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quarta-feira, 19 de junho de 2013
Estou apaixonado pela Paulinha lá da fábrica
Tenho a certeza que o Gary vai já começar a dizer que faço do blog o meu diário pessoal mas isso não é bom? Olhem se aqueles moços que fizeram um diário da paixão deles em filme não ganharam um montão de dinheiro à custa disso. E ele também não se pode queixar muito que ainda no domingo fez do blog o sítio para descarregar a fúria dele só por causa do que o Mário do talho lhe disse. Agora fiquei com uma dúvida. Se o talho fechou, tenho de lhe continuar a chamar Mário do talho ou posso só chamar Mário? Ou Sr. Mário, por uma questão de respeito. E se ele for para outro talho, chamo-lhe na mesma Mário do talho ou, para que o outro talho nunca caia em esquecimento, chamo-lhe Mário do antigo talho? Isto das relações sociais é complicado à brava.
O que não é complicado é o amor. Quer dizer, na prática é muito, mas os sentimentos são mesmo puros. Já não me lembrava do que era estar apaixonado. Quer dizer, por acaso lembro-me. Foi com a Cristiana, que era da minha turma. Era mesmo inteligente, tirava sempre 4 a Matemática. Mas não era daquelas que tirava 4 a Matemática e depois tirava 3 a Educação Física por se esforçar. Não, a Cristiana não. Também tirava 4 a Educação Física e ainda me ganhava ao braço de ferro. Era um amor diferente do que o que tenho agora pela Paulinha. Já vos falei da Paulinha, é a recepcionista lá da fábrica. Perguntei à Xana da cantina se sabia se a Paulinha era solteira mas não foi grande ajuda. Disse-me que sabia que a Paulinha era Aquário e que sempre que era arroz de pato na cantina, pedia à Xana para pôr um bocadinho mais, que gostava. De resto não sabia mais nada.
Tenho a certeza que a Paulinha também gosta de mim. Se não gostasse não me dizia sempre «Bom dia» com um sorriso daqueles. E eu sei bem distinguir os sorrisos genuínos dos forçados, bem via na cara das velhinhas quando lhes levava os sacos da carne a casa um sorriso de felicidade e eram parecidos aos que a Paulinha faz quando me vê. O Nando Farras uma vez disse-me que levou um chourição a casa da Paulinha e que ela gostou muito por isso, um dia destes talvez lhe leve um pato, para ela fazer arroz de pato em casa, já que a Xana da cantina diz que ela gosta tanto. Só não percebi aquilo de ela ser Aquário. Será que se chama Paulinha Aquário? Que nome esquisito. Ou se calhar a Xana da cantina só lhe estava a chamar gorda, por inveja. Não sei. Aposto mais em ser o nome de família. Há nomes muito esquisitos. Uma vez tive um professor de História que se chamava Dias Peres. Eu pensava que Dias era só apelido, mas aquele professor tinha-o como primeiro nome. Não gostava nada desse professor, obrigava-nos a decorar as datas todas, até a do aniversário dele e a do casamento do irmão, e depois nos testes nunca perguntava datas.
Tenho pesquisado na net para descobrir mais sobre o amor. Infelizmente só me aparecem sites para descobrir mais sobre posições sexuais ou outros sites que dizem que uma moça na Tailândia está apaixonada por mim e quer que lhe envie o dinheiro para comprar um bilhete de avião para vir ter comigo. Mania de se confundir o amor com o sexo, é como se confundir um bife com ser-se atrasado mental. Ainda não percebi o que o meu tio quis dizer com esta mas achei que ficava bem aqui. Por falar no meu tio, também lhe perguntei coisas sobre o amor e ele ensinou-me três lições que nunca mais vou esquecer e vou aplicar na Paulinha: primeiro, que se dormir na praça pensando nela, o senhor guarda vai compreender que sou um «cara» carente e não me vai levar preso; segundo, que não há maior amor que uma vizinha divorciada e a viver sozinha emprestar a sua garagem; terceiro, que nunca me apaixone por uma prostituta porque depois em vez de pagar por sexo, pago por amor.
Em relação à Paulinha estou descansado, que ela é só a recepcionista da fábrica. E nunca pensou em ir trabalhar para a Robialac! Já são dois pontos em comum! E também gosto de arroz de pato, já são três. Ando a ganhar coragem para a convidar para sair, só não sei para onde. O Matthew Praias dizia que o melhor sítio para se levar uma moça era para casa dele, mas não sei por onde é que ele anda, não a posso levar para lá. O Rebelo dizia que levava sempre as moças ao paraíso, mas não conheço esse café. O Gary sempre me disse que o melhor sítio para levar moças era a sítios em que não houvesse Bailleys à venda. Como não foram grande ajuda perguntei ao meu tio, que me disse que conhecia um bar que era bom para moças, que lhes pagava bem desde que as pessoas bebessem muito. O meu tio tem sempre razão, não sei porque não lhe pergunto coisas mais vezes.
P.S.: Por acaso ia perguntar ao Tolentino o que é que ele fazia na minha situação mas acho que ele nunca esteve apaixonado. Como é que uma pessoa que detesta tanta coisa se pode apaixonar por uma pessoa como eu estou apaixonado pela Paulinha? Claro que já o ouvi dizer que amava os panados da Churrasqueira e que adorava que alguém atropelasse o patrão dele com um tractor agrícola, mas não me parece que isso seja o suficiente para se estar preparado para amar alguém.
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