoteístas de agora. Em primeiro lugar (sim, vou dar três tópicos outra vez, sou previsível e repito-me, se quiserem podem dizer essas coisas, a mim importa-me é o perdão dos Deuses), era impossível dizer-se aos miúdos «não faças isso que Deus castiga» sem que eles tivessem de perguntar «qual deles?». Em segundo lugar, os símbolos e as pinturas das Igrejas iam ser mais fixes que os de agora, com aqueles deuses todos musculados e com boa figura, em vez de serem padres e apóstolos todos singelos. Por último, a luta entre a ciência e a religião ia ser mais renhida. É que a Ciência divide-se num montão de ramos, cada qual a tentar provar que a religião está errada, mas a religião só tem um deus de cada vez. Com um montão de deuses, já ficava mais equilibrado, não era só um a explicar tudo e 20 ou 30 ramos da Ciência a desmenti-lo. 




Pronto, com esta termino. Se calhar algum de vocês que não me conhece de lado nenhum mas porque lê os meus textos ou leu este porque veio aqui parar por acaso pergunta-se e pergunta-me: «Se tens estes temas todos porque é que não vais lá ao COJDIV?». Se calhar, alguém que tenha ouvido ou visto este intrometido, pergunta numa frase mais curta «Porque é que não arriscas?». E se calhar, para terminar, e para continuar na onda dos três exemplos, alguém que não me pergunte nada e que me faça perguntar por esse alguém, não perguntaria «Se queres tanto uma convenção na segunda e tens temas, propõe-te e vai tu fazer de orador!». Perante as vossas questões e a vossa exclamação só tenho a dizer isto: não me vou propor porque eu quero ir a uma convenção dada por outras pessoas, não quero ir a uma convenção dada por mim. Eu quero é aprender com os outros, não quero ser eu a fazer os outros aprender. Já me chegava quando tinha de fazer apresentações na escola ou quando deixava o Nélson Granadas copiar por mim nos testes. Se estiverem intrigados com o nome «Nélson Granadas», Granadas era a alcunha dele por nos videojogos online mandar sempre um montão de granadas e raramente disparar um tiro.








P.S.: Outro motivo por que não quero ir para o COJDIV fazer de orador é porque sei que as pessoas presentes até iam participar mas iam dar sugestões estúpidas e sem sentido e iam estragar-me os temas todos. Depois nunca mais podia pensar em nenhum tema que tivesse abordado na convenção que eu tinha dado sem sentir uma sensação no estômago parecida a ter uma úlcera. Adoro a palavra úlcera. O meu primo é que não gosta assim tanto, que uma vez teve uma e nem se conseguia mexer. Também acho piada à palavra «hérnia» mas gosto mais de «úlcera». No entanto, em termos de corpo humano, a palavra que mais gosto continua a ser «pâncreas». Por falar em palavras que gosto, também gosto de dizer Panike, Tamanduá, patente, matagal e gambas. 

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