terça-feira, 6 de maio de 2014

Estou de férias mas mesmo assim fui jogar com o pessoal da fábrica ontem à noite


O Gary tem razão, os meus títulos são grandes. A mim sempre me quiseram convencer que o tamanho não importa, principalmente para as moças, mas o meu tio disse-me que isso era mentira e que era conversa só para agradar aos que não conseguem atingir um tamanho satisfatório e que se querem convencer que o tamanho não importa. Eu por acaso, nessa questão do tamanho, sempre segui o critério do Sebastião: uma coisa só é grande quando chegamos ao fim e estamos cheios e só é pequena se chegamos ao fim e não estamos satisfeitos. Uso esse critério para as sandes, para as doses de panados, para a duração dos filmes e para o tamanho das mamas das moças. Nesta última parte nunca tinha pensado até o Venâncio me ter dito que depois de uma cara bonita, o que mais gostava nas moças era de um bom par de mamas.



As minhas férias não estão a ser más. Também não estão a ser boas, estão só a ser mais ou menos. Quando vejo gente que tenho adicionada no Facebook de férias têm sempre fotografias na praia, a beber bebidas exóticas, deitados numa espreguiçadeira, a visitar museus ou a fazer jantares com amigos. Ainda não fiz nada disso e por isso até apareci ontem na fábrica para ir falar com o Lino a ver se mesmo de férias podia ir jogar futebol com eles à noite. Quando o Venâncio me viu a entrar na fábrica disse-me que gostava de me deixar entrar mas sabia que eu ainda estava de férias e não estava autorizado a fazer isso. Eu disse-lhe que não ia lá para trabalhar, embora gostasse muito, mas que queria falar com o Lino para ver se podia ir jogar futebol com eles à noite. O Venâncio perguntou-me se eu não tinha o número do Lino. Eu por acaso até tenho mas é 96 e eu não queria gastar o dinheiro de uma chamada quando tenho o passe de autocarro e podia ir até à fábrica perguntar-lhe. O Venâncio disse-me que se mandarmos um toque ao Lino ele liga logo de volta mas eu não queria fazer isso, senão no jogo ainda calhava de ser da outra equipa e ele dava-me cargas de ombro nas costas para me mandar ao chão só por o ter feito perder dinheiro.



O meu tio sempre me disse que devia ser permitido no Código Penal uma pessoa poder vingar-se de outra pessoa que a fez perder dinheiro ou que lhe roubou dinheiro, por isso, o Lino, se eu fizesse isso, podia-se vingar de mim. O Venâncio deixou-me passar para ir falar com o Lino e disse-me para eu levar uma camisola escura para o jogo que assim ficava na equipa dele, que o Lino tinha dito que iam jogar brancos contra escuros. Se o Venâncio não me tivesse dito que a distinção entre brancos e escuros ia ser pela cor da camisola eu até ia pensar que o Lino era racista e gostava de jogar contra os escuros para lhes dar cacetadas e cargas de ombro. Enquanto ia a pensar nisso cruzei-me com o Sebastião que me perguntou se eu conhecia alguém bom com computadores que ele precisava de um anti-vírus novo. Eu sabia que o Lucindo era bom com canalizações e que o pai do Tolentino tinha uma papelaria mas computadores não sabia. Também não conhecia nenhum anti-vírus bom. Para os computadores, que para as pessoas conheço bons anti-vírus. Pelo menos comigo o Ben-u-ron resulta sempre.



Entretanto encontrei o Lino e ele disse-me que eu podia ir, que tenho ido sempre e que nem precisava de ir até à fábrica perguntar. Fiquei logo a pensar que devia ter confiado no Venâncio e ter mandado um toque ao Lino, ele próprio me disse que eu não precisava de ter ido lá. Agradeci e já estava a preparar para me vir embora quando passei pela Xana da cantina. Perguntou-me se eu já tinha vindo de férias e eu disse-lhe que não, que só tinha ido à fábrica falar com o Lino. Depois a Xana disse-me que já tinha saudades de me ver e que pensava em mim sempre que estava a tomar banho. Depois perguntou-me se eu gostava de fazer dela uma costeleta e comer tudo até ao osso. Olhei para o telemóvel e eram 11:20. Entre chegar e não chegar a casa a minha mãe já tinha o almoço pronto, não podia comer nada naquela altura. Disse-lhe que tinha de ficar para outro dia, que à noite só ia comer um pão com queijo e uma banana para depois ir jogar futebol com o pessoal da fábrica.



Quando me vinha embora fui sem querer contra a Vera da Contabilidade. O Venâncio sempre me disse que num encontro casual com uma moça devíamos sempre usar o humor para causar boa impressão e aligeirar o ambiente. Disse à Vera que era bom vê-la sem estar a jogar Candy Crush no telemóvel mas ela levou a mal e perguntou-me se tinha sido eu a pôr uma câmara na casa de banho das mulheres na fábrica. Eu disse-lhe que não e ela perguntou-me como é que eu sabia que ela jogava Candy Crush no telemóvel. Disse-lhe que uma vez ela se sentou à minha beira no auditório para ouvir o patrão e ela chamou-me tarado. Razão tem o Gary que me disse que usar humor com moças só resulta se for um moço bonitão ou com muito dinheiro, que aos outros todos elas nunca acham piada nenhuma. Até vim embora sem apetite, imaginem se tivesse comido a costeleta que a Xana da cantina me ofereceu, tinha logo ali uma paragem de digestão. 








P.S.: O jogo à noite correu bem. Ganhamos 6-5 e o Venâncio marcou o golo da vitória mesmo no fim. O Sebastião não foi jogar porque ia ajudar o primo dele a vender bilhetes na Queima das Fitas, que o primo dele comprou 36 bilhetes e ia tentar vendê-los todos e fazer lucro suficiente para atestar o depósito do carro. O Lino também foi da minha equipa que foi com uma t-shirt dos Slipknot, que é a banda preferida do Lino e como tocam músicas todas agressivas também só têm t-shirts pretas. No fim do jogo tomei banho mas não pensei em ninguém, ao contrário da Xana da cantina que diz que pensa em mim. Depois do banho fui ao telemóvel e tinha uma mensagem de um número 91 que eu não conhecia a dizer assim: «Desculpa ter sido agressiva contigo hoje na fábrica. Ando sob muito stress e descarreguei em ti, desculpa. Ass: Vera». O Venâncio disse-me que para ter pedido desculpa duas vezes na mesma mensagem era porque estava cheia de sentimento de culpa. E o meu tio que sempre disse que nunca desaproveitava as moças com sentimento de culpa. 


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