Nota-se bem que ando sem inspiração, principalmente por não visitar a fria e desprotegida porcelana há alguns dias. Além disso, vou repetir a temática dos transportes públicos, ainda por cima com a ajuda de uma moça com algum tempo livre que vem para aqui perdê-lo ao ler o blog. Pior que isso, lê e ainda se dá ao trabalho de dar ideias para novos textos. Podia dizer que já fez mais que o Teófilo nos últimos 5 meses só que ele anteontem mandou-me uma mensagem a perguntar se eu estava bem. Foi bastante atencioso.
Mas voltando ao tema da moça que me manda sugestões, há pessoas assim estranhas. Claro que vocês devem estar a pensar «grande moral a deste moço, a falar de pessoas estranhas quando ele é o pior deles todos». Discordo de vocês, mas respeito. Quer dizer, não respeito nada. Como posso ser eu o moço mais estranho de todos quando vejo moços que gostam de usar máscaras de latex durante o sexo ou quando vejo moças a lamentarem-se que não podem mandar mais mensagens até à meia-noite porque já atingiram o limite de 1500?
Perguntam vocês onde vejo e consigo saber disto tudo. A resposta é mais que óbvia e fácil: nos transportes públicos (que infelizmente tenho sido cliente assíduo). Vejam por vocês (mais alguns) fenómenos que acontecem nos transportes públicos (e só nos transportes públicos, ou então principalmente):
- Se repararem bem, 90% das pessoas que estão ao vosso alcance visual num transporte público ou são feias ou muito feias. De tal forma que os outros 10% que não se enquadram neste rótulo te parecem muito mais sensuais do que realmente são;
- Os fiscais (ou picas como lhes chamam, eu cá chamo-os de 'Moços que vêm ver se eu sou gandulo ou bom moço') parece que só se lembram de controlar as pessoas quando os transportes estão de tal maneira cheios que nem consegues ir ao bolso buscar o bilhete sem espetares uma cotovelada em alguém;
- O motorista olha-te de lado quando compras um título de transporte, como se não ter o passe fosse tão grave como não ter um braço ou não ter um testículo;
- Sempre que ando de transportes públicos tento lembrar-me de alguém famoso que tenha dito que passou 1/3 da sua vida enfiado em transportes públicos, tal como eu faço. A conclusão a que eu chego é que ninguém famoso disse tal coisa alguma vez, logo eu vou ser sempre medíocre como todos os outros que andam de transportes públicos;
- Nos dias em que todos os lugares sentados estão ocupados e eu sou uma das pessoas que tem a sorte de ir sentado, rezo a todos os deuses que existem ou não existem para que não apareça nenhuma grávida, nenhum velhinho de muletas ou nenhum deficiente, porque se aparecer já sei que vou ter que ser eu a levantar-me para se sentarem;
- O meu mp3 (principalmente os phones, o mp3 sem phones é como uma francesinha sem molho ou um chipicao sem creme) nos transportes públicos tem a mesma função que os preservativos, ou seja, evita que contraia uma doença contagiosa. No caso dos transportes públicos, evita que eu seja exposto à estupidez;
- Moços que têm carro e andam de transportes públicos é como aqueles moços que têm uma namorada espectacular, excelente pessoa e com um grande corpo mas que a traem com uma gorda que conheceram na noite;
- Quando saio na paragem em que tenho de sair e respiro fundo o ar, parece que tive fechado numa mina durante 3 dias, ainda que só tenha feito uma viagem de 20 minutos;
- Muitas vezes espero mais tempo por um transporte do que pelo prato principal num restaurante. No outro dia fui comer a um restaurante que passados 40 segundos tinha todo o tipo de entradas na mesa. Depois esperei 50 minutos pelo prato que pedi. Quando veio o bife já estava farto de comer pão e queijinhos e o bife até me soube a patê de sardinha;
- Outra coisa nos transportes públicos é o tipo de casal amoroso que podes observar. Por um lado, tens aqueles casais aberrantes, que parece que os dois se conheceram num circo, em que ele era o moço que limpava as jaulas dos animais e ela era a foca. Normalmente estes casais estão nos transportes públicos em clima de grande intimidade como se estivessem num quarto de hotel. Por outro lado, tens aqueles casais que vês que são completamente disfuncionais, que ou não falam ou quando falam mais valia estarem em silêncio, porque a qualquer momento vem gritaria dali.
E pronto, é isto. Tentei não dizer nada que já tivesse dito no outro texto que fiz sobre os transportes públicos mas como não me dei ao trabalho de ir ver o que tinha escrito é provável que tenha repetido alguma coisa. De qualquer maneira não quero saber. Ninguém se interessa pelo que fiz há 8 meses atrás, tirando se engravidar alguma moça. Aí, o que fiz há 8 ou 9 meses atrás vai ser uma coisa que me vai perseguir para o resto da vida. O outro sítio onde as pessoas se interessam pelo teu passado é nos transportes públicos, já que 80% das conversas que ouves (quando não levas mp3) é sobre coisas que essa pessoa fez há 30 anos atrás.
P.S.: Tenho que partilhar com vocês que muita da culpa de andar tanto de transportes públicos é minha. O Jorge Abel já se ofereceu para me levar de carro, mas ele tem sempre o rádio na Romântica FM e para isso prefiro ir de autocarro ou de metro mas a ouvir o meu mp3. É que se eu lhe disser para mudar de estação ele fica todo ofendido. Também não quero ir com o Tolentino que ele vai sempre a dizer que detesta moços que não dão piscas e que detesta quando está verde e o da frente demora 10 segundos para arrancar. Quando namorava com a Sandra Pêras cheguei a pedir-lhe boleia mas ela perdeu-se no caminho, nunca mais a vi e então acabamos. A partir daí, preferi sempre ir de transportes públicos.
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