Hoje não é domingo. Logo, posso falar de prostituição à vontade. Mas se fosse domingo também podia falar, eu é que ainda me quero convencer que mais de 5 pessoas vêm aqui perder o seu tempo a ler os meus delírios alucinatórios e a ver a minha crença inabalável que o Teófilo, qual D. Sebastião, reapareça. A diferença entre o Teófilo e o D. Sebastião é que um desapareceu durante uma batalha com os mouros, enquanto o outro desapareceu durante uma aula de cozinha tradicional indiana.
Mas deixando a comida indiana e focando-me em comidas mais tradicionais, detesto quando as pessoas dizem «massa de atum», em vez de dizerem «massa com atum». É que massa de atum parece uma massa feita ou retirada do atum, tipo como há a pasta de papel ou o óleo de fígado de bacalhau. Mas adiante. A prostituição, diz-se, é a profissão mais antiga do mundo, é uma profissão milenar. Eu cá, que ninguém me lê, acho que a profissão mais antiga do mundo é chefe de tribo. Depois veio a profissão de caçador, depois a de vendedor e só a seguir a prostituição. Actualmente, chefe de tribo já não dá emprego a ninguém, caçadores são só aqueles moços que perdem tardes para caçar 2 perdizes e os vendedores agora ou são comerciantes ou pretos a vender óculos de sol. Por isso, restam apenas as prostitutas.
O negócio da prostituição não mudou muito. Moças em locais escondidos a oferecerem o seu corpo a moços com mais vontade e ímpeto que consciência e noção de gestão de dinheiro. Moças que nos primeiros tempos de actividade são procuradas pela sua aparência sensual e que, com o decorrer da actividade, são procuradas para satisfazer aqueles moços esquisitos ou então sexagenários sem outra saída. Não vou falar de acompanhantes de luxo, de strippers, de alternadeiras nem daqueles moços que se vestem de mulher. A bem da tradição, vou apenas sugerir dicas para que a prostituição seja um negócio rentável.
- Um departamento de marketing capaz de criar uma imagem e um slogan que cativassem o cliente, que apelassem as pessoas a procurarem a prostituta, alguém capaz de promover e dinamizar a imagem da prostituta, de forma a que os seus serviços já fossem apelativos antes de se experimentar pela primeira vez;
- Um web designer que trabalhava directamente e em complementaridade com o departamento de marketing mas mais direccionado para a acção na internet. Assim, a sua função passava pela gestão do site, colocando fotos actualizadas, vídeos promocionais e também pela manutenção da página nas redes sociais, respondendo aos clientes e fãs de forma mais próxima;
- Se há estereótipo clássico é o «roupa à puta». Este estereótipo existe por causa das calças de latex roxas ou dos tops vermelhos até ao umbigo, característicos das prostitutas. Assim, a acção de um estilista seria fundamental para que a tendência fosse acabar com este estereótipo negativo e que o «roupa à puta» passasse até a ser um elogio por a pessoa estar bem vestida, mas provocante;
- Uma cabeleireira (ou um cabeleireiro, não vamos ser preconceituosos) teria também um trabalho fundamental para pôr fim aqueles cortes horríveis que a generalidade das prostitutas insiste em usar (quem sabe, para se notar bem que é prostituta e não haver confusões), fomentando uma nova tendência com cortes modernos, arrojados e, essencialmente, bonitos;
- Se há coisa que gera repugnância em relação às prostitutas é a sua higiene oral. Sendo assim, seria crucial a acção de um dentista, em permanência, não só para manter os dentes brancos, como também para impedir calcificação e perda do flúor pelas substâncias ingeridas durante o horário de trabalho;
- Com o avançar do tempo, também as prostitutas começam a ganhar peso e mais tecido adiposo. Isto ocorre, principalmente, pelo pouco cuidado na alimentação. Assim, a acção de um (ou uma, novamente, sem estereótipos) nutricionista iria permitir uma dieta equilibrada, fazendo a prostituta ganhar ou perder peso consoante as alturas, em vez de ser uma espiral contínua de peso ganho;
- Se há disciplina em que as prostitutas pecam é na economia e na gestão do dinheiro. Primeiro, porque maior parte delas confia esse trabalho a alguém que as engana e explora. Segundo, porque não têm uma visão económica ajustada à realidade. Com um economista na equipa, estas estariam mais conformes às leis do mercado, cobrando preços mais justos e mais adequados, determinados principalmente pela lei da oferta e da procura. Este economista trabalharia também com um contabilista, que trataria dos impostos da prostituta, para que esta fosse uma trabalhadora legal e exemplar, podendo gozar de reforma, em vez de estar a meter nojo nas ruas aos 60 e tal anos;
- Qualquer interveniente do mundo do espectáculo e profissional necessita de um agente. Qualquer deslocação a casas particulares, reservas em restaurantes para outros serviços, marcações de hotéis e agendamento de horários, prospecção de potenciais clientes e aluguer de carros estaria tudo nas mãos do agente, que seria da máxima confiança da prostituta. Assim, esta só teria que se preocupar com o seu serviço e nada mais;
- Tutora. Muitos podem perguntar o porquê da necessidade de uma tutora mas, no início da carreira, alguém mais experiente ensinaria os truques, o que se pode fazer mais e melhor para seduzir e satisfazer os clientes. Funcionaria como uma espécie de estágio a tempo-inteiro, como quando se aprende a conduzir, já que depois de aprender esta primeira fase, os conhecimentos ficam para o resto da vida;
- Um dos grandes contras no negócio da prostituição são as implicações legais que estão por detrás. E pela frente. Sendo assim, um advogado lidaria com as possíveis detenções policiais, trataria de toda a papelada e burocracia, mediava estas detenções como sendo ilegal deter uma actividade comercial benefícios mútuos, de cidadãos comunitários que pagam impostos;
- Já que a equipa é grande, vamos dar-nos a um capricho, ou seja, incluir um sociólogo. Este mediria e avaliaria as opiniões sociais sobre o negócio da prostituição, procurando os motivos que fomentam a procura e comunicando-os ao departamento de marketing para os potenciar. No final de cada semestre, elaboraria um barómetro do índice de popularidade da prostituta, para ver qual a sua posição no ranking nacional e internacional desta área de negócio.
Com tudo isto, era provável que o serviço encarecesse bastante, mas vejamos pelo lado contrário: haveria muito menos doenças sexualmente transmissíveis, uma prostituta poderia manter-se a um nível médio/alto até a uma idade mais avançada (em vez de aos 23 anos parecer que já tem 40) e seria muito mais fácil encontrar uma prostituta de qualidade sem ter que se gastar gasolina às voltas, à procura de uma decente e que tenha os dentes todos.
Perguntam-me então como sei isto tudo. Vou dizer-vos a verdade: não sei. Nesta altura não sei distinguir bem o que é a realidade e o que é delírio alucinatório. Estou numa fase gravíssima da minha perturbação cerebral, seja ela qual for. No outro dia fui ao médico ver o que era isto, o que se passava comigo, mas estou tão perturbado que fui a um falso médico e acabei por lhe comprar 250 gramas de fiambre e um quilo de mortadela e saí de lá sem saber o que tinha. Mas a mortadela soube-me bem ao lanche, meti duas fatias num pão e em duas chincas devorei aquilo.
P.S.: Incrivelmente, o blog atingiu as 4000 visualizações. Não sei bem como, mas atingiu. Por isso, decidi que estava na hora de trazer mais algum moço para escrever aqui, mas que escrevesse mesmo, que não seja como aqueles que só andam aqui para terem o nome ali de lado. Nos próximos dias, se virem um moço revoltado com o mundo a escrever por aqui com um nome estranho, sem se apresentar a ninguém, como se andasse aqui desde Dezembro, não se enganaram no blog, é o moço novo. Se bem que, se ele mantiver o nível que me tenho esforçado por baixar cada dia mais um bocadinho, vão desejar terem-se enganado no blog. E se calhar não vêm cá mais e nunca mais se enganam.
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