sexta-feira, 28 de junho de 2013

A diferença entre os mosquitos e a minha ex-namorada


Voltou o calor e, mais do que as gordas outra vez a mostrarem os seus tops extremamente curtos para a sua estrutura «óssea», volta um fenómeno ainda pior: os mosquitos. Normalmente não me queixo dos bichos. As aranhas fazem-me lembrar o SpiderMan, que é o melhor desenho animado de sempre, os gafanhotos fazem-me lembrar as pragas no Egipto e como deve ser espectacular ser um Deus responsável por pragas em vez de se fazer só milagres e os escaravelhos fazem-me lembrar «A Múmia», quando aqueles escaravelhos comeram em 5 segundos o director da prisão. E ele era bem gordo! Era como se eu comesse um bife de 2,5 kg em 5 minutos.


Mas os mosquitos são os piores. Não por me chuparem o sangue que, se fosse por aí, ia ser o animal escolhido para uma nova série homossexualizante em que uma moça ia estar apaixonada por um moço que se transformava em mosquito e batalhava contra o seu instinto básico de chupar o sangue em prol do amor. Os amantes do «Sexo e a Cidade» iam ter uma nova série para ocuparem o seu horário tão preenchido entre comprar uma «écharpe» roxa ou comprarem Tofu numa loja de comida macrobiótica. Mas não é por isso que detesto os mosquitos (embora, neste cenário, os fosse detestar ainda mais), é mesmo pelo que eles fazem à noite (se bem que fizessem coisas mais questionáveis no caso daquela série).


Perguntam-se vocês então a diferença entre os mosquitos e a minha ex-namorada (que, já agora não vou dizer o nome e, se por acaso escrever é porque me enganei e tenho o 'Delete' estragado). Vejam lá por vocês:



  • Os mosquitos esperam pela noite para me atormentarem, sem me deixarem dormir. A minha ex-namorada não esperava por isso, atormentava-me a qualquer hora. Ainda me lembro quando eu fazia as minhas sestas pós-lanche, que era para não sentir muita fome até ao jantar e ela interrompia-me sempre com mensagens tão inúteis como «já lanchaste?»;

  • Os mosquitos chateiam-me a mim e às pessoas todas, no geral. Todos se queixam dos mosquitos. A minha ex-namorada só me chateava a mim, mas todos se queixavam dela. E há um montão de moços a queixarem-se das ex-namoradas deles. Não sei realmente onde está a diferença aqui. Se calhar, por vezes, os zumbidos dos mosquitos são mais agradáveis do que os berros da minha ex-namorada. Ah, exacto, é esta a diferença;

  • Os mosquitos andam à minha volta a azucrinar-me a cabeça para me chuparem o sangue e se alimentarem. A minha ex-namorada, além de nunca querer chupar nada, só me chateava a cabeça para controlar a minha vida e me obrigar a ir com ela ao shopping entrar nas lojas todas para não comprar nada;

  • Os mosquitos são um fenómeno do Verão. A minha ex-namorada chateava-me todos os dias. Ainda bem que só durou um mês. Nisso a cena dos mosquitos é pior, que o Verão dura três meses e eles só se vão embora mesmo no fim, como aqueles moços que só saem das discotecas quando o segurança fecha a porta, mesmo que não esteja lá mais ninguém;

  • Se eu quiser posso matar os mosquitos que me apetecer, como me apetecer e sem ter que prestar declarações sobre isso a ninguém. Pronto, é só isso. Concluam o resto, que fica mal dizer em público que às vezes me apetecia matar a minha ex-namorada, esconder o corpo dela na mala do carro do Tolentino e deixá-la ficar lá até arranjar daquele ácido que corrói os corpos sem deixar pistas. Ainda por cima a filha do juiz Porcelana anda por aí e facilmente me pode incriminar;

  • Quando os mosquitos mordem e chupam o sangue quase nem dás por isso. No dia a seguir tens ali um bocado vermelho mas depois passa. Quando a minha ex-namorada se punha a chatear-me começava num dia e passado uma semana ainda não se tinha calado com o assunto. Como se tirar fotografias com duas moças que estavam em Erasmus numa discoteca fosse algum crime. E como se eu tivesse culpa de não saber o que fiz nessa noite, como se fosse o culpado da minha memória falhar;

  • Se um mosquito me chateia a cabeça a noite toda e me inflige danos ninguém quer saber o que se passou nem oferece ajuda. Quando a minha ex-namorada me chateava, toda a gente vinha falar comigo a dizer que se eu precisasse de desabafar podiam contar comigo. Detesto essa merda das pessoas quererem ouvir os teus desabafos quando pensam que estás triste mas que se recusam a ouvir os meus desabafos sobre o facto de ter deixado de receber a Dica da Semana no meu correio há já algum tempo;

  • Mesmo que eu seja uma merda, nenhum mosquito me vai comparar com outras pessoas que já chateou e ferrou antes de fazer o mesmo a mim




Claro que agora que o Jorge Abel é um entendido do amor vai-me ligar a perguntar se ainda estou sentido com o fim deste namoro. Claro que estou sentido! Deixei um comando da Play Station em casa dela uma vez e agora não posso aparecer lá só para ir buscar o comando. E aquela porcaria custa 30 euros! 30 euros, além de serem 6 contos, são para aí 4 Bailleys daqueles que paguei à outra cabra. Mas não foi a esta última. O máximo que paguei a esta foi um Gatorade de laranja quando ela me disse que se sentia esgotada emocionalmente. Na altura só ouvi que ela estava esgotada e então comprei-lhe o Gatorade, ela depois é que disse que era emocionalmente. Mas como o Gatorade já estava pago e já, bebeu e até lhe soube bem. Nunca sabia o que queria o raio da moça.






P.S.: Eu gosto de pensar que escrevo para as mesmas 4 pessoas que vinham cá no início fazer-me o favor. Mas de repente olho para a minha página no Facebook, aquela em que me sinto importante, e vejo 49 pessoas. Portanto, ou são só pessoas a fazer número ou 45 pessoas estão ali para ler os textos do Jorge Abel ... Na minha página?!?! Como se atrevem?!?! Se gostam tanto dele criem uma página para ele, por exemplo «Eu juro que nunca vou trabalhar na Robialac». Pode ser que ele se sinta ainda mais importante, crie um blog só dele e deixe de vir aqui estragar O MEU.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Gostava que o Gary tivesse aceitado a proposta para ser camionista


Não estou chateado por saber que tinham feito esta proposta ao Gary pelo blog. Quem o conhece está habituado a saber estas coisas por outros meios. Ouvi dizer que a mãe dele só soube que ele já tinha acabado o 12º ano quando ele passou o mês de Outubro todo em casa e disse que já não podia reprovar por faltas porque já tinha acabado o secundário. E quem me disse não foi o Gary, mas o Rebelo da mercearia. Portanto, estas coisas não são novidade para mim. Agora percebo porque é que sempre que estou com o Gary só falamos de minotauros e de combates de boxe no Cazaquistão ou, se o Tolentino não estiver, das pancas do Tolentino.


Até porque é escusado pedir-lhe conselhos amorosos tendo em conta que numa ocasião uma namorada dele lhe disse que adorava surpresas e ele lhe pregou uma pêra a pensar que ela ia gostar dessa surpresa. O meu tio sempre disse que para uma mulher nos respeitar temos que impor respeito, por isso sempre que vou sair com uma moça ando com uma nota de 50€ a sair-me do bolso das calças. Isso sim, impõe respeito. Também chama a atenção de gandulos e é por isso que gostava que o Gary tivesse aceitado a proposta para ser camionista. Que gandulo é que me assaltava se soubesse que dos meus amigos, um deles era segurança e outro camionista?


Os camionistas são moços robustos e defendem os seus amigos. Os seguranças também deviam ser mas nem todos são. Aquele segurança que trabalha lá na fábrica, que faz o outro turno quando o Venâncio não está não é segurança nenhum. É magrinho, não tem nenhuma tatuagem, não vai ao ginásio e o carro dele é um Ford Escort. Não sei porque não despedem aquele segurança e põem lá o Nando Farras, que não sei o que anda a fazer na fábrica, só sei é que chega sempre atrasado. Numa ocasião, segunda-feira às 8:30 já estávamos todos a trabalhar e o Nando Farras só chegou na quarta-feira. Disse que pensava que era fim-de-semana prolongado porque quando vê os calendários nunca aparece lá nada assinalado e então ele tenta adivinhar quando calham.


Um fim-de-semana prolongado era o que eu precisava com a Paulinha. No outro dia perguntei-lhe quando podíamos ir tomar café e ela disse-me que a cafeína lhe fazia mal a uma doença crónica que ela tem no pâncreas. Perguntei porque é que ela não removia o pâncreas e ela disse-me que se o fizesse nunca mais podia ir trabalhar. Acho que me estava a mentir porque o meu tio já foi tirar o apêndice e continua aí de boa saúde. Está em tão boa saúde que aos lanches come 3 pães com Nutella, enquanto a minha tia só come uma maçã. Nunca ninguém fala no pâncreas, de certeza que se a Paulinha o removesse nem ia dar pela falta dele. É como se fizesse uma salada de fruta com pêras, bananas, maçãs, laranjas, uvas e ananás. Alguém deu pela falta dos morangos? É como com o pâncreas, mesmo sendo removido a Paulinha ainda tinha o coração, os pulmões, os intestinos, o apêndice e o fígado.


A Xana da cantina disse-me que sabia de uma pessoa de lá da fábrica que estava interessada em ir tomar café comigo e que não era a Paulinha. Quando lhe perguntei disse-me que se eu andasse atento descobria logo. Só espero que não seja o Dionísio que trabalha na parte dos escritórios. O Venâncio disse uma vez, numa pausa para tomar café que o Dionísio era rabicha. Como nunca tinha ouvido isso pensei que era um padre daquelas religiões todas esquisitas que dão nomes diferentes aos padres e que uns são pastores e outros são rabichas. Mas depois quando perguntei ao meu tio ele disse-me que rabicha era ser como o Teófilo, que escreve aqui no blog. Não quero ir tomar café com alguém que só fala de estatísticas.






P.S.: Acho que vou desistir da Paulinha. O Gary disse no outro texto que ela era fácil mas não me parece nada. Ainda hoje, quando fui trabalhar lhe perguntei o que é que ela fazia depois do trabalho e ela disse-me que não ia fazer nada. Estragou-me logo os planos todos. Pensei que me ia dizer que íamos sair ou que íamos beber um sumo. Assim torna-se difícil. Nem sei que sumos é que a Paulinha pode beber. Se o café lhe faz mal ao pâncreas só deve poder beber sumos de pêssego. Assim um Ice Tea ou isso. Compal não, que desde que bebi um Compal de Pêra que nunca mais fui o mesmo.

domingo, 23 de junho de 2013

Porque é que ser camionista não é ser o maior


Estava eu sossegado a ver moças a fazerem coisas que não deixariam os seus pais nada satisfeitos com elas quando recebi um e-mail. Detesto ser interrompido quando estou a ver a previsão do tempo. Mas perguntam-se vocês qual o motivo deste e-mail, porque não ia começar a receber um texto assim se tivesse recebido daqueles e-mails que têm um Powerpoint e que eu nunca abro ou se fosse alguma publicidade. E têm vocês razão. Este e-mail que recebi era de uma proposta de emprego para mim. Sugeriam-me ser camionista.


Numa primeira análise, nem era uma proposta má. Estava longe do Jorge Abel, ia visitar outras localidades e países e até existia uma música, que podia passar o meu toque de telemóvel. Aquela que o moço que canta diz «sou camionista, sou o maior». Digam-me que mais profissões no Mundo têm músicas assim. Há aquela dos toureiros, mas está em espanhol. Em português não há mais nenhuma assim. Tirando aquela do Quim Barreiros de ser chefe de culinária. Nunca vi nenhuma música sobre serralheiros, caçadores, calceteiros ou bombeiros. Mas já vi uma vez um filme que era «As Bombeiras das Virilhas». Digo-vos já que não correspondeu às minhas expectativas.


Mas depois pensei bem e achei melhor rejeitar a proposta. Afinal de contas ser camionista não é ser o maior, pelo contrário. Olha vejam lá porquê:



  • Experimentem dizer a uma moça num encontro ou numa disco que se é camionista e a noite vai ser a seco. Dizer que se é astronauta, neurocirurgião ou psiquiatra cola, mesmo que as moças saibam que se está a mentir, mas mal se diz camionista afastam-se logo e «vão ter com uma amiga»;

  • Vi uma vez num documentário que havia descontos especiais para camionistas em espetadas ou entrecosto, nas churrasqueiras à beira da estrada ou nas estações de serviço. Mas pesquisei melhor e descobri que isso é um mito urbano. Paga-se como os outros, como se fosse um desempregado, um mecânico ou um violador (que também acaba por ser uma profissão, ainda que só reconhecida no código penal);

  • Também ouvi uma vez que os camionistas tinham descontos na saúde mas depois disseram-me que isso era para os pensionistas. Portanto, os cabrões dos pensionistas têm mais regalias que os camionistas? Peço desculpa, não queria dizer cabrões. Até porque alguns pensionistas podem já ter sido camionistas e esses merecem todas as regalias;

  • Os camionistas conduzem durante 8 ou 10 horas seguidas. Uma vez joguei Call of Duty durante 8 horas seguidas e depois nunca mais peguei na porcaria do jogo. Já estava farto, nem o podia ver à frente. Imagino eu a conduzir 10 horas até França ou até à Islândia e depois não querer conduzir nunca mais. Tinha que vir de avião para casa e ficava muito mais caro;

  • Enquanto camionista, uma de duas coisas me ia acontecer: ou ia ter um parceiro de viagem chato ou ia sentir-me na obrigação de dar boleia a moços duvidosos que iam para sítios ainda mais duvidosos com intenções que até o próprio Jorge Abel ia achar questionáveis. O Jorge Abel que, quando uma vez lhe perguntaram se já tinha ouvido falar do Armagedão disse que não mas que tinha visto todos os Armas Mortíferas;

  • Enquanto bom camionista ia ter que andar sempre de camisa e um boné verde. Este boné, possivelmente, com o passar do tempo, ia ser daqueles que se fizeram para a selecção portuguesa no Euro 96, que vieram em excesso e então ainda hoje há caixas empacotadas desses bonés para se dar aos imigrantes, aos camionistas e aos moços que vão aquelas festas populares organizadas pela TVI;


  • Os camiões só têm rádio, não têm leitor de CD. E ainda por cima têm que ir sempre na Rádio Popular ou na Renascença. Se mudar para uma rádio como a Comercial ou a Nova Era e for apanhado por outros camionistas posso ser espancado sem critério e sem ninguém ir preso.



Sendo assim, preferi manter-me desempregado. Não por causa deste último ponto, já não me lembro da última vez que ouvi rádio. Mas sei que uma vez trabalhei num sítio que estava sempre na Rádio Popular e aquilo tinha música popular, fados, brasileiros a rezar e publicidade a talhos. Nem era uma rádio má menos quando dava músicas da Romana. Sempre me intrigou uma moça que se juntava com um moço que já tinha sido casado e ainda reclamava por causa da influência que a ex-mulher tinha nele. Tanto quanto sei a Romana pode ter sido a amante do moço e ter acabado com o casamento deles e ainda está ali a reclamar? Mania destas moças de violarem aquele princípio social do «não faças aos outros o que não gostas que façam a ti». 





P.S.: Até gostava de saber como é que vocês reagiram aquele desabafo infantil do Jorge Abel estar apaixonado pela Paulinha. Com pena dele? Com alegria por ele estar a viver o amor? Ou penitenciaram-se por o terem encorajado a escrever e agora terem que levar com estes desabafos? Eu reagi com pena. É que a Paulinha é daquelas moças que se a convidares para tomar café e no fim tomares a iniciativa de pagar, no carro já tens acção garantida. É muito fácil. Nem sei porque é que o Nando Farras se deu ao trabalho de lhe levar um chourição a casa.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Estou apaixonado pela Paulinha lá da fábrica


Tenho a certeza que o Gary vai já começar a dizer que faço do blog o meu diário pessoal mas isso não é bom? Olhem se aqueles moços que fizeram um diário da paixão deles em filme não ganharam um montão de dinheiro à custa disso. E ele também não se pode queixar muito que ainda no domingo fez do blog o sítio para descarregar a fúria dele só por causa do que o Mário do talho lhe disse. Agora fiquei com uma dúvida. Se o talho fechou, tenho de lhe continuar a chamar Mário do talho ou posso só chamar Mário? Ou Sr. Mário, por uma questão de respeito. E se ele for para outro talho, chamo-lhe na mesma Mário do talho ou, para que o outro talho nunca caia em esquecimento, chamo-lhe Mário do antigo talho? Isto das relações sociais é complicado à brava.


O que não é complicado é o amor. Quer dizer, na prática é muito, mas os sentimentos são mesmo puros. Já não me lembrava do que era estar apaixonado. Quer dizer, por acaso lembro-me. Foi com a Cristiana, que era da minha turma. Era mesmo inteligente, tirava sempre 4 a Matemática. Mas não era daquelas que tirava 4 a Matemática e depois tirava 3 a Educação Física por se esforçar. Não, a Cristiana não. Também tirava 4 a Educação Física e ainda me ganhava ao braço de ferro. Era um amor diferente do que o que tenho agora pela Paulinha. Já vos falei da Paulinha, é a recepcionista lá da fábrica. Perguntei à Xana da cantina se sabia se a Paulinha era solteira mas não foi grande ajuda. Disse-me que sabia que a Paulinha era Aquário e que sempre que era arroz de pato na cantina, pedia à Xana para pôr um bocadinho mais, que gostava. De resto não sabia mais nada.


Tenho a certeza que a Paulinha também gosta de mim. Se não gostasse não me dizia sempre «Bom dia» com um sorriso daqueles. E eu sei bem distinguir os sorrisos genuínos dos forçados, bem via na cara das velhinhas quando lhes levava os sacos da carne a casa um sorriso de felicidade e eram parecidos aos que a Paulinha faz quando me vê. O Nando Farras uma vez disse-me que levou um chourição a casa da Paulinha e que ela gostou muito por isso, um dia destes talvez lhe leve um pato, para ela fazer arroz de pato em casa, já que a Xana da cantina diz que ela gosta tanto. Só não percebi aquilo de ela ser Aquário. Será que se chama Paulinha Aquário? Que nome esquisito. Ou se calhar a Xana da cantina só lhe estava a chamar gorda, por inveja. Não sei. Aposto mais em ser o nome de família. Há nomes muito esquisitos. Uma vez tive um professor de História que se chamava Dias Peres. Eu pensava que Dias era só apelido, mas aquele professor tinha-o como primeiro nome. Não gostava nada desse professor, obrigava-nos a decorar as datas todas, até a do aniversário dele e a do casamento do irmão, e depois nos testes nunca perguntava datas.


Tenho pesquisado na net para descobrir mais sobre o amor. Infelizmente só me aparecem sites para descobrir mais sobre posições sexuais ou outros sites que dizem que uma moça na Tailândia está apaixonada por mim e quer que lhe envie o dinheiro para comprar um bilhete de avião para vir ter comigo. Mania de se confundir o amor com o sexo, é como se confundir um bife com ser-se atrasado mental. Ainda não percebi o que o meu tio quis dizer com esta mas achei que ficava bem aqui. Por falar no meu tio, também lhe perguntei coisas sobre o amor e ele ensinou-me três lições que nunca mais vou esquecer e vou aplicar na Paulinha: primeiro, que se dormir na praça pensando nela, o senhor guarda vai compreender que sou um «cara» carente e não me vai levar preso; segundo, que não há maior amor que uma vizinha divorciada e a viver sozinha emprestar a sua garagem; terceiro, que nunca me apaixone por uma prostituta porque depois em vez de pagar por sexo, pago por amor.


Em relação à Paulinha estou descansado, que ela é só a recepcionista da fábrica. E nunca pensou em ir trabalhar para a Robialac! Já são dois pontos em comum! E também gosto de arroz de pato, já são três. Ando a ganhar coragem para a convidar para sair, só não sei para onde. O Matthew Praias dizia que o melhor sítio para se levar uma moça era para casa dele, mas não sei por onde é que ele anda, não a posso levar para lá. O Rebelo dizia que levava sempre as moças ao paraíso, mas não conheço esse café. O Gary sempre me disse que o melhor sítio para levar moças era a sítios em que não houvesse Bailleys à venda. Como não foram grande ajuda perguntei ao meu tio, que me disse que conhecia um bar que era bom para moças, que lhes pagava bem desde que as pessoas bebessem muito. O meu tio tem sempre razão, não sei porque não lhe pergunto coisas mais vezes.





P.S.: Por acaso ia perguntar ao Tolentino o que é que ele fazia na minha situação mas acho que ele nunca esteve apaixonado. Como é que uma pessoa que detesta tanta coisa se pode apaixonar por uma pessoa como eu estou apaixonado pela Paulinha? Claro que já o ouvi dizer que amava os panados da Churrasqueira e que adorava que alguém atropelasse o patrão dele com um tractor agrícola, mas não me parece que isso seja o suficiente para se estar preparado para amar alguém. 

domingo, 16 de junho de 2013

Algumas séries de televisão que me apetece enxovalhar


Hoje estou revoltado. Apanhei na rua o Mário do talho que me disse que o talho ia fechar. Carago, já não bastava ter que o encontrar com a família toda num passeio de domingo, ainda por cima uma notícia destas! É que a família do Mário do talho é daquelas que almoça toda junta ao domingo e depois vai passear. É daquelas famílias que a mulher é muito gorda, nunca recuperou depois das gravidezes, e da maneira que vão todos juntos ocupam o passeio todo. Agora imaginem-me ali, no meio do passeio, a falar com o Mário, a família dele toda atrás e as outras pessoas a terem que atravessar a rua para poderem passar. Agora onde vou eu buscar a minha carne? A um desses talhos que vendem rissóis de pescada? A um supermercado? Ao menos se tivesse aquela aplicação no telemóvel dos talhos que não vendiam rissóis de pescada num raio de 30km já sabia onde ir ...


Mas o problema não é só qual o talho. A relação que um homem estabelece com o seu talhante é das mais importantes. Para se ser feliz temos que ter um mecânico de confiança, um barbeiro do mesmo clube, um moço que nos arranje o computador sem inventar problemas para lá e um conhecimento no talho. Agora vou ficar sem isto! O Jorge Abel disse-me que ao menos conhecia uma pessoa numa fábrica de tintas, mas isso era a mesma coisa que ficar sem um braço mas continuar feliz porque ao menos tinha o pâncreas. A sério, não sei como é que vocês ainda dão credibilidade ao que diz o Jorge Abel, um moço que pensa que Magenta é uma marca branca de gelado a copiar o Magnum.


Revoltei-me tanto com o que o Mário do talho me disse que me estragou logo o dia. Até tinha pensado em escrever um texto a ter piada onde mostrava as vantagens e desvantagens se os seres humanos fossem seres invertebrados mas sendo assim vou só enxovalhar algumas séries de televisão, apenas para descarregar a minha fúria:



  • CSI: não percebo como é que isto tem tanto sucesso. Basicamente, toda a gente sabe que no fim o culpado vai ser apanhado e vai confessar o crime de alguma maneira. Ao início os crimes ainda eram decentes mas agora é sempre o mesmo: ou tiros ou empurrados de prédios de 20 andares. Em Miami os corpos aparecem sempre na praia ou em piscinas e no de Las Vegas aparecem sempre em casinos. Quando era mais novo não fui ver o Titanic ao cinema porque o Vicente da minha turma disse-me como é que acabava, mas toda a gente que vê o CSI faz precisamente o contrário: sabe o fim e vê na mesma;

  • Nikita: para quem não conhece a série eu descrevo-a assim: é uma moça chinesa que bate em toda a gente e safa-se sempre. Digam-me como é que consegue trabalhar infiltrada. Os mauzões não comunicam entre eles? Não passam a mensagem que uma moça chinesa, alta e esguia, os anda a abarbatar a todos? Depois estas séries fazem as pessoas passar por burras, que uma moça destas passa despercebida desde que use um rabo de cavalo e uns óculos de sol;

  • Anatomia de Grey: vi estas série duas vezes. Uma vez estavam duas moças aos beijos e eu deixei ficar. Outra vez estava a fazer zapping e o comando ficou sem pilhas no canal em que estava a dar isto. A conclusão a que eu chego ao ver esta série é que espero bem que no meu hospital, aqui perto de casa, não existam médicos assim, que estão a fazer uma operação e ao mesmo tempo estão a falar um com o outro sobre o que significou terem dormido juntos na noite passada. Ao menos o Dr. Borges aqui do hospital faz as operações sempre de manhã, que ele ao almoço abusa sempre um bocado no vinho;

  • Dr. House: médicos arrogantes há em todo o lado. Por exemplo, o Dr. Borges uma vez deu dois estalos ao Chaves, do tasco, por ele lhe dizer que beber tanto lhe fazia mal à saúde. Levou a mal o Chaves estar-se a armar em médico quando ele é que tinha estudado durante 5 anos para isso. Mas nisso o Dr. Borges tem razão, o Chaves está sempre a armar-se em coisas que não é. Uma vez fomos todos jogar futebol e fiquei na equipa do Chaves e ele disse-me que eu ia jogar no meio. Estava ali armado em treinador e aposto que nunca ganhou nenhuma Liga dos Campeões no FM, como eu já ganhei;

  • Mentes Criminosas: a primeira vez que vi esta série até me entusiasmei. Um moço todo alterado que pegava em sem-abrigos e os assassinava de maneiras horríveis. Isso sim é um programa para uma pessoa aliviar um bocado a cabeça e não pensar nos problemas do dia-a-dia. Mas depois os criminosos começaram a ser todos apanhados, quase como no CSI mas aqui não era por causa de provas ridículas. Basicamente, uma moça gorda, daquelas que passa o dia sentada em frente ao computador, descobria tudo só a navegar na Internet e depois dizia aos outros e eles é que ficavam com o mérito todo. Aposto que cada agente ganhava aí uns mil contos por mês e a moça nem chegava aos 600 euros;

  • Sobrenatural: quer dizer, o Luís Tolo foi internado em 1999 porque andava aí a dizer às pessoas que via os soldados do mal a matar cristãos para a Jihad triunfar. Mas se andarem aí dois moços, com uma caçadeira, a matarem fantasmas e lobisomens faz-se uma série disso. E não eram só os dois moços! O pai deles também andava nessa vida. Ao menos o pai do Luís Tolo era professor de Geografia. Os testes dele eram bem lixados. Quando o pessoal se portava mal, ele nas aulas dava as capitais de países da União Europeia e nos testes perguntava capitais de países africanos;

  • Casos Arquivados: esta é a pior. Não sei o que comi ontem ao almoço. Quer dizer, por acaso até sei. Mas não sei o que almocei anteontem. Nem sequer faço a mínima ideia do que vesti quando fui aos anos do Tolentino. E muito menos sei como se chamava a minha última namorada. Sei é que era uma picuinhas da merda, onde é que já se viu acabar um namoro só por eu não saber o nome dela. Mas nesta série não. Vão desenterrar casos de há 20 anos atrás e quando vão interrogar as pessoas elas lembram-se de tudo. Não há nem uma que se tenha esquecido de nada, amnésia ali não há. E depois também resolvem sempre tudo, armados em CSI's.




Não pensem que só as séries estrangeiras são más. Um dia vou reflectir sobre séries portuguesas que têm mil motivos para serem enxovalhadas. Para já vou falar só de uma que é o auge do pobrezinhos que somos. Alguém se lembra do Major Alvega? Basicamente, era o Ricardo Carriço armado em herói a matar nazis, que eram portugueses a falar com sotaque alemão para as pessoas pensarem que eles eram mesmo nazis e os cenários eram desenhos animados. A União Europeia começou a parar de mandar dinheiro para Portugal e a perder a esperança em nós quando uma vez um responsável deles veio cá de férias e viu um episódio do Major Alvega a dar na RTP. E o pior é que passados 15 anos, o Ricardo Carriço continua a entrar nas novelas todas, talvez para as pessoas se esquecerem que ele era o Major Alvega.






P.S.: Lembrei-me agora de outra do Ricardo Carriço que nunca mais vou esquecer. Uma vez vinha de viagem e vi o Ricardo Carriço numa estação de serviço, acho que era em Santarém, a comprar uma revista. Se não me engano era a «Visão» ou outra dessas que traz notícias e reportagens normais que não interessam a ninguém. Mas quando a moça da caixa se virou para fazer-lhe o troco, ele pegou num chupa e pôs ao bolso. O que me revoltou foi que ele teve tempo suficiente para escolher o sabor e pegou num de cereja, logo os piores, quando tinha ali à mão de semear um de cola ou um de limão.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Traições do dia-a-dia


Não pensem que vou falar do Jorge Abel e começar-lhe a dar já importância logo na primeira linha. Não pensem também que vou falar de como o Teófilo me traiu no Verão, quando me prometeu que cá vinha escrever qualquer coisa e a única coisa que fez foi informar-me que havia pessoas das Filipinas a virem parar aqui ao blog. Também não vou falar de como traí a Gina, filha do sapateiro, por ter comido uma clementina quando namorava com ela. Sempre pensei que clementina fosse nome de um fruto mas afinal também era nome de pessoa. Não sei porque continuo a escrever clementina com letra minúscula, se ainda estou em negação ou se apenas para vos fazer pensar que ainda estou a falar de fruta e não de uma moça.


No outro dia disseram que o meu nome era estranho, até me perguntaram se eu era chileno. Pensei que era pelo meu tom de pele moreno que a vida de desempregado me permite ter já por esta altura, mas não. Quem me perguntou foi o Norberto, um moço de que raramente falo mas do qual tenho sempre histórias para contar quando me cruzo com ele. O Norberto é conhecido por fazer perguntas às pessoas que nunca ninguém fez. Realmente a mim nunca me tinham perguntado se eu era chileno. As perguntas mais esquisitas que me fizeram, sem contar com essa, foi se eu sabia qual a capital do Bangladesh num teste de Geografia e se eu conseguia descrever o agressor num interrogatório da Polícia. Antes que pensem, não fui preso. Só estava a passar na rua quando vi um moço a espancar o outro. Pensei que era daqueles teatros de rua e deixei-me ficar a ver. Depois fui considerado testemunha. Porcaria de teatro, a envolver os espectadores.


O moço que levou um tareão disse, sem eu o conhecer de lado nenhum, que o tinha traído. O que me levou a pensar que as traições são algo que todos fazemos, uns mais descarados que outros. Vejam lá alguns exemplos de traições do dia-a-dia que nem damos conta que fazemos:



  • As pessoas que andam nos autocarros são as que mais traem sem saber. Quando entram num autocarro, o objectivo é irem até ao fim com o motorista, até ao destino final. Mas maior parte sai a meio, abandona o motorista e dá um mau exemplo aos outros, que vêem que tudo é possível e também saem a meio. Aposto que também saem a meio das relações, sem dar explicações a ninguém;

  • Toda a gente que se deixa enganar e come iogurtes de frutos do bosque, mais que a trair a realidade ao comer frutos que não existem, que são inventados, está a trair os outros frutos todos, que existem e que são reais. Também poderia dizer que estão a trair a sua masculinidade, mas se formos por aí há moços que fazem isso a comer bananas. E as bananas não são frutos inventados! Imaginem o que sente uma maçã, uma pêra, uma nêspera sempre que são trocadas por frutos inventados. Porque já vimos que não há frutos do bosque;

  • Sempre que lêem um texto do Jorge Abel e se riem estão a trair a comédia. Piada tinha o Gil Vicente, que na altura dele enchia as cortes e fazia o rei rir. E olhem que não era nada fácil fazer o rei rir! Aposto que se o rei fosse a um espectáculo de stand-up do Fernando Rocha vinha embora passados 10 minutos, sem se rir uma única vez. Eram pessoas sisudas naquele tempo e o Gil Vicente conseguia fazê-los rir. Já para não falar que só o facto de lerem essas coisas que o Jorge Abel escreve aqui é uma traição à minha pessoa, um discípulo de Gil Vicente;

  • Cada vez que aqueles moços com gostos duvidosos ou que simplesmente gostam de ser diferentes compram umas calças verdes, roxas ou rosa estão a trair descaradamente aqueles pobres reivindicadores dos direitos do Homem, que foram perseguidos, torturados e mortos por defenderem a liberalização das calças de ganga. É que antigamente só se podia usar calças daquelas de flanela grossa, que no Verão faz um calor horrível. Agora, que se podem usar calças confortáveis graças a esses lutadores, vêm uns moços com calças de pano verdes claras;

  • Não consigo vislumbrar maior traição à masculinidade do que beber uma Mini. Ou mini. Não percebo porque é que uma coisa «mini» tem que levar maiúscula. Se é mini que fique a letra pequena. Mania de ser grande. Mas adiante, as minis foram criadas com o intuito de servirem as pretensões femininas, para aquelas esposas que o dever do casamento obrigava a acompanhar uma francesinha com uma cerveja e não com um Compal de Laranja. Na impossibilidade de se beber uma cerveja de 33cl (e sabendo-se que é crime deitar fora cerveja!) as marcas criaram as minis, para as mulheres poderem acompanhar a francesinha com cerveja, mas em menor quantidade. Sempre que vejo moços a pedirem uma mini, vejo-os a trair a sua masculinidade;

  • Já muito falamos disto por aqui, mas nunca é demais recordar. Os talhos são, e sempre foram, um dos baluartes da sociedade. Quando há crises sociais e económicas profundas, há crises nos talhos. Quando há escassez de alimentos, há escassez nos talhos. Quando há guerras, há sempre alguém com um cutelo de talho na mão. Os talhos são fundamentais! Mas também eles passam por uma crise actual. Uma crise de traições à classe, ao tradicionalismo puro, desses talhos modernos a vender rissóis de pescada como se fosse entremeada ou ossobuco. Um talho que vende rissóis de pescada é uma traição à pátria. O que faz com que alguém que compre essas coisas num talho um traidor da pior espécie;

  • Normalmente critico aquelas gordas que mal vêem dois raios de sol vestem um top, umas leggins com padrão leopardo e vão para uma esplanada comer um gelado. Mas hoje não, porque ao menos estão a ser fiéis à sua condição de gordas. Agora, critico é aquelas que traem o que são e se põe a beber Coca-cola zero ou a comerem bolachas de água e sal. Se é para deixarem de ser gordas que se metam num ginásio ou que emigrem para os Estados Unidos. Uma gorda em Portugal passa por uma moça normal nos Estados Unidos, disse-me um tio meu que vive em Massassuchets; 

  • Por último, mas não o menos leve, não consigo tolerar alguém que critique uma coisa tão sólida e provada cientificamente pelo senso comum como são os estereótipos. Dizer-se que os estereótipos são maus, negativos, imprecisos e que quem os utiliza é antiquado é trair as bases da fundação da sociedade moderna, a qual foi assente precisamente em estereótipos. O pior é que os que criticam os estereótipos não vêm com ideias novas nem, como eles dizem, mais precisas. Só dizem que está mal, mas dar uma solução nada. Ao menos eu continuarei a reger-me por estereótipos, que eles, ao contrário de certos ex-amigos, nunca me falharam.




Sim, aquela parte dos ex-amigos era para o Jorge Abel, mas não só. Também era para o Matthew Praias. E também era para o Justiniano, que foi da minha turma no 7º ano e me obrigou a pagar-lhe 5 contos porque lhe parti um espelho em casa na festa de anos dele. As pessoas já deviam saber que fazer festas de aniversário em casa dá sempre problemas! Ainda por cima fez uma festa com bar aberto, era Trinaranjus à descrição, perdi a cabeça. Nunca mais lhe falei. E quando o Jorge Abel ainda era meu amigo e trabalhava no talho, uma vez levou-lhe 7 contos a mais numa encomenda que ele fez para o mês inteiro. Deixei o Jorge Abel ficar com o resto e eu reavi os meus 5 contos. Se eu soubesse o que o Jorge Abel ia andar a fazer estes últimos tempos tinha eu ficado com os 7 contos. E expulsava-o do blog antes disto acontecer, pelo sim, pelo não.






P.S.: Agora que reli o texto não posso deixar de pensar numa situação em que não reflecti tanto como deveria. Porque é que não há iogurtes de nêspera? Nem sumos de nêspera, nem Compais de nêspera, nem refrigerantes de nêspera. Nem sequer há champôs de nêspera! Tendo em conta os estereótipos infalíveis, posso considerar que as nêsperas são os pretos da fruta, deixam-nos existir em liberdade mas dão-lhes raríssimas oportunidades de subirem na vida. Critiquem agora os estereótipos, moços modernos que vestem calças verdes e bebem minis a acompanhar os rissóis de pescada que compraram no talho.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Porque é que detesto trabalhar


Vocês descobriram pelo Jorge Abel que comecei a trabalhar. Tenho a dizer que ele ficou mais contente por eu trabalhar do que eu. Grande porcaria isto de trabalhar, mais valia estar desempregado. A única coisa positiva é mesmo o dinheiro que ganho ao fim do mês, não imaginam a quantidade de Capri-Sones que podia comprar  com o meu salário. Vocês não imaginam mas eu sei. Podia comprar 688 Capri-Sons, o Gary fez as contas. Mas tinham que ser dos de laranja, que se fosse dos de frutos tropicais já só podia comprar 604.


Não é que ser segurança seja um mau trabalho, há coisas piores. Por exemplo, trabalhar numa fábrica de tintas. Não sei como é que o Jorge Abel consegue, mas ele sempre foi bom moço e sempre fez aqueles recados que ninguém queria fazer. Por exemplo, quando já nem eu nem o Gary podíamos aturar o Teófilo com as conversas sobre os passos de valsa que ele dançava melhor, deixávamos lá o Jorge Abel, que ele entusiasmava-se e fazia bem o papel de amigo.


Mas agora vou dizer porque é que detesto trabalhar:



  • Estou sempre de pé. Aliás, nunca tive tanto tempo de pé na minha vida como quando estou a trabalhar. Agora percebo porque é que nunca dei jogador de futebol, que eles estão de pé 90 minutos, mais os descontos e eu, mal vejo que não está ninguém a passar sento-me ou encosto-me logo;

  • Onde trabalho dá para ver televisão. E o pior é que, desde que trabalho, tudo na televisão parece mais interessante. Para o tempo passar mais depressa até me deixo ficar a ver os dramas das pessoas que vão à Fátima Lopes. Detesto dramas. Detesto histórias tristes. Mas ao menos faz o tempo passar mais rápido e quando dou por mim já são 18h e posso ir para casa lanchar;

  • Uma coisa que não percebo é se sou segurança ou porteiro. A mim disseram-me que tinha que garantir a segurança do edifício mas ninguém me avisou que tinha que estar sempre a dizer «bom dia» e a abrir e fechar a porta para as pessoas entrarem e saírem. Estão-me sempre a mentir e a esconder coisas;

  • Como é que eu não podia detestar trabalhar se nem o almoço me satisfaz? Vejo muita gente fazer cara de contente quando chega a hora do almoço mas para mim é um tormento. Ou, cheio de fome, como muito e faço grande almoço mas depois fico cheio de preguiça o resto do dia ou, para evitar isso, como pouco e fico cheio de fome. Com tanta fome que chega às 3 da tarde e as pessoas já me parecem Chipicaos de morango;

  • Eu já detestava ir trabalhar quando me disseram que ia ter que usar farda. Ainda fiquei a detestar mais quando vi que a farda que me obrigavam a usar todos os dias, quando está calor é quente à brava e naqueles dias frios até me faz tremer. O pior é que não posso pôr um casaco por cima, nem andar só de t-shirt, não me deixam. Portanto, tirando dias de temperatura amena não posso trabalhar sem estar a suar ou a tremer;

  • As pessoas caridosas dão uma esmola aos mendigos e um daqueles jornais gratuitos aos seguranças da entrada. Esse é mais um dos motivos que me faz detestar trabalhar. Ninguém me empresta um jornal desportivo ou pelo menos «O Crime», só os gratuitos. E esses são os piores que só vêm notícias de famosos, signos, sudokus e recordes do mundo. E eu detesto recordes do mundo! Mais do que detesto Sudokus, que nem sei fazer aquela porcaria. Se eu fosse bom com números não tinha reprovado a Matemática;

  • Não há nada pior no meu trabalho do que ter que usar as mesmas expressões para toda a gente. Se é pessoa até aos 30 anos é «jovem», se for mulher entre os 30 e os 50 é «menina», se for mulher acima dos 50 é «minha senhora» e se for homem acima dos 50 é «caro amigo». Agora nem às minhas expressões tenho direito. E ainda por cima nem são expressões à segurança, sinto-me um empregado de restaurante a dizer estas coisas. E todos sabemos que os empregados de mesa são os escravos neo-clássicos;

  • Afinal enganei-me, há uma coisa pior do que o ponto em cima. O pior é quando encontro pessoas que me conhecem e, quando me vêem lá pela primeira vez fazem SEMPRE A MESMA PERGUNTA: «Então, trabalhas aqui?». Só me apetece dizer que não, que estou a fingir que trabalho ali, a preparar-me para o Carnaval. Detesto o Carnaval. E detesto esta pergunta também. Ainda por cima o Gary vai lá de propósito de vez em quando só para me fazer essa pergunta e depois vai embora.




Perguntam-me vocês então porque não me vou embora. São vocês que me vão pagar as coisas? Antes fossem, demitia-me já hoje. Quer dizer, hoje não que é folga, não vou estragar a minha folga para ir lá apresentar a demissão. E vocês não são pessoas de confiança. Desde que o Gary me disse que houve uma pessoa que chegou ao blog por pesquisar no Google «recordes do mundo» não vos dou crédito nenhum. A não ser que me queiram pagar as minhas coisas, aí sou o vosso melhor amigo.






P.S.: Para que é que preciso da merda de um P.S.? Já escrevi tudo o que tinha a escrever. Isto dos P.S.'s parece quando me contratam para ser segurança e me obrigam a ser segurança, porteiro, empregado de mesa e guia turístico. Ah, e já me estava a esquecer, também tenho que ser especialista do tempo, que as conversas vão sempre dar a isso. Realmente, já percebi para que serve o P.S., se me esquecer de alguma coisa ponho aqui. Mesmo assim continuo sem perceber porque raio as pessoas falam do tempo comigo, que sou só o segurança!


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Países para onde eu emigrava e o que ia fazer para lá


Já estive mais longe de emigrar. Uma vez ia emigrar para Espanha mas parei num tasco em Espinho para beber uma cerveja e quando saí de lá não tinha dinheiro para a gasolina nem para as portagens. E já era de manhã do dia seguinte. Juro que aquele tasco parecia aquela sala de treino do Dragon Ball em que as pessoas passam lá um ano inteiro e cá fora só passou um dia, mas ao contrário. Acabei por voltar para casa a tempo de almoçar o que fez com que a minha primeira experiência de emigrar não tenha sido assim tão má. Ainda por cima o almoço foi frango assado. Quão bom é frango? A única forma de estragarem o frango é quando lhe metem ervilhas por cima. As ervilhas estão para a comida como a cerveja sem álcool está para as bebidas alcoólicas: simplesmente não deveria existir.


O que também não devia existir eram textos do Jorge Abel. O que é que vocês lhe andam a dizer que o moço agora não para? Porra, anda aqui uma pessoa a habituar-se à ausência do Teófilo e a pensar que tem um blog pessoal e de repente aparece o Jorge Abel a roubar-me o protagonismo todo. E por culpa vossa! Claro que depois de ver o que tem acontecido nas últimas duas semanas só me apetece emigrar! Mas não é como aquele moço que chegou ao blog através da pesquisa «quero viver no Lesoto». Moço! Queres mesmo? Tu não sabes o que é viver no Lesoto! Eu também não mas faço ideia e não queria viver num país que é considerado como estando «encravado» na África do Sul. E não sou eu que digo, é a Wikipédia! Cuidado com o que desejas. Eu aprendi isso da pior forma quando uma vez desejei que o Goucha nunca mais aparecesse com casacos às flores e ele apareceu com uma t-shirt com um leopardo.


Mas não pensem que aquela experiência do tasco em Espinho me fez esmorecer da ideia de emigrar. Um dia ainda vou mesmo. E como até há moços que vêm aqui ao blog e que são do Bangladesh, há net em todo o lado, ninguém ia sentir a minha falta. Vejam lá alguns países para onde eu emigrava e o que ia fazer para lá:



  • Arménia: este é um país fixe. Se tivesse que emigrar já amanhã, a Arménia era a primeira escolha. O grande problema da Arménia é que um casaco de pele custa para cima de 300 contos e ainda por cima o contrabando não é grande coisa por lá. Mas sempre me disseram que as oportunidades são para se aproveitar. Montava uma empresa de contrabando e em meio ano ou estava milionário ou estava morto. De qualquer maneira vamos morrer todos um dia, só esperava que depois não me enterrassem no Monte Ararat, mesmo à beira onde a montanha pare os ratos;

  • Macedónia: nunca percebi bem porque é que há uma comida que se chama macedónia de legumes. Aposto que eles lá nem sonham com isso. Informei-me sobre a Macedónia, que tem uma política de integração dos imigrantes pouco desenvolvida. Sempre que chega lá algum imigrante só lhe perguntam o nome e porque raio é que quer ir viver para a Macedónia. Para mim isso era fácil, dizia logo que queria ser polícia lá. Os polícias na Macedónia não pagam nos bares e ainda por cima se espancarem vendedores ambulantes quando estão bêbados passam impunes. Se espancarem vendedores ambulantes quando estão sóbrios levam 2 anos de cadeia;

  • Letónia: a primeira coisa que eu fazia na Letónia era comer uma letoa. Sempre que vou à Bairrada como letão, que lá é que é bom, até o molho fazem melhor do que nos outros sítios todos. Mas nunca comi uma letoa. Ouvi dizer que na Letónia, as letoas são uma especialidade e que até se recusam a exportar para a Bairrada só para as pessoas irem lá. Arranjava um trabalhinho qualquer, até podia ser lixeiro, que é um trabalho fácil na Letónia porque ninguém cospe para o chão nem atira papéis, e depois ia comer letoa. E claro, quando tivesse folga, tentava encavar moças letãs, que ouvi dizer que são grandes porcas. Ou grandes letoas;

  • Cazaquistão: neste aqui até vocês adivinham o que eu ia para lá fazer. Como é um país altamente ligado ao boxe e ao halterofilismo, ia montar uma barraca de cachorros e hamburgueres à porta da Arena. Assim o pessoal podia passar lá o dia inteiro sem ter que ir a casa comer um daqueles pratos horríveis da cozinha cazaque à base de espargos selvagens e borrego marinado em azeite. Viram como eu até já sei dizer que eles são os cazaques em vez de cair no erro fácil de lhes chamar «cazaquistaneses»? Só me falta saber fazer cachorros e já posso ir para lá fazer fortuna;

  • Tajiquistão: o grande atractivo deste país é ser o único país no mundo em que a Vodafone não tem cobertura. No Lesoto também não mas isso nem é um país. Só para aquele moço que diz que quer ir viver para lá e depois vem parar aqui ao blog. Mas sem Vodafone por lá escusava de receber aquelas mensagens ameaçadoras a dizer que ou carregava o telemóvel ou me cortavam todas as comunicações. E queria ver que operadora me ia sacar 7,5€ por mês para ter mensagens grátis no Tajiquistão. Com esse dinheiro todo que poupava abria uma escola de ninjas. Mal enganasse 40 pessoas, fugia com o dinheiro para o Quirguistão, que faz fronteira a norte, e ia esfaquear horticultores com o Júlio Facadas;

  • Ilhas Salomão: a primeira vez que ouvi falar nas Ilhas Salomão foi quando num mundial de futsal apanharam 32 a 0 da Rússia. A segunda vez que ouvi falar nas Ilhas Salomão foi quando voltaram a levar outro cabaz no mundial de futsal. Mas não pensem que vou criticar isto. Ao menos vão ao mundial! Nunca ouvi notícias da Bélgica ou da Escócia irem a mundiais de futsal. Nem aos de futebol vão quanto mais aos de futsal! Por isso, um dia que me fartar de vez de ver o Jorge Abel a vir aqui armar-se em engraçado e a fazer queixinhas do vizinho que, COMO UM HOMEM DECENTE USA UM BERBEQUIM, faço as malas e emigro para as Ilhas Salomão. Comigo na selecção deles não apanhavam 32 a 0 da Rússia num mundial. Se calhar só 22 ou 23 a 0;

  • Moldávia: fiquei chocado quando soube esta. Sabiam que os baralhos de cartas da Moldávia não têm reis nem damas? Depois do valete é o ás. Jogam à sueca com 32 cartas, 8 para cada um. Que porcaria. Por causa disso é que se emigrasse para a Moldávia ia ser carteiro. Já que poupam nas cartas de jogo, pode ser que também poupem nas cartas de escrever e ser carteiro era trabalho santo. Pegava às 9h da manhã e às 11h já não havia mais cartas. Mas também, em dias de trabalho, eram às 5 cartas por pessoa, só parava às 3h da tarde, a tempo de apanhar a Fátima de Lopes lá do sítio a convidar pessoas para irem chorar em directo, para a televisão. 




Perguntam-se vocês porque é que não pus nenhum país de jeito nesta lista. E depois o discriminador sou eu! Olhem bem o que vocês estão a dizer destes países honrosos e que certamente me iam acolher muito melhor do que eu acolheria um cidadão de algum destes países na minha casa. Eu nem cidadãos portugueses acolho bem em minha casa. Mas esses são os piores. Imagino algum bom moço da Macedónia a dar guarida ao Ramalho Drogas e ao Neves e no dia a seguir acordar e não ter nada em casa. Nem carpetes nem nada, aqueles moços levam tudo. Só deixam ficar os quadros que dizem que não são ladrões de arte, que para isso precisam de tirar um curso e o Neves só tem o 6º ano, ia ser complicado para ele. Houvesse mais gente como o Ramalho Drogas a preocupar-se com o amigo, EM VEZ DE LHE VIR ESTRAGAR A MERDA DO BLOG DELE!






P.S.: Sei que me excedi na última frase mas sou humano, tenho emoções, sentimentos, aparelho respiratório e uma tendência natural para achar interessante tudo o que vejo na televisão se ficar a ver mais de 40 segundos. No outro dia o meu comando ficou sem pilhas quando estava a fazer zapping e ficou num canal de culinária que eu nem sabia que existia. Como não me apetecia ir buscar pilhas nem levantar-me, 20 minutos depois aprendi finalmente o que é um fricasé de frango: mais uma maneira de estragar o frango, já não chegava quando lhe põem ervilhas.



terça-feira, 4 de junho de 2013

Não consegui dormir nada porque o meu vizinho está a fazer obras em casa


Normalmente não me queixava disto, primeiro porque nunca consigo dormir uma noite inteira. Às vezes tenho fome a meio da noite e levanto-me para ir comer uma pêra, outras vezes é o meu irmão que me acorda porque quando tem insónias gosta de acordar as pessoas, outras ainda acordo a pensar se fechei o frigorífico quando fui buscar uma pêra e, pelo sim pelo não, levanto-me e vou verificar. Mesmo que não tenha comido uma pêra. Muitos de vocês devem-se estar a perguntar porque guardo as pêras no frigorífico quando toda a gente costuma tê-las em cestos de fruta, na cozinha. A mim sempre me disseram que a fruta fresca era a melhor e eu também gosto mais da fruta fresca, por isso ponho no frigorífico. Mas só as pêras! Que as maças, se forem ao frigorífico, ficam castanhas e moles e sabem mal.


Também não ia dizer mal do meu vizinho, até porque sempre me dei bem com ele. É daquelas pessoas que sempre que me vê fala comigo de alguma coisa e depois manda sempre cumprimentos para os pais, mesmo que tenha falado com eles nessa manhã. Já levei muitas coças do meu pai por lhe ter dito que o Sr. Fagundes tinha mandado cumprimentos. O meu pai achava que eu lhe estava a chamar amnésico e que não se lembrava das coisas porque tinha estado com o Sr. Fagundes uma hora antes. Também já levei coças do meu tio por o Sr. Fagundes não lhe mandar cumprimentos. A culpa não é minha. Também não é do Sr. Fagundes. A culpa é da nossa cultura que só inventou o «cumprimentos aos pais» e não o «cumprimentos aos pais e tios». Já disse ao meu tio que a cultura relega o papel de tio um bocado para segundo plano. E já levei coças do meu tio por fazer parte de uma cultura que deixa os tios em segundo plano.


Por esta altura devem estar vocês a perguntar porque é que então estou a reclamar com o meu vizinho quando até me dou bem com ele. Que as pessoas façam obras em casa tudo bem, é natural que as casas precisem de algumas obras, mas isto já dura há 3 dias inteiros, dia e noite. A minha mãe diz que suspeita que o Sr. Fagundes seja o próximo a aparecer no «Querido, mudei a casa» porque esses moços é que trabalham dia e noite para a casa estar pronta a tempo do episódio dessa semana. Eu disse que não gostava desse programa porque eles só usam tintas da Robialac. O meu pai deu-me uma coça porque disse que eu não devia gostar desse programa por dar na SIC Mulher e por ter a palavra «Querido» no nome. Ao menos o meu patrão disse-me que eu fiz bem em não ver esse programa por causa disso. Ele é que era obrigado a ver porque a mulher gostava muito.


Quando contei ao Gary que o Sr. Fagundes, às vezes, eram 2h da manhã e estava a dar marteladas, ele pensou que eu estava a tentar copiar o Rebelo nas metáforas sexuais. Só percebeu que eu estava a falar de obras quando lhe disse que logo às 7h da manhã já estava o Sr. Fagundes a usar o berbequim. Segundo o Gary, pode-se gozar com tudo no mundo menos com ursos pardos e berbequins. E o que o Sr. Fagundes andava a fazer era a gozar com a minha cara. O Gary disse-me que conhecia uns moços que se punham a fazer barulhos de obras a altas horas da noite e mesmo cedo de manhã só para ver quanto tempo demorava para os vizinhos irem lá tirar satisfações. Pelos vistos até havia um site desses, em que as pessoas faziam apostas no tempo que os vizinhos demoravam a ir lá e os prémios para quem acertasse eram enormes, uns 40 contos à vontade. Não sei como o Gary sabe estas coisas, mas ele pediu-me para lhe mandar uma mensagem quando o meu pai perdesse a paciência e fosse a casa do Sr. Fagundes.


Isto de estar acordado toda a noite é uma merda. Uma porcaria, queria dizer uma porcaria. Agora não posso apagar que o meu Delete está estragado. Mas é mesmo uma porcaria. Como não adormeço, não acordo com fome a meio da noite e não tenho comido pêras. Ainda ontem pus 3 pêras ao lixo que de tanto tempo no frigorífico já sabiam a Compal de Pêra. Não gosto nada de Compal de Pêra. O Compal está para os sumos como a Robialac está para as tintas, é só publicidade, mas aquilo é mesmo espesso e há coisas de muito melhor qualidade. Depois, e pior que a parte das pêras, é que o meu rendimento na fábrica anda a ser afectado com esta situação. O meu patrão ainda acredita em mim porque lhe contei tudo, mas as pessoas que trabalham comigo olham para mim de lado, a julgar-me porque faço directas. Até podia explicar-lhes o que se passa mas desde que cheguei mais atrasado que o Nando Farras ninguém ia acreditar em mim.








P.S.: Começo a achar que ninguém é despedido naquela fábrica, o que é bom para mim porque assim escuso de levar coças do meu irmão por estar desempregado. Nunca percebi bem a panca do meu irmão de bater nos desempregados, porque a minha mãe é desempregada há 37 anos e ele nunca sequer lhe deu um empurrão. Já nem digo carga de ombro, que isso não é falta, mas um empurrão mesmo. Uma vez, o Nando Farras, veio de trabalhar de directa depois de ir a uma festa de techno e ainda vinha tão excitado com aquilo que deu um empurrão ao Alcino dos Recursos Humanos, que só não o processou porque achava que aquilo não tinha sido assédio sexual e essa é que é a especialidade dele.