quarta-feira, 31 de julho de 2013

Amanhã começam as minhas férias


Não consegui convencer o meu patrão a não me dar férias, o argumento dele é que isso era ilegal e para ilegalidades já chegava pagar metade do salário do Nando Farras em estupefacientes. Nunca percebi bem a influência que o Nando Farras tem naquela fábrica. Já várias pessoas me tentaram explicar mas usam sempre termos esquisitos e que não compreendo e por isso continuo sem perceber. O Venâncio disse-me que o Nando Farras dá ao patrão free-passes em bares de strip. Não sei o que é isso, a única vez que fui a um bar de strip só lá vi moças e garrafas de champanhe. A Xana da Cantina disse-me que uma vez o Nando Farras salvou o filho do patrão de uma overdose. E o Júlio César disse-me que o Nando Farras o ajudou a passar o último nível do Final Fantasy XXXIII. Como não sei o que é nada disto, continuo sem perceber a influência dele.



Certo é que nem o Nando Farras me safou. Fui-lhe perguntar se não queria ter 20 dias de férias, que eu ia trabalhar por ele mas rejeitou. Disse-me que eu era certinho e chegava sempre a horas e que o patrão ia demorar dois dias para descobrir que não era ele que andava a ir trabalhar. O Venâncio já me tinha dito que uma vez o Nando Farras foi de férias para Valongo e mandou um primo ir trabalhar por ele e o patrão descobriu passados 3 dias que não era o Nando Farras porque não tinha desaparecido nem uma colher de café. Fui falar então com o Clemente, que trabalha na secção dos defeitos e reza a lenda que em 15 anos de trabalho na fábrica nunca chegou atrasado, nunca roubou uma sobremesa ao almoço e nunca perdeu um jogo de ping-pong na pausa para café. Perguntei-lhe se ele não queria ter 20 dias de férias e eu ia trabalhar por ele, que também chegava sempre a horas. Disse-me que aceitava mas tinha que lhe ganhar no ping-pong ou pelo menos dar luta para ninguém desconfiar. Nunca tinha jogado ping-pong mas é uma porcaria. Quando chegou ao 6-0 o Clemente disse que tinha acabado o jogo e desejou-me boas férias.



Ao almoço nem tirei sobremesa, nem fruta. Estava triste, nem conseguia comer uma chiclet Gorila ou um Chipicao de morango. Naquela altura, só conseguia comer uma alheira ou um rissol de carne. Mas o almoço era arroz de frango por isso deixei tudo no prato. A Xana da cantina veio-me perguntar se eu não ia comer e como lhe disse que não levou o meu prato ao Sandro, que é um moço que pesa 146 kg e diz que o grande objectivo da vida dele é chegar aos 150 kg, que é muito mais fácil de dizer que pesa 150 kg do que especificar que pesa 146 kg ou que dizer «peso quase 150 kg» e depois as pessoas perguntam «Quanto?» e ele tem que dizer na mesma que pesa 146 kg. O Sandro manda vir todas as roupas dele de Inglaterra, por isso deve ser rico. Se não fosse, não pesava 146 kg, que a minha mãe está sempre a dizer que a comida está cara e ninguém engorda por engolir ar. O meu tio disse-me uma vez que um moço que andou com ele na escola tinha uma namorada que engravidou por se sentar numa sanita numa estação de autocarros, mas nunca conheceu ninguém que engordasse por engolir ar.



Depois de ter ido levar a minha comida ao Sandro, a Xana da cantina voltou. Perguntou-me se eu estava triste e eu disse-lhe que sim, triste e desamparado, não sabia o que fazer. Ela disse-me que se eu me sentisse melhor lhe podia mexer nas mamas à vontade. Talvez me pudesse ajudar noutra altura mas naquele momento não era o melhor para mim, eu queria era não ter férias. A Xana da cantina disse-me que nas férias costuma andar toda nua em casa e que se eu quisesse podia ir lá visitá-la todos os dias. Agradeci o convite, realmente, já que vou ter férias mais vale ter alguma companhia em vez de estar sempre fechado em casa ou do que ir lanchar com o Gary e com o Tolentino e ouvi-los a falar do Teófilo como se ele tivesse desaparecido quando sabem perfeitamente onde ele vive, a que café ele vai e como ele gosta mais do frango. Surpreendentemente, o Teófilo prefere uma fricasé de frango a frango de churrasco. Mas voltando ao convite da Xana da cantina, talvez passe lá por casa um dia ou outro, para não abusar da paciência dela. Mas ligo-lhe primeiro a avisar, que é para ela se vestir, sei bem o que é ser apanhado de surpresa nu. Uma vez vieram entregar uma encomenda ao meu irmão quando eu estava a tomar banho e abriram a porta da casa de banho ao pontapé e apontaram-me uma arma sem eu estar a contar e apanharam-me todo nu. Por isso é que agora tomo sempre banho de t-shirt e de boxers.



Talvez nestes 20 dias tenha mais tempo para pensar em textos para vos escrever. No outro dia na fábrica, numa pausa para café, estava a falar com o Júlio César como seria se alguém se lembrasse e escrevesse um novo testamento. Como é que se ia chamar o actual «Novo Testamento»? Ia ficar «Antigo Testamento» e o «Antigo Testamento» ia passar a chamar-se «Testamento ainda mais antigo»?. O Júlio César riu-se e disse que eu até parecia o Gary a pensar. Já uma vez um fotógrafo na escola me disse que eu era parecido com um moço que ele tinha molestado numa carrinha de gelados e perguntou-me se tinha algum irmão chamado Paulo. Disse-lhe que não mas disse-lhe que o meu gelado preferido era o Feast, porque tem tanto chocolate como o Magnum mas é mais barato. Ele disse-me que não tinha Feast mas que se gostasse de lamber e chupar um Calipo dos grandes e bem quentes podia ir com ele até ao carro dele. Ainda estive para lhe perguntar qual o sabor mas nunca gostei muito de gelados quentes. Gelado quente é tipo sopa. E aposto que ia ser um Calipo de Piñacolada e desses não gosto nada. Muito menos quentes. Nunca mais vi esse fotógrafo na escola mas espero bem que esteja onde estiver agora ao menos que ofereça gelados em condições e sem serem quentes.







P.S.: Estou a gozar os últimos momentos aqui na fábrica. Agora sei como se sentem aqueles moços que fazem a última refeição e depois vão para a cadeira eléctrica. É uma sensação horrível. Hoje já me despedi para aí 3 vezes do Venâncio apesar de ele me ter convidado para ir a casa dele na sexta-feira para um torneio de sueca. Se quiserem saber, a minha última refeição vai ser bacalhau com natas. Nem sequer pude escolher o que queria comer antes de ir de férias. Se pudesse escolher pedia filetes de polvo. A Xana da cantina disse que se eu quisesse uma grande dose de linguados ela mesma mos podia dar da maneira como eu mais gostasse. Por acaso não gosto muito de linguados mas ao menos a Xana da cantina preocupou-se com o que eu queria. Quem me dera que ela me fizesse dois filetes de polvo sem ninguém ver e me pusesse no prato às escondidas. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Ideias inovadoras para alguns desenhos animados


Tenho a certeza absoluta que não é a primeira vez que escrevo e reflicto sobre desenhos animados. Também não é a segunda, nem a terceira nem a quinta, mas é bem capaz de ser a quarta. Há aquele ditado popular que diz que não há duas sem três o que viola um bocado o pressuposto do par, do casal e das parcerias. Alguma vez viram um rally com piloto, co-piloto e co-co-piloto? Alguma vez viram um fim-de-semana com três dias? Ou alguma vez houve algum canal chamado RTP3? São só pequenos exemplos de como nem sempre há três quando há duas. Volto a dizer que as pessoas deviam pensar antes de fazerem estes ditados populares inviáveis ou então, pelo menos, actualizá-los ao século em que vivem.


Mas adiante que não vou falar de ditados populares outra vez. Para me repetir ao menos falo de desenhos animados. Noutro dia que me quiser repetir falo de ditados populares ou de países estrangeiros. Já temos por aqui um moço que gosta sempre de falar nas mesmas coisas todos os textos. Começo a ler um texto do Jorge Abel e já sei que vou ler sobre a Xana da cantina fazer-se a ele à força toda e ele não perceber, sobre o tio dele, sobre o Júlio César e sobre o Venâncio. Por acaso o Venâncio até é um moço porreiro, que uma vez emprestou-me 5 euros para comer um Bolycao na mercearia do Rebelo e nunca me veio pedir os 40 cêntimos de troco que eu lhe ia dar. Se ele duvidasse que um Bolycao custava 4,60€ eu tinha pago 1,50€ ao Rebelo para dizer que sim. Se sabia que ele nunca ia perguntar escusava de ter dado esse dinheiro ao Rebelo.


Mas adiante, vou voltar a falar de desenhos animados para mostrar ideias inovadoras que tenho para alguns desenhos animados. Não vou dizer que ficavam melhores assim, nem os vou tentar mudar, como aquelas moças que dizem que os namorados são perfeitos mas depois estão sempre a tentar mudá-los. São só ideias minhas que vou partilhar com vocês:



  • Tartarugas Ninja: o lixo tóxico que caiu no Mestre Splinter e nas Tartarugas e que os transformou também podia ter caído sobre um peixe morto que tinha sido mandado pela sanita abaixo e estava ali pelo esgoto. O peixe ganhava vida e queria vingar-se do seu antigo dono. Para ser diferente das Tartarugas, em vez de ter um nome de um artista do Renascimento ia ter um nome de um cantor contemporâneo e então chamava-se Enrique. As Tartarugas conheciam a sua história e até o queriam ajudar a vingar-se mas depois descobriam que o ex-dono deste peixe era a April O'neill! E agora?

  • Doraemon: o Nobita começava a ir ao ginásio e inscrevia-se em aulas de Taekwondo. Aprendia umas coisas novas, deixava de ser um banana e agora era ele que fazia do gigante um saco de pancada. Além de ganhar o respeito dos outros miúdos no bairro e na escola, à medida que ia começando a ganhar corpo aposto que a Shizuka ia deixar de se fazer de difícil e de se armar em cabra e em vez de tratar o Nobita como um saco do lixo, começava a andar atrás dele feita tola;

  • Dragon Ball: eu sugeria uma temporada especial «Dragon Ball Sob Investigação» e não iam faltar episódios. Basicamente, uma task-force do FBI e da Interpol fazia uma investigação que envolvia interrogatórios e pesquisas sobre alguns dos personagens mais conhecidos do Dragon Ball para apurar vários delitos. Desde fugas ao fisco (Tartaruga Genial), branqueamento de capitais (pai da Bulma), ocultamente de informação relevante às autoridades sobre crimes que presenciaram (todos eles), conhecimento de experiências genéticas, guarida e acasalamento com ciborgs (Krillin), destruição de património, imigração ilegal (Satan), ausência de documentos (Vegeta, Todo Poderoso), negligência infantil (o Son Gohan foi para Namek três meses lutar!), assassinatos, crimes internacionais (não me esqueço que o Vegeta em Namek era mau) e muitos outros, no fim da série iam todos a julgamento. Obviamente, a série a seguir era a «Dragon Ball na prisão»;

  • Super-Campeões: gostava de ver um episódio, bastava-me um, em que a equipa do Oliver perdesse. Mas não era perder um jogo qualquer, que depois pudesse dar a volta e não houvesse problema no fim da época. Não, queria mesmo que ele perdesse um jogo a sério, tipo ser eliminado do Mundial ou perder uma final da Taça. Ganhar sempre o mesmo não ensina nada aos putos. E depois também gostava que ele tivesse assim uma lesão de três semanas ou um mês, para ver se a equipa valia mesmo alguma coisa, como ele estava sempre a dizer, ou se sem o Oliver era sempre a apanhar no lombo;

  • Homem Aranha: se há desenho animado futurista e cheio de menções à genética, à ciência e à tecnologia, é o Homem Aranha. Por isso, e numa perspectiva tecnológica, eu acrescentava uma ideia nova: sabemos que o Homem Aranha não é muito popular (pelo menos em Nova York, mas também percebo as pessoas, pagam uma renda altíssima e ainda têm que pagar um seguro contra ataques de vilões, que há com bastante frequência) por isso, a ideia era criar uma página de «Gosto» do Homem Aranha no Facebook. «Spiderman Official». Queria ver se ele superava os meus 50 'gostos' na minha página. Em cada episódio ele ia lá ver os comentários, lia os mais ridículos e adicionava as melhores moças que tinham posto 'Gosto' ou tinham comentado. Claro que depois em Portugal algum iluminado fazia uma página «Spiderman Official PT»;

  • Tom & Jerry: farta dos insucessos do gato em apanhar um rato com um QI bastante superior aquele que, no último texto, se definiu como «coerentemente pouco culto a Ciências», a dona do Tom contratava aqueles moços que fazem desparasitações e desratizações. Em dois dias estava o assunto arrumado. Depois era interessante ver episódios só do Tom finalmente a ler o jornal sem ser interrompido, a dormir sem ninguém lhe beber o leite ou a finalmente conseguir encavar aquela gata que ele tanto quer sem que ninguém lhe estrague o engate a meio. Ia ser uma espécie de «Big Brother» do Tom, tirando a parte em que ele fazia o que lhe apetecia e não o que a produção obrigava;

  • Motoratos: uma vez eliminado o vilão do Limburger e todos os seus lacaios deixava de haver crime na cidade. E agora? Os Motoratos debatiam-se entre ir para outra cidade, onde proliferasse o crime, ou ficar na mesma cidade, sem crime e sem os subsídios de combate ao crime (já que os Motoratos tinham acabado com ele). Optavam por ficar na mesma cidade e os episódios iam ser eles a fazer vida de desempregado, com barba por fazer, a estar no café das 14:00 às 18:00 e a ver televisão até às 4:00 da manhã. Como eram ratos, sem formação académica nem experiência anterior, só os aceitavam para trabalhos menores, a ganhar pouco e a aproveitarem-se do facto dos ratos não terem sindicato. Um episódio emotivo era quando eles vendiam as motos deles para pagarem a renda, o aluguer da garagem e a SportTV;

  • Inspector Gadget: a criança crescia e começava a interessar-se mais por coisas de moças tipo fazer tótós, desenvolver o sexto sentido e fazer comentários depreciativos a fotos das amigas no Facebook, com outras amigas, mas sem as das fotos saberem. O cão envelhecia e começava a ficar mais por casa e o único truque que sabia era o de ir buscar o jornal à entrada. O Inspector Gadget ficava sozinho, começava a beber, passava de cómico desleixado a impetuoso agressivo mas que resolvia os crimes. Era promovido, ganhava mais, estourava tudo em casinos e moças desaconselhadas para casar mas altamente qualificadas para o sexo e afastava-se tanto da sobrinha que só lhe mandava uma mensagem de telemóvel nos anos dela e no Natal. O fim da série era ele a transformar-se no Robocop.



Pronto, este último fim foi mesmo um delírio alucinatório. Mas era demais perceber que o Inspector Gadget era só um protótipo do Robocop. Assim já achava piada ao Robocop em vez de achar que era só um empecilho para alguém que ambicionasse a fazer uma vida no crime. Não percebo porque se procuram salvar negócios familiares como os sapateiros, os calceteiros ou os amoladores e só se tenta acabar com o crime, que é um negócio familiar que passa de geração para geração. Quão bonita é a imagem do pai a ensinar o filho a roubar uma carteira; de um tio a ensinar o sobrinho a violar uma turista; ou de um primo a mostrar como se limpa uma caixa registadora em 30 segundos. Todas estas imagens destruídas por moços como o Robocop, sem sentimentos, sem considerar estas profissões históricas. Só faltava ao Robocop também andar para aí a perseguir as prostitutas e os jornalistas, as duas profissões mais antigas do mundo depois de chefe de tribo. Mas esses já foram todos perseguidos e exterminados pelos americanos.







P.S.: Para aqueles que ainda acham piada aos textos do Jorge Abel, fiquem sabendo que ele me mandou mensagem a perguntar como se chamava aquele gás que as pessoas libertam quando respiram porque ele tinha a certeza que havia um nome científico para «gases». Disse-lhe dióxido de carbono e ele não acreditou, disse que isso era um ingrediente para fazer bolos, que a mãe dele quando faz bolo de chocolate usa dióxido de carbono para aquilo ficar maior. Disse-lhe que isso era fermento e ele insistiu e disse que não, que fermento era aquilo que sai dos vulcões e que é muito quente. Disse-lhe que isso era lava e ele disse que não, que lava é o que fazem os «lavadores», que lavam a terra. Não lhe respondi mais. Se ele escreveu dióxido de carbono é porque deve ter agido como uma pessoa normal e foi ao Google.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

O meu patrão quer dar-me férias de Verão. O que é que eu faço?


Pensei que depois do suplício das férias da Páscoa não ia ter que voltar a sofrer assim. O meu patrão chamou-me ao escritório dele hoje. Fiquei um pouco desiludido por ver que já não tinha aqueles tapetes com tigres que tinha antes. Perguntei-lhe o que tinha acontecido aos tapetes e ele disse que o gato persa dele os comeu. Eu a princípio até acreditei, os Persas eram um povo que andava sempre em guerras na altura deles, não me admirava nada que os gatos ainda conservassem esses instintos e comessem tapetes de tigres a pensar que eram tigres a sério. Mas depois quando lhe perguntei pela mulher dele e me disse que o gato persa a tinha comido desconfiei que estivesse a mentir. Ou que então «Gato Persa» fosse algum nick sem originalidade daqueles chats manhosos onde o Gary ás vezes vai conhecer moças.



O Venâncio disse-me uma vez que sempre que o chefe chama alguém do sexo masculino ao gabinete dele ou é para o despedir ou para lhe dar um aviso importante. Sempre que chama alguém do sexo feminino ou é para a promover ou é a Xana da cantina a levar-lhe lá o lanche. Sempre que a Xana da cantina vai ao gabinete do chefe passa pela minha secção e atira-me um beijo. Ainda bem que ela não sabe que eu sou um mau guarda-redes senão nunca mais me atirava beijos. Por esta altura, acho que pelo menos metade dos beijos que me atirou devem ter ido para o Alberto, que trabalha atrás de mim. Mas adiante, será que ia ser despedido ou ia receber um aviso importante? Uma vez vi num filme um moço que recebeu um aviso importante do chefe e acabou aos tiros com mafiosos. Quem me dera ser despedido, era bem melhor. Mas o que aconteceu foi muito pior.



Não é que o meu patrão me disse que estava muito satisfeito com o meu trabalho e que por isso me ia conceder 20 dias de férias? Mas que é que ia eu fazer com 20 dias de férias? Aquelas convenções sobre o impacto económico dos minotauros ou do cultivo do espargo selvagem na Mesopotânia só estão disponíveis entre Setembro e Julho. Implorei ao meu patrão para me deixar ir trabalhar, já me tinha chegado o que aconteceu nas férias da Páscoa. Até lhe disse que se eu fosse trabalhar ele podia poupar dinheiro com o subsídio de férias. Realmente não percebo como é que as pessoas podem criticar os patrões quando eles lhes pagam o ano todo para trabalharem e depois ainda lhes pagam para ter férias. Eu é que não gosto de férias senão ainda gostava mais do meu patrão. Ele disse-me que só não aceitava a minha proposta porque era ilegal e para fazer ilegalidades ao menos fazia desfalques e branqueamento de capitais. Se fosse apanhado pela justiça a fazer uma ilegalidade destas os outros patrões iam-se rir dele em vez de o respeitarem.



Como eu respeito o meu patrão nem insisti mais. Se há coisa que não tolero é pensar em pessoas a rirem-se do meu patrão quando ele até me queria pagar para eu não trabalhar. Se eu ainda tivesse uma moça para me ocupar o tempo até agradecia as férias mas assim vou andar 20 dias a ir buscar pão ralado para a minha mãe ou a explicar ao meu tio porque é que há países com nomes esquisitos tipo Bangladesh. O meu tio nisso tem razão, as pessoas são mesmo mesquinhas. Em vez de facilitarem a vida aos outros a porem nomes de países que facilmente se decorasse e soubesse põem nomes todos estranhos e esquisitos. Ao menos aquele país que se chama Peru é fácil de lembrar, sempre que me perguntam nomes de países digo logo Peru. Só não digo peru em primeiro lugar quando vou à Churrasqueira, aí tem que ser frango senão o Vítor Piranha deixa de me falar. O Júlio César disse-me que o Vítor Piranha acabou o namoro com a prima dele porque ela uma vez foi à Churrasqueira e lhe pediu meia dose de bacalhau.



Quem anda entusiasmada com as férias é a Xana da cantina, até me perguntou quando é que eu ia ter as minhas e que podia passar as férias com ela, no quarto dela. Agradeci o convite mas não me parece possível. Eu tive 3 a Ciências, quer quando fiz por mim, quer quando fiz pelo meu irmão. Pode-se dizer que sou coerentemente pouco culto a Ciências. Mas uma coisa aprendi: se se fica a respirar, no mesmo sítio, muito tempo, o oxigénio é todo substituído por dióxido de carbono e é impossível respirar. Disse isto à Xana da cantina e ela disse-me que quando atinge o orgasmo também não consegue respirar bem. Perguntou-me se eu queria ver mas como até gosto dela por me deixar tirar sempre uma peça de fruta e uma sobremesa na cantina da fábrica disse-lhe que não, que preferia vê-la a respirar normalmente e sem complicações. Eu bem sei o que sofro quando começo a tossir durante 4 ou 5 segundos e não consigo respirar, não desejo o mesmo a ninguém. Se calhar desejo à Paulinha por ela me fazer sofrer por amor. Mas à Xana da cantina não.






P.S.: Só perguntei no título mas volto a perguntar: o que é que eu faço? Faço mesmo férias e fico 20 dias a sofrer e a contar os dias para ir voltar a trabalhar? Digo ao meu patrão que aceito as férias mas vou na mesma trabalhar sem dizer nada a ninguém? Ou peço um atestado médico em que diga lá que ter férias agrava-me uma bronquite? Ouvi dizer que já houve gente que foi presa por causa de atestados falsos. Eu não quero ir preso. Ouvi dizer que 3 dias por semana a comida é atum enlatado e nos jogos de basket vale carga de ombro. Para isso mais vale ir de férias. Mas se souberem alguma sugestão melhor por favor escrevam nos comentários.


sábado, 20 de julho de 2013

Aspectos em que os animais saem a ganhar


Antes que comecem a pensar nessa possibilidade, este não é um texto a apelar aos direitos dos animais e comigo a renunciar comer carne. Isso queriam vocês! Nem pensar que vou deixar de ir à Churrasqueira comer aqueles panados fritos como eu gosto, crocantes e estaladiços mas sem estarem demasiado gordurosos com o óleo da fritura. Não pensem também que vou deixar de apreciar as qualidades do Vítor Piranha a assar os frangos. Assa os frangos como se estivesse a fazer amor com cada um deles. Pelo menos o Vítor Piranha diz que gosta das mulheres como gosta de assar os frangos: bem fogosos. 


Depois de ler o último texto do Jorge Abel perguntei-me porque é que não convidei antes o texugo de estimação do Raul para vir aqui escrever, sempre é mais inteligente. Sempre que o Raul compra um pacote de batatas fritas e o guarda na dispensa, o texugo vai lá buscá-lo sem ninguém ver e esconde-o num sítio que só ele sabe e anda a semana toda a cheirar a presunto ou a churrasco, dependendo do sabor que o Raul compra. Só tinha que aprender a escrever e a escolher um nome para o blog, não podia simplesmente assinar como «Texugo do Raul» embora seja um nome que fique no ouvido. Não tanto como Mike Albatroz, mas fica.


Além desse texugo, muitos outros animais poderiam ser convidados para escrever no blog por terem um índice de inteligência superior ao do Jorge Abel. Esta ideia fez-me pensar em aspectos em que os animais saem a ganhar em relação aos humanos. Mas não é a ganhar por poucos, é assim por uns 20-0, tipo quando uma selecção de pedreiros do Liechenstein enfrenta a selecção de All-Stars do Lesoto. Escusado será dizer que é o Lesoto que perde. Mas vejam lá então alguns exemplos:



  • Os animais podem executar as suas necessidades fisiológicas em qualquer lado, sem qualquer constrangimento e nem precisam de estar apertados para fazer. Basta ter vontade e é logo ali. Não precisam de acertar na sanita, de se preocupar em baixar o tampo da sanita para a namorada ou a mãe não virem reclamar nem de ver se vai algum polícia a passar que o possa multar por estar a urinar em via pública;

  • Não há recordes do mundo no mundo animal, ou seja, não têm nenhum atrasado mental a tentar bater o recorde do mundo das unhas mais compridas ou de comer mais cachorros quentes. Nem há programas de televisão no mundo animal com o Jorge Gabriel ou o José Figueiras a apresentaram os recordes do guiness como se fosse uma coisa mesmo extraordinária;

  • Vejo leões a comerem búfalos inteiros e continuam ali em grande forma. Além disso, ao contrário dos humanos, os animais em geral não têm que se preocupar, quando escolhem a fêmea em evitar as gordas porque são todas normais para a espécie. Algum de vocês há-de dizer que as morsas são gordas mas para a espécie deles estão no peso ideal. Os gordos no mundo animal sobrevivem pouco tempo, são os primeiros a ser apanhados pelos predadores. Antes fosse assim também no mundo humano;

  • Os animais não festejam aniversários, logo, além de não terem que decorar datas, não passam por aqueles momentos constrangedores de terem que dar os parabéns a mil pessoas por ano, a irem a 20 ou 30 jantares de aniversário, a comprarem prendas, a gastarem dinheiro e tempo. Claro que o Facebook ajudou muito a agilizar o conceito de aniversário, basta deixar uma mensagem e já não se passa por insensível. Mas como os animais também não têm Facebook (tirando aqueles que são humilhados pelos seus donos neste aspecto) são bem mais felizes;

  • Se um bisonte, hoje mesmo, viesse a correr atrás de mim era capaz de demorar uns 4 segundos para me apanhar, atropelar-me e partir-me os ossos todos. Se o bisonte fosse lento demorava uns 20 segundos porque estou em baixo de forma. Os animais nunca estão em baixo de forma. Há os mais lentos e os mais rápidos, mas nunca estão mal. Por exemplo, nunca vi nenhum leopardo a correr no deserto como aqueles moços que vão correr para a praia no Verão mas quando é para caçar alguma zebra correm à brava;

  • Tal como no mundo humano, há aqueles animais que comem carne e os que não a comem e fazem aquelas dietas à base de ervas e merdas derivadas. Mas, quer uns quer outros, têm acesso a alimentos frescos, a carne do dia e de primeira qualidade, à mão de semear, sem terem que pagar ou terem que reservar mesa em algum restaurante. Quem fica a lucrar mais com isto são os vegetarianos, que se houvesse um restaurante para animais, um leão pagava aí uns 8€ por um bife de antílope, enquanto uma zebra pagava uns 14€ por uma dose de erva de pasto natural com cogumelos;

  • No outro dia estava a passar pelos canais todos da televisão para ver se em algum estava a dar algum documentário sobre os Visigodos quando o meu comando ficou sem pilhas. A televisão estava num suposto canal de música mas que estava a dar um moço, com cabelo à moça, a chorar. Descobri depois que esse era um fenómeno de popularidade mundial. No mundo humano há coisas destas, há os moços do punk, há os da música popular, entre outros 750 estilos. E depois há o dubstep. Os animais nisso têm mais sorte, que as músicas também variam de pássaro para pássaro mas se estiverem fartos da música podem sempre matar os artistas sem quaisquer consequências e como se não tivesse acontecido nada de anormal;

  • Qualquer documentário sobre animais tem uma grande probabilidade de ter alguma cena em que há relações sexuais. Os animais andam sempre nisso. Além da oferta grande, a disponibilidade também é ainda maior. Não há cá dores de cabeça, viagens de negócio ou reuniões de manhã cedo. É comer, fugir aos predadores e ter relações sexuais. Apesar desta maior oferta sexual, os animais não são predadores sexuais. Não se vêem violações nem casos de pedofilia no mundo animal como se vê no mundo humano.




Visto bem, sou capaz de me ter centrado demasiado nos animais terrestres, descurando a vida marítima. Mas não vou agora apagar isto tudo que está para trás, depois se me apetecer faço um só derivado aos animais marinhos. Se os animais marinhos falassem e eu desenvolvesse guelras para respirar debaixo de água ia adorar conhecer um salmão. Os salmões, apesar de deverem um bocado à inteligência por serem sempre comidos pelos ursos, todos os anos, no mesmo sítio, devem ter uma história fascinante. Aposto que toda a gente respeita a herança cultural e histórica dos salmões, os «pele vermelha». Esses sim, os verdadeiros «pele vermelha» não é como aqueles índios que eram tão brancos como o Rogério Samora e que se pintavam todos só para serem diferentes.






P.S.: Aposto que se o cenário de os peixes falarem e eu desenvolver guelras fosse real, ia logo de gás perguntar aos tubarões se se reviam na forma como eram retratados na saga de filmes «Tubarão» ou se era uma visão estereotipada. Aposto que os tubarões são como os ciganos: até podem não ter tido nada a ver com algum crime que aconteceu, mas há-de haver sempre alguém a dizer «aposto que foi um tubarão». 


terça-feira, 16 de julho de 2013

Coisas que aprendi nestas últimas semanas e que queria que vocês soubessem


Fui sair com o Júlio César. Para quem não se lembra, o Júlio César é aquele meu amigo da fábrica de tintas que o Gary diz que tem nome de guarda-redes brasileiro. Fomos a um bar que tem daquelas moças que estão chateadas com os pais e vivem sozinhas ou com um namorado desempregado que consome drogas. O bar chamava-se Aquecimento Global. Comentei com o Júlio César que já tinha ouvido falar do bar montes de vezes na televisão por isso devia ir lá muita gente, por ser conhecido. Pelo menos era caro. Não sabia que as garrafas de champanhe podiam ser tão caras, foi-se quase uma semana de trabalho. Mas há outras coisas caras. Por exemplo, o Venâncio, o segurança lá do trabalho, diz que como as pastas dos dentes são muito caras compra sabonetes de morango e mastiga-os para lavar os dentes mas avisou-me para nunca fazer isso com sabonetes de mel, que quando descobriu que havia à venda comprou um para comer e nessa semana foi picado por duas abelhas.



No «Aquecimento Global» aprendi mais sobre moças do que quando tive Educação Sexual na escola. Também, o que aprendi na escola foi a pôr um preservativo numa banana e que se não tiver preservativo não me posso esquecer de ir à farmácia na manhã seguinte comprar a pílula. Mas são conhecimentos inúteis tendo em conta que para se praticar o que aprendi nessas aulas ou tenho que trabalhar na mercearia do Rebelo para pôr os preservativos nas bananas ou então tenho que arranjar primeiro uma moça. Já estive quase a trabalhar na mercearia do Rebelo mas depois ele pediu-me para fazer 10 metáforas sexuais com nomes de legumes e eu reprovei nesse teste. Mais difícil é arranjar uma moça. Em vez de ensinarem Francês na escola deviam era ensinar a perceber as moças.



Mas por falar em moças, a Xana da cantina está cada vez mais simpática comigo. Agora, sem eu pedir, põe-me sempre mais comida à hora do almoço e finge que não vê quando eu tiro uma maçã e um bolo para sobremesa. Só podemos tirar uma coisa mas eu tiro as duas coisas e a Xana até me disse que se eu quisesse lhe podia tirar outra coisa. Espero que ela esteja a falar do lugar de estacionamento dela, que é mesmo à porta da fábrica. Por acaso vou de autocarro mas um dia destes posso ir com o carro e assim já podia estacionar mesmo ali à porta. Apesar desta simpatia às vezes tem coisas esquisitas. Vem para a minha beira à hora do lanche, mete uma banana toda na boca e diz-me para eu pensar se fosse eu. Até tenho medo do que ela me faz se eu lhe disser que aprendi na escola a pôr um preservativo numa banana. Ainda leva a mal e deixa de me pôr mais comida ao almoço. É assim, o meu irmão já me deu muitas coças por eu ser um banana, por isso espero bem que a Xana não esteja a falar em bater-me. 



O meu tio já me falou de moças que gostam de apanhar no sexo. O Nando Farras também já disse que a Paulinha gosta de apanhar em todos os lados. A Paulinha ... Às vezes ainda olho para ela com esperança de que pudéssemos ser felizes os dois mas desde que o Júlio César me disse aquilo dela ser a bicicleta da rua dele, simplesmente não dá. Não vou agora a aprender a andar de bicicleta, isso é coisa de putos. É como ver o pai do Igor a aprender a ler aos 56 anos quando devia ter aprendido a ler na 4ª classe, a andar na rua com a Cartilha e livros da Anita. E nem sei porque raio ia eu aprender a andar de bicicleta quando tenho duas pernas para andar, autocarro a sair à porta da fábrica e quando tenho carta de condução. Em puto sim, é fixe andar de bicicleta porque não se pode andar sozinho em transportes públicos sem vir alguém oferecer daqueles rebuçados todos moles e derretidos pelo calor. Agora que sou maior de idade, nos transportes públicos a única coisa que me oferecem é porrada.



Falando em bicicletas, no outro dia apanhei na televisão a Volta à França em ciclismo e tudo me fez lembrar a Paulinha. Era só gajos, só bicicletas e só sofrimento. Quando o meu tio me apanhou a ver aquilo perguntou-me se estava a ver aquilo por causa dos moços terem calções demasiado curtos ou se gostava mesmo daquilo. Antes de eu responder, o meu tio disse-me que era uma parvoíce um desporto com bicicletas não se chamar «biciclismo» e por isso é que ninguém ligava. Disse-lhe que o hipismo, pela lógica dele também se devia chamar «cavalarismo». Ele deu-me uma chapada e disse que cavalarismo era quando deixávamos uma grávida passar na fila do supermercado ou quando cedíamos o nosso lugar no autocarro a um idoso. Estou sempre a aprender com o meu tio.








P.S.: No último texto do Gary ele disse que eu via moças em Full-Screen e até pareciam real. Tenho a dizer que isso não é verdade. Eu é que tirei uma foto quando fui ao «Aquecimento Global», mandei-lhe e disse-lhe para pôr em Full-Screen que até parecia que estava lá. Pensando bem, o nome do bar é apropriado ao ambiente de lá. Eu saí de lá todo suado. Levei uma camisa de flanela a contar que eles iam ter lá ar condicionado mas aquilo era mesmo quente lá dentro. Ainda tentei pedir uma garrafa de água mas as moças percebiam sempre mal e traziam uma garrafa de champanhe.


sexta-feira, 12 de julho de 2013

Como seria o mundo se ainda existissem dinossauros


Esta semana vi um artigo no jornal de um sítio que tinha dinossauros reais em exposição. A princípio pensei que fosse uma maneira de cativar figurantes para o Jurassic Park 3, mas depois pensei que com o Euromilhões a sair a alguém todas as semanas, algum desses podia ter investido em investigações genéticas para criar dinossauros. Só esperava que não fossem aquelas exposições extremamente desapontantes em que oferecem uns óculos 3D e estamos para ali a ver dinossauros todos esquisitos e que se vê logo que aquilo é feito a computador. Parece o Jorge Abel quando diz que é realizado no amor porque está sempre a ver moças nuas em Full-Screen e até parece real.


A verdade é que cheguei lá e era só ossos empilhados, desenhos supostamente reais de como eram alguns dinossauros e mosquitos da altura. Ainda dizem eles com grande circunstância que a entrada é livre. Para ver aquilo até nos deviam era pagar ou oferecer um lanche enquanto víamos dinossauros a sério no Jurassic Park ou no Godzilla. Mas nos dois filmes tinha que ser o original, não ia para lá desiludir-me com a exposição e com as sequelas. Imagino um realizador produzir um filme, ter alto trabalho para fazer algo diferente, conseguir produzir um produto único e espectacular e, no fim, o estúdio pede-lhe outro filme a dar sequência. Nem sequer deixam o homem pensar em mais histórias assim, pedem-lhe só mais do mesmo, a enviar uma mensagem do género: «Ok, tu és bom mas é só nisto».


Por isso, e ainda imbuído do espírito dos delírios, presenteei-me com mais um (ao invés, castigo-vos com mais um). O de hoje é de reflectir sobre como seria o mundo se ainda existissem dinossauros. Mas os de verdade, não eram aqueles feitos a computador:



  • Os bifes de Tyranossaurus eram daqueles que 1 dose nos restaurantes dá para 3 pessoas que comam bem. Claro que ia ser caro, não só pela qualidade da carne em si (aposto que a carne de Tyranossaurus ia saber tipo a búfalo) mas pela dificuldade na captura do animal. Mas não deixava de ser popular. Depois nos supermercados havia lasanhas de Tyranossaurus para levar ao microondas e que se descobria que também eram feitas com carne de cavalo;

  • O pterodáctil, aquele dinossauro que parecia uma ave mas muito maior, ia ser, de certeza absoluta, usado como símbolo de algum clube de futebol como são usados outros animais hoje em dia. No início dos jogos desse clube aparecia um pterodáctil a voar e escolhia alguém da bancada para levar para o covil dele. Ao início, por engano, levava adeptos do clube mas depois, com os treinos, ia passar a levar só adeptos do sector adversário;

  • Haver dinossauros significava que os touros, os veados e os rinocerontes iam ter que partilhar o mercado das metáforas dos homens «cornudos» com o Triceratops. Para quem não sabe, o Triceratops é aquele dinossauro grandão, que comia ervas mas tinha dois cornos afiadíssimos para investir sobre os adversários. À beira de um Triceratops, um touro não era nada, era como comparar moços que bebem cerveja com moços que bebem Minis. Mas agora que penso bem, touradas com Triceratops é que era à homem, queria ver quem é que se atrevia;

  • Os ingleses têm gostos questionáveis mas numa coisa admiro-os: são loucos a apostar em corridas de cavalos e de galgos. Essa faceta dos ingleses, mais o gosto pelo futebol, quase me faz esquecer do hábito irritante de usarem sandálias com meias e ainda por cima brancas! Com os dinossauros a existirem, aposto que os ingleses iam fazer apostas em corridas de Velociraptors. Estes dinossauros são aqueles que no Jurassic Park encurralaram os actores principais numa sala e eram velocíssimos. Havia de ser uma espécie de Fórmula 1 das corridas dos animais, eu pagava para ver. E para apostar, claro;

  • Muitas vezes diz-se que alguém que já é antigo é «um dinossauro». Se os dinossauros existissem, essa expressão caía. Os maiores favorecidos com isto tudo eram os minotauros, que são os segundos na lista de animais míticos que já não existem há tanto tempo que as pessoas se questionam mesmo se existiram ou se só vinham nos livros dos escritores da altura que as pessoas dizem que eram historiadores mas era a ficção científica de então. Ia-se dar muito mais valor aos minotauros do que se dá agora; ia haver de tudo sobre minotauros, até aquelas convenções de merda com filmes em 3D com minotauros todos robotizados;

  • Tal como nos outros animais, em Portugal não havia nenhum dinossauro de jeito. Os cientistas diziam que era pelo facto do nosso clima ser um clima mediterrânico-tropical, pouco apelativo para a existência de dinossauros. Mas eu achava é que Portugal tinha ficado de fora na qualificação para receber os dinossauros, quando houve o apuramento e foram os dinossauros todos para o Brasil, Argentina, Alemanha, França, Japão e Austrália. Mas como a FIFA dos dinossauros não prejudicava ninguém dava a Portugal algumas espécies mas as mais fraquinhas e aquelas que não interessam a ninguém;

  • O dinossauro que as moças iam citar mais vezes era o Broncossauro. Quer dizer, na prática o dinossauro chama-se Brontossauro, mas o povo em Portugal ia todo dizer Broncossauro porque fica mais fixe. Já imagino a classe em ouvir conversas nos cafés a dizer «o namorado da Celina é um broncossauro» ou «o meu patrão faz amor como um broncossauro». Se bem que esta última parte não sei bem o que significa mas gostava de saber;

  • Um dos penteados mais na moda é o penteado à moicano. As pessoas viram filmes de moicanos, acharam piada e agora está na moda. Mas isso é porque não existem dinossauros e, consequentemente, não existem Stegossaurus. Se quiserem ver como é um Stegossauru escrevam no google e vejam. Aposto que se os dinossauros existissem o penteado da moda ia ser o «penteado à stegossaurus». Eu fazia. Aposto que o Jorge Abel, só para me copiar, também fazia. E o Tolentino ia detestar o «penteado à stegossaurus» mas quando passasse de moda ia usar.



Outro fenómeno previsível caso existissem dinossauros era o facto de o Odisseia fazer documentários decentes em relação aos animais, em vez de insistir nas reconstituições a 3D que até me fazem chorar pelos cenários e movimentos criados totalmente em computador. Ao menos quando fazem reconstituições sobre os romanos ou sobre os Visigodos fazem com pessoas a sério e em aldeias que parecem medievais. Isso faz-me chorar mas é de emoção, ver os Visigodos a saquearem, pilharem e incendiarem as aldeias enquanto violam as moças. Quem me dera ser Visigodo. Mas, já que não sou, quem me dera que ainda existissem dinossauros.






P.S.: Dizem que o petróleo é feito de restos de dinossauros e que, se eles ainda existissem, se calhar não havia petróleo. Por mim tudo bem, era sinal que não iam existir chiclets nem aquelas moças irritantes que vão nos transportes públicos a fazerem balões e a estalarem e a fazerem barulhos a mastigar ou aqueles moços que as mastigam de boca aberta e a fazer barulho. Por outro lado, ia sentir falta dos tempos em que comia 30 chiclets Gorila por semana só para ter as tatuagens todas.


sábado, 6 de julho de 2013

Conselhos com 400 anos de atraso


Ando numa de ter alucinações daquelas mesmo maradas. No outro dia comprei um iogurte de melão, que nunca tinha visto à venda e aquela merda soube-me a limão. O Tolentino disse-me que se calhar li mal o rótulo mas eu acho é que há gente demoníaca a trabalhar nas empresas de iogurtes, que dizem que os iogurtes são de melão, enganam as pessoas e depois metem para lá iogurtes de limão e as pessoas nem dão pela diferença. Ainda bem que os moços que trabalham na fábrica do «Bongo» não fazem isso, imagino comprar «Um Bongo» de 7 frutos e aquilo saber-me a frutos do bosque. Se bem que não sei bem a que é que sabem os frutos do bosque, isto se eles existirem mesmo e não forem outro produto da minha mente.


Normalmente, um período fértil em alucinações era também um bom indício de escrever mais textos. Mas não é bem assim que isto funciona. Parece aqueles livros que nos ensinam a levar moças para a cama mas que se esquecem de pôr na primeira página que a moça também precisa de estar interessada em nós, caso contrário nada daquilo faz sentido. Ou tudo aquilo faz sentido se conseguirmos determinadas drogas. COISA QUE EU NUNCA FIZ, ATENÇÃO. Tive que pôr a letras maiúsculas para ninguém usar isto contra mim em tribunal. Sabiam que o Jorge Abel dizia que os moços que andam no ginásio vão lá para treinar os «maiúsculos»? E se lhe perguntarem o que é «minúsculo» diz que é um «maiúsculo» pequenito. E lêem vocês os textos dele.


Mas volvidos dois parágrafos perguntam-me vocês que conselhos são estes com 400 anos de atraso. Simples: apenas simples ideias alucinatórias da minha parte sobre o que se devia ter feito há 400 anos para que o tráfico de escravos em barcos de carga não fosse tão estigmatizado. Vejam lá:



  • À chegada dos barcos, os jornalistas iam entrevistar os que tinham chegado, recolher as primeiras impressões dos reforços. Tal como se vê hoje em dia, as principais frases seriam «é um sonho chegar à Europa», «vou trabalhar muito», «quero dar muitas alegrias» ou «não venho para substituir ninguém, só para segurar o meu lugar»;

  • Os proprietários pequenos, em África, eram aconselhados a pôr cláusulas de rescisão nos seus activos. Assim, os europeus não podiam simplesmente chegar lá e trazer as pessoas a custo zero. Pagavam uma cláusula ou negociavam com os proprietários e faziam os negócios em condições, sem ser tudo à balda como era antigamente; 

  • Se um contratado não rendesse bem na Europa logo à primeira vez era escusado matá-lo. O melhor era que o emprestassem um ano ou dois a África (podia ser com ou sem opção de compra, dependia da vontade do proprietário) outra vez e depois voltava, mais experiente e com vontade de triunfar na Europa. A adaptação nem sempre é fácil, às vezes é preciso dar espaço para a pessoa não ser um investimento perdido. 

  • Como queriam estes proprietários e dirigentes que as pessoas rendessem ao seu melhor nível se a preparação física era descurada? Para se render bem, as pessoas tinham que estar bem preparadas fisicamente, não era chegarem no dia depois de uma viagem de dias seguidos e começarem logo a trabalhar. Nem se faziam treinos de pré-época nem nada, era chegar e começar logo a trabalhar. Além disso, os barcos em que eles vinham nem tinham uma sala de ginásio nem nada, como chegavam era como começavam a trabalhar, assim era difícil;

  • Alguma vez alguém se preocupou com as dificuldades com o idioma que os contratados pudessem ter e como isso influenciaria o seu rendimento? É que na altura, os africanos tinham uma língua toda esquisita, não podiam simplesmente chegar à Europa e aprender tudo numa hora. Eram pessoas de origens humildes, sem escolaridade e sem frequentarem cursos profissionais. O meu conselho passava por uma semana de adaptação com alguém que já estivesse há mais tempo na Europa e lhes ensinasse o idioma ou então o recrutador em África inscrevia-os num curso antes de oficializar a contratação;

  • Não havia uma política de contratações definida na altura. Tudo o que fosse agente livre era contratado, sem se saber quais as suas aptidões, a sua posição preferida ou as suas limitações. Claro que a rentabilidade era baixa se se contratava assim à toa, só para encher. Umas pessoas podiam trabalhar mais em equipa e outras assumir mais a responsabilidade. Por isso, havia de haver captações, os observadores europeus estarem espalhados pelo continente africano para saberem o que e quem contratar especificamente, em vez de ser à sorte;

  • A ideia que eu tenho, desde que estudo o tráfico de escravos é que os europeus só queriam contratar jovens promessas. Pela minha experiência, muita juventude dá sempre mau resultado. Olhem para os bandos de delinquentes: os que andam aí a monte têm sempre dois ou três membros com mais experiência. Os que são apanhados são aqueles que só têm miúdos. Também aqui, por vezes, era necessário contratar alguém com mais experiência, que já tivesse muitos anos de Europa para poder integrar bem os jovens, orientá-los e  ajudá-los na adaptação;

  • Outra ideia que tenho, prometo que é a última, é que eram todos contratados com promessa de serem titulares. Não havia suplentes. Se alguém se lesionava ou estava a render menos, não havia maneira de o substituir sem ser através da morte. Claro que assim toda a gente queria abolir a escravatura! A minha sugestão é que houvesse titulares e suplentes. Se algum titular estivesse a render menos podia sempre ser substituído e assim motivava-se os suplentes. Se todos rendessem bem, os suplentes que quisessem jogar mais podiam pedir para ser emprestados ou transferidos para outro proprietário europeu, emigrar para o continente americano ou voltar a África, emprestado ou a custo zero.




Como vêem, caso isto fosse posto em prática, todos lucravam. Havia menos mortes no ramo e, portanto, era mais atractivo e visto como um bom futuro para os filhos dos africanos que ficavam no continente; havia maior rentabilidade para os europeus, que em vez de contratarem tudo o que mexesse e tivesse os 2 braços e as 2 pernas podiam fazer um recrutamento específico; liberalizava o mercado de transferências, com empréstimos, trocas e compras e vendas; potencializava-se a classe jornalística, com entrevistas aos novos recrutas, comentários de ex-escravos sobre quem ia ser uma estrela e quem ia decepcionar e cobertura em directo da chegada dos novos recrutas; dava-se às pessoas um tema de conversa por exemplo adivinhar se o Sr. Dantas do algodão ia contratar alguém no mercado de Junho ou se ia aguentar o plantel até Dezembro para depois retocá-lo com uma ou outra contratação. É que há 400 anos as pessoas só falavam de impostos, de guerras e de doenças, como se vivessem num lar de idosos todos os dias. Com estes meus conselhos, podiam ser um pouco mais felizes.






P.S.: Não quero com este texto dizer que sou amante da escravatura. Quer dizer, por acaso até sou, mas vou reformular: não sou amante da escravatura exclusivamente dos pretos. Por exemplo, se há 400 anos atrás houvesse algum proprietário africano com possibilidade de recrutar europeus, os mecanismos mantinham-se e até ia ser interessante verificar as manchetes dos jornais africanos à chegada de europeus para trabalharem no campeonato deles. E, por outro lado, sempre que vejo aqueles anúncios nos jornais a dizerem que se lhes ligares vão ser as tuas escravas do prazer, são moças brasileiras, ucranianas ou espanholas. Assim está bem, viva a escravatura, agora se for só para os pretos, não vale a pena.



terça-feira, 2 de julho de 2013

Fiz um amigo lá na fábrica mas nem tudo me corre bem


É o Júlio César. Normalmente só ia dizer o nome dele lá para o meio do texto mas hoje quis dizer logo. A mim parece-me um nome normal mas queria saber se vocês achavam o mesmo. Quando disse ao Gary ele perguntou-me se era brasileiro, porque Júlio César é nome de guarda-redes brasileiro. Mas pior foi o Tolentino, que diz que detesta o Júlio César porque nos livros do Ásterix está sempre a levar nos cornos de um gordo e de um anão. Quando andava no 5º ano havia dois irmãos assim, eram o Tino (que era o gordo) e o Mário (que era o pequeno). Se eu sabia na altura tinha-lhes chamado Ásterix e Obélix, se calhar tinha sido mais popular.


Decidi não ligar ao que eles me disseram, o Júlio César é um moço espectacular. Já me perguntaram porque é que o trato sempre por Júlio César. Não o posso tratar por Júlio porque o Gary disse-me que já tinha falado aqui num obeso chamado Júlio. E César é o nome do Sr. César da papelaria. Assim fica Júlio César, porque se o tratasse só por César as pessoas podiam pensar que eu estava a desrespeitar o Sr. César ao chamá-lo só pelo nome como se tivesse andado com ele na escola. Não andei mas estive perto, que quando acabei o 9º ano pelo meu irmão o Sr. César estava a fazer o 10º ano pela 12ª vez. A minha mãe diz que ele é burro mas o meu tio diz que ele tem é medo das mudanças e por isso é que continua a conduzir o Citroen Saxo que tem desde 1997.


Ficou então Júlio César. Ele só está na fábrica há duas semanas mas é o moço mais porreiro de lá. Se calhar só o meu chefe é mais fixe que o Júlio César, mas uma vez vi num filme um moço a conviver com o chefe e depois aquilo acabou tudo mal, com o moço a dormir com a mulher do chefe e o chefe a ir tomar o pequeno-almoço a restaurantes de fast-food. Não quero isso para o meu chefe, logo ele que está sempre com a tensão alta. Pelo menos a Xana da cantina disse-me no outro dia que a secretária do chefe está sempre a gabar-se de como o chefe é tenso. Acho piada à Xana da cantina, não sabe dizer que o chefe é uma pessoa tensa, diz sempre que é uma pessoa tesuda. Mas depois do Júlio César é a pessoa com quem mais falo na fábrica, até mais do que com a Paulinha.


O Júlio César disse-me que a Paulinha era a bicicleta da rua dele. Agora percebo porque é que eu e ela nunca iria resultar, eu não sei andar de bicicleta. Eu bem vos disse que a Paulinha era uma moça difícil. Ainda dizia o Gary que era fácil. Fácil só se for para aqueles moços do ciclismo, não para mim de certeza. Queria ver se para eles também era fácil rotular e armazenar latas de tintas de acordo com a cor, espessura e se são anti-fungo ou não. Cada pessoa tem os seus próprios talentos. A Xana da cantina já me tinha dito que a Paulinha era uma cabra. O Nando Farras uma vez comentou que a Paulinha era uma toura. E o Venâncio disse que a Paulinha era uma sobremesa agradável. Na minha opinião, para ser isto tudo, só pode ser mutante tipo daqueles do X-Men ou dos que apareciam no SpiderMan.


Para mim já não me interessa para nada a Paulinha. Mais um desgosto de amor. O meu tio viu-me a chorar no quarto no outro dia e chamou o meu irmão para me dar uma coça. Depois disso perguntou-me se estava a chorar por ter descoberto que era homossexual. Disse-lhe que não e ele disse que se não estava a chorar por isso e se não tinha morrido ninguém, só podia ser por alguma reacção alérgica a alguma droga. Para mim, amar a Paulinha era uma droga. O meu tio deu-me uma coça e disse-me que amar alguém não era uma droga, que era só uma perda de tempo e de dinheiro e que se eu queria mesmo mostrar que amava alguém para lhe dar boleia até Valongo, que ele tinha deixado lá o carro no outro dia. Dei-lhe boleia e fez-me bem viajar.






P.S.: Com os constantes ataques do Gary e com o Tolentino a ficar sempre do lado dele, o Júlio César é o meu melhor amigo. O meu tio avisou-me para não lhe dizer isso porque dizer-se a um moço que ele é o nosso melhor amigo é como se dizer a uma moça que tem um par de mamas espectaculares: pode dar resultado mas na maior parte das vezes dá merda. Disse ao meu tio que ele devia escrever um livro em que dava conselhos às pessoas mas ele disse-me que se escrevesse sobre alguma coisa era sobre as melhores posições sexuais para quem tem uma hérnia discal.