Esta semana vi um artigo no jornal de um sítio que tinha dinossauros reais em exposição. A princípio pensei que fosse uma maneira de cativar figurantes para o Jurassic Park 3, mas depois pensei que com o Euromilhões a sair a alguém todas as semanas, algum desses podia ter investido em investigações genéticas para criar dinossauros. Só esperava que não fossem aquelas exposições extremamente desapontantes em que oferecem uns óculos 3D e estamos para ali a ver dinossauros todos esquisitos e que se vê logo que aquilo é feito a computador. Parece o Jorge Abel quando diz que é realizado no amor porque está sempre a ver moças nuas em Full-Screen e até parece real.
A verdade é que cheguei lá e era só ossos empilhados, desenhos supostamente reais de como eram alguns dinossauros e mosquitos da altura. Ainda dizem eles com grande circunstância que a entrada é livre. Para ver aquilo até nos deviam era pagar ou oferecer um lanche enquanto víamos dinossauros a sério no Jurassic Park ou no Godzilla. Mas nos dois filmes tinha que ser o original, não ia para lá desiludir-me com a exposição e com as sequelas. Imagino um realizador produzir um filme, ter alto trabalho para fazer algo diferente, conseguir produzir um produto único e espectacular e, no fim, o estúdio pede-lhe outro filme a dar sequência. Nem sequer deixam o homem pensar em mais histórias assim, pedem-lhe só mais do mesmo, a enviar uma mensagem do género: «Ok, tu és bom mas é só nisto».
Por isso, e ainda imbuído do espírito dos delírios, presenteei-me com mais um (ao invés, castigo-vos com mais um). O de hoje é de reflectir sobre como seria o mundo se ainda existissem dinossauros. Mas os de verdade, não eram aqueles feitos a computador:
- Os bifes de Tyranossaurus eram daqueles que 1 dose nos restaurantes dá para 3 pessoas que comam bem. Claro que ia ser caro, não só pela qualidade da carne em si (aposto que a carne de Tyranossaurus ia saber tipo a búfalo) mas pela dificuldade na captura do animal. Mas não deixava de ser popular. Depois nos supermercados havia lasanhas de Tyranossaurus para levar ao microondas e que se descobria que também eram feitas com carne de cavalo;
- O pterodáctil, aquele dinossauro que parecia uma ave mas muito maior, ia ser, de certeza absoluta, usado como símbolo de algum clube de futebol como são usados outros animais hoje em dia. No início dos jogos desse clube aparecia um pterodáctil a voar e escolhia alguém da bancada para levar para o covil dele. Ao início, por engano, levava adeptos do clube mas depois, com os treinos, ia passar a levar só adeptos do sector adversário;
- Haver dinossauros significava que os touros, os veados e os rinocerontes iam ter que partilhar o mercado das metáforas dos homens «cornudos» com o Triceratops. Para quem não sabe, o Triceratops é aquele dinossauro grandão, que comia ervas mas tinha dois cornos afiadíssimos para investir sobre os adversários. À beira de um Triceratops, um touro não era nada, era como comparar moços que bebem cerveja com moços que bebem Minis. Mas agora que penso bem, touradas com Triceratops é que era à homem, queria ver quem é que se atrevia;
- Os ingleses têm gostos questionáveis mas numa coisa admiro-os: são loucos a apostar em corridas de cavalos e de galgos. Essa faceta dos ingleses, mais o gosto pelo futebol, quase me faz esquecer do hábito irritante de usarem sandálias com meias e ainda por cima brancas! Com os dinossauros a existirem, aposto que os ingleses iam fazer apostas em corridas de Velociraptors. Estes dinossauros são aqueles que no Jurassic Park encurralaram os actores principais numa sala e eram velocíssimos. Havia de ser uma espécie de Fórmula 1 das corridas dos animais, eu pagava para ver. E para apostar, claro;
- Muitas vezes diz-se que alguém que já é antigo é «um dinossauro». Se os dinossauros existissem, essa expressão caía. Os maiores favorecidos com isto tudo eram os minotauros, que são os segundos na lista de animais míticos que já não existem há tanto tempo que as pessoas se questionam mesmo se existiram ou se só vinham nos livros dos escritores da altura que as pessoas dizem que eram historiadores mas era a ficção científica de então. Ia-se dar muito mais valor aos minotauros do que se dá agora; ia haver de tudo sobre minotauros, até aquelas convenções de merda com filmes em 3D com minotauros todos robotizados;
- Tal como nos outros animais, em Portugal não havia nenhum dinossauro de jeito. Os cientistas diziam que era pelo facto do nosso clima ser um clima mediterrânico-tropical, pouco apelativo para a existência de dinossauros. Mas eu achava é que Portugal tinha ficado de fora na qualificação para receber os dinossauros, quando houve o apuramento e foram os dinossauros todos para o Brasil, Argentina, Alemanha, França, Japão e Austrália. Mas como a FIFA dos dinossauros não prejudicava ninguém dava a Portugal algumas espécies mas as mais fraquinhas e aquelas que não interessam a ninguém;
- O dinossauro que as moças iam citar mais vezes era o Broncossauro. Quer dizer, na prática o dinossauro chama-se Brontossauro, mas o povo em Portugal ia todo dizer Broncossauro porque fica mais fixe. Já imagino a classe em ouvir conversas nos cafés a dizer «o namorado da Celina é um broncossauro» ou «o meu patrão faz amor como um broncossauro». Se bem que esta última parte não sei bem o que significa mas gostava de saber;
- Um dos penteados mais na moda é o penteado à moicano. As pessoas viram filmes de moicanos, acharam piada e agora está na moda. Mas isso é porque não existem dinossauros e, consequentemente, não existem Stegossaurus. Se quiserem ver como é um Stegossauru escrevam no google e vejam. Aposto que se os dinossauros existissem o penteado da moda ia ser o «penteado à stegossaurus». Eu fazia. Aposto que o Jorge Abel, só para me copiar, também fazia. E o Tolentino ia detestar o «penteado à stegossaurus» mas quando passasse de moda ia usar.
Outro fenómeno previsível caso existissem dinossauros era o facto de o Odisseia fazer documentários decentes em relação aos animais, em vez de insistir nas reconstituições a 3D que até me fazem chorar pelos cenários e movimentos criados totalmente em computador. Ao menos quando fazem reconstituições sobre os romanos ou sobre os Visigodos fazem com pessoas a sério e em aldeias que parecem medievais. Isso faz-me chorar mas é de emoção, ver os Visigodos a saquearem, pilharem e incendiarem as aldeias enquanto violam as moças. Quem me dera ser Visigodo. Mas, já que não sou, quem me dera que ainda existissem dinossauros.
P.S.: Dizem que o petróleo é feito de restos de dinossauros e que, se eles ainda existissem, se calhar não havia petróleo. Por mim tudo bem, era sinal que não iam existir chiclets nem aquelas moças irritantes que vão nos transportes públicos a fazerem balões e a estalarem e a fazerem barulhos a mastigar ou aqueles moços que as mastigam de boca aberta e a fazer barulho. Por outro lado, ia sentir falta dos tempos em que comia 30 chiclets Gorila por semana só para ter as tatuagens todas.
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