Eu nem sempre gostei de séries. Se o Jumanji fosse uma série, demoravam 26 episódios para chegar ao fim do jogo, quando no filme chegam ao fim em 1 hora e 40 minutos de puro entretenimento. E chegam ao fim numa hora e 40 minutos, mesmo com o Robbie Williams a passar 25 anos na selva. Se fosse uma série, só para aparecer o caçador, que eu ainda não sei o nome mas sei que era «Von» qualquer coisa, passavam pelo menos uns 4 ou 5 episódios. Há aquelas séries que são uma história e que os episódios vão-se desenrolando como um livro e depois há outras séries que cada episódio é uma história com princípio, meio e fim. Essas séries irritam-me, porque normalmente são aquelas em que corre tudo bem nos episódios e estão desenhados claramente só para as pessoas passarem o tempo.
Mas desde que estou com a Paulinha, que é uma grande amante de séries, comecei a gostar de algumas. A princípio, chateei-me muitas vezes com ela porque eu sabia que o Dr. House ia acertar sempre no diagnóstico ou que os do CSI iam apanhar sempre o assassino e nenhum deles ia morrer nas trocas de tiros com os bandidos. Só que depois comecei a ver séries engraçadas, em que morriam protagonistas, aconteciam coisas que não estava à espera e nem sempre ganhavam os bons. Além disso, a Paulinha utilizou um argumento que eu tive em conta. Normalmente não a ouço quando ela se alonga nas falas, porque sinto que vem um sermão feminino com o qual não vou aprender nada, mas desta vez ouvi o início e foi quando ela me disse que se o Jumanji fosse uma série, eles podiam explorar o que se passou na selva, qual a rivalidade com o caçador e surgir muitas outras personagens que se surgissem em filme, o filme tinha para aí 5 horas e ia ser maior que o «Lawrence da Arábia».
Assim, fiquei um pouco mais amante de séries. No entanto, como a maior parte das séries na televisão é de polícias a resolver crimes, decidi criar séries da minha autoria, que abrangessem espectadores que não acham piada nenhuma a séries que toda a gente sabe que vai acabar em bem. Aqui vos deixo a sinopse (ou breve resumo para quem, como o Jorge Abel, nunca passou do 3 a Português) das minhas ideias para séries:
- «Tradição»: a série passava-se em Portugal, em 2014, mas com constantes «flashbacks» do passado, para explicar o porquê das coisas estarem a acontecer agora, não vamos fazer como o Harry Potter que simplesmente havia uma escola de magia e pronto, ninguém falava mais nisso, nem como tinha surgido ali. O personagem principal era Nuno Gamba, que contrariamente ao que o nome indica, provinha de uma família conhecida por possuir um talho desde 1894. Contudo, Nuno Gamba teve de fechar o seu estabelecimento em 2011, pelo facto de perder a clientela toda para um talho, na mesma rua, que vendia a carne mais barata, assim como rissóis de pescada, mexilhões e miolo de camarão. Gamba, junta-se a outros talhantes tradicionais e a populares revoltosos e forma uma milícia, que vandaliza talhos modernos, espanca moços que pedem francesinha sem bife e incendeia restaurantes vegetarianos. Ao longo da série vamos percebendo que Nuno roubou um cutelo do talho do pai quando era miúdo e por isso era temido na sua escola preparatória, e que a sua primeira namorada lhe chamava «Morcela» porque adorava comer os dois;
- «O instrumento»: Felisberto, um músico promissor abandona a sua carreira a partir do momento em que um concerto de violino num salão paroquial preenchido com 33 pessoas não é pago, nem tem direito a beber um Fresky de frutos exóticos no fim, só sobraram os de laranja. Agastado com a sua vida, esse músico começa a frequentar o ginásio de forma assídua, onde conhece Clóvis. Este, é professor de Muhay Thay e, em troca de ser o parceiro de treino de Felisberto, este tem que começar a frequentar as suas aulas. Com o tempo, Felisberto começa a ganhar um corpo tonificado e aptidão nas artes marciais. Então, Clóvis, já considerado o seu melhor amigo, fala-lhe do seu grande segredo: é acompanhante e sente que «Berto» também podia ser. O ex-músico, após um período de reflexão, aceita o convite. A série acompanha esta transformação e o seu dia-a-dia enquanto acompanhante. Vemos também como a ironia toma conta da vida de Felisberto, que foi preciso ser acompanhante para ser conhecido como «O Músico», visto que atribuía um instrumento a cada moça que contratava os seus serviços e encavava-a de forma condizente com o instrumento escolhido: de sopro, de percussão ou de cordas;
- «Supremacia»: há um porradão de séries sobre vampiros, mortos-vivos e até de uma moça que fala com os mortos para lhes proporcionar os últimos desejos deles e dar-lhes justiça, mas há poucas (ou nenhuma!) série sobre futebol. Esta série acompanhava os primórdios do futebol, na sua forma mais arcaica, onde não eram só as cargas de ombro que não eram falta, qualquer carga era legal e onde não havia foras-de-jogo. A acção desenrolava-se na altura do Império Romano, onde fora dos limites do Império proliferavam as tribos bárbaras. Entre essas tribos estavam os Rasmundos, liderados pelo temível Rasmus, que já por várias vezes havia combatido e derrotado os romanos em diversos territórios. Quando Rasmus morreu, as várias tribos bárbaras criaram a «Liga de Rasmus», onde jogos de futebol arcaico se disputavam entre as várias tribos, em que os derrotados saíam sem vida. A equipa que se sagrasse vencedora da «Liga de Rasmus» governaria todas as tribos bárbaras. Ao longo dos episódios vamos assistindo aos jogos, aos dramas familiares, à forma como Roma olhava para esta liga e se devia enviar uma equipa para participar e veremos se os Visigodos confirmam o seu favoritismo;
- «De porto em porto»: a série reportava-se ao período de tempo em que gregos, genoveses, fenícios e cartagineses dominavam o comércio marítimo e andavam de porto em porto em busca de novos produtos, novas trocas e parcerias comerciais, mas também de novas intrigas, histórias, aventuras e moças para encavar. A série tem como protagonista principal o barco de um mercador fenício e, em vez de cada episódio ser num porto diferente, com uma história diferente (como aquelas séries que detesto), às vezes passava 2 ou 3 episódios na mesma cidade, ou porque teve uma rivalidade com um cartaginês ou porque encavou a prima de um grego e este tentou afundar o barco dos fenícios e gerou-se ali grande confusão no porto, com promessas de vingança de parte a parte. O azar do grego é que o fenício andou na escola e sabia que não devia aceitar cavalos de madeira. Depois também havia um episódio em que os piratas atacavam o barco dos fenícios e era porrada velha. Disse isto dos piratas depois do episódio com o grego, precisamente para os espectadores especularem sobre se tinha sido o grego a estar por trás do ataque dos piratas;
- «Os não-heróis»: as séries focam-se sempre nos que sobrevivem às tragédias, nos moços gordos que estão sempre no banco mas no jogo da final entram e fazem o cesto vencedor, em moços que adquirem poderes e viram super-heróis, em espiões, polícias a resolver todo o tipo de crimes, médicos ou moças a comerem chocolate e a chorar. Esta série não. «Os não-heróis» ia-se focar nos não protagonistas, nos que não sobrevivem, nos que não resolvem as situações, nos que não conseguem acabar bem. Por exemplo, o primeiro episódio mostrava dois amigos que estavam a chegar de uma noite em que se carregaram de ácidos numa festa de trance e nem se inteiraram que a epidemia zombie estava a começar. Nas outras séries, por aparecerem, estes moços iam conseguir escapar e tornar-se os protagonistas. Nesta série, não escapavam, eram mordidos e comidos e depois acompanhava-se a transformação, eles a andarem no meio dos outros, a reacção quando viam humanos e tudo o que envolvia ser zombie, até morrerem com um tiro de um grupo de humanos;
Este é o meu contributo para as séries de televisão, agora quem tiver o curso de guionista que faça o resto. E já muito fiz eu! Que normalmente, a pior parte para os que escrevem as séries, é pensar numa história. Depois, as falas nos episódios é fácil, fazem conversas entre os personagens, metem duas cenas de porrada, uma ou duas de sexo e fazem aparecer personagens novos episódio sim, episódio não. Se a série tiver flashbacks, incide-se nisso e nem é preciso pensar muito no episódio em si, mas sim em explicar o passado. Com isto, temos 2 ou 3 episódios sem grande história e como cada temporada tem sempre no mínimo 10 episódios, os guionistas não têm muito mais trabalho. Depois ainda dizem que se trabalha muito no universo da televisão, quem me dera a mim! O problema é que as produtoras e os canais gostam é de séries convencionais e em que acontece sempre o mesmo, com os bons a ganharem, com o protagonista a sofrer mas sem nunca morrer e a conseguir resolver sempre tudo no final e com os criminosos todos a serem apanhados por equipas policiais altamente eficazes. Depois ainda me perguntam porque é que já vi 22 vezes o «Godzilla», 16 o «Pulp Fiction» e 10 o «Assalto ao Arranha-Céus».
P.S.: Se me dessem liberdade criativa, gostava de fazer uma série de animação com mariscos e peixes. Mas nada como aquilo do «SpongeBob», que os polvos eram todos grandes bananas e os peixes eram todos sovinas. Além disso, nessa série, faziam da Lula um pascaço, quando todos sabemos que as lulas são como aqueles moços que se armam e se metem com toda a gente porque, se lhes acontecer alguma coisa e se alguém responder mal, no dia a seguir as lulas vão chamar os primos, que são os polvos, e está a confusão armada. Ah!, se eu fizesse essa série é que ia ser feliz. Ia haver um personagem chamado Vítor, que ia ser um pargo, para ser «Vítor Pargo» e era um empresário, que no fim do dia ia sempre beber um copo com os seus amigos Miguel Arenque, Mário Goraz, Júlio Lampreia e com o Sr. Faneca.
Eu adorava entrar na série de animação com mariscos e peixes.
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