segunda-feira, 31 de março de 2014

Profissões com futuro


Ontem dei por mim a pensar no futuro, quando a Paulinha me perguntou o que é que eu gostava de almoçar hoje. Se me perguntasse isto hoje de manhã, nunca na minha vida ia pensar que estava a pensar sobre o futuro, mas como me perguntou ontem e me obrigou a pensar numa coisa que só ia acontecer no dia a seguir, pôs-me a pensar no futuro. Acho que começo a ser daqueles moços que mudam a partir do momento em que se envolve sexualmente com frequência e em regime de exclusividade com uma moça. Eu nunca tinha dado por mim a pensar no futuro e a Paulinha fez-me isso ontem. Não sei em que mais coisas mudei, se tiver mudado digam-me. Até podem dizer nos comentários, para toda a gente ver, que provavelmente não vou ter nenhum comentário e assim as pessoas vão ver que não mudei assim tanto. As pessoas e eu, que ainda estou aqui um bocado na dúvida.



Mas isto de pensar no futuro é contagiante. O que vou almoçar amanhã? Será que daqui a 50 anos as pessoas vão-se rir desta geração que passava imenso tempo em elevadores? Será que daqui a 10 anos o Mundo se vai esquecer que o Lesoto é um país? Há tanta coisa para pensar sobre o futuro que escrevi 50 temas em papéis, meti-os dentro de um saco de plástico, abanei aquilo tudo, tirei um ao calhas e saiu «Profissões». Não sei que profissões novas podem existir no futuro, por isso comecei a pensar em profissões que não vão existir no futuro como os sapateiros, os amoladores ou os calceteiros. Também não vão existir fotógrafos, porque agora toda a gente é fotógrafa, basta ter uma máquina e Instagram. Por isso, pensei em profissões actuais que têm muito futuro.



Pronto, esta é aquela altura em que podia já ter começado a escrever as profissões com futuro e o porquê, mas que não o vou fazer para manter a minha imagem de marca de 3 parágrafos de introdução, em que o terceiro é ligeiramente mais pequeno. O psiquiatra do Lucindo disse-lhe que o que provoca maior desconforto psicológico são as mudanças bruscas. Eu acho que são mesmo as doenças psiquiátricas, mas para não arriscar, não vou mudar a forma como escrevo os meus textos, por isso, três parágrafos depois, cá vão as profissões com futuro:



  • Nutricionistas. Começo por aquela que acho que vai ter mais futuro e que vai reflectir melhor o paradoxo da sociedade moderna. Por um lado, vai haver cada vez mais gordos e gente a fazer fila no McDonalds e no Burger King, mas por outro lado esses mesmos gordos vão querer, chegando ao ponto sem retorno, ficar em forma e então vão procurar um nutricionista. Nos primeiros 15 dias, fazem tudo direitinho, até vão andar para as marginais e para os parques, mas depois um amigo, uma amiga ou um familiar faz anos e voltam a comer as entradas todas e 3 sobremesas no fim;

  • Electricistas. No outro dia, quando o Lucindo me veio aqui, voluntariamente, reforçar os canos de todos os lavatórios para nunca pingarem, disse-me que daqui a 10 anos não vai haver picheleiros e que nos últimos 10 anos não se fizeram picheleiros honestos e que o casamento dele já fez 10 anos há 8 anos e muitas outras coisas que entretanto não prestei atenção. Mas o que vai haver é electricistas ou, pelo menos, reparadores de microondas, que no futuro quase ninguém vai saber cozinhar e então 80% da população vai fazer do microondas o seu cozinheiro e, sempre que este electrodoméstico avariar até vai haver números de emergência 24h como aquele autocolante dos desentupimentos que há em todas as cidades;

  • Caixa de supermercado. Diz-se que no futuro, muitos trabalhos vão ser substituídos por máquinas ou por robots. Também já vi um filme em que os robots dominam o Mundo e até mandam um moço para o passado para matar uma moça que é empregada de mesa mas que no futuro é alta revolucionária. Lembrei-me de outro filme em que os robots se revolucionam mas há um que é bom e ajuda o Will Smith. Mas se há profissão com futuro é caixa de supermercado, pelo menos para supervisionarem as caixas self-service, que sempre que vou ao supermercado, essas caixas são as mais lentas porque as pessoas querem-se despachar, fazem tudo mal e a moça que lá está anda sempre de um lado para o outro a fazer ela o trabalho, como se fosse uma caixa normal;

  • Técnico Informático. Actualmente, as pessoas dominam cada vez mais as tecnologias e têm um acesso facilitado a tudo isso. Por causa disso, diz-se que as pessoas passam cada vez mais tempo ligadas à Internet do que em contacto pessoal. Por isso, um técnico informático, mais que arranjar computadores e essas coisas todas, vai ser uma espécie de «gestor de relações humanas» porque se alguém tem o computador estragado não comunica com os amigos e isola-se da sociedade. Já para não falar que com a ausência deste contacto, a pornografia vai satisfazer muitos impulsos e os computadores vão andar para aí carregados de vírus. No futuro, o técnico informático, tal como os picheleiros, vai fazer serviços ao domicílio, para as pessoas não terem de sair de casa por causa disso;

  • Advogado. A advocacia é um campo com um vasto passado, com grande aplicação no presente e com uma continuidade inegável no futuro. Se há coisa que nunca vai desaparecer são os advogados, até porque se há coisa que as pessoas nunca vão deixar de fazer é de fazerem merda e de haver quem queira acusar os outros de terem feito merda. Os advogados, por isso, nunca vão acabar, até porque quem acusa precisa de alguém que acuse por si para serem mais incisivos, enquanto que os que fazem merda precisam de alguém que os defenda para que não pareçam desculpas esfarrapadas. Nisso, os humanos são iguais há 500 anos;

  • Chinês. Muitos de vocês, os mais sensíveis, estão para aí a reclamar que já vou ser chinófobo (um termo ainda em aprovação) e lançar um monte de estereótipos e preconceitos sociais contra os chineses e contra os asiáticos em geral, já que é percepção comum de que qualquer pessoa com olhos em bico é «chinoca». Lamento informar que dizer «chinoca» não significa que seja chinês, é um termo generalizado para abranger uma raça humana. Mas, no futuro, chinês vai ser uma nacionalidade e uma profissão, que com o anunciado domínio da China sobre o Mundo, as pessoas vão ter um prazo de 10 anos para aprenderem a falar chinês fluentemente ou então serem fuziladas e vai-se andar para aí a recrutar chineses a torto e a direito para aprenderem a falar a língua deles. Eu vivia 9 anos e 10 meses sem aprender chinês. Depois ia viver para Idanha-a-Nova, que não há chineses aí;

  • Psiquiatra. Hoje em dia está na moda ir-se ao psicólogo. Uma moça chora a ver um filme, está deprimida. Um puto corre na sala de aula, é hiperactivo. Um puto estúpido leva um cachaço de outro puto estúpido e isso é bullying. Um moço confunde um pastor alemão com um minotauro e está com um delírio psicótico e com indícios de esquizofrenia paranóide. Esta última aconteceu-me a mim e acho que foi claramente exagerado. E ninguém acreditou que eu tinha comido frutos do bosque antes mas que não eram de um bosque e que, por isso, podiam bem ter sido drogas. Porém, se os psicólogos estão na moda, os psiquiatras são a profissão de futuro. É que há 100 anos atrás, havia meia-dúzia de malucos com os quais as pessoas se riem, agora o que não falta aí são avariados da cabeça a esfaquearem pessoas porque viram na televisão e acham piada. E imagino daqui a 10 ou 15 anos. Ir ao psiquiatra vai ser como ir ao dentista ou ao ginásio;


  • Actor. Para terminar, vou voltar atrás mas a olhar para a frente. Além disso, deixo os actores para o fim porque graças ao Ricardo Carriço não respeito os actores. Além de ter abandonado de fazer as vozes do SpiderMan para fazer 1001 novelas em que ou fazia de banana ou de vilão, uma vez apanhei-o numa estação de serviço e ele meteu-se à frente de todos na fila só para ir embora mais depressa. O Jorge Abel diz que não era o Ricardo Carriço, mas ele lá sabe, ele só vê novelas brasileiras. Se fosse o António Fagundes ou o Tony Ramos confiava nele, agora para o Ricardo Carriço não. Mas adiante, com as pessoas fechadas em casa sempre a ver séries e filmes na Internet, os actores vão ter muito trabalho e vai ser uma profissão de futuro. Os guionistas, produtores e essa cambada toda também, mas sem actores, queria vê-los a trabalhar.




Se algum de vocês tiver mais alguma profissão que eu não me tenha lembrado, tenho 3 coisas para vos dizer: 1) estas são as profissões que EU acho que tenho futuro, não era suposto serem profissões que VOCÊS acham que têm futuro; 2) se eu fizesse mais alguma profissão ainda vinham para aí voltar a dizer que os meus textos eram longos, enfadonhos e que era desgastante ler tudo e eu não ando para aqui à procura que me elogiem pelos meus textos, prefiro que me elogiem pelo meu corte de cabelo ou pelos meus conhecimentos cinematográficos; 3) se alguém quiser dizer as profissões que se lembrou e que não estão aqui façam um texto no vosso blog sobre isso, quero ver como se safam, que depois vou para lá eu dizer das que se esqueceram, como se isto fosse uma lista de todas as profissões com futuro e não apenas das que me lembrei. Esqueci-me de dizer mais uma coisa, mas não vou mudar ali em cima e dizer que tinha 4 coisas para vos dizer. Assim, vai no P.S., ali em baixo. Olha carreguem lá no 'Page Down'.








P.S.: Se ninguém escrever nos comentários no que é que eu mudei, podem aproveitar para escrever lá outras profissões que vocês se lembrarem. Se alguém escrever nos comentários coisas em que eu mudei só por andar a ter relações sexuais frequentes com a mesma moça em regime de exclusividade, então escrevam para lá profissões à vontade. Se tiverem 3 profissões que se lembraram, façam 3 comentários, que assim ninguém precisa de ver que eu mudei só porque ando a passar mais tempo com a Paulinha. Mas digo-vos já uma coisa em que não mudei: ainda hoje fui sozinho ao COJDIV ver uma conferência sobre as implicações gastronómicas que a descoberta do polvo teve no século XVII na Península Ibérica. 


5 comentários:

  1. Uma coisa em que mudaste, aliás, trocaste: as penas.


    De nada, Gary.

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  2. Falta o: OFTALMOLOGISTA.

    Obrigada.

    (parece-me que no ultimo paragrafo te esqueceste de tomar os medicamentos)

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    1. No futuro não vai haver disso, toda a gente vai dizer «médico dos olhos».
      O que é que eu fiz mal no último parágrafo? A tecla por acaso no teu teclado não diz 'Page Down'? Ou tens um teclado especial?

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  3. Olha, Gary, houve uma coisa que mudou. Antigamente, quando não estavas com a Paulinha, eu ia a tua casa depois de sair da fábrica e a dona Júlia, que eu nunca conheci sem ser pelo intercomunicador, dizia-me sempre que tu não estavas e que não sabia por onde andavas nem quando voltavas. Agora, sempre que vou lá, atende-me a tua mãe, que diz que nunca conheceu nenhuma dona Júlia e convida-me para subir e oferece-me sempre um lanchinho. Por isso, ainda bem que estás com a Paulinha, porque a dona Júlia era grande mal-criada e agora isso mudou.

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    1. Só me faltava mais esta. Estragas-me o blog com os teus textos, estragas-me o Facebook com as tuas partilhas e agora estragas-me os meus textos com comentários. Razão tinha a dona Júlia para te despachar sempre.

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