quinta-feira, 22 de maio de 2014

As moças deviam ter um empresário


A Paulinha leu o meu último texto aqui, aquele dos psicólogos e barbeiros e ficou dividida. Por um lado, disse que eu tinha mesmo razão, por outro disse que eu não tinha nada que dizer às pessoas que ela já tinha ido a uma psicóloga. Eu ainda a tentei chamar à razão e dizer-lhe que ninguém vem aqui ao blog ou que nem sequer tinha dito o que ela tinha ido lá fazer, até podia só ter ido fazer aqueles testes que dizem que profissão é que devemos seguir. Mas ela continuou chateada, o que prova bem que tinha razão quando dizia que as pessoas tinham vergonha de dizer que tinham ido ao psicólogo, mas diziam com orgulho que tinham ido ao barbeiro. Ficou tão chateada, que passadas para aí 3 semanas voltei a lanchar em casa. Descobri que ainda tinha lá um pacote de bolachas que comprei para o meu lanche há 3 semanas atrás mas que nunca cheguei a comer porque fui com o Tolentino a uma convenção no COJDIV sobre o impacto que os rituais de acasalamento dos arenques tem nas correntes marítimas e lanchei numa confeitaria lá perto.



Por falar no Tolentino ele vai fazer a festa de anos dele no sábado e convidou-me. Também convidou o Lucindo, o que é bom, e o Jorge Abel, o que não é assim muito bom. E antes que me julguem e digam que eu estou sempre a criticá-lo, eu vou dizer o porquê da minha afirmação: o Tolentino convidou-me a mim (que tenho a Paulinha) e ao Lucindo (que é casado) e nenhum de nós perguntou se podíamos levar as nossas parceiras mas o Jorge Abel perguntou logo se podia convidar o Sebastião e o Venâncio. O Venâncio tudo bem que é um moço fixe apesar de ser segurança, mas o Sebastião é estranho. Na última vez que estive com ele disse-me que uma das músicas que mais gostava era uma do «Ricky». Perguntei-lhe se não era esquisito um moço heterossexual gostar do Ricky Martin e ele disse-me que não estava a falar desse panasca, mas do Enrique Iglesias, só que o tratava por «Ricky» carinhosamente......



Por tudo isto, que pouco ou nada tem a ver com o título, e porque já estou no terceiro parágrafo, vou explicar o que me levou a pensar neste tema. A Paulinha ainda está chateada por ter dito que ela já tinha ido a uma psicóloga (embora não tenha especificado o problema, que nem eu sei ao certo o que é) e, por isso, lembrei-me como ia ser muito melhor para nós, moços heterossexuais e que não chamem «Ricky» ao Enrique Iglesias, se as moças tivessem um empresário, como os jogadores de futebol. Ora vejam lá:



  • Em casos de dúvida ou se fosse só preciso confirmar, o empresário comunicava a disponibilidade da moça em causa e ainda anunciava o perfil desejado para um potencial candidato caso houvesse disponibilidade por parte da agenciada;

  • No caso de haver interesse e disponibilidade mútua, negociava-se directamente com o empresário, sem mais intermediários e sem se estar sujeito às flutuações de humor e ao aparecimento súbito de outros interessados;

  • No caso de insucesso numa relação ou falhanços consecutivos, o empresário procurava as melhores soluções para as moças, explorava novas possibilidades e entrava em conversações no sentido de estabelecer parcerias com outros empresários com o intuito de procurar ex-companheiros de outras moças que poderiam ser boas possibilidades para as suas agenciadas;

  • No mundo dos relacionamentos entrava na moda os períodos experimentais. Assim, obtinha-se o regime de exclusividade por um determinado período de tempo previamente acordado entre as partes, mas sem o carácter de comprometimento a longo prazo sem antes haver uma reunião nesse sentido;

  • Se moços com mais posses nos roubassem a namorada tinham de pagar uma cláusula de rescisão previamente acordada. Além disso, essas negociações iam ser conduzidas pelo empresário, logo seria uma situação de ganho duplo: 1) não tínhamos de estar cara a cara com a moça que nos tinha oferecido um par de cornos e 2) ainda íamos ser recompensados;

  • De igual modo, rescisões unilaterais da relação sem causa justa e sem haver acordo entre as partes ou sem se informar de forma atempada dava direito a reembolso ou a outra solução proposta pelo empresário e que fosse do agrado da outra parte;

  • Passava a haver a possibilidade de experimentar com mais facilidade mercados estrangeiros devido a jogadas de empresário, que queriam colocar os seus activos em Portugal ou a protocolos estabelecidos entre empresários nacionais e internacionais;

  • Discutiam-se os termos da relação directamente com o empresário, numa conversa informal e sem dramas onde se podiam apontar as falhas da outra parte sem que esta se sentisse ofendida e tentada a terminar a relação. Até podia ser ao jantar, num restaurante em condições, que era o empresário que pagava;

  • Se moças anteriormente inacessíveis trocassem de empresário podíamos ter mais hipóteses de sucesso ou por termos uma hipótese de convencer o novo empresário, ou por nos darmos bem com o novo empresário ou então por essa moça já não ter um empresário que nos tivesse riscado definitivamente da lista de hipóteses;

  • Para terminar, eventuais negociações em curso, mudanças de estados civis ou notícias relevantes (por exemplo, gravidezes) eram comunicados a uma entidade reguladora de forma a não haver surpresas e a estar tudo devidamente informado. 




Claro que este último ponto é o mais polémico de todos, tendo em conta que ia retirar muita margem de manobra ao Facebook e aquilo que se partilha. Se bem que, um empresário em condições não ia descartar o papel activo que as redes sociais poderiam ter para uma moça. Assim, os perfis pessoais iam ser substituídos por páginas de 'Gosto' onde o empresário das moças, que geria a página como se fosse a própria moça a responder, publicava informações, fotografias e vídeos, respondia aos comentários dos fãs (mas só a alguns, não se pode ser igual para todos senão ninguém se queixava e as viagens nos transportes públicos deixavam de ter 95% da piada) e ainda dava esperanças aqueles que pensam que é através de comentários nas fotos ou a mensagens privadas pelo Facebook que conseguem alguma coisa. 








P.S.: Eventualmente sei que a Paulinha vai ler isto e vai continuar chateada comigo, não só pelo tema do texto em si mas por eu dizer para aí 4 vezes que ela foi a uma psicóloga. Quem não leu o outro e não soubesse já soube por este. Mas não tenho culpa, tenho que explicar estas coisas às pessoas, não podia simplesmente chegar ao outro texto e apagar aquilo, como se nunca tivesse dito tal coisa. Realmente, agora que penso nisso podia ter feito isso. Mas adiante, a Paulinha não vai gostar, uma ou outra moça que venha aqui ler isto também me vai acusar de ter escrito um texto sexista e discriminatório. Porém, se alguma moça, menos emocional e que já tenha tido a menstruação há pelo menos 10 dias e que, por isso, pense com clareza, estiver interessada em ser pioneira e em tornar-me o seu empresário, que deixe o número ali nos comentários e eu entro em contacto. Tenho disponibilidade imediata e tenho chamadas grátis para 91. 


8 comentários:

  1. Gary, qual é a tua opinião quanto ao facto dos moços terem empresários?

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    1. Eu não falo pelos outros, mas se eu tivesse um empresário nunca mais precisava de ir a bares ou a discos nem precisava de voltar aos chats na Internet. E se o meu empresário me pusesse com uma matrafona só porque devia um favor ao empresário dessa moça, rescindia logo com ele e arranjava outro melhor. Depois em vez de dizer à moça o famoso «não és tu, sou eu» podia dizer «a culpa não é tua, é do meu empresário. Ou melhor, ex-empresário».

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    2. Pois bem, a mim quase que me convenceste com o facto de os empresários poderem aumentar o acesso ao mercado estrangeiro. Quando dei por mim, já estava a fantasiar com pessoas da Argélia e da Espanha. E confesso que atribuirmos a culpa ao nosso empresário e, de todo, uma forma fácil de nos livrarmos de alguém.
      Mas, entretanto, surgiu-me um problema: eu não gosto de reuniões. E dado que muitos dos acordos são feitos em reuniões, temo que ter um empresário não seja para mim.


      (questiono-me: será que o Sr. Tolentino também não gostará de reuniões? o que pensará o Sr. Tolentino desta tua ideia, Gary? será que era deste que ele ia gostar de alguma coisa?)

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    3. Eu é que sei. Ele que responda, que eu não ando para aí a responder pelos outros.

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    4. Entrevistas de emprego conta como reuniões? Se sim, detesto reuniões. Se não, então nunca fui a nenhuma. Até quando andava na escola e havia reuniões de pais com a Directora de Turma, eu ia sempre para casa ou então ficava com os outros a jogar à bola. Não era daqueles que ia com os pais lá para dentro, assistir à reunião e ouvir a Directora de Turma a fazer queixinhas. Detesto Directoras de Turma.

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    5. Sabe Sr. Tolentino, o verdadeiro problema das Diretoras de Turmas não são as queixinhas. São elas assumirem as queixas dos outros professores como se fossem delas e adotarem uma postura super revoltada (para com os mais malandrecos), quando, por vezes, até os adoram. São umas falsas.

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    6. Ah! Uma entrevista de emprego não conta como uma reunião. Pelo menos para mim não conta. Uma vez fui a uma entrevista de emprego num café, mais parecia um encontro entre dois colegas que praticamente já não se conheciam. Nunca reunião isso não acontece.

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    7. Entrevista de emprego num café, grande desculpa só para não admitir que foi um encontro que correu mal.

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