sábado, 20 de julho de 2013

Aspectos em que os animais saem a ganhar


Antes que comecem a pensar nessa possibilidade, este não é um texto a apelar aos direitos dos animais e comigo a renunciar comer carne. Isso queriam vocês! Nem pensar que vou deixar de ir à Churrasqueira comer aqueles panados fritos como eu gosto, crocantes e estaladiços mas sem estarem demasiado gordurosos com o óleo da fritura. Não pensem também que vou deixar de apreciar as qualidades do Vítor Piranha a assar os frangos. Assa os frangos como se estivesse a fazer amor com cada um deles. Pelo menos o Vítor Piranha diz que gosta das mulheres como gosta de assar os frangos: bem fogosos. 


Depois de ler o último texto do Jorge Abel perguntei-me porque é que não convidei antes o texugo de estimação do Raul para vir aqui escrever, sempre é mais inteligente. Sempre que o Raul compra um pacote de batatas fritas e o guarda na dispensa, o texugo vai lá buscá-lo sem ninguém ver e esconde-o num sítio que só ele sabe e anda a semana toda a cheirar a presunto ou a churrasco, dependendo do sabor que o Raul compra. Só tinha que aprender a escrever e a escolher um nome para o blog, não podia simplesmente assinar como «Texugo do Raul» embora seja um nome que fique no ouvido. Não tanto como Mike Albatroz, mas fica.


Além desse texugo, muitos outros animais poderiam ser convidados para escrever no blog por terem um índice de inteligência superior ao do Jorge Abel. Esta ideia fez-me pensar em aspectos em que os animais saem a ganhar em relação aos humanos. Mas não é a ganhar por poucos, é assim por uns 20-0, tipo quando uma selecção de pedreiros do Liechenstein enfrenta a selecção de All-Stars do Lesoto. Escusado será dizer que é o Lesoto que perde. Mas vejam lá então alguns exemplos:



  • Os animais podem executar as suas necessidades fisiológicas em qualquer lado, sem qualquer constrangimento e nem precisam de estar apertados para fazer. Basta ter vontade e é logo ali. Não precisam de acertar na sanita, de se preocupar em baixar o tampo da sanita para a namorada ou a mãe não virem reclamar nem de ver se vai algum polícia a passar que o possa multar por estar a urinar em via pública;

  • Não há recordes do mundo no mundo animal, ou seja, não têm nenhum atrasado mental a tentar bater o recorde do mundo das unhas mais compridas ou de comer mais cachorros quentes. Nem há programas de televisão no mundo animal com o Jorge Gabriel ou o José Figueiras a apresentaram os recordes do guiness como se fosse uma coisa mesmo extraordinária;

  • Vejo leões a comerem búfalos inteiros e continuam ali em grande forma. Além disso, ao contrário dos humanos, os animais em geral não têm que se preocupar, quando escolhem a fêmea em evitar as gordas porque são todas normais para a espécie. Algum de vocês há-de dizer que as morsas são gordas mas para a espécie deles estão no peso ideal. Os gordos no mundo animal sobrevivem pouco tempo, são os primeiros a ser apanhados pelos predadores. Antes fosse assim também no mundo humano;

  • Os animais não festejam aniversários, logo, além de não terem que decorar datas, não passam por aqueles momentos constrangedores de terem que dar os parabéns a mil pessoas por ano, a irem a 20 ou 30 jantares de aniversário, a comprarem prendas, a gastarem dinheiro e tempo. Claro que o Facebook ajudou muito a agilizar o conceito de aniversário, basta deixar uma mensagem e já não se passa por insensível. Mas como os animais também não têm Facebook (tirando aqueles que são humilhados pelos seus donos neste aspecto) são bem mais felizes;

  • Se um bisonte, hoje mesmo, viesse a correr atrás de mim era capaz de demorar uns 4 segundos para me apanhar, atropelar-me e partir-me os ossos todos. Se o bisonte fosse lento demorava uns 20 segundos porque estou em baixo de forma. Os animais nunca estão em baixo de forma. Há os mais lentos e os mais rápidos, mas nunca estão mal. Por exemplo, nunca vi nenhum leopardo a correr no deserto como aqueles moços que vão correr para a praia no Verão mas quando é para caçar alguma zebra correm à brava;

  • Tal como no mundo humano, há aqueles animais que comem carne e os que não a comem e fazem aquelas dietas à base de ervas e merdas derivadas. Mas, quer uns quer outros, têm acesso a alimentos frescos, a carne do dia e de primeira qualidade, à mão de semear, sem terem que pagar ou terem que reservar mesa em algum restaurante. Quem fica a lucrar mais com isto são os vegetarianos, que se houvesse um restaurante para animais, um leão pagava aí uns 8€ por um bife de antílope, enquanto uma zebra pagava uns 14€ por uma dose de erva de pasto natural com cogumelos;

  • No outro dia estava a passar pelos canais todos da televisão para ver se em algum estava a dar algum documentário sobre os Visigodos quando o meu comando ficou sem pilhas. A televisão estava num suposto canal de música mas que estava a dar um moço, com cabelo à moça, a chorar. Descobri depois que esse era um fenómeno de popularidade mundial. No mundo humano há coisas destas, há os moços do punk, há os da música popular, entre outros 750 estilos. E depois há o dubstep. Os animais nisso têm mais sorte, que as músicas também variam de pássaro para pássaro mas se estiverem fartos da música podem sempre matar os artistas sem quaisquer consequências e como se não tivesse acontecido nada de anormal;

  • Qualquer documentário sobre animais tem uma grande probabilidade de ter alguma cena em que há relações sexuais. Os animais andam sempre nisso. Além da oferta grande, a disponibilidade também é ainda maior. Não há cá dores de cabeça, viagens de negócio ou reuniões de manhã cedo. É comer, fugir aos predadores e ter relações sexuais. Apesar desta maior oferta sexual, os animais não são predadores sexuais. Não se vêem violações nem casos de pedofilia no mundo animal como se vê no mundo humano.




Visto bem, sou capaz de me ter centrado demasiado nos animais terrestres, descurando a vida marítima. Mas não vou agora apagar isto tudo que está para trás, depois se me apetecer faço um só derivado aos animais marinhos. Se os animais marinhos falassem e eu desenvolvesse guelras para respirar debaixo de água ia adorar conhecer um salmão. Os salmões, apesar de deverem um bocado à inteligência por serem sempre comidos pelos ursos, todos os anos, no mesmo sítio, devem ter uma história fascinante. Aposto que toda a gente respeita a herança cultural e histórica dos salmões, os «pele vermelha». Esses sim, os verdadeiros «pele vermelha» não é como aqueles índios que eram tão brancos como o Rogério Samora e que se pintavam todos só para serem diferentes.






P.S.: Aposto que se o cenário de os peixes falarem e eu desenvolver guelras fosse real, ia logo de gás perguntar aos tubarões se se reviam na forma como eram retratados na saga de filmes «Tubarão» ou se era uma visão estereotipada. Aposto que os tubarões são como os ciganos: até podem não ter tido nada a ver com algum crime que aconteceu, mas há-de haver sempre alguém a dizer «aposto que foi um tubarão». 


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